Alívio (temporário?) #EURUSD

 


Sabe quando você está esperando o pior e, se o resultado for um pouquinho melhor, já considera uma grande vitória? É isso que ocorreu, no meu entender, ontem com a publicação dos dados de inflação que vieram um pouco melhores do que o esperado, trazendo alegria aos investidores com altas nas bolsas e quedas nos juros.

Fiz um apanhado de vários artigos publicados sobre o assunto na Bloomberg.

A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) de dezembro de 2024 revelou sinais mistos, mas promissores, para a economia dos Estados Unidos, marcando um momento importante tanto no fim do mandato de Joe Biden quanto no início da administração de Donald Trump. A desaceleração nos preços consolida a percepção de que a inflação está sob controle, mas desafios estruturais e novos riscos políticos permanecem no horizonte.

CPI e Componentes de Preço

O CPI subiu 0,4% em dezembro, enquanto a versão "core" (que exclui os voláteis preços de alimentos e energia) avançou 0,2%, abaixo da mediana projetada de 0,3%. Este resultado marca o primeiro declínio significativo em seis meses e reflete alívios em categorias anteriormente persistentes, como serviços médicos e estadias em hotéis. Os aluguéis e a métrica de "equivalente ao aluguel do proprietário" (OER) também cresceram mais lentamente, com a segunda registrando um aumento anualizado inferior a 4% pelo segundo mês consecutivo.

 



Por outro lado, os preços de alimentos e energia ainda foram responsáveis por mais de 40% do aumento mensal do CPI geral. Automóveis usados e seguros veiculares, categorias que sofreram choques significativos em anos anteriores, mostraram sinais de estabilização, enquanto tarifas aéreas e alguns preços de bens reverteram ligeiramente.

Implicações para a Política Monetária

Os resultados do CPI reacenderam debates sobre a trajetória da política monetária do Federal Reserve. A estabilização dos preços, combinada com dados robustos do mercado de trabalho, sustenta a expectativa de que o Fed manterá as taxas de juros em sua próxima reunião de janeiro. Entretanto, a possibilidade de cortes nas taxas ainda este ano, especialmente em março, ganhou força entre analistas e investidores.

Os rendimentos do Tesouro caíram após a divulgação dos dados, enquanto o mercado acionário registrou um rali generalizado, com destaque para ações de consumo discricionário, que ultrapassaram as de bens essenciais, sinalizando maior apetite por risco e confiança em uma recuperação cíclica.

A Transição de Biden para Trump

O mandato de Biden foi marcado por pressões inflacionárias significativas, com um aumento acumulado de 20% nos preços ao consumidor durante sua gestão, uma consequência em parte atribuída ao choque pandêmico e às políticas fiscais expansivas. Apesar da recente desaceleração, os eleitores expressaram insatisfação com a incapacidade de recuperar os padrões de vida anteriores, o que contribuiu para a derrota democrata na eleição presidencial.

Donald Trump herda uma economia com inflação em tendência de desaceleração, mas sua política econômica, incluindo a possível implementação de tarifas graduais e cortes de impostos agressivos, representa um risco de reaceleração inflacionária. Embora o impacto dessas políticas deva levar meses para ser plenamente avaliado, analistas temem que aumentos graduais de tarifas possam criar pressões inflacionárias persistentes, complicando o trabalho do Fed.

Aspectos Comportamentais da Inflação

A publicação do CPI trouxe à tona um foco renovado nas medidas preferidas do Fed, como o índice de despesas de consumo pessoal (PCE), que deve ser divulgado no final do mês. O PCE, que dá menos peso a categorias como habitação, pode reforçar a narrativa de que a inflação está caminhando para o alvo de 2% do banco central.

 



Enquanto isso, as expectativas inflacionárias dos consumidores têm mostrado tendências mistas, com indicadores de curto prazo mais altos, mas ainda alinhados com as metas de médio prazo do Fed. Esse comportamento reflete preocupações com a incerteza política e econômica, além de ajustes nos mercados de trabalho e habitação.

Conclusão

A última leitura do CPI sublinha os progressos na luta contra a inflação, mas também destaca os riscos inerentes à transição de uma política econômica para outra. Com Trump assumindo o cargo, as decisões sobre tarifas, impostos e regulamentações terão impacto direto no caminho da inflação e na resposta do Fed. Enquanto investidores e economistas monitoram de perto essas mudanças, a estabilidade recente do CPI oferece uma base de esperança cautelosa para 2025.

Não precisa ser um economista de carteirinha para observar que o problema da inflação americana está no setor de serviços. Nesse setor, a política monetária tem efeito mínimo, sendo os custos de mão de obra o fator mais relevante, como mostraram os últimos dados de inflação. Dentro dessa categoria, o item de moradia tem um peso elevado no índice.

No mercado de residências, aconteceu algo muito diferente do que o livro-texto ensina. Se a taxa de juros sobe, é de se esperar que os imóveis caiam de preço, pois fica mais caro financiar. Isso deveria aliviar os preços dos aluguéis. Esse raciocínio é válido para um mercado equilibrado, mas não é o que acontece onde existe uma elevada falta de moradias. Conclusão: os imóveis não caíram de preço e até estão subindo. Os aluguéis continuam resistentes.

Cada vez mais fico com a impressão de que os Fed funds vão permanecer nos níveis atuais — ou podem até subir. Sendo assim, pouco refresco teremos nos juros. Pelo contrário, se o mercado se convencer dessa minha ideia, o juro de 10 anos está "barato".

 

Análise Técnica


No post A nova (velha), fiz os seguintes comentários sobre o euro: “citei que existiam duas possibilidades e, por enquanto, fico com a presente. Porém, é fundamental que o nível de € 1,0333 seja ultrapassado. Caso isso ocorra, fica aberto o primeiro objetivo de € 1,0105.”

 



Minha opção se mostrou mais correta, e o euro atingiu a mínima de € 1,0176, muito próximo do nível indicado acima. No gráfico a seguir, assumi que a onda (1) vermelha terminou, o que ainda não se pode afirmar com certeza. Embora, numa janela de 1 hora, seja possível contar 5 ondas. Uma sugestão de compra pode surgir ao redor de € 1,0243 / € 1,0213, com stop loss em € 1,0176. Como a aposta seria em uma recuperação da onda (2) vermelha, pode-se esperar um movimento tortuoso. Fiquem atentos ao Mosca para um eventual trade, enfatizando novamente que decisões em gráficos de curto prazo são “tricky”.

 



O S&P500 fechou a 5.937, com queda de 0,21%; o USDBRL a R$ 6,0499, com alta de 0,67%; o EURUSD a € 1,0301, com alta de 0,12: e o ouro a U$ 2.712, com alta de 0,63%.

Fique ligado!

Comentários