O mundo das facilidades #nasdaq100 #NVDA

 

Não sei se ocorre com vocês, mas cada dia sinto mais preguiça de executar tarefas rotineiras. Não é falta de vontade: é a percepção clara de que existe um dilema entre fazer e se informar. De um lado, acumulamos tarefas repetitivas; de outro, temos acesso a um arsenal de dados que sustenta decisões muito mais qualificadas do que no passado. Esse dilema deixa de ser teórico com a chegada dos agentes digitais e dos robôs humanoides.

O jornal americano destacou recentemente que a OpenAI passou a permitir compras diretas dentro do ChatGPT, com uma experiência de compra instantânea: peço, comparo, concluo e recebo sem sair da conversa. A aparência é trivial; o efeito, profundo. Delegamos o ciclo de consumo a um agente que conhece preferências, limites e histórico. É a automação do ato de decidir o que comprar — e, portanto, do nosso tempo.

Na minha vida profissional, vi quantas horas se perdem em tarefas administrativas. Se eu tivesse um agente competente à disposição, boa parte desse tempo teria sido realocada para análise crítica e escolhas mais ousadas. Hoje, essa vantagem se democratizou: qualquer pessoa com um celular pode convocar uma inteligência artificial que compara, negocia e finaliza no nosso lugar.

Em paralelo, avança a fronteira física. A coluna da Bloomberg aponta a aceleração dos humanoides. Ainda são limitados, gastam muita bateria e executam poucas funções, mas a história tecnológica é cíclica: a curva de aprendizado costuma vencer a descrença. Projeções falam em centenas de milhões de unidades nas próximas décadas, com impacto direto na produtividade e na estrutura do emprego.

É aqui que o mundo das facilidades revela a sua face mais dura. Se agentes e humanoides assumem desde a compra de um presente até o deslocamento de caixas em armazéns, o que acontece com quem depende desses postos? No Brasil, já existe uma parcela considerável da população que sobrevive com programas de transferência de renda e carrega baixa qualificação para disputar vagas em mercados mais complexos. A chegada dessa tecnologia tende a ampliar a dependência e tornar praticamente irreversível a reinserção de milhões de pessoas no mercado de trabalho.

Esse é o ponto central: não estamos diante apenas de eficiência, mas de uma redefinição social. Quem acumulou patrimônio ganhará tempo livre; quem não acumulou será empurrado para benefícios estatais que, por definição, nunca acompanham o custo de vida. A desigualdade deixa de ser conjuntural e se aproxima do estrutural.

Há também o vetor geopolítico. Os Estados Unidos tratam a cadeia de humanoides como questão estratégica: controlar motores, atuadores, sensores, chips e baterias significa menos vulnerabilidade econômica e de defesa. A lição vale para qualquer país que pretenda evitar dependência crítica em tecnologias centrais.

No fim, tanto os agentes digitais quanto os humanoides deslocam gente: comprar, decidir, transportar, organizar. Se a inteligência artificial começa a pensar por nós e a robótica passa a fazer por nós, qual é o espaço que resta? O valor migra para a capacidade de formular perguntas, definir limites e assumir riscos. O restante será comoditizado pela automação.

Fica a reflexão de hoje no Mosca: é melhor investir o tempo em pensar de forma rigorosa — porque executar, cada vez mais, será tarefa das máquinas. E quando até pensar for delegável, que não percamos a coragem de escolher o rumo.


Análise Técnica

No post “Embriagado pelo sucesso” fiz os seguintes comentários sobre a Nasdaq100:
“Fiz duas observações no gráfico abaixo: a primeira é que se pode contar 5 ondas nessa última alta destacada com a elipse; segundo, considerando essa contagem, tem muitas ondas 5 – quero enfatizar que tenho uma outra contagem que não espelha preocupação tão elevada, além de, se compararmos com o S&P 500 não estariam na mesma frequência”

Um pouco de tecnicidade: a onda 3 numa sequência de Elliot Wave não pode ser a menor. Dito isso, no caso em questão, a onda (5) vermelha não pode ultrapassar 26.089, o que faria a onda (3) vermelha a menor dentre as ondas 1,3,5. Considerando esse fator que é mandatório, está entre as 3 regras principais, a alta daqui em diante seria de no máximo 4,9%.

- David, e se ultrapassar vai ficar aí chupando o dedo?

Bem, se ultrapassar, o meu cenário muito altista entra em cena.

- Não valeria a pena entrar com essa possibilidade em vista?

Uma boa pergunta. Vou estudar essa possibilidade caso a bolsa retraia ao nível ~ de 24,5 mil e colocaria o stop loss a 24,2 mil. Fiquem atentos a essa possibilidade.

Em relação à Nvidia meus comentários foram: “Como comentei acima a onda 4 laranja pode não ter terminado, mas se esse for o caso essa onda ficou muito ‘cumprida’. Isso não é uma violação, mas foge aos padrões normais. Para resolver a Nvidia precisaria ultrapassar logo U$ 184,56”

Eu acabei fazendo algumas modificações técnicas na contagem bem como na apresentação dessa “fera”, um desafio de encontrar uma boa análise, pois as projeções levam a níveis impensáveis visto de hoje, mas quem sabe! O que consegui chegar é que, na janela semanal, a onda III azul deveria se situar muito acima – nem quero dizer qual esse nível para não influenciar os leitores. Medi pela onda 5 amarela que deveria se situar entre U$ 200 até no máximo U$ 335. Quero enfatizar que não tenho segurança nessa contagem.

Quando isso ocorre, minha sugestão é ficar com o quadro mais amplo na cabeça e focar em janelas menores para seguir. Na janela diária abaixo o objetivo seria entre U$ 221 / U$ 230.


Os leitores do Mosca conhecem minha teoria sobre a “Carteirinha” – a empresa que está dentro da IA de alguma forma é premiada e quem não está é vista com ceticismo pelo mercado. Essas ideia se pode ver claramente no gráfico abaixo onde as Sete Magníficas têm um P/L muito superior ao restante das ações.

Notem que o índice do S&P 500 que engloba todas as ações se encontra em zona intermediária, pois além de ser influenciado para cima por essas sete empresas existem outras que também já entraram no roll. Já as pequenas e médias, que por princípio têm muita dificuldade de entrar (é necessário montanha de dinheiro para ser investido nos data centers e chips) estão largadas.

Como estará esse gráfico daqui a 5/10 anos? Não tenho a menor ideia!

O S&P 500 fechou a 6.715, sem variação; o USDBRL a R$ 5,3357, sem variação; o EURUSD a € 1,1743, com alta de 0,24%; e o ouro a U$ 3.886, com alta de 0,79%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Sou engenheiro e quando tento fazer uma consulta técnica, a IA sempre erra. Funciona bem para por exemplo, quando preciso converter unidades de medidas. Eu não confio e nem confiaria num trabalho técnico executada por uma. Acho que o seu prognostico é muito otimista. Outro dia, pedi uma informações sobre investimentos. Uma Avaliação de dados fundamentalistas e a IA me retornou tudo errado. Na minha visão, sua visão assim como a do mercado é muito otimista, apesar de reconhecer que a ferramenta traz sim ganhos de produtividade. Eu jamais terceirizaria execução de compras para IA ou uma informação critica, pelo simples fato do gigante conflito de interesse que esse tipo de decisão pode acarretar, principalmente em um processo que não é transparente.

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  2. Eu tenho duas observações a fazer sobre seu comentário : primeiro que é perigoso concluir pela nossa experiência, razão pela qual busco sedimentar com informações produzidas por analistas, segundo que estamos no começo desse processo.

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