Dólar, dólar #nasdaq100 #NVDA

 


Tenho um amigo cujo pai tinha uma frase célebre: "Quem dorme com dólar dorme tranquilo." Essa afirmação era ainda mais verdadeira nos anos 90, quando a inflação no Brasil atingia níveis inimagináveis hoje. Lembro que a taxa equivalente ao CDI era de 2% — detalhe, ao dia! Para quem atuava no setor financeiro, era possível aproveitar esse cenário, mas, no longo prazo, essa dinâmica mergulharia o país na miséria.

A discussão sobre a perda da hegemonia da moeda americana é um tema que, de tempos em tempos, reaparece na imprensa. Ontem, escutando o podcast At The Money com Barry Ritholtz, ouvi Matt Hougan, CIO da Bitwise Asset Management, ser questionado sobre os motivos para um investidor comprar bitcoin. Ele apontou dois: o primeiro, especulativo; o segundo, a elevada dívida do governo americano, que apresenta uma trajetória crescente.

Sobre o primeiro ponto, apresento o gráfico a seguir, que mostra quem tem comprado a criptomoeda recentemente. Não preciso enfatizar que a MicroStrategy compra com dinheiro de terceiros, altamente alavancada, e, se por algum motivo o preço começar a cair, corre o sério risco de quebrar sua empresa. Recebi, no final do ano passado, uma carta da Kawa, escrita por Daniel Ades, que faz uma associação com a especulação feita pelos irmãos Hunt com a prata nos anos 80. Achei interessantes seus argumentos, que coincidem com a visão do Mosca sobre a MicroStrategy.

Sobre o segundo ponto, ainda é cedo para apostar que o dólar vai desabar; tudo ainda pode mudar.

 



Existe um conceito elaborado pelo economista Stephen L. Jen, CEO da Eurizon Asset Management. Segundo sua hipótese, o dólar sobe quando a situação está muito ruim (safe haven) ou quando a economia está em forte crescimento. John Authers analisou essa hipótese no contexto de um novo governo Trump.

O Checklist do Dólar com Trump

Para muitos propósitos práticos, Donald Trump assumiu como presidente dos EUA há dois meses. Ele nos disse o que pretende fazer, e os mercados já ajustaram suas expectativas de acordo. Mas somente na segunda-feira ele poderá implementar políticas específicas, e há especulações intensas de que isso trará uma enxurrada de ordens executivas. Neste último Points of Return antes do início da segunda era Trump (os EUA terão um feriado prolongado para celebrar o Dia de Martin Luther King, com os mercados fechados no dia da posse), oferecemos este roteiro para a variável financeira mais importante que ele enfrentará: o dólar americano.

O “Sorriso”

O dólar se move de acordo com o que o estrategista de câmbio Steven Li Jen descreveu como um "sorriso". O modelo ganhou ampla aceitação nas décadas desde que ele o apresentou, sendo ilustrado por este diagrama do site da firma de Jen, a Eurizon SLJ Capital:

 



Como o dólar é um refúgio seguro, ele se valoriza em tempos de dificuldades, mesmo que essas dificuldades se originem nos EUA. Ele também ganha força quando a economia americana está em expansão. No entanto, seu desempenho é fraco durante “pousos suaves”, quando o crescimento é mediano e ninguém está muito preocupado. Essa combinação de “caminho do meio” pode ser boa para ações e títulos, mas é ruim para o dólar.

Há alguns meses, o mundo estava posicionado para um cenário mediano. As taxas de juros estavam caindo, pois os bancos centrais pareciam capazes de conduzir um pouso suave após a inflação pós-pandemia. Então veio a vitória de Trump, seguida de dados que indicavam que a economia tinha muito mais força do que se imaginava. Os rendimentos subiram, assim como o dólar. Enquanto isso, o resto do mundo está apreensivo com o que está por vir. Paradoxalmente, o dólar parece estar nas duas extremidades do sorriso: força interna combinada com um aumento acentuado nos riscos percebidos globalmente.

Precedentes

A história recente oferece pouca orientação. Trump já assumiu o cargo antes, mas em circunstâncias muito diferentes. O dólar está muito mais forte agora. O índice do dólar ajustado pela inflação, calculado pelo Fed, mostra que ele está no nível mais alto em 40 anos, o que é desfavorável para exportadores:

 



Quando Trump assumiu o cargo oito anos atrás, o mercado de alta de longo prazo para os títulos do Tesouro (com rendimentos caindo constantemente) estava em pleno vigor. Isso acabou. As suposições confortáveis de que os rendimentos permaneceriam baixos já não se aplicam. Traders de hoje, tanto no mercado de títulos quanto de câmbio, não têm experiência com um dólar tão forte ou com taxas subindo continuamente:

E isso antes mesmo de Trump revelar exatamente como irá implementar tarifas. Isso é importante porque a tendência secular de redução de barreiras comerciais durou muito mais do que a queda dos rendimentos dos títulos. Algumas declarações de Trump, se implementadas, poderiam reverter essa tendência de maneira verdadeiramente espetacular. Até mesmo tarifas mais moderadas e direcionadas, como as atualmente esperadas por Wall Street, representariam uma mudança histórica. Este gráfico da Barclays Plc, que publicamos pela primeira vez no ano passado, indica a escala do que agora parece possível:




Outro fator que parecia temporário há oito anos, mas agora assume uma característica quase permanente, é o diferencial de rendimentos entre os EUA e a Alemanha. Durante anos, os rendimentos se acompanharam de perto, mas isso mudou com a crise da zona do euro. Desde então, os rendimentos europeus caíram para zero (ou abaixo), enquanto os EUA mantiveram diferenciais favoráveis:




Finalmente, a inflação está mais alta agora, trazendo consigo taxas de juros mais elevadas. E Trump 2.0, com quatro anos para elaborar um plano detalhado, pode ser muito mais focado e consistente do que sua primeira gestão, tornando a comparação menos útil.

Colocando tudo isso junto, os dois lados do sorriso estão funcionando. Os riscos são altos, particularmente fora dos EUA, o que provoca fluxos em direção ao dólar; mas esses riscos parecem inclinados para o lado positivo, de modo que boas notícias para os EUA também estão impulsionando a moeda. Nunca é possível provar causalidade, mas o rali do dólar coincide quase perfeitamente com a melhora nas perspectivas políticas de Trump:




O Que Vem a Seguir?

Nenhum estrategista de câmbio discorda que as tarifas serão positivas para o dólar até certo ponto. O mercado cambial irá se ajustar a elas, pois é isso que faz. Mas ainda há espaço para um intenso desacordo sobre até onde isso irá e se as tarifas já estão precificadas.

Jonas Goltermann, da Capital Economics, afirma que “tanto a teoria econômica quanto a experiência da guerra comercial EUA-China de 2018-2019 sugerem que um aumento nas tarifas americanas, tudo o mais constante, resultaria em um dólar mais forte,” enquanto os movimentos acentuados do dólar em resposta a notícias recentes sobre tarifas confirmam que elas estão tendo um impacto.

Figuras alinhadas a Trump minimizam o impacto das tarifas e argumentam que a inflação ainda é primariamente uma questão do Fed e de política monetária. Kevin Warsh, ex-diretor do Fed, afirmou no Wall Street Journal que um aumento de 10% nas tarifas “não deveria ser estatisticamente significativo” para a inflação, e que o Fed deveria “ignorar” mudanças pontuais de preços. Scott Bessent, indicado de Trump para secretário do Tesouro, disse ao Congresso na quinta-feira que, para cada aumento de 10% nas tarifas, os mercados cambiais tendem a ajustar cerca de 4% para compensar o impacto. Dan Clifton, da Strategas Research Partners, comentou que, se isso for verdade, “o yuan chinês se moveu quase exatamente nessa taxa de 4% desde a eleição e está perto de precificar os primeiros 10% das tarifas.” Ele acrescentou que a queda do euro desde a eleição também pode refletir tarifas.

Certamente, o rali do dólar foi além do que os diferenciais de taxas de juros podem explicar por si só. No entanto, o mercado cambial tende a exagerar movimentos, particularmente quando os EUA estão em boa forma econômica, então o Deutsche Bank argumenta que isso não é necessariamente surpreendente (e, portanto, talvez não seja necessário invocar tarifas para explicar o rali até agora):

É um cenário fascinante em que argumentos de todos os lados parecerão políticos. Mas, como está, é razoável que a incerteza esteja elevada — e, portanto, dado o sorriso, que o dólar também pareça sobrevalorizado por enquanto.

O dólar está "sorrindo" com a eleição de Trump. Mesmo ele não tendo assumido o governo, tudo indica que, segundo a teoria de Jen, a moeda estaria no lado direito do gráfico. Para o pessoal das criptomoedas, que está louco para ver uma derrocada do dólar, será preciso torcer por um cenário distinto do apresentado por esse economista, em que o sorriso estaria de ponta-cabeça, ou seja, *“Dólar Angry”! Hahaha...

 

Análise Técnica


No post chinapão, fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq100: "Observando a evolução do Nasdaq100 e, sem entrar na tecnicidade, estou alterando a contagem dessa correção de média para pequena. Segundo esse critério, a queda esperada seria menor que a aventada acima, ficando entre 20.205 e 19.644, conforme destacado no retângulo abaixo."




Observando uma janela de 1 hora, marcada a seguir com a elipse, é possível ver um movimento de 5 ondas que parece ainda não ter terminado. Sendo assim, alerto os leitores para uma possível oportunidade de compra quando a correção dessas 5 ondas se formar.

Notem que, para enquadrar nessa opção mais altista, a onda 2 azul terminou prematuramente, o que pode ocorrer em um mercado com pressa de subir.




Sobre a Nvidia, comentei: "A Nvidia ameaçou romper o nível de U$152,89, mas em seguida voltou a cair, o que me levou a alongar sua onda 2 azul. Desta forma, espero uma retração até os níveis apontados no retângulo — pode ser menos também — e, depois, voltar a subir."




A Nvidia chegou muito próximo dos níveis apontados no retângulo, em U$129,51, o que, por esse critério, poderia indicar que a retração terminou. Porém, diferentemente do Nasdaq100, a alta destacada na elipse ocorreu em 3 ondas, o que deixa aberta a possibilidade de uma nova mini queda. Qualquer mudança, informarei aos leitores.




O gráfico a seguir mostra que beleza o PT tem gerido nossa economia, embora nenhum dos países no gráfico possa se vangloriar.




Estamos em primeiro lugar nesse ranking, que inclui países emergentes como China, Polônia e Turquia. O pior é que o principal motivo é o pagamento de juros para financiar a dívida. Quando o parâmetro é 2007, apontado com o losango dourado, estávamos muito melhor.

O fiasco do cancelamento pela Receita Federal da norma sobre o PIX, que, mesmo se fosse bem-intencionada, infringiria a lei do sigilo bancário, mostra o quão frágil está este governo. Acredito que, nos próximos dois anos, pouca coisa acontecerá, e a popularidade de Lula tende a definhar.



o S&P500 fechou a 5.996, com alta de 1,0%; o USDBRL a R$ 6,0743, com alta de 0,39%; o EURUSD a € 1,0273, com queda de 0,24%; e o ouro a U$ 2.700, com queda de 0,50%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Só um ponto: A norma sobre o PIX ainda está vigente, com valores de R$ 2k. Voltou a limite anterior de 2022.

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