Chinapão (???) #nasdaq100 #NVDA
Se tem alguma coisa que os chineses odeiam, é qualquer
referência ou, pior, semelhança com o Japão. A razão pela qual os chineses não
gostam dos japoneses está enraizada em séculos de história complexa, marcada
por conflitos e rivalidades. No entanto, o ressentimento mais significativo vem
do período da Segunda Guerra Mundial, especialmente da ocupação japonesa na
China entre 1937 e 1945. Durante esse período, ocorreram atrocidades como o
Massacre de Nanquim, no qual centenas de milhares de civis foram mortos e
mulheres violentadas por soldados japoneses. Essas feridas históricas ainda são
sensíveis na memória coletiva chinesa.
Mais terrível ainda é o mercado financeiro acreditar que,
cada vez mais, a economia chinesa está se assemelhando à economia japonesa
durante as décadas de estagnação vividas. As semelhanças levantam essa hipótese
de forma crescente. John Authers comenta na Bloomberg como essas evidências
podem se tornar reais.
Virando Japonês
A letargia econômica da China pós-pandemia parece assustadoramente semelhante a
estar preso em um loop temporal. Não há progresso. Há apenas quatro meses,
Pequim fez os investidores acreditarem que faria tudo o que fosse necessário
para reviver sua economia debilitada. Isso levou a um aumento épico nos preços
das ações, que vem diminuindo há meses à medida que a decepção se instala. É
verdade que uma série de políticas foi lançada no lado fiscal e monetário.
Colocar um piso no colapso do setor imobiliário — que está no coração dos
problemas econômicos — era algo inegociável.
Os gigantescos débitos dos governos locais, que ultrapassam 60 trilhões de yuans (US$ 8 trilhões), segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional, continuam a agir como um peso morto. O entusiasmo que a guinada de setembro trouxe efetivamente acabou, com pouco a mostrar pela determinação das autoridades em colocar a economia de volta nos trilhos. A julgar pelos rendimentos dos títulos chineses, os investidores estão desistindo dos esforços para impedir que a segunda maior economia do mundo afunde ainda mais. Os rendimentos de títulos de dois e dez anos parecem estar em uma queda perpétua. Ambos atingiram mínimos históricos e continuam caindo — muito longe do que deveria acontecer quando um governo decide correr riscos com um grande estímulo:
Essa queda ajuda a explicar a crença crescente de que um resgate ainda mais significativo de Pequim está por vir. A liderança não tem outra escolha. A impaciência dos investidores parece justificada. O último índice de inflação indicou que a economia está profundamente mergulhada em território deflacionário, após os preços ao consumidor desacelerarem pelo quarto mês consecutivo, enquanto a inflação ao produtor permanece presa no modo deflacionário. Mohamed El-Erian, colega da Bloomberg Opinion, observa que isso é consistente com um risco crescente de "japonificação", o período prolongado de estagnação que paralisou o Japão no final do milênio. Quanto mais isso continuar, argumenta El-Erian, maior será o risco de dinâmicas viciosas autoalimentadas, minando o crescimento, assim como a confiança das famílias e das empresas.
Mesmo com um resgate adicional claramente na mesa, os
rendimentos de 30 anos da China caíram abaixo de 2% e, surpreendentemente,
abaixo dos títulos japoneses equivalentes. Até recentemente, isso seria
inconcebível:
Embora o pessimismo dos investidores seja preocupante, a confiança nas ações chinesas despertada pela guinada de setembro não foi completamente desfeita. Tanto os mercados de ações locais quanto os offshore mantiveram parte dos ganhos. Na ausência do estímulo esperado, e com o excepcionalismo dos EUA atraindo cada vez mais fundos desde a eleição presidencial, não é surpresa que as ações chinesas tenham recuado. Dada a importância da economia, também não é surpreendente que isso tenha levado a uma correção mais ampla, com o índice de mercados emergentes do FTSE fechando na quinta-feira 10% abaixo de seu pico de outubro, quando o hype do estímulo era maior. Isso satisfaz a definição mais popular de uma correção:
Ainda assim, isso não é suficiente. Pequim sabe disso. Um estímulo para impulsionar a demanda do consumidor é uma questão de "quando", e não de "se". Anatole Kaletsky, da Gavekal Research, observa que os recentes anúncios oficiais se referindo a frases como "política fiscal mais proativa" e "política monetária moderadamente frouxa" sugerem uma guinada iminente. Isso deve impulsionar tanto o consumo quanto o investimento e também pode compensar a perda de exportações no caso de uma guerra comercial total com os EUA.
Além do novo compromisso político de expansão da demanda, a
economia também se beneficiará do crescimento acelerado do comércio entre
mercados emergentes. E, talvez mais importante, a China está alcançando a
dominância em muitas das indústrias globais que mais crescem, incluindo
veículos elétricos, energia solar, eólica e nuclear, baterias, produtos
farmacêuticos genéricos e semicondutores de mercado de massa — uma dominância
que deve ser reforçada pelo antagonismo da administração Trump a vários desses
setores.
Kaletsky aponta que, se essa aceleração se tornar evidente,
as ações chinesas parecerão subvalorizadas, e os preços das commodities
ganharão suporte. Isso ajuda a explicar por que os investidores em ações
chinesas não estão abandonando completamente suas posições. Freya Beamish, da
TS Lombard, destaca que o gosto de Pequim pelo devido processo pode estar
atrasando o estímulo, já que prefere trazer todas as partes à mesa antes de
agir.
A preocupação é que a ideia do Partido Comunista Chinês de
se reorientar para a demanda doméstica seja simplesmente distribuir vouchers
para bens, a grande maioria dos quais seriam apenas chineses. Mas a máquina de
rumores também inclui elementos mais duradouros, como a expansão de benefícios
infantis. Ao mesmo tempo, é provável que alguns esforços maiores de
investimento voltado para o mercado doméstico façam parte do mix. Embora isso
não ajude a China — onde o excesso de investimento tem sido abundante nas
últimas duas décadas —, ajudaria a absorver um pouco mais da poupança excedente
domesticamente.
À frente do Ano Novo Lunar da China, o Ano da Serpente de
Madeira, que cai em 29 de janeiro, as autoridades esperam invocar espíritos
animais. As cobras simbolizam sabedoria e agilidade na cultura chinesa,
enquanto a madeira representa crescimento, flexibilidade e tolerância. Com
Donald Trump assumindo o cargo na semana anterior, a serpente de madeira não
poderia ter escolhido um momento melhor para aparecer.
Não tem nem base de comparação entre China e Japão quando o
critério é geográfico, populacional e outros. Mas, do ponto de vista econômico,
pode-se desconfiar que a China entre em um período “glacial” com crescimento
muito baixo – a Goldman Sachs espera 2% a.a. para este ano, e ativos com preços
“congelados” não por medidas governamentais, mas pelo mercado.
A dívida chinesa é bastante elevada e necessita ser
financiada. Acontece que, para combater esse estado deflacionário, os juros
caem, criando um dilema. As taxas comparativas às americanas estão na maior
contramão: ao invés de maiores, são menores, como se pode observar a seguir. Se
o yuan, moeda chinesa, se valorizasse ou ainda tivesse essa perspectiva,
poderia atrair algum interesse. No entanto, para combater as tarifas que Trump
promete, terão que fazer o contrário. O interesse por esses títulos é zero atualmente,
ou melhor, o estrangeiro que os possui deveria estar vendendo.
O Japão teve uma grande vantagem quando entrou nessa estagnação: com 90% de sua dívida pública nas mãos de japoneses, conseguiu levar sua dívida a níveis estratosféricos, situando-se hoje em 250% do PIB, sem muitos problemas. Mesmo assim, a moeda japonesa se valorizou durante esse período. Os chineses não terão a mesma sorte que os japoneses, e acredito que a expansão por meio de déficit fiscal terá suas limitações. Difícil imaginar o que irá acontecer ou quanto tempo deverá durar. Não fosse a alta rivalidade, Xi Jinping poderia perguntar ao primeiro-ministro japonês recém-empossado, Shigeru Ishiba, algumas dicas do que fazer ou não fazer, mas, como dizia meu ex-colega de Planibanc, Luis Carlos Plaster, não tem a menor chance.
- David, Chinapão ??? O que é isso
China com Japão! Hahaha...
Análise Técnica
No post a-ilusão-do-lucro-fácil, fiz os seguintes
comentários sobre a nasdaq100: “A seguir, o gráfico de janela semanal indica
que estaríamos entrando na onda (4) vermelha, que adentra 2025 com uma extensão
de prazo a definir. O objetivo da queda seria entre 19,0 mil (~10%) e 17,3 mil
(~17%)”.
Observando a evolução da nasdaq100 e sem entrar na tecnicidade, estou alterando a contagem dessa correção de média para pequena. Segundo esse critério, a queda esperada seria menor que a aventada acima, ficando entre 20.205 e 19.644, conforme destacado no retângulo abaixo.
Em relação à Nvidia, meus comentários foram: “Diferentemente da nasdaq100, a Nvidia não rompeu seu stop loss a U$115.14. Nesta semana, ameaçou uma reação após atingir uma mínima de U$126.86. Ainda pode visitar níveis mais baixos”.
A Nvidia ameaçou romper o nível de U$152.89, mas em seguida voltou a cair, o que fez com que eu alongasse sua onda 2 azul. Desta forma, espero uma retração até os níveis apontados no retângulo – pode ser menos também – e, depois, voltar a subir.
Hoje foram publicados os dados de emprego, que foram muito superiores as estimativas dos economistas. Com 256 mil empregos criados e a taxa de desemprego em 4,1%, deixa pouco espaço para o Fed baixar os juros. Até imagino que algum membro, que não queria reduzir na última reunião, possa, no próximo comitê, no final de janeiro, com um sorrisinho na boca, falar: “eu avisei!”.
O S&P500 fechou a 5.827, com queda de 1,54%; o USDBRL a R$ 6.1104, com alta de 1,23%; o EURUSD a € 1,0245, com queda de 0,51%; e o ouro a U$ 2.691, com alta de 0,82%.
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