Não segure uma faca caindo #EURUSD
Vamos começar pela decisão do Fed: Nada Mudou, Nada
Surpreende
O FOMC manteve as taxas inalteradas e fez apenas ajustes
mínimos em seu comunicado. Nenhuma novidade, nenhum choque. Mas a entrevista de
Powell deixou três pontos claros. Primeiro, ele ainda considera a política
monetária “significativamente restritiva”, o que indica que o Fed ainda não
terminou os cortes, mas também não tem pressa. Segundo a queda em março está
fora do jogo, já que o comitê prefere esperar para ver qual será a política da
nova administração antes de agir. Terceiro, quando essa incerteza se dissipar,
o critério para um novo corte será bem flexível, desde que a inflação continue
cedendo.
O recado? O Fed não está com pressa, mas também não quer ser visto como um obstáculo para o mercado. A Goldman Sachs continua com a previsão de dois cortes de 25bps em junho e dezembro, além de mais um em 2026. Powell ainda reiterou que o Fed não mudará sua meta de 2% de inflação e não vê necessidade de subir juros apenas porque o mercado de trabalho está apertado.
O jogo segue o mesmo: nada de mudanças drásticas, tudo
calculado, tudo previsível. Se o mercado esperava um tom mais agressivo, pode
esquecer. Powell continua jogando xadrez com a economia – e não está disposto a
mover suas peças antes do tempo. O Mosca espera que a surpresa não seja uma
elevação!
O PIB do 4º trimestre foi publicado pela manhã em 2,3% a.a.,
ficando abaixo das expectativas dos economistas e desacelerando de 3,2% do
trimestre anterior. Notícia ruim? Não necessariamente, pois o grande causador
foi uma aceleração absurda das importações e queda dos estoques. Alguém falou
Trump? As empresas se anteciparam aos eventuais aumentos de tarifas. Eu imagino
que os dados ficarão distorcidos no curto prazo.
Nunca pegue uma faca caindo!
Eu tenho uma regra para entrar em posições que não mudo de
jeito nenhum: nunca compro (vendo) depois de uma queda (alta) expressiva. No
jargão de mercado, se diz “pegar uma faca caindo”. Mesmo que meus gráficos
apontem para um ponto atrativo, eu me contenho. O porquê dessa minha atitude?
Não sei se chegou na mínima (máxima). Às vezes – muito raramente – entro num
trade especulativo, mas sempre com um stop loss muito apertado e desde que o
movimento oposto não tenha sido grande para os padrões do ativo. Mas nem todo
mundo pensa assim, como comentou Hannah Erin no Wall Street Journal.
A euforia em torno da inteligência artificial sofreu um
baque quando a DeepSeek, uma startup chinesa, mostrou que é possível
desenvolver modelos de IA de forma mais barata. O resultado? Um banho de sangue
no mercado: a Nvidia e outras gigantes despencaram 17%, evaporando US$ 1
trilhão do mercado. Mas, enquanto uns corriam para a saída, outros viam um
presente embrulhado no pânico. Angelo Dodaro, por exemplo, não hesitou. “Me
sinto como uma criança no Natal”, disse, enquanto enchia o carrinho de ações da
Nvidia. Para ele, se cair mais, melhor ainda.
Comentário meu: será mesmo? Ele tem recursos infinitos?
E ele não estava sozinho. Os investidores individuais
despejaram US$ 562 milhões em Nvidia num único dia, quebrando recordes. O
padrão se repetiu em outras ações, como Broadcom e Tesla. A mentalidade: O
clássico "buy the dip", a crença de que qualquer queda é um desconto
temporário antes de uma nova disparada. Mas será que essa estratégia sempre
funciona? Em 2008 e 2020, quem comprou no pânico se deu bem, mas no estouro da
bolha de 2000, o Nasdaq levou 15 anos para recuperar o patamar perdido.
Outro nome que entrou de cabeça foi Austin Hankwitz, que
comprou mais Nvidia e reforçou suas posições em Snowflake e Cloudflare. Para
ele, a DeepSeek não muda o jogo e a queda foi apenas "ruído". Mas aí
está o ponto: o risco está em quem não tem essa rede de proteção e aposta tudo
na alta infinita da IA. E se a narrativa mudar? E se a Nvidia perder de fato
sua vantagem?
Por outro lado, Mark Cernese viu a queda como um sinal de
alerta. Ele já havia deslocado 10% da sua carteira para renda fixa, antecipando
que o mercado estava esticado. Para ele, o crash da Nvidia foi uma confirmação:
"quanto maior a valorização, mais vulnerável a ação fica a surpresas como
essa". Ele pode estar errado e perder o próximo rali? Pode. Mas também
pode ser um dos poucos a sobreviver caso essa festa termine como terminou em
2000.
No fim das contas, o mercado continua sendo um jogo de
ganância e medo. Uns aproveitam o caos, outros tentam escapar dele. A Nvidia
caiu na segunda, subiu 8,9% na terça, mas a pergunta segue no ar: essa foi só
mais uma oportunidade de compra ou o primeiro sinal de que o jogo mudou? Como
disse Steve Sosnick: "É o mercado da IA, e estamos só jogando nele."
Não faço nenhum dos dois movimentos (comprar na baixa ou
vender no desespero), respeito meus parâmetros e, no caso da Nvidia, meu stop
loss comentado no post trump-late-ele-morde é de US$ 115,14. Não chegou lá ainda!
Nesses momentos de pânico, o fundamento não funciona. Barato
ou caro fica em segundo plano e os investidores reagem mais às emoções do que
qualquer outra coisa. Usando a Análise Técnica, eu me guio pelos princípios e
regras, um elemento muito importante nestes momentos.
Quanto a esses investidores, desejo boa sorte, pois essa não
é a forma de um investidor agir em seu portfólio. Garanto que, depois de
queimarem a mão algumas vezes, vão entender que o objetivo não é comprar
barato, e sim comprar quando o risco x retorno está a seu favor.
Análise Técnica
No post alívio-temporario, fiz as seguintes
observações sobre o euro:"No gráfico a seguir, assumi que a onda (1)
vermelha terminou, o que ainda não se pode afirmar com certeza. Embora,
numa janela de 1 hora, seja possível contar 5 ondas. Uma sugestão de compra
pode surgir ao redor de € 1,0243 / € 1,0213, com stop loss em € 1,0176. Como a
aposta seria em uma recuperação da onda (2) vermelha, pode-se esperar um
movimento tortuoso."
Tudo indica que minha contagem está em curso e que a moeda única está em uma correção A – B – C em azul no gráfico a seguir. Uma oportunidade de compra pode surgir dentro do retângulo. Não sei se vou sugerir um trade, pois se trata de um movimento pequeno de alta – onda vermelha (2) – para uma possível queda maior depois. Fiquem atentos ao Mosca.
Como pode o euro se valorizar se o ECB está em um processo de queda de juros – hoje reduziu para 2,75% – e o Fed está firme, sem compromisso de diminuir? A resposta pode estar abaixo. Está todo mundo vendido no euro e, quando isso ocorre, qualquer argumento (qualquer mesmo) faz o pessoal zerar a posição. Let’s see!
Como havia mencionado nos últimos dias decidi liquidar a posição de S&P500 no fechamento. Mais comentários no post específico, mas posso adiantar que o mercado pode ficar de lado por um tempo. Quero enfatizar que não tem nada de errado e continuo com visão de alta no medio prazo.
O S&P500 fechou a 6.071, com alta de 0,53%; o USDBRL a R$ 5,8769, com alta de 0,35%; o EURUSD a € 1,0393, com queda de 0,25%; e o ouro a U$ 2.791, com alta de 1,22%.
Fique ligado
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