ECB mantém o dilema #nasdaq100

 


O Mosca não será publicado nas próximas 2 semanas voltando no dia 20/06. Temos uma posição em dólares cujas orientações vou dar no final da publicação. Caso haja alguma oportunidade ou algo muito importante farei um breve apanhando.

Existem situações na vida onde não acreditamos em ações já testadas no passado mesmo querendo acreditar que desta vez vai ser diferente. É dessa forma que eu enxergo o ECB na sua busca de uma política monetária. Nos últimos 10 anos tem sido ainda pior pois para não correrem o risco de algum impacto negativo na atividade econômica enveredaram pelo caminho nunca antes testado do juro negativo.


Neste momento a inflação parece diferente, razão de um surto inflacionário originado por diversos fatores exaustivamente comentado aqui. Agora ela deu o ar de sua graça de forma pujante. O gráfico a seguir que mede a inflação nos diversos países europeus fornece uma boa imagem como o ECB está atrasado em sua política monetária, e não é pouca coisa de 2% a 3%, estamos falando de 8% a.a. Um artigo publicado na Bloomberg enfatiza essa situação.


A inflação na zona do euro ‎‎subiu‎‎ para 8,1% no ano até maio, mais uma vez acima do esperado. Até agora, apesar dos sinais de que a inflação estava ficando entrincheirada, o Banco Central Europeu optou por ficar parado. Tinha suas razões, mas não são mais persuasivas.‎

‎A tarefa do BCE é difícil, para dizer o mínimo — e só fica pior. Líderes da União Europeia disseram esta semana que estão caminhando para uma ‎‎proibição‎‎ parcial das importações de petróleo russo, um passo essencial para forçar o regime de Vladimir Putin a acabar com sua guerra contra a Ucrânia. Mas há uma desvantagem. Novas restrições às importações de energia proporcionarão mais um choque no lado da oferta, mantendo os preços europeus elevados e aumentando o risco de estagflação.‎

‎O dilema do BCE é muito parecido com o do Federal Reserve dos EUA, do Banco da Inglaterra e de muitos outros bancos centrais: a política monetária não pode fazer tudo, os danos causados pela pandemia não diminuíram, e não há maneira indolor de responder efetivamente à agressão russa. No entanto, da melhor forma possível, os bancos centrais têm que encontrar um equilíbrio entre apoiar a demanda e conter a inflação. O BCE está entendendo errado. Tornou-se um outlier em sua abordagem e precisa repensar.‎

‎O Fed e o Banco da Inglaterra aumentaram as taxas de juros e sinalizaram aos mercados financeiros que há mais por vir. Eles abandonaram a conversa sobre inflação "transitória" meses atrás — e reconheceram que deveriam ter mudado de rumo antes. O BCE está muito atrasado. Ainda não elevou sua taxa de juros, que está em menos 0,5%. Sua última sinalização ‎‎sugere que‎‎ o primeiro aumento será de apenas um quarto de ponto - não quando seus formuladores de políticas se reunirem na próxima semana, mas na reunião depois disso, no final de julho.‎

‎Com a inflação acima de 8%, uma taxa inferior a zero em termos nominais mantém um nível extraordinário, e cada vez mais imprudente, de demanda extra. Muito estímulo aplicado por muito tempo aumenta o perigo de uma correção violenta mais tarde. O custo de evitar uma desaceleração moderada agora pode ser uma profunda recessão no devido tempo.‎

‎Para ter certeza, o BCE tem que lidar com problemas maiores do que o Fed ou o Banco da Inglaterra. A UE é mais fortemente dependente da energia russa, de modo que o componente do lado da oferta impacta mais a inflação. Seus níveis básicos de crescimento e emprego são menores, dando menos espaço para erros no lado negativo. As condições econômicas também variam amplamente em toda a zona do euro, juntamente com os graus de tolerância à inflação. (Os preços ‎‎estão subindo‎‎ cerca de 5,8% ao ano na França, 8,7% na Alemanha e 20,1% na Estônia.) A política monetária certa em um país não se encaixará no caso de outro (destaque meu).‎

‎Da mesma forma, o BCE tem que considerar o fato de que a coordenação da política fiscal entre os 19 membros da zona do euro é difícil. Alguns têm problemas crônicos de dívida pública, agora agravados por gastos relacionados com pandemias. Isso torna as taxas de juros mais altas mais perigosas e seus efeitos mais difíceis de julgar.‎

‎É compreensível a relutância do BCE em remover estímulos. Mas o equilíbrio de risco mudou. O surpreendente novo número de inflação justifica — e a situação mais ampla exige — um reset franco. Sem mais atrasos, o BCE deve iniciar um esforço deliberado para normalizar a política, começando com um aumento de 50 pontos-base na próxima semana — não no próximo mês.‎

Conhecendo o pavor dos alemães quando o assunto é inflação imagino que o banco central desse país esteja extremamente incomodado, eles sempre foram contra a política de juros negativos. O problema sempre recai na adoção da moeda única em países tão diferentes. Em cambio não funciona one size fits all, pois para alguns fica apertado e para outros frouxo.

Minha críticas acidas contra esse sistema já vem de longa data desde a implementação desse blog. Já imaginei diversas vezes a quebra desse sistema, mas que se mostra muito mais complicado que sua permanência. Por outro lado, em conversas com alguns europeus, essa unidade criou nos jovens uma identidade europeia que ultrapassa as fronteiras, dificultando qualquer ação nesse sentido.

Porém, a inação implica em situações que combinam com a frase “se ficar o bicho pega se correr o bicho foge”, e como tudo na vida, quando se mostra insustentável por algum motivo muito forte, aí não tem jeito. O difícil é saber quando irá ocorrer o stop loss. Enquanto isso, o ECB fica numa situação difícil e como todo bom francês, seu presidente, Christine Lagarde prefere réfléchir!

Já aqui no Brasil não temos vergonha de subir juros afinal a recordação de tempos passados nos levam a níveis borbulhantes. A inflação está tão elevada que um número crescente de analistas agora espera que o Banco Central aumente as taxas muito além do que os formuladores de políticas consideram necessário apenas alguns meses atrás.

Economistas do Credit Suisse Group AG e do BNP Paribas SA estão entre os que esperam que a taxa de juros de referência do Brasil, agora em 12,75%, termine o atual ciclo de aperto monetário em ou perto de 14,25%, igualando seu último pico em 2016. A maioria dos economistas pesquisados pela Bloomberg ainda vê o fim do ano em 13,25%.‎



O grande problema que a inflação passou de ser concentrada em alguns itens como combustíveis e energia espalhando se por toda a cadeia. Essa observação se torna nítida ao se analisar o índice de dispersão que em 2021 se encontrava ao redor de 65 e agora se aproxima das máximas em 80.


No post lamento, fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “   A opção de mais quedas ficou tão provável como novas altas, fazendo com que eu fique neutro. No gráfico acima apontei os limites razoáveis onde essa alta teria que reverter 12.750/13.100. Acima disso o cenário de alta começa a ganhar mais credibilidade. O nível de invalidação extremo seria 13.789” ...


Sinto dizer, mas não tem nada decido ainda, a dúvida se a correção já terminou ou não permanece. Como não vou publicar nas duas próximas semanas vou deixar registrado as 2 hipóteses. A primeira que apresento é o caso aonde a correção ainda não terminou.


Nesse caso, uma retração deveria ocorrer já no início da próxima semana que levaria o nasdaq100 ao nível apontado dentro do retângulo 10.650/10.380.

No caso de já ter terminado, uma sequência de alta levaria a um nível que não necessariamente seria o apresentado no gráfico a seguir, pois vai depender dos diversos segmentos das linhas verde.



Como é provável que vamos saber durante minha ausência, e caso ocorra a última opção acima, estaria disposto a sugerir um trade de compra ao redor de 12.300/12.500. Fiquem de olho num eventual Mosca em edição extraordinária.

Em relação a posição de USDBRL sugerido essa semana, para evitar transtornos e riscos adicionais vamos elevar o stoploss ao nível de entrada. Se o movimento ocorrer da forma que espero, o dólar poderia atingir R$ 5,27/R$ 5,33, embora, não acredito que ocorra antes de julho.


O SP500 fechou a 4.108, com queda de 1,64%; o USDBRL a R$ 4,7813, com queda de 0,30%; o EURUSD a € 1,0719, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.850, com queda de 0,95%.

Fique ligado

Comentários