O final da história - parte I #S&P500
O post de hoje e amanhã foi escrito por meio associado, Alberto Dwek. Nós temos a mesma posição sobre as criptomoedas e o artigo versa sobre diversos aspectos da vida financeira de forma objetiva e pragmática.
“Nasce
um otário a cada minuto”
P.T. Barnum, entre outros
“É
déjà vu tudo de novo.”
Yogi Berra
(Este artigo foi dividido em duas
partes por motivos editoriais. A primeira trata do conceito de especulação e
sua evolução. A segunda, a ser publicada amanhã, retoma a história das bolhas
especulativas para analisar a das criptomoedas.)
Com o passar dos anos, algumas coisas
ficaram claras para mim. Investimentos, por exemplo, sempre podem ser
classificados como especulativos, já que por definição são aplicações sujeitas
a riscos nas quais o investidor vislumbra (“especular” significa exatamente
“enxergar”) um resultado positivo caso se produzam certos eventos mais ou menos
prováveis. Outra coisa é que o sentido pejorativo da palavra “especulação”
usado pelo banqueiro citado tornou-se corriqueiro no Brasil, remetendo a
práticas de manipulação, de tomada de riscos absurdos ou até de crime
econômico.
Mas o que percebi, afinal de contas, é
que todos os investimentos estão sujeitos a risco e todos configuram, stricto sensu, especulações. O que
varia são os eventos previstos associados a elas, o valor intrínseco dos
instrumentos usados e o grau de segurança a respeito dos riscos corridos.
Quando o instrumento são notas do tesouro, por exemplo, a especulação se limita
à escolha entre prazos e indexação, mas a qualidade do instrumento e a garantia
de retorno são de risco ínfimo. Trata-se de especulação tão reduzida em seus
efeitos que não há quem não a trate de investimento de risco quase zero. E
nessa versão restrita, quase puritana do termo, até mesmo guardar dinheiro
debaixo do colchão seria especular no próprio valor da moeda (guardem este
pensamento, será usado mais à frente.)
Já o investimento em ações pode ser
considerado inteiramente especulativo: não há garantia de retorno, os eventos
de risco possíveis são variados e variáveis, e o próprio valor intrínseco
depende de suposições que podem ser desmentidas ou contrariadas por qualquer
concorrente ou regulador alheio ao controle da empresa. Comprar ações nem pode
ser chamado de outra coisa que não seja especulação, e durante muito tempo foi
assim.
As coisas começaram a mudar quando
surgiram especulações ainda maiores, com mercados futuros, opções, operações
estruturadas, em suma, com a multiplicação do risco através do maior
instrumento financeiro a serviço da ganância humana: a alavancagem. Diante de
aplicações que podiam não somente eliminar o investimento, mas ainda gerar
dívidas ao investidor, nem se cogitava mais chamar uma mera compra de ações de
“especulação”. Especuladores eram aqueles doidos que apostavam na alta ou na
baixa de qualquer coisa e arriscavam seu capital no “all-in” constante em
operações de altíssimo risco. Hoje um fundo de ações pode até ser chamado de
“conservador” ainda que em seus próprios estatutos ele esteja proibido de
prometer que vai conservar o capital investido.
Há um fundamento para essa
diferenciação, é claro. Os instrumentos de análise e a teoria do risco
avançaram em passos gigantescos. Ainda que incapaz de eliminar a incerteza, a
ciência econômica atual consegue delimitar as probabilidades e variações de tal
maneira que um tomador de decisões se sinta extremamente confortável com seus
investimentos, qualquer que seja sua característica especulativa. E mais, se
juntarmos a isso os inúmeros instrumentos de cobertura de risco disponíveis, um
investimento especulativo pode facilmente se transformar em algo semelhante a
uma renda fixa garantida por instituições federais.
Num mundo como esse, o que restou de
nome feio é a famosa “bolha especulativa”, quando a noção de risco é jogada
pela janela e a ganância se torna um antolho para o cérebro do especulador. Na
conclusão deste artigo, revisitaremos as grandes bolhas da História para termos
uma ideia do que pode ocorrer hoje com as especulações atuais.
No post o-disruptivo-terminou fiz os seguintes comentários sobre o S&P500: “Para os próximos dias,
teremos dois eventos de suma importância: amanhã a publicação do CPI e, na
segunda-feira, a posse de Trump. O potencial de alta é de 5,8%, e o stop loss
de 2,3%. Observando o gráfico do mercado futuro, nota-se 5 ondas no gráfico de
1 hora”
Como comentado acima no anúncio do CPI, que foi melhor na visão do mercado, e embora o mercado abriu com um gap, iniciamos um trade de compra na bolsa. Desde então o S&P500 se aproxima da máxima histórica de 6.099. Segundo essa contagem de uma onda (5) vermelha na forma diagonal, a bolsa deveria atingir 6.182, e, na sequência, ocorreria uma correção de magnitude razoável.
Acontece que existe uma outra contagem com objetivos mais ambiciosos, mostrada a seguir. Como podem notar, o objetivo mínimo seria de 6.879.
- E aí David, o que fazemos numa situação dessa?
Minha resposta é sempre observar o mercado ele vai nos dizer
qual das duas se adequa mais. No primeiro gráfico “Yellow Count” o final da onda
(5) vermelha ocorrerá segundo um zig – zag demarcado como A – B – C em
azul. Essa é uma boa pista. No segundo gráfico “Red Count” a onda (i)
vermelha teria o formato padrão em 5 ondas, uma retração curta na onda
(ii) vermelha para, em seguida, começar a onda (iii) vermelha/ onda iii
laranja/ onda 3 azul (não visível); ou seja, seria muito forte.
Essas duas hipóteses se enquadram bem no momento em que
estamos, com o mercado está esperando as medidas a serem anunciadas por Trump. Se
as medidas agradarem pode-se encaixar a contagem “Red”; caso contrário, a contagem
“Yellow” se torna mais provável.
O S&P500 fechou a 6.049, com alta de 0,88%; o USDBRL a
R$ 6,0255, com queda de 0,10%; o EURUSD a € 1,0419, sem variação; e o ouro a U$
2.742, com alta de 1,27%.
Fique ligado!
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