DeepSeek massifica as "Carteirinhas" #S&P500

 


O presidente Trump, ao acordar hoje, deve estar frustrado. Depois de dominar as notícias dos últimos sete dias com os mais variados assuntos, perdeu sua exposição esta manhã. A reação dos mercados, que perderam U$ 1,0 trilhão em valor ontem – só a Nvidia perdeu mais de U$ 500 bilhões –, trouxe à tona um novo protagonista: o DeepSeek. Os artigos relatam sua rápida ascensão, quem está por trás e alguns palpites sobre o que pode acontecer no futuro.

Fica difícil, para quem não é especialista no assunto, entender como eles conseguiram essa proeza, caso as informações sobre valores, quantidade de GPUs e seus modelos sejam verdadeiras. Fiz um resumo de informações coletadas na Bloomberg e no Wall Street Journal sobre os riscos.

O DeepSeek chega como um divisor de águas ou mais um "grande susto" para o Ocidente? A China, muitas vezes subestimada, entregou uma inovação que desafia a lógica da indústria: treinar um modelo de IA por meros US$ 5,6 milhões, enquanto gigantes como OpenAI gastaram mais de US$ 100 milhões no mesmo processo. Será que estamos apenas pagando caro por eficiência ilusória? Enquanto as empresas ocidentais queimam bilhões em projetos de IA, o DeepSeek prova que é possível fazer mais com menos – um tapa na cara da narrativa de que inovação exige orçamentos astronômicos.

O avanço técnico do DeepSeek é inegável. Ele supera competidores ocidentais em benchmarks matemáticos e de codificação. No entanto, há um detalhe curioso: basta perguntar ao chatbot sobre Tiananmen ou Xi Jinping, e ele desvia, como quem esconde a sujeira debaixo do tapete. Será que estamos diante de uma ferramenta que exportará tecnologia ou ideologia? Afinal, cada interação com o DeepSeek carrega traços do Partido Comunista Chinês, e sua popularidade crescente fora da China – subindo ao topo da App Store nos EUA – pode significar muito mais do que eficiência técnica. Será que estamos prontos para conviver com uma IA que, no fundo, é um cavalo de Troia?

E não pense que o Ocidente está imune. Grandes nomes como Nvidia e Broadcom despencaram mais de 14% em um único dia após o anúncio do DeepSeek. Apesar disso, muitos analistas consideram a reação exagerada. As empresas americanas não vão reduzir seus investimentos – pelo contrário, o Projeto Stargate da OpenAI promete injetar meio trilhão de dólares em IA nos próximos anos. Mas o que estamos tentando combater aqui? O avanço chinês ou nossa própria ineficiência? Talvez ambos.

Outro ponto que o DeepSeek escancara é a hipocrisia do Ocidente. Enquanto criticamos as "narrativas enviesadas" da IA chinesa, esquecemos que nossos próprios modelos carregam preconceitos e ideologias – apenas embalados de forma mais palatável. O problema não é exclusivo da China, mas a combinação de eficiência, baixo custo e alcance global do DeepSeek é, sim, uma ameaça tangível à hegemonia ocidental.

Agora, uma provocação final: será que o DeepSeek veio para ficar ou apenas atiçou o status quo? Por enquanto, ele é mais eficiente e acessível, mas sua dependência de chips avançados, restritos por sanções, ainda é um ponto fraco. E se o Ocidente continuar despejando bilhões de dólares na corrida tecnológica sem questionar seus próprios métodos, o que sobrará? Talvez mais uma narrativa "grandiosa" para justificar nossos erros.

A verdade é que o DeepSeek não só desafia a superioridade ocidental como expõe nossas fragilidades. E agora, quem vai dar o próximo passo?

O Mosca arrisca um palpite sobre as consequências.

Como comentei ontem, parece que o impacto maior seria no balanço da Nvidia – assumindo como verdadeiro o que Liang Wenfeng, CEO da DeepSeek, disse – diminui a necessidade de GPUs mais rápidas a elevados custos. Nesse ponto de vista, a margem da "Queridinha" vai cair sensivelmente. Por outro lado, vai permitir a entrada de novas startups, requerendo investimentos muito menores. Olhando o balanço da Nvidia, as vendas deveriam acelerar muito com queda de margens. O que vai acontecer com o lucro será um exercício a ser feito. No longo prazo, é bom (arrisco: muito bom).

Em relação à IA, as notícias são excelentes. Muito mais empresas poderão usar essa arma poderosa. O que eu poderia recomendar aos CEOs do planeta: acelerem seu entendimento, estrutura e uso dessa ferramenta, pois seu concorrente já deve estar fazendo.

Dentro do conceito que expus no Mosca, com essa nova revelação do DeepSeek, vai ter uma enxurrada de "Carteirinhas" sem que as antigas percam a possibilidade de continuar entrando no mundo da IA. Só espero que essa nova leva não seja como as carteirinhas xerox com data falsificada que usávamos para entrar no cinema! Hahaha...


Análise Técnica

No post o-final-da-história-parte-I coloquei dois cenários possíveis com implicações importantes num prazo mais longo. Com a reação dos mercados ontem, o primeiro ficou mais provável. Porém, quero enfatizar que não posso eliminar o segundo. A seguir, coloco os limites de cada um: “Segundo essa contagem de uma onda (5) vermelha na forma diagonal, a bolsa deveria atingir 6.182, e, na sequência, ocorreria uma correção de magnitude razoável.”

 



Atentem-se ao retângulo destacado abaixo. Listo a seguir minhas ideias sobre essa retração:

Cenário Mais Ambicioso: Eu esperaria que o índice ficasse contido entre 5.948/5.906 durante não muito tempo e, de repente, o mercado começasse a subir de forma mais vigorosa.

Cenário Adotado: É o representado no gráfico abaixo, onde a onda B azul deveria retrair entre 5.906/5.847 por algum tempo e, em seguida, iniciaria um movimento de alta não com tanto ímpeto, para atingir depois 6.182.

Mudança de Cenário: Abaixo de 5.847, e principalmente se ultrapassar 5.773, vou ter que refazer minhas hipóteses.

 



Preciso enfatizar que todas essas colocações foram feitas no que é mais provável. O que quero dizer é que o Cenário Mais Ambicioso pode prevalecer mesmo se cair abaixo de 5.906, bem como o Cenário Adotado pode não atingir 5.906 antes de subir. O que compromete todos é uma queda abaixo de 5.773.

Recebi um texto elaborado por Joe Wiggins do seu site Behavioural Investment, do qual extraí um trecho que se enquadra bem ao momento atual:

É da natureza humana ser atraído por coisas que são tanto evidentes quanto disponíveis nos mercados financeiros, isso significa que, quanto mais proeminente é uma questão, mais propensos estamos a exagerar sua importância e o risco que ela representa.

Nossa interação com esse fenômeno geralmente segue este padrão:

  1. Uma notícia se torna o foco da atenção dos investidores ou do mercado.
  2. Superestimamos sua importância de longo prazo.
  3. Desenvolvemos uma "expertise superficial" e uma opinião aceitável sobre o assunto.
  4. Calculamos nossa "exposição" ao tema.
  5. Previsões erradas sobre o impacto nos mercados financeiros são feitas.
  6. Tomamos uma decisão ruim ou justificamos não tomar nenhuma.
  7. Passamos para a próxima notícia em destaque.
  8. Esquecemos completamente o que dissemos nos passos 1 a 6 em poucos meses.

Para qualquer investidor com um horizonte de longo prazo, ignorar o que o mercado está focando em um determinado momento é a abordagem mais sensata (e lucrativa). Infelizmente, isso pode ser quase impossível por três razões:

  • É difícil ignorar algo quando todos os outros estão prestando atenção.
  • Somos humanos e, portanto, estamos sujeitos aos mesmos vieses de percepção de risco que todos os outros. Devemos trabalhar de forma excepcionalmente árdua para agir de maneira diferente.
  • Às vezes, algo realmente terá impacto material nos mercados financeiros, e ignorar isso não parecerá inteligente.

A questão de algo "importar" é importante. A maioria das notícias de alto perfil movimentará os mercados financeiros de alguma forma, mas isso não significa que deveria ser importante para nós. Deve importar apenas se tiver um impacto previsível e fundamental na forma como estamos investidos ao longo de um horizonte de tempo relevante. Para a maioria dos investidores sensatamente diversificados, essa deveria ser uma barreira incrivelmente alta.

Se estamos obcecados com as flutuações de curto prazo do mercado, é fundamental lembrar que estas são predominantemente as atividades de investidores com objetivos completamente diferentes dos nossos. Eles falam uma língua diferente, que não precisamos entender.

O mercado recuperou parte da queda de ontem, ótimo, mas não fico tranquilo achei a queda muito extensa com volume elevado com ações da Nvidia, ontem com 800 milhões de ações e hoje com 512 milhões. Fiquem atentos para uma eventual liquidação do trade em S&P500.

O S&P500 fechou a 6.067, com alta de 0,92%; o USDBRL a R$ 5,8571, com queda de 0,60%; o EURUSD a € 1.0429, com queda de 0,59%; e o ouro a U$ 2.763, com alta de 0,80%.

Fique ligado!

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