Promessas de Ano Novo #USDBRL
O Mosca volta a partir de hoje nas postagens diárias com a
desafiante incumbência de manter os retornos históricos – algum momento não vai
acontecer, espero que não seja este ano.
Tenho a impressão de que 2025 vai ser desafiador. Nas bolsas
internacionais, trabalho com dois cenários distintos: ou contínua subindo sem
escalas, ou teremos uma correção em algum momento. Por questões de
conservadorismo, e sendo a opção mais provável até agora, vou começar com a
segunda hipótese.
Mas voltemos ao básico, já fizeram a lista de suas mudanças
que pretendem para este ano? – não me diga que o ano-calendário não te
influencia. Mesmo eu, que sou super cético com essas coisas, fiz a minha. Posso
dizer que entre as nossas há uma grande diferença: minha lista prima pela
simplificação, ou seja, coisas que não vou fazer. Essa foi a dica que Arthur A.
Brooks sugeriu em um vídeo e que resolvi adotar – não recomendo para quem tem
menos de 60 anos.
Outro desafio que este ano oferece: é muito provável que o
Mosca atinja 1,0 milhões de views durante o ano. O que vai acontecer
comigo: penduro as chuteiras ou contínuo rumo aos 2,0 milhões, que teria um
longo caminho pela frente?
- David,
Feliz Ano Novo. Você começa o ano bem romântico para o meu gosto. Vamos
lá: o bolso é o que interessa.
O “X” do Faria Lima Elevator fez uma postagem com a qual
concordo totalmente: hoje deve ser o último dia para desejar Feliz Ano Novo.
Meu amigo tem toda razão.
Nesse começo de ano, os analistas tentam prever, sem muito
sucesso, como será o ano novo. Cada qual usa sua alquimia nessa intenção. John
Authers comenta na Bloomberg que o ano em curso depende de Trump e da inflação,
duas salvaguardas para possíveis justificativas no futuro.
Uma data que entrou para a infâmia deve ser muito menos
tumultuada do que foi há quatro anos. Com a confirmação de sua vitória
eleitoral, Donald Trump selará um dos maiores retornos políticos da história.
Seu retorno à Casa Branca será profundamente impactante, mas o consenso
crescente sobre o que acontecerá a seguir parece difícil de sustentar.
O sentimento em relação aos mercados dificilmente poderia
ser mais positivo. Isso se deve muito à política, como documentado pelo Points
of Return nas semanas após a eleição. Independentemente de como veem Trump como
pessoa, analistas de Wall Street estão convencidos de que ele será ótimo para
as ações nos próximos 12 meses, mesmo após um rali frenético pós-eleição para
precificar essas boas notícias. Cortes de impostos corporativos e
desregulamentação são bons para as ações, pelo menos no curto prazo. A pesquisa
de Lu Wang, colega da Bloomberg, mostrou expectativas otimistas para 2025.
Expectativas do Mercado: As expectativas para um forte desempenho do S&P 500 são amplas, com poucos desvios. Este otimismo é notável, especialmente considerando que o mercado terminou 2024 com avaliações quase recordes. Os índices principais têm sido impulsionados por grandes empresas de tecnologia, que não são baratas. Embora possam apresentar bom valor se crescerem como esperado, seus múltiplos extremos de receita sugerem um otimismo impressionante sobre a manutenção das margens de lucro.
Mais notável ainda é o grau de concordância entre os analistas: ninguém espera um declínio. Este otimismo contrasta com um senso global de apreensão em relação a Taiwan, Ucrânia, Europa e ao mundo em geral. A mensagem central de Trump é que algo deu muito errado com a América, o que explica o tom negativo, mas a retórica "America First" aterroriza o resto do mundo. Em 2024, as ações dos EUA superaram as de outros países, segundo índices da MSCI, com a maior margem desde o mercado altista de Clinton em 1997.
Excepcionalismo Americano: A consistência da
superioridade americana chama atenção. Por outro lado, o mundo não é
completamente um jogo de soma zero. Se os EUA realmente sufocarem o crescimento
global, vender produtos americanos se tornará mais difícil. Segundo Vincent
Deluard, do StoneX Capital, embora os EUA não tenham sofrido ainda com o
empobrecimento de seus aliados, isso pode mudar. Quedas nas moedas, crises
financeiras, populismo e terrorismo podem reduzir a demanda por bens
americanos. Esse ponto de ruptura pode ser alcançado nos próximos anos.
Questões Cruciais para os EUA
A Inflação Retornará? Se em seis meses a inflação estiver
próxima de 2%, coisas boas são possíveis. Contudo, a desinflação parou, e a
inflação historicamente tende a vir em ondas. O tom surpreendentemente duro
adotado por Jerome Powell recentemente mostrou que o Federal Reserve está
preocupado. Se a inflação retornar, as taxas de juros subirão, o que
provavelmente reduzirá os preços das ações e fortalecerá o dólar, prejudicando
a competitividade dos EUA. Se o índice de Preços ao Consumidor núcleo (CPI) voltar
para 4% na primavera, os cenários otimistas estarão em sério perigo.
Qual é a Agenda de Trump 2.0? Essa pergunta será respondida
em breve, possivelmente em 20 de janeiro. Trump está mais preparado desta vez e
deseja agir rapidamente. Saberemos logo quão agressivo ele será em tarifas e
imigração. A política fiscal levará mais tempo, mas suas propostas iniciais
serão decisivas.
Na política externa, as ações em relação à Ucrânia e ao Irã
serão fundamentais. Resolver esses conflitos estabilizaria preocupações sobre o
fornecimento de petróleo, o que seria positivo a curto prazo, mas
potencialmente problemático a longo prazo, dependendo das condições de paz.
A Resposta Global
Europa: O Eixo Franco-Alemão Resiste? Em 23 de
fevereiro, a Alemanha votará para provavelmente instalar um novo chanceler de
centro-direita. A estabilidade dessa coalizão será crucial. Na França, a
autoridade de Macron parece fatalmente comprometida, mas seu mandato dura até
2027, e novas eleições legislativas não são possíveis antes disso. O
enfraquecimento dos núcleos europeus ocorre em um momento de expectativas de
crescimento em queda.
O Banco Central Europeu (BCE) deve cortar as taxas quatro
vezes este ano, enquanto os mercados preveem apenas 1,5 cortes nos EUA. Isso
pode enfraquecer ainda mais o euro em relação ao dólar, com implicações
negativas para a competitividade americana e a demanda global.
China: Romperá pelo Crescimento? Mesmo sem ameaças
tarifárias dos EUA, a China enfrenta desafios significativos. Seu último
estímulo gerou um aumento no mercado de ações, mas commodities sensíveis à
China, como cobre, não tiveram grande impacto. A disparidade entre os
rendimentos dos títulos americanos e chineses alcançou níveis recordes,
refletindo mudanças na confiança das duas economias. Isso pressiona a moeda
chinesa, que pode romper suas mínimas pós-crise financeira global, caso os
mercados forcem a mão.
Conclusão: Embora o cenário pareça otimista para os
mercados americanos, vários fatores globais e domésticos podem alterar
drasticamente essa visão. A sustentabilidade do crescimento nos EUA depende de
escolhas políticas, como tarifas e inflação, além da resposta de outras
economias importantes, especialmente Europa e China. O futuro imediato oferece
incertezas significativas, mas também oportunidades para investidores atentos.
No post usando-bola-de-cristal fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: ... “Meu grau de convicção nos objetivos traçados
deve ser visto com cautela; essa é a principal razão pela qual não propus
nenhuma sugestão de trade, embora estivesse correto com minha visão de alta.
Talvez adote em algum outro momento. Por enquanto, o objetivo é R$ 6,28 / R$
6,37”.
Por enquanto, o dólar subiu na máxima a R$ 6,3139, ficando entre os objetivos traçados acima. A retração que se seguiu foi resultado de uma bateria de intervenções efetuadas pelo BCB.
Por enquanto, a retração é rasa, o que me faz pensar na
outra contagem que venho acompanhando paralelamente. Nessa outra, como mostra o
gráfico a seguir, o dólar ainda deve atingir algo entre R$ 6,59 / R$ 6,66
(número do diabo!) / R$ 6,84. Essa alternativa será reestudada caso o dólar
caia a R$ 5,8749. A onda 4 azul deveria terminar ao redor de R$ 6,00. O
Mosca não vai se envolver com nenhuma sugestão de trade no dólar nesse momento.
O gráfico a seguir sobre as reservas mostra a dimensão das atuações do banco central. O nível de reservas de U$ 332 bilhões é bastante satisfatório, e não imagino que nenhum engraçadinho vai se meter a especular só por especular. Já quando subtraído as operações de swap, atinge o mínimo dos últimos 12 anos em U$ 230 bilhões.
Como mostra o gráfico, os swaps, que não envolvem saída de
recursos, têm aumentado no tempo e, por diferença, chega-se a U$ 130 bilhões.
Vale um acompanhamento no tempo.
O S&P500 fechou a 5.975, com alta de 0,55%; o USDBRL a R$ 6,1152, com queda de 1,15%; o EURUSD a € 1,0386, com alta de 0,76%; e o ouro a U$ 2.635, com queda de 0,14%.
Fique ligado!
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