ECB mantém o dilema #nasdaq100
Existem situações na vida onde não acreditamos em ações já testadas no passado mesmo querendo acreditar que desta vez vai ser diferente. É dessa forma que eu enxergo o ECB na sua busca de uma política monetária. Nos últimos 10 anos tem sido ainda pior pois para não correrem o risco de algum impacto negativo na atividade econômica enveredaram pelo caminho nunca antes testado do juro negativo.
A tarefa do BCE é difícil, para dizer o mínimo — e só fica
pior. Líderes da União Europeia disseram esta semana que estão caminhando para
uma proibição parcial das importações de petróleo russo, um
passo essencial para forçar o regime de Vladimir Putin a acabar com sua guerra
contra a Ucrânia. Mas há uma desvantagem. Novas restrições às importações de
energia proporcionarão mais um choque no lado da oferta, mantendo os preços
europeus elevados e aumentando o risco de estagflação.
O dilema do BCE é muito parecido com o do Federal Reserve
dos EUA, do Banco da Inglaterra e de muitos outros bancos centrais: a política
monetária não pode fazer tudo, os danos causados pela pandemia não diminuíram,
e não há maneira indolor de responder efetivamente à agressão russa. No
entanto, da melhor forma possível, os bancos centrais têm que encontrar um
equilíbrio entre apoiar a demanda e conter a inflação. O BCE está entendendo
errado. Tornou-se um outlier em sua abordagem e precisa repensar.
O Fed e o Banco da Inglaterra aumentaram as taxas de juros
e sinalizaram aos mercados financeiros que há mais por vir. Eles abandonaram a
conversa sobre inflação "transitória" meses atrás — e reconheceram
que deveriam ter mudado de rumo antes. O BCE está muito atrasado. Ainda não
elevou sua taxa de juros, que está em menos 0,5%. Sua última sinalização sugere que o primeiro aumento será de apenas um quarto
de ponto - não quando seus formuladores de políticas se reunirem na próxima
semana, mas na reunião depois disso, no final de julho.
Com a inflação acima de 8%, uma taxa inferior a zero em
termos nominais mantém um nível extraordinário, e cada vez mais imprudente, de
demanda extra. Muito estímulo aplicado por muito tempo aumenta o perigo de uma
correção violenta mais tarde. O custo de evitar uma desaceleração moderada
agora pode ser uma profunda recessão no devido tempo.
Para ter certeza, o BCE tem que lidar com problemas maiores
do que o Fed ou o Banco da Inglaterra. A UE é mais fortemente dependente da
energia russa, de modo que o componente do lado da oferta impacta mais a
inflação. Seus níveis básicos de crescimento e emprego são menores, dando menos
espaço para erros no lado negativo. As condições econômicas também variam
amplamente em toda a zona do euro, juntamente com os graus de tolerância à
inflação. (Os preços estão subindo cerca de 5,8% ao ano na França, 8,7% na
Alemanha e 20,1% na Estônia.) A política monetária certa em um país não se
encaixará no caso de outro (destaque meu).
Da mesma forma, o BCE tem que considerar o fato de que a
coordenação da política fiscal entre os 19 membros da zona do euro é difícil.
Alguns têm problemas crônicos de dívida pública, agora agravados por gastos
relacionados com pandemias. Isso torna as taxas de juros mais altas mais
perigosas e seus efeitos mais difíceis de julgar.
É compreensível a relutância do BCE em remover estímulos.
Mas o equilíbrio de risco mudou. O surpreendente novo número de inflação
justifica — e a situação mais ampla exige — um reset franco. Sem mais atrasos,
o BCE deve iniciar um esforço deliberado para normalizar a política, começando
com um aumento de 50 pontos-base na próxima semana — não no próximo mês.
Conhecendo o pavor dos alemães quando o assunto é inflação
imagino que o banco central desse país esteja extremamente incomodado, eles
sempre foram contra a política de juros negativos. O problema sempre recai na
adoção da moeda única em países tão diferentes. Em cambio não funciona one
size fits all, pois para alguns fica apertado e para outros frouxo.
Minha críticas acidas contra esse sistema já vem de longa
data desde a implementação desse blog. Já imaginei diversas vezes a quebra
desse sistema, mas que se mostra muito mais complicado que sua permanência. Por
outro lado, em conversas com alguns europeus, essa unidade criou nos jovens uma
identidade europeia que ultrapassa as fronteiras, dificultando qualquer ação
nesse sentido.
Porém, a inação implica em situações que combinam com a
frase “se ficar o bicho pega se correr o bicho foge”, e como tudo na vida,
quando se mostra insustentável por algum motivo muito forte, aí não tem jeito. O
difícil é saber quando irá ocorrer o stop loss. Enquanto isso, o ECB
fica numa situação difícil e como todo bom francês, seu presidente, Christine
Lagarde prefere réfléchir!
Já aqui no Brasil não temos vergonha de subir juros afinal a recordação de tempos passados nos levam a níveis borbulhantes. A inflação está tão elevada que um número crescente de analistas agora espera que o Banco Central aumente as taxas muito além do que os formuladores de políticas consideram necessário apenas alguns meses atrás.
Economistas do Credit Suisse Group AG e do BNP Paribas SA estão entre os que esperam que a taxa de juros de referência do Brasil, agora em 12,75%, termine o atual ciclo de aperto monetário em ou perto de 14,25%, igualando seu último pico em 2016. A maioria dos economistas pesquisados pela Bloomberg ainda vê o fim do ano em 13,25%.
No caso de já ter terminado, uma sequência de alta levaria a um nível que não necessariamente seria o apresentado no gráfico a seguir, pois vai depender dos diversos segmentos das linhas verde.
Em relação a posição de USDBRL sugerido essa semana, para evitar transtornos e riscos adicionais vamos elevar o stoploss ao nível de entrada. Se o movimento ocorrer da forma que espero, o dólar poderia atingir R$ 5,27/R$ 5,33, embora, não acredito que ocorra antes de julho.
Fique ligado
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