O imediatismo #usdbrl
Eu acredito que o acúmulo de estímulos recebidos em função
das várias conexões com as mídias sociais nos leva a atitudes imediatistas que
nem sempre (ou quase nunca) se mostram as mais adequadas, isso sem falar nos
vídeos que acompanham, cuja grande maioria não são visualizados (eu avisei aos meus
amigos que não assisto nenhum se não forem diretamente a mim endereçados).
Fico imaginando como é a vida corporativa nos dias de hoje
que além das conexões pessoais se acumula as conexões profissionais -outro dia
minha filha me mostrou que em seu WhatsApp corporativo tinham mais de 200
mensagens acumuladas durante um almoço.
O mesmo acontece no mercados financeiros onde os
investidores querem que os guide line sejam atingidos, pois caso
contrário, as ações caem – ou despencam, na divulgação dos resultados. Esse
quadro coloca os CEO pressionados a obter resultados a qualquer custo, o que
pode colocar os objetivos de longo prazo como secundários, comprometendo sua
sobrevivência. Mark J. Roe professor da Harvard University publicou um artigo no
site Project Syndicate sobre esse assunto.
A volatilidade atual do mercado de ações, bem como os
índices de ações em declínio podem levar os formuladores de políticas
preocupados de ambos os lados do Atlântico a voltar sua atenção para a obsessão
dos gerentes corporativos com o preço das ações de suas empresas.
Há muito se pensa que o curto prazo do mercado de ações
induz dois grandes problemas, que muitas vezes são misturados. Primeiro, muitos
assumem que os mercados de ações pressionam as corporações a se concentrarem
demais nos lucros trimestrais em detrimento de seus clientes, seus funcionários
e o meio ambiente. Suas operações de curto prazo prejudicam aqueles ao seu
redor; economias e as sociedades sofrem.
Em segundo lugar, a visão de curto prazo do mercado de ações
é amplamente percebida para induzir as corporações a se enganarem. Como usam o
caixa para recomprar suas próprias ações 1, supõe-se que eles
invistam menos em novas fábricas e façam menos pesquisa e desenvolvimento, que
precisarão para se manterem competitivos no futuro. Se o mercado de ações
induzir as empresas a cortar drasticamente esses investimentos, a economia como
um todo sofre.
1 Existem
alguns motivos pelos quais as empresas recompram suas próprias ações no
mercado. O link why-would-company-buyback-its-own-sharesasp lista os mais comuns. Porém o
mais comum é aumentar seu lucro por ação. Para que o leitor entenda imagine uma
empresa tenha U$ 100 de lucro com 100 ações emitidas, desta forma, seu lucro
por ação será de U$ 1,00 (U$ 100/100). Agora imagine que essa empresa resolva
recomprar 10 ações no mercado com seu caixa. Desta Nesse novo momento seu lucro
por ação passara a ser U$ 1,11 (U$ 100/90). Embora não exista nenhuma mudança
na empresa, ao manter sua rentabilidade com menos capital poderá distribuir
mais dividendos.
Vejamos mais de perto cada uma dessas questões. De acordo
com a sabedoria convencional, o curto prazo do mercado de ações está por trás
de muitos desses dois problemas.
Considere a primeira noção – que o curto prazo do mercado de
ações faz com que as empresas desrespeitem o meio ambiente, os funcionários, os
clientes e a sociedade. É verdade que os investidores que desejam concluir uma
venda de ações antes do fechamento do mercado não pensarão em uma catástrofe
climática em 2050. Para esses investdiores, como diz o ditado, o que comer no
jantar conta como uma decisão de longo prazo.
Essa imagem – de traders despreocupados com a catástrofe
climática – leva os formuladores de políticas e outros a concordar com uma
afirmação que é frequentemente ouvida no Fórum Econômico Mundial em Davos: “O
curto prazo do mundo financeiro destruirá nossas comunidades, economias e o
planeta”. como foi colocado. E não é apenas Davos. Essa posição amplamente
defendida tem estado na frente e no centro das deliberações da União Europeia
sobre a melhor forma de reestruturar a governança corporativa para tornar as
grandes empresas mais sensíveis às partes interessadas e ao planeta, e é
central para as discussões dos EUA sobre quão amplamente separar a discrição
executiva da influência dos acionistas.
VARIEDADE DE COMPORTAMENTO LUCRATIVO
As questões ambientais e de justiça social estão entre as
mais importantes que a humanidade enfrenta. Mas vincular firmemente esses
problemas ao curto prazo do mercado de ações é um erro.
Aqui está o que quero dizer. As falhas corporativas devem
ser divididas em duas categorias: problemas causados pelo momento em
que uma empresa paga e problemas causados pela questão de quem paga.
Na primeira categoria, uma corporação sacrifica um valor mais alto uma década
adiante por um pequeno lucro extra hoje. Este é um caso padrão e básico de
visão de curto prazo, e é amplamente considerado um dos principais
contribuintes para as mudanças climáticas e problemas sociais, como tratar mal
funcionários e clientes.
Na segunda categoria, uma corporação despeja hoje resíduos
em um rio porque acredita que não será captado, ou porque sabe que as
autoridades não regulamentam esse resíduo. A empresa espera nunca pagar
totalmente pela poluição. Este é um problema de “quem paga”, não um problema de
“quando” de curto prazo, porque o lucro de longo prazo da empresa nunca é
afetado negativamente. É o bem-estar de outra pessoa que está danificado.
Esses são dois canais muito diferentes pelos quais uma
corporação pode agir, mas estão agrupados na mente do público (e na mente de
muitos formuladores de políticas). Confundi-los é um erro. Um problema de “quem
paga” não é o mesmo que um problema de “quando a corporação paga”.
Corporações com fins lucrativos e seus executivos têm
incentivos para repassar custos para pessoas de fora e manter os ganhos para
si. É a pressão do lucro – não o curto prazo – que leva as empresas a poluir e
desconsiderar suas pegadas climáticas. Alguns executivos resistirão a que
outros paguem, porque são bons cidadãos. Mas outros não vão – ou simplesmente
não podem – resistir aos incentivos de lucro.
Podemos ver essa dinâmica no nível individual quando nós (ou
muitos de nós) dirigimos nossos carros. A maioria de nós não quer que o planeta
enfrente uma catástrofe climática, e sabemos que os automóveis são uma
importante fonte de gases de efeito estufa. Mas dirigimos mesmo assim, não
porque estamos cegos pelo curto prazo, mas porque é conveniente dirigir, e a
contribuição individual de nossa próxima viagem de carro para qualquer
catástrofe futura é mínima. Para os motoristas, a conveniência que nossos
carros oferecem para ir ao trabalho, fazer compras, visitar a família e assim
por diante é um benefício pessoal real.
Exteriorizamos os custos e embolsamos os ganhos. Os
horizontes temporais têm pouco a ver com nossa condução para o trabalho,
compras ou visitas a parentes. Nosso verdadeiro problema é o egoísmo, combinado
com o conhecimento de que nossa própria contribuição para o problema é pequena.
Para que esse cálculo mude, algo deve fazer com que os motoristas internalizem
os custos da queima de hidrocarbonetos. Um imposto que mantivesse o preço do
combustível alto ajudaria, enquanto encorajar todos a dar mais valor no longo
prazo faria pouco – ou nada.
As corporações embolsam os lucros enquanto os custos da
poluição e das mudanças climáticas são principalmente arcados por outros – não
pelos acionistas e nem pelos executivos. Se esses lucros são realizados no
curto ou no longo prazo, isso não vem ao caso. O que importa é que os lucros
venham à custa dos outros.
UMA VERDADE INCONVENIENTE
Ao se fixar no curto prazo, líderes corporativos,
formuladores de políticas, ativistas e o público erraram na análise básica. O
resultado é que as políticas públicas muitas vezes visam o alvo errado,
ignorando as medidas mais eficazes para remediar o problema.
Uma razão pela qual essa análise falha persistiu é que
realmente há algum vislumbre de curto prazo embutido no mercado de ações. Não é
inventado, mesmo que a extensão de seu impacto seja exagerada. Outra razão é
que a degradação do clima parece um problema de curto prazo porque os efeitos
dos hidrocarbonetos que estamos queimando hoje não serão sentidos até muito
mais tarde. Isso nos leva a focar no curto prazo coletivo do sistema como um
todo, e não no mecanismo real que importa: o egoísmo individual.
No Brasil tivemos alguns eventos nos últimos anos como o rompimento
da barragem de Brumadinho ocorrido em janeiro de 2019, que foi o maior acidente
de trabalho no Brasil e, perda de vidas humanas, depois de uma outra ocorrência
no rompimento da barragem de Mariana causando o maior impacto ambiental da
história brasileira.
Acredito que as decisões relativas ao problema brasileiro
foram impactadas por uma visão mais imediatista de resultados – ou falta de diligência,
relevando a segundo plano os prejuízos a sociedade que poderia ocorrer. Nesse
caso, o prejuízo acabou recaindo sobre os acionistas da Companhia que sofreram
pesadas multas imputadas pelo Ministério público. Não fosse a grande repercussão
a época e os grande número de mortes, o prejuízo poderia ter ficado com a sociedade.
Mas nos casos citados por Mark J. Roe os prejuízos na maior parte ocorrem no “varejo”
ou até são imperceptíveis nem calculáveis. Caberia as autoridades
governamentais implementar regras ou impostos que desmotivassem as empresas a
desconsiderar esse cuidado.
Tudo volta ao imediatismo existente na sociedade de forma
generalizada. Sou capaz de apostar que nenhum leitor compra uma ação com uma
visão de 5 a 10 anos, e se assim o faz, no percurso tantas coisa podem mudar
que essa ideia acaba se perdendo. Esse é uma situação sem solução!
No post a-vez-dos-azarões, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ Sendo assim, vou atualizar o stop loss para R$ 5,00 e manter os objetivos conforme apontado acima: ...” estabelecer pontos de realização de resultado caso seja atingido os seguintes níveis: ½ a R$ 5,27 e a outra ½ a R$ 5,33” ... No curto ´prazo, é importante que o dólar ultrapasse o nível de R$ 5,21” ...
Meu objetivo para liquidar a outra metade da posição é R$
5,33. Depois eu visiono uma nova rodada de quedas do dólar. Para que eu possa
apostar nesse sentido é necessário que haja as 5 ondas para baixo a partir
dessa região ou pouco mais acima. Porém, como venho sempre citando, existe um
outro cenário onde o objetivo de alta do dólar passaria a vigorar.
Mas como poderemos saber qual dos dois está em ação?
Com esse pano de fundo, fica mais claro ao leitor o porquê venho
adotando uma postura cuidadosa, subindo o stop loss e estabelecendo
níveis de saída para realização.
O SP500 fechou a 3.900, com queda de 0,30%; o USDBRL a R$
5,2325, com queda de 0,17%; o EURUSD a € 1,0581, com alta de 0,26%; e o ouro a
U$ 1.823, com queda de 0,17%.
Fique ligado!
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