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Mostrando postagens de 2025

O problema é sempre do estoque #S&P 500

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Durante a faculdade, aprendi que a diferença entre fluxo e estoque é essencial para entender o comportamento de variáveis econômicas. Fluxo é aquilo que entra ou sai; estoque é o que se acumula. Essa distinção tão básica — e intuitiva — explica com clareza o que está por trás dos movimentos recentes nos mercados financeiros. Imagine um reservatório. A água que entra é o fluxo; o nível do reservatório é o estoque. Se a entrada aumenta e a saída se mantém constante, o nível sobe. Se a entrada seca, o nível desce. O mesmo vale para os títulos públicos. Durante décadas, esse reservatório foi alimentado por governos endividados e investidores em busca de segurança. Mas o jogo mudou. A dança dos fluxos e o esvaziamento do estoque China e Rússia, dois dos maiores detentores de títulos americanos, vêm se desfazendo de suas posições. O que antes era reinvestido em Treasuries passou a ser redirecionado para ativos reais — ouro, petróleo, prata. A metáfora do reservatório mostra sua força: ...

Errando na Mosca! #USDBRL

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Quando um general afirma que tem 90% de certeza sobre o sucesso de uma operação, o que ele está realmente dizendo? Segundo um estudo conduzido com quase dois mil oficiais de segurança nacional de mais de 40 países da OTAN, a resposta é alarmante: essa “certeza” tem mais a ver com ilusão do que com precisão. O levantamento, que avaliou mais de 60 mil julgamentos de incerteza feitos por civis e militares de alto escalão, expôs um viés cognitivo tão profundo quanto disseminado: o excesso de confiança é a regra — não a exceção — entre quem decide sobre guerra e paz. Em um ambiente onde decisões erradas custam vidas, dinheiro e estabilidade global, essa constatação deveria soar como um alerta vermelho. Os dados são contundentes. Quando os participantes estimavam 90% de chance de uma afirmação ser verdadeira, ela era correta em apenas 57% das vezes. E o mais grave: 96% teriam se saído melhor se simplesmente tivessem sido mais humildes em suas estimativas. Essa tendência não se limita à...

Como definir bolha #nasdaq100 #NVDA

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  O termo “bolha” entrou para o vocabulário popular do mercado financeiro como uma espécie de selo que denuncia exageros. Volta e meia, algum analista, economista ou gestor decide carimbar determinado ativo como estando em “estado de bolha”. Mas, afinal, o que exatamente define uma bolha? Na minha experiência, não existe — e mesmo o quadro que já apresentei várias vezes aqui no Mosca — não é de muita valia. Mas são critérios inevitavelmente subjetivos, que dão margem a interpretações. O mercado pode estar “caro demais”? Em relação a quê? Lucros? Receitas? Expectativas? Um gráfico com preços subindo quase em linha reta seria prova suficiente? E se estivermos diante de uma empresa que inventou algo que todos os outros querem comprar (como a Nvidia)? Nesse caso, talvez ela estivesse mal precificada antes — e não supervalorizada agora. Já vivi ciclos de exuberância e pânico o suficiente para entender que rotular um movimento como “bolha” é mais fácil do que útil. O que me incomoda ...

O termômetro ainda é o dólar #OURO #GOLD #EURUSD

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  Quando se trata de medir a temperatura dos mercados globais, o termômetro continua sendo o mesmo: o dólar. Muitos podem alegar que sua supremacia está com os dias contados, mas os dados mostram outra realidade. Em tempos de incertezas, instabilidade política e desconfiança com os bancos centrais, o que vemos é o fortalecimento de movimentos especulativos, não uma mudança de paradigma. A alta do ouro nos últimos meses é um exemplo disso. Pela primeira vez, o metal ultrapassou a marca simbólica de US$ 4.000 a onça. Muitos correram para a segurança do ouro, mas as razões variam: alguns citam os riscos fiscais dos EUA, outros a instabilidade política em diversas democracias desenvolvidas, e há quem veja apenas uma oportunidade especulativa no movimento de preços. Os bancos centrais, principalmente da China, intensificaram as compras do metal, elevando a participação do ouro nas reservas internacionais para 24% em 2025, mais que o dobro da média da década passada. Esse reposiciona...

Onde está o desinvestimento #IBOVESPA

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  A narrativa dominante dos últimos anos tem sido o boom de investimentos em inteligência artificial, um movimento de escala raramente visto na história econômica recente. A cada semana surgem anúncios bilionários: OpenAI, Nvidia, AMD, Oracle, todas costurando acordos que movimentam centenas de bilhões de dólares e sustentam a ideia de que estamos no meio de uma corrida inevitável para erguer a infraestrutura do futuro. Mas como todo ciclo de euforia, há também a outra face: a do desinvestimento, menos comentada e muitas vezes invisível até que os efeitos se tornem evidentes. É justamente aí que está a minha inquietação. A lógica do investimento circular O artigo da Bloomberg descreveu bem a lógica quase mágica desses novos arranjos financeiros: Nvidia injeta capital na OpenAI, que por sua vez compra chips da própria Nvidia; em paralelo, a startup de Sam Altman fecha contratos semelhantes com a AMD, recebendo participação acionária em troca de compromissos de compra de semico...

"In Gold we Trust" #S&P 500 #Ouro # Bitcoin

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O ouro entrou em um ritmo de alta que não passa despercebido. Não é preciso ser um seguidor assíduo do mercado para notar: basta abrir qualquer noticiário econômico. Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, costumava dizer que acompanhava o preço do ouro diariamente e que cada movimento de alta era motivo de preocupação. Imagino que Powell, seu sucessor em tempos mais conturbados, faça o mesmo. Afinal, o ouro não paga juros nem dividendos, e quando se valoriza de forma tão acelerada é porque há uma desconfiança crescente em relação à moeda dominante. Esse movimento se intensifica justamente quando as incertezas se acumulam. E há um detalhe revelador: enquanto o ouro dispara, o bitcoin permanece silencioso. O comportamento dos investidores mostra que, quando a situação é realmente séria, a preferência é pelo que resiste há milênios como porto seguro. A escolha entre os dois, nesse momento, não deixa dúvidas. Em um desses dias, ao ouvir um podcast sobre tecnologia, deparei-me com...

O emprego mico #USDBRL

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  Tirania, presidencialismo ou parlamentarismo: eis a tríade que define como os povos ao redor do globo é governado. Se a primeira é a caricatura mais sombria do poder concentrado, os outros dois modelos revelam nuances interessantes de como sociedades buscam equilíbrio entre autoridade e legitimidade. Pessoalmente, nunca escondi minha simpatia pelo parlamentarismo. O governante, nesse sistema, não tem carta branca para agir de forma discricionária; depende do Parlamento para avançar qualquer agenda. Isso gera uma instabilidade crônica? Sim. Mas também permite que a população corrija rumos com muito mais rapidez do que em regimes presidencialistas. Nos últimos dias, dois episódios marcaram bem esse contraste. Na França, o recém-nomeado primeiro-ministro Sébastien Lecornu não resistiu sequer a um mês no cargo. Caiu sob a pressão de um Parlamento fragmentado e de um presidente que insiste em montar gabinetes centralizadores. A reação do mercado foi imediata: bolsa em queda acentuad...