Máximas importam? #IBOVESPA

 


Periodicamente, somos informados de algum tipo de recorde em áreas onde é possível que haja uma medição. Quando se refere a algum ativo que você detém, surge um certo grau de dúvida e imediatamente vem a pergunta: não seria hora de vender? Esse aviso serve como um alerta de que pode haver algum exagero.

Não consigo imaginar a quantidade de situações como essa que eu vivi, tanto nas máximas quanto nas mínimas, e mesmo assim, hoje em dia, essa sensação ainda existe. A diferença dos anos de experiência é que, ao invés de pegar o telefone para agir, paro para analisar. Uma que ocorre com frequência são as bolsas de valores – principalmente as dos EUA. Para mim, isso é de pouca valia, pois, por princípio, para quem conhece a composição desse índice, sabe que estaria comparando laranjas com bananas, pois a evolução dele é grande ao longo do tempo.

Vejamos o caso da Nvidia, a “queridinha do mercado”: em 2019, era a 19ª empresa do índice com um peso de 0,59%, enquanto na última classificação era a 4ª empresa com peso de 3,41%. E mais, considerando a alta ocorrida em 2024, deverá ocupar o 2º lugar quando o índice for recalculado em junho próximo. Por último, usando a métrica do P/L, amplamente conhecida dos investidores, é esse o indicador que baliza o nível da bolsa então: se os lucros crescem numa velocidade maior que a alta da bolsa, por que não deveria atingir novas máximas?

Falando sobre máximas, veja a mensagem postada hoje no X:

 



A semelhança apontada é elevada, parece que as ações seguem a mesma trajetória. Devemos vender Nvidia por essa razão? Antes de responder, a primeira grande diferença é que a Nvidia gera lucros absurdos com receitas em crescimento exponencial, o mesmo não ocorreu com a Cisco; segundo os momentos são completamente diferentes. Que dá medo, dá. Antes de usar a análise técnica, eu ficaria muito mais apreensivo; agora, eu deixo o mercado me falar o que fazer.

Ben Carlson publicou em seu site, *A Wealth Of Common Sense*, mais um indicador que chama atenção em relação à bolsa, seu título: "O Dow Jones não cai há mais de 322 dias além de 2%."

Até o final de maio, o S&P 500 registrou 24 novos recordes históricos apenas este ano. A volatilidade tem sido relativamente baixa há algum tempo. Não tivemos um dia de queda de 2% no S&P 500 em mais de 300 dias de negociação:




Isso está se aproximando rapidamente da maior sequência sem um dia de queda acentuada nos últimos 10 anos. O S&P 500 subiu cerca de 11% no ano com base no retorno total. Isso é muito bom, considerando que subiu mais de 26% em 2023. Claro, você tem que lidar com um pouco de FOMO – MPB (Medo de Perder o Bonde!) – e a possibilidade de a ganância forçá-lo a tomar decisões ruins, mas esses são tempos bons para os investidores.

Os mercados estão em alta. A volatilidade é baixa. Você pode ganhar 5% em seus ativos seguros em T-bills ou mercados monetários. Não há muito do que reclamar quando se trata dos mercados financeiros.

Eu não sou um pessimista ou alguém que tenta prever o que os mercados farão (especialmente no curto prazo), mas você deve aproveitar os bons tempos enquanto eles estão aqui. Eles não durarão para sempre. Nunca duram.

No início da década de 1990, o economista Hyman Minsky publicou um artigo de pesquisa chamado *A Hipótese da Instabilidade Financeira*. Minsky escreveu: “Ao longo de períodos de prosperidade prolongada, a economia transita de relações financeiras que fazem um sistema estável para relações financeiras que fazem um sistema instável.”

Essencialmente, a estabilidade leva, em última análise, à instabilidade, à medida que investidores e empresas deixam de lado a cautela e assumem mais riscos nos bons tempos, o que inevitavelmente leva aos maus tempos.

Aprofundando ainda mais, os mercados são cíclicos.

Durante as quedas, as expectativas continuam sendo revisadas para baixo em meio a más notícias. Os mercados caem e os investidores ficam excessivamente pessimistas. O ponto é que você não precisa nem de boas notícias para a maré virar, apenas de menos más notícias. No curto prazo, não é o bom ou o ruim que importa, mas sim o melhor ou o pior.

O oposto ocorre durante as tendências de alta. As expectativas continuam subindo à medida que os mercados sobem e os investidores ficam excessivamente otimistas. Você não precisa necessariamente de más notícias para que os bons tempos terminem, apenas de menos boas notícias.

A chave como investidor é evitar que suas emoções correspondam às do rebanho.

Gosto de pensar nisso em termos de expectativas mais baixas.

Se você diminuir suas expectativas de retorno, é mais provável que mantenha seu plano quando as coisas piorarem ou quando a ganância correr solta. Ter expectativas mais baixas também o liberta da necessidade de prever constantemente o que vai acontecer a seguir. Se você não pode prever o que vai acontecer a seguir, o que pode fazer para se preparar?

Essas duas perguntas podem ajudar a equilibrar as emoções duelantes de medo e ganância:

Eu me sentiria confortável com minha alocação atual em caso de uma queda acentuada do mercado? Meu comentário: Não!

Eu me sentiria confortável com minha alocação atual em caso de continuação do mercado altista? Meu comentário: Sim!

Não tenho a capacidade de prever a duração dos mercados altistas ou o momento dos mercados baixistas. Mas sei que você não pode contar com seu ponto máximo em ações durando para sempre. Ocasionalmente, haverá uma correção violenta que incinerará parte de sua base de capital no curto prazo, mesmo que as coisas deem certo no longo prazo.

O momento para se preparar para essa inevitável incineração é quando as coisas estão indo bem, não durante a correção real.

Gosto muito do Ben Carlson, tanto que já publiquei diversos artigos seus, mas esse agora me dá a impressão que ele quer passar o recado para diminuir as suas posições em bolsa, mas sem se comprometer. As respostas às suas perguntas acima são óbvias, e se alguém responder que está preparado para baixas sem se importar, está se enganando. Se o mercado cair, vai ficar muito preocupado; é da natureza humana, e não se pode esquecer o que Daniel Kahneman concluiu em seu trabalho que foi agraciado com o Prêmio Nobel: uma queda de 5% é duplamente mais impactante que uma alta de 5% - esse brilhante economista faleceu recentemente, em março, uma grande perda!

Se eu estivesse há 25 anos atrás e tivesse posições nas bolsas de valores neste momento, provavelmente venderia, afinal, todos esses argumentos não podem ser ignorados. Porém, hoje em dia, sei também que se estivesse tomando essa decisão e a bolsa continuasse subindo, muito provavelmente ficaria torcendo para ela cair, mas não entraria de novo, afinal, se era ruim antes, pior agora.

Foi naquela data que comecei a estudar mais análise técnica e, hoje em dia, não preciso tomar decisão baseada nessas informações; meu processo se volta ao mercado usando uma técnica para tanto. É infalível? Lógico que não, mas a assunção do stop loss – coisa que o fundamentalista não gosta – garante que eu continue no jogo. Essa análise é probabilística e, como tal, sempre pode dar o menos provável.

Para terminar o assunto, também não fico animado quando me deparo com notícias que vão ao meu encontro – inegável que é confortante, mas passa logo. Por exemplo, a Nvidia vai fazer um split de 10 x 1 agora em junho, e conforme a Statista mostra, ações que passam por esse processo tendem a subir nos próximos 12 meses – sempre pode falhar no caso que te interessa!

 



No post só-entra-com-carteirinha fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: ... “Essa onda 2 verde está muito compridaaaaaaaaaaaaa! Vou dar a última chance para o IBOVESPA; se não parar a queda ao redor de 121,1 mil (não muito significativo) / 119,8 mil vou mudar minha estratégia para a bolsa. Como expliquei no post acima, isso não significa que o cenário é de queda, mas a alta pode ser mais contida” ...

 



Ontem a bolsa atingiu 120,8 mil, muito dentro do que se esperava nessa queda. Então, se anima a comprar? Não. Como venho comentando, somente depois de 5 ondas para cima. Busquei, como exercício, algumas alternativas caso a bolsa não se sustente no nível atual e encontrei um cenário ruim e outro horrível. Vamos ao ruim. Nesta opção, o primeiro objetivo seria entre 119,1 mil / 117,8 mil e o segundo, mais provável, ao redor de 113 mil, ambos destacados com retângulo.




- David, esses já são bem ruins, e como seria o horroroso?

Seria horroroso! Não quero deixar os leitores apreensivos sobre uma hipótese ainda remota.

O SP500 fechou a 5.353, com alta de 1,15%; o USDBRL a R$ 5,2999 (on sale? Hahaha ...) com alta de 0,26%; o EURUSD a € 1,0868, sem variação; e o ouro a U$ 2.353, com alta de 1,10%.

Fique ligado!

Comentários

  1. O problema dessa alta atual é que ela vem depois de um longo ciclo de alta anterior. Então a dúvida é se a alta agora é so inicio de uma nova alta, depois de um "bear market" de um ano com uma queda pequena. Na minha opinião, nada justifica, além da grande hype em torno do assunto, a Nvidia valer U$ 3 trilhões. Hoje ela tem uma receita menor que a Petrobras (ok, crescente e com expectativa de dobrar), mas vale mais do que todo o IBOV. Na verdade, ela vai valer mais que a Microsoft que tem mais de 3 vezes a receita, com produtos extremamente diversificados (o que representa um risco muito menor). É claro que sempre há uma justificativa que hoje parece plausível, visto podemos estar no contexto da bolha, porém so o futuro vai dizer se foi um excesso (bolha) ou não. Por enquanto, acho que o momento é de extremo otimismo.

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  2. Não compartilho qualquer comparação da Nvidia com outra empresa, em especial com a Petrobras, empresa manipulada cujo resultado depende da vontade do governo. Veja a saída dos estrangeiros. Em relação ao ciclo que você menciona, e acredito que você segue meu trabalho, tenho dúvidas se não existe uma correção logo a frente ou o mercado vai continuar subindo sem muito respiro. Deixa o mercado nos dizer o que fazer!

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    1. David, o governo tem pouca margem para manipular a receita da Petrobras que é uma baita empresa e vai pagar metade do EBITDA da NVidia em dividendos. O governo tem mais margem para alterar custos e investimentos. Não tem porque ter complexo de vira lata com a Petro, que é uma grande empresa brasileira.

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  3. O tempo vai dizer! Acho que não temos dúvidas do desespero em arrumar receita, se vê todo dia nos jornais como hoje no caso do PIS e Cofins. Nunca se esqueça o que foi feito na Petrobras no passado, e quem faz uma vez porque não a segunda? Os estrangeiros já retiraram quase R$ 40 bilhões esse ano. Eu tenho um princípio, uma empresa em mãos ruins não compro!

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