A chave do cofre #nasdaq100 #NVDA
O embate comercial
entre os Estados Unidos e a China ganhou nova intensidade nas últimas semanas.
Trump, em seu estilo imprevisível, ameaçou elevar novamente as tarifas sobre
produtos chineses, podendo chegar a 145%, com um adicional de 100% já ventilado
publicamente. Ele mesmo admitiu, em entrevista, que tamanha sobretaxa seria
insustentável — mas justificou o gesto como uma resposta às restrições impostas
por Pequim sobre as exportações de minerais estratégicos conhecidos como terras
raras.
Esses minerais,
essenciais à produção de carros elétricos, turbinas eólicas, chips e mísseis,
tornaram-se o coração de uma disputa que vai muito além do comércio. Eles
definem o próximo campo de batalha tecnológico e geopolítico. A China domina
cerca de 70% da produção mundial desses insumos, o que lhe confere uma vantagem
estratégica que Xi Jinping tem explorado como instrumento de poder.
Foi o próprio Deng
Xiaoping, em 1992, quem antecipou esse momento ao afirmar que “o Oriente Médio
tem petróleo, e a China tem terras raras”. Três décadas depois, a previsão se
materializou: Pequim descobriu a sua versão do petróleo, capaz de paralisar cadeias
produtivas inteiras no Ocidente. Não por acaso, Xi tem usado essa vantagem para
responder à ofensiva de Washington, relembrando a era em que os EUA impuseram
embargos e controles de exportação durante a Guerra Fria. Agora, a China
reverte o jogo e aplica o mesmo manual.
Entretanto, essa
supremacia não é inabalável. Como aponta David Fickling, bastariam
investimentos da ordem de US$ 200 a US$ 350 milhões para reconstruir uma cadeia
produtiva de terras raras fora da China. Um valor irrisório, equivalente ao
custo de um único salão de festas da Casa Branca. O que faltou até agora foi
atenção e vontade política. Quando o preço geopolítico se tornou visível,
Austrália, Japão e Estados Unidos passaram a se movimentar: o Japão financiou a
Lynas para produzir terras raras fora do eixo chinês; os americanos injetaram
capital na MP Materials; e a australiana Iluka entrou no jogo reprocessando
rejeitos minerais. Pequim, que acreditava deter o monopólio, pode estar
provocando a própria perda de hegemonia.
O relatório mais
recente da Gavekal, assinado por Arthur Kroeber, reforça essa leitura: a
disputa entre EUA e China já ultrapassou o campo do comércio e entrou na esfera
da guerra regulatória. Segundo ele, ambos os países 'armaram sua
interdependência', criando sistemas de sanções e controles que se espelham
mutuamente. A ampliação da lista americana de entidades sancionadas — que levou
até à expropriação de empresas como a Nexperia, na Holanda — provocou uma
reação imediata de Pequim, que respondeu com novas restrições sobre exportações
de terras raras, ímãs e materiais de bateria. Para Kroeber, o cenário provável
não é de reversão, mas de suspensão temporária: os dois lados deixarão as armas
regulatórias carregadas sobre a mesa, prontos para usá-las novamente quando a
tensão política aumentar.
Mas o uso de poder
econômico como arma tem custo interno. O crescimento chinês está em
desaceleração: o PIB cresceu apenas 4,7% no último trimestre, a menor taxa do
ano, e o país acumula nove trimestres consecutivos de deflação. Mesmo com
superávit comercial recorde de US$ 875 bilhões, o investimento privado segue em
queda e o consumo doméstico continua fraco. É o retrato de um modelo de
crescimento exaurido: exportar muito, investir demais e consumir de menos.
Esse desequilíbrio
começa a incomodar até o próprio Partido Comunista, que planeja introduzir uma
meta de consumo nas próximas diretrizes quinquenais. Por enquanto, o governo
insiste em que a população deve poupar, não gastar. O resultado é um círculo vicioso:
a população se retrai, os preços caem e as empresas reduzem margens para
sobreviver.
Nos Estados Unidos,
Trump parece usar o conflito como ferramenta eleitoral. As tarifas recordes são
também uma mensagem para seu eleitorado do cinturão agrícola, afetado pela
queda nas exportações de soja. Xi Jinping, conhecendo bem o valor simbólico do tema,
pode oferecer exatamente isso — a promessa de comprar mais soja americana —
para dar a Trump um falso senso de vitória nas próximas negociações.
No fundo, ambos estão
jogando em campos de fragilidade. A China tenta mascarar sua desaceleração e o
risco de uma espiral deflacionária; os Estados Unidos usam tarifas e ameaças
como instrumento político, mas enfrentam um dilema: não podem prescindir das
terras raras nem reconstruir sua base manufatureira da noite para o dia. É o
que costumo dizer no Mosca: quando algo é ruim para os dois lados, tende a não
acontecer.
Porém, desta vez, há
uma diferença essencial. A disputa não é apenas comercial; é civilizatória. Xi
Jinping representa um modelo em que o Estado define os rumos e a sociedade
obedece; Trump simboliza o improviso permanente, o uso da força sobre a razão. Em
comum, ambos manipulam o medo para obter poder. E no tabuleiro atual, esse medo
está sendo alimentado por um metal invisível, enterrado no solo da Mongólia
Interior, capaz de acender turbinas, processar dados e, quem sabe, acender
novas crises.
É cedo para saber quem
vencerá a disputa. A história mostra que hegemonias se esgotam mais depressa do
que imaginamos, especialmente quando são corroídas por dentro. Como diz o
título deste texto, a China parece ter a chave do cofre. Mas talvez essa chave
já comece a enferrujar.
Análise Técnica
No post “como-definir-bolha” fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: “A bolsa continuou
na mesma balada de alta, mas apresentando um certo “cansaço” que se pode ver
nos indicadores de RSI – Relative Strenght Index 1. Para o objetivo traçado
no gráfico falta 3,5%”
O gráfico da nasdaq100 está desafiador. Qual o problema? Consigo observar uma boa sequência numa janela maior: semanal, mensal, mas tem pouca visibilidade na janela diária. Quando isso ocorre prefiro focar na janela que consigo ter uma leitura melhor, qual a consequência? Fica mais difícil navegar num prazo menor.
Feitas essas
observações, no gráfico abaixo estaríamos próximo de completar uma sequência de
alta – isso eu já vinha alertando – cujos objetivos estão destacados no
retângulo implicando numa alta entre 7% a 15%.
- David, o problema da contagem é seu. Como faço para operar, vou ficar esperando aqui sem fazer nada?
Não fica bravo, não
vou te abandonar. Estamos entrando como se fosse num campo minado e o caça
bomba não tem grande alcance, sendo assim, apostas serão sempre com stop loss
curtos sujeitas a ser stopado antes do tempo. Por enquanto, vamos ficar de olho
em dois níveis: para a alta 25.213 e para a queda 24.213, esse último com
especial atenção pelos motivos expostos.
Em relação a Nvidia
meus comentários foram: “A Nvidia também apresenta uma trajetória bem tranquila
e por enquanto reforço os objetivos definidos acima entre U$ 221 / U$ 230”
A Nvidia ganhou concorrência do pessoal de segunda linha: AMD e Broadcom, que fizeram acordos recentes com a OpenAI, ela ficou patinando enquanto essas empresas subiram bastante (AMD + 40%), um movimento lógico de não querer depender somente de um fornecedor. Do ponto de vista técnico vejo duas opções no curto prazo: ou a onda (4) vermelha ainda não acabou (não mostrada no gráfico) ou está numa correção da onda 1 azul. Anotaria U$ 173 como recuo máximo para essa última opção.
Observe o gráfico elaborado por Michael Cembalest no seu mais recente relatório “Eye on the Market” sobre o ouro, onde aponta que a recente alta do metal reflete muito mais a desordem geopolítica e o aumento da dívida pública nas economias desenvolvidas do que uma real corrida dos bancos centrais por diversificação cambial.
Ele desmonta a
narrativa de que o aumento da participação do ouro nas reservas internacionais
(de 11% para 23%) representaria um sinal de desconfiança em relação ao dólar:
segundo ele, quase todo esse avanço decorre da valorização do próprio ouro, e
não de compras adicionais significativas pelos bancos centrais. Mantido o
volume de reservas de 2009, o peso do ouro nos portfólios subiria quase da
mesma forma, apenas pelo efeito preço. Ou seja, o movimento expressa mais um
sintoma da fragilidade do sistema financeiro global do que uma estratégia
deliberada de fuga do dólar.
O S&P 500 fechou a 6664, com alta de 0,53%; o USDBRL a R$ 5,4054, com queda de 0,74%; o EURUSD a € 1,1669, com queda de 0,16%; e o ouro a U$ 4.229, com queda de 2,24%.
Fique ligado!
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