Especulação disfarçada #bitcoin #IBOVESPA

 


Existem momentos no mercado financeiro em que a fronteira entre proteção e especulação se torna tão tênue que muitos profissionais — até os mais experientes — se deixam seduzir por narrativas que parecem racionais, mas que escondem um comportamento claramente especulativo. Essa confusão pode custar caro, tanto para indivíduos quanto para empresas, e o exemplo mais recente desse movimento vem da incorporação do bitcoin aos balanços corporativos com o pretexto de “preservação de capital”.

Vejo essa movimentação com bastante ceticismo. Lembra-me de um episódio do início da minha carreira, quando eu era tesoureiro no Banco Francês e Brasileiro. Convencido de que o dólar iria subir, optei por comprar ouro na BMF como forma de proteção — ou assim eu queria acreditar. Na prática, era uma aposta pura, não autorizada, e que carregava todos os riscos típicos de uma operação baseada em intuição e racionalizações posteriores. O resultado? A operação terminou com prejuízo, apesar de o dólar oficial, de fato, ter subido.

O que ocorreu ali — e o que vejo agora em algumas empresas — é o clássico caso de especulação disfarçada. A justificativa pode parecer prudente: diversificar o caixa, proteger-se contra a desvalorização cambial, ou até mesmo sinalizar modernidade perante investidores. Mas, no fundo, trata-se de uma tentativa de capturar ganhos com um ativo volátil, cuja precificação não tem qualquer vínculo com os fundamentos da operação da empresa.

O artigo da Bloomberg serve como alerta ao destacar o caso da Starbucks. A empresa anunciou que passaria a aceitar bitcoin como meio de pagamento em alguns mercados, além de analisar formas de incorporar o criptoativo em sua estrutura de capital. Esse movimento ocorre no exato momento em que a moeda digital vem registrando fortes oscilações, com picos que beiram os níveis históricos. Coincidência? Difícil acreditar.

Não é a primeira vez que esse tipo de comportamento ocorre. Empresas como Tesla, MicroStrategy e Block (ex-Square) também já adotaram o bitcoin como parte de suas reservas — movimentos celebrados no auge e amargamente criticados nos períodos de queda. Em comum, todas essas decisões foram justificadas com uma roupagem de “hedge” contra a inflação ou “reserva de valor” alternativa. Porém, nenhuma delas conseguiu dissociar esse discurso da realidade dos balanços: volatilidade extrema, prejuízos contábeis, e perda de foco estratégico.

No caso da Starbucks, o risco é ainda mais gritante. Estamos falando de uma empresa cujo core business é vender café e experiências de consumo. Sua vantagem competitiva está na gestão da cadeia de suprimentos, no marketing de marca e na experiência do consumidor. O que exatamente o bitcoin agrega nesse contexto? Qual é a sinergia entre criptoativos e grãos de café?

A resposta é simples: nenhuma.

A motivação real parece estar ligada ao desejo de capturar parte do frenesi que envolve o bitcoin, especialmente entre investidores mais jovens e tecnologicamente engajados. A lógica é a mesma de campanhas publicitárias que flertam com o metaverso ou NFTs: ganhar manchetes e impulsionar temporariamente o valor das ações com base em modismos.

Um gráfico comparativo entre as ações da Starbucks e do S&P 500 pode dar uma pista do motivo. Essa empresa não conseguiu se recuperar depois do tombo em abril. Então se não for vendendo café pode ser comprando bitcoin.

 

 

Mas isso tem um custo — e ele pode ser alto. Incorporar ativos altamente voláteis como o bitcoin ao caixa da empresa introduz um risco desnecessário, distorce os indicadores financeiros e cria uma falsa sensação de segurança entre os gestores. É um erro clássico de mismatch entre ativos e passivos. Enquanto as obrigações operacionais seguem um ciclo previsível, o bitcoin pode cair 30% em uma semana.

Mais grave ainda é o fato de que esse tipo de decisão pode influenciar outros gestores a seguirem o mesmo caminho, criando uma bolha de comportamento corporativo travestido de estratégia inovadora. Quando empresas públicas adotam posturas claramente especulativas, elas lançam um recado perigoso ao mercado: o de que qualquer ativo, desde que esteja na moda, é justificável nos balanços — independentemente de sua conexão com o negócio principal.

O que resta disso tudo é uma distorção perigosa do papel das empresas no capitalismo moderno. Ao invés de criarem valor sustentável, passam a operar como veículos de apostas travestidas de inovação. E, como se sabe, apostas feitas com dinheiro alheio — seja de acionistas, clientes ou credores — tendem a terminar mal.

É por isso que a lembrança daquela operação frustrada com ouro permanece tão vívida. Ela me ensinou, com dor, que a convicção pessoal jamais deve suplantar os limites institucionais de um gestor. A disciplina é o antídoto contra a autoconfiança exacerbada. Hoje, vejo no comportamento dessas empresas o mesmo erro de julgamento: a ilusão de que inovação justifica tudo, até mesmo decisões sem nexo com o negócio.

Que fique o alerta: o bitcoin pode ter seu lugar no portfólio de um investidor individual, disposto a correr riscos. Mas incorporá-lo como ferramenta de preservação de capital em uma companhia que vende cappuccinos revela mais um desejo de surfar na onda do que uma estratégia consistente. E se a maré virar — como sempre vira — não será o criptoativo que irá salvar a reputação dos executivos.

A verdadeira proteção de capital começa com humildade e termina com coerência. O resto é só especulação disfarçada.


Análise Técnica

O Fluminense foi embriagado pelo sucesso e acreditou que poderia passar do Chelsea. Se tivesse um pouco de razão chegaria à conclusão que foi premiado pela sorte. Sorte de ter caído na chave mais fácil e também em alguns dos jogos não sofreu gols pelo mesmo motivo. A realidade é que o futebol europeu está em outro patamar e quando seus dirigentes faziam a conta de quanto custa a folha desse time comparado como os europeus fica estampado que não tinha como concorrer. Infelizmente o futebol mudou de Continente e é importante aceitar essa realidade para não sonhar.

Como toquei no bitcoin vou atualizar minhas ideias sobre a criptomoeda, acontece que no novo sistema não tenho acesso a seus dados mesmo assim fiz no sistema antigo e vocês podem notar na comparação a diferença. Daqui em diante, qualquer citação nesse ativo deve ser considerada com cautela pelos leitores.

No post “razão-emoção-e-o-vicio-do-bitcoin” fiz os seguintes comentários sobre o bitcoin: “ Bitcoin agora caminha para o objetivo traçado no retângulo, entre US$ 120 mil (alta de 9%) e US$ 129,8 mil (alta de 16%). Caso esse nível seja superado, o próximo alvo seria próximo de US$ 160 mil. No entanto, o intervalo entre US$ 120 mil e US$ 129,8 mil parece robusto para conter o movimento atual”.


Interface gráfica do usuário

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

 

O bitcoin permaneceu algum tempo nas máximas e se tudo der certo deve atingir os níveis anotados acima confirmados mais ou menos pelo gráfico abaixo. Fiquem atentos que onda 5,5,5 podem ser mais curtas.


 

Em relação ao IBOVESPA fiz os seguintes comentários no post “ intenções-escusas”: “Se estiver certo, espere uma correção ao redor de 136 mil, seguida por uma alta até o nível de 150 mil. Mas o triângulo pode falhar, e essa mini queda não deveria ultrapassar os 133.945 pontos, como já mencionado. Sugiro comprar no rompimento do nível de 140 mil”

 

Gráfico, Gráfico de dispersão

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

 

Foi só comprar que no dia seguinte fomos estopados com pequeno prejuízo. Embora o software não seja dos melhores a análise continua a mesma, o que muda é o detalhe. Como ficamos agora? Tenho a seguinte dúvida? A onda 5 azul destacada terminou e vamos entrar numa correção que vai demorar um tempo, ou esse false break foi continuidade da onda 4 azul (símbolo em vermelho) e ainda vamos ter uma nova alta em breve?



O S&P 500 fechou a 6.236, com alta de 0,61%; o USDBRL a R$ 5,5948, com alta de 2,73% depois de Trump ter anunciado uma tarifa de 50% para os produtos brasileiros. Fica aqui mensagem ao Lula: não mexa com o leão quando a vara curta; o EURUSD a € 1,1784, sem variação; e o ouro a U$ 3.313, com alta de 0,37%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Teve um cálculo feito por um influencer na internet, que mesmo que alguém tivesse só comprado bitcoin no auge, daria em média 8% de lucro em dólar/ano..
    Eu acho que o sistema financeiro, fiduciário, está em crise, e algo como uma bitcoin está sendo cada vez mais consenso mundial, como ouro digital mesmo

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