Brigar por nada #EURUSD



Que diferença faz se o Fed baixar uma ou duas vezes os juros este ano? Muito pouca, na minha avaliação. A principal razão é que estamos chegando mais perto do final do ano e, sendo assim, há menos espaço. Mas o mercado está fixado nesta ideia e raciocina da seguinte forma: duas é bom, uma é ruim.

O Fed terminou seu encontro ontem sem muita novidade. O texto publicado tem poucas mudanças, porém, atualizou seu gráfico de pontos, empurrando mais para frente os cortes de juros projetados. Nesse gráfico, o que chamou minha atenção foi a taxa terminal de juros, que está cada vez mais próxima de 3% a.a. Nada grave, mas a cada reunião é colocada mais para cima, indicando que, na visão deles, o mundo de taxa 0% foi um pesadelo do passado e terminou.




Outro ponto que chamou minha atenção aconteceu na sessão de perguntas e respostas, onde Powell, ao responder algumas perguntas, ficou hesitante, chegando até a gaguejar, deixando transparecer que também está cheio de dúvidas. 

Na parte da manhã, antes do anúncio do Fed, Powell disse que, como o gráfico de pontos foi elaborado antes da publicação dos dados de inflação pelo CPI, os membros poderiam alterar suas projeções, visto que o resultado foi bom. Não houve mudanças. John Authers fez uma análise detalhada sobre esse dado na Bloomberg.

 

A Desinflação Chegou à Cidade

A inflação mês a mês não é a medida mais importante para o Federal Reserve, mas ela importa e tende a aparecer em alertas automáticos e manchetes. Em maio, surpreendentemente, foi zero. Esse número redondo, por si só, garantiu uma resposta enfática. Aqui está como esse valor foi alcançado, decomposto usando a Análise Econômica da Bloomberg (ECAN <GO> no terminal):



Os serviços básicos continuaram a subir no mês passado, embora não tão rapidamente quanto antes, mas uma queda nos preços da energia foi suficiente para contrabalançar isso e trazer o número geral para praticamente zero. Isso não acontece com frequência, não acontecia desde a pandemia, e ninguém esperava que acontecesse no mês passado (nenhum economista entrevistado pela Bloomberg antecipou isso).

Para outro sinal forte de que a inflação está causando menos danos, os bens básicos (excluindo alimentos e energia), a categoria que impulsionou o pico de inflação em 2021 e 2022, registraram sua maior deflação anual (os preços realmente caíram) em duas décadas:




Mergulhando nas entranhas estatísticas, também houve boas notícias nos números mensais para a inflação de preços rígidos (medida pelo Fed de Atlanta e cobrindo bens cujos preços são mais difíceis de mudar e menos propensos a cair), e para a média aparada (medida pelo Fed de Cleveland, excluindo os maiores outliers em ambas as direções para tirar uma média do restante). No caso da média aparada, seu aumento no mês passado foi equivalente a uma taxa anualizada de menos de 2%, abaixo da meta do Fed pela primeira vez em três anos:



Mas não devemos nos empolgar demais. O excelente resultado de maio foi ajudado em parte pela correção acentuada em alguns outliers. Isso pode não se repetir. Em particular, foi uma notícia muito bem-vinda que os prêmios de seguro automotivo, que vinham subindo desde os primeiros meses da pandemia, de repente passaram para a deflação. Mas este é apenas um indicador da quantidade de ruído que ainda cerca os números:




Enquanto isso, o problema central, no que diz respeito ao Fed, está mal resolvido. O seguro residencial, que muitos reclamam ser compilado com um atraso muito grande, permanece teimosamente alto. Taxas de juros mais altas deveriam afetar os preços das casas e os aluguéis de forma bastante direta, mas os gargalos do mercado pós-pandemia parecem estar impedindo isso de acontecer. Para explicar as questões contínuas sobre a medição dos preços de abrigo, o presidente Jerome Powell e seus colegas escolheram focar no chamado supercore de serviços, excluindo a habitação, uma medida particularmente influenciada pelos salários. A boa notícia é que ambos os índices caíram no mês passado — um pouco. A má notícia é que eles ainda estão muito alto para conforto e continuam a dificultar a redução das taxas:



O julgamento imediato pelos mercados, no entanto, foi razoável. Os números gerais facilitam a redução das taxas pelo Fed. No início do dia, a chance de um corte de taxa este ano era considerada uma certeza, enquanto um segundo corte era colocado em exatamente 50/50. Dentro de um minuto após o CPI, isso passou para 100%.

Venho enfatizando a dificuldade de estabelecer um nível de taxa de juros "justo" que permita à autoridade monetária controlar a inflação dentro de seus objetivos sem produzir estragos na economia. Além do nível, a condução também é desafiadora para não ir rápido ou lento demais, na medida certa. Por outro lado, o mercado quer a segurança da queda, bem como o calendário de redução, para poder efetuar seus cálculos com precisão. Infelizmente, não dá! Desta forma, fica brigando por nada e se atém: Um corte é bom, dois são ruins! Na minha opinião, não faz diferença, a não ser que a redução seja, por exemplo, alta em setembro e depois dê sinais de que vai parar por um tempo. O que deveria preocupar é, caso haja redução, se é pelo bom motivo (queda de inflação) ou pelo mau motivo (desaceleração da economia).

Hoje não tenho como escapar, vou analisar o euro e deixar o ouro um pouco de lado, pois não existe ainda definição. No post fantasia-financeira fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... "Nessa nova configuração, é possível que exista uma alta até €1.09295 para, em seguida, começar uma tendência de queda entre €1.03925 / €1.0321. Qual a confiança? Baixa!"




Depois de mais de um mês, o euro se comportou muitíssimo bem, subiu na possível onda b laranja até €1.0915 e só não foi até o nível apontado acima de €1.09295 para não dar o braço a torcer para o Mosca! Hahaha ... – e tem gente que não acredita em análise técnica.

Por outro lado, não dá para cantar vitória – nunca dá antes de zerar! Mas um movimento de 5 ondas de queda ocorreu numa janela menor. Vou arriscar uma venda a €1.0810 com stop loss a €1.0915. Nada maravilhoso ainda, mas dentro do meu cenário de queda oferece um bom risco x retorno. O objetivo, ainda muito prematuro, se localiza dentro do retângulo abaixo.




O SP500 fechou a 5.433, com alta de 023%; o USDBRL a R$ 5,3673, com queda de 0,83%; o EURUSD a € 1,0741, com queda de 0,61%; e o ouro a U$ 2.303, com queda de 0,81%.

Fique ligado!

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