A bolha está nos lucros #nasdaq100 #NVDA

 

Não passa um só dia sem que o tema “bolha” esteja nas manchetes. O mercado acionário americano, após anos de valorização quase ininterrupta, continua testando novos topos e provoca, inevitavelmente, desconfiança. Para quem ficou de fora, é necessário encontrar uma justificativa racional — e a bola da vez é a Inteligência Artificial. Muitos acreditam que o fenômeno da IA seria o novo combustível de uma bolha, uma espécie de repetição modernizada da euforia da internet nos anos 2000. 

Mas o que os números revelam é mais complexo. Ao contrário do que ocorreu na era das ponto.com, as grandes companhias de hoje não vivem de expectativas vazias: elas entregam resultados e lucros reais, e não apenas promessas de futuro. O relatório da Goldman Sachs *Top of Mind – AI in a Bubble* mostra que o setor tecnológico americano, embora exuberante, está longe de repetir as distorções do passado. As gigantes — Apple, Microsoft, Alphabet, Meta e Nvidia — geram níveis extraordinários de caixa livre e ainda devolvem recursos aos acionistas por meio de recompras e dividendos. Isso, em si, não caracteriza uma bolha, mas uma concentração inédita de poder e rentabilidade.

O ponto central está justamente aí: não se trata de uma bolha de preços, mas de lucros. Os ganhos empresariais estão em patamares historicamente elevados e, por enquanto, continuam subindo. Mesmo fora do setor de tecnologia, os balanços revelam margens recordes — o que ajuda a explicar por que os índices de bolsa seguem fortes, apesar de juros altos e desaceleração em alguns indicadores de crédito.

O relatório *ISG Client Call – October 2025* expõe uma preocupação crescente nos bastidores: casos de fraude e inadimplência surgindo em segmentos específicos, como o crédito corporativo e o subprime automotivo. Empresas como Tricolor e First Brands recorreram a financiamento fora do balanço, com garantias duplas e práticas contábeis questionáveis. Esses eventos acendem uma luz amarela. Como afirmou Jamie Dimon, “quando se vê uma barata, é sinal de que há mais escondidas”. 

A analogia é oportuna: o sistema bancário ainda mostra indicadores de solvência robustos, mas o aumento das taxas de inadimplência em empréstimos de consumo e financiamentos imobiliários lembra que as rachaduras costumam aparecer primeiro nas bordas antes de se espalharem para o centro.

Apesar disso, os grandes bancos americanos mantêm capitalização sólida e índices de inadimplência ainda abaixo da média histórica, o que reduz o risco sistêmico no curto prazo. A leitura da Goldman é clara: há bolsões de tensão, mas o sistema permanece saudável.

Enquanto parte do mercado teme o contágio no crédito, outra parcela vive uma euforia de investimentos — a corrida pela IA. A mesma Goldman Sachs, em seu relatório *Top of Mind*, reconhece que há “motivos para preocupação”, mas evita carimbar o setor como uma bolha. O analista Eric Sheridan destaca que, embora as avaliações estejam elevadas, os fundamentos são sólidos. A diferença crucial em relação à bolha das ponto.com é que as empresas atuais geram receita real e margens expressivas.

O alerta, porém, vem de dentro da própria indústria. A crescente circularidade dos investimentos — com Nvidia investindo em OpenAI, que compra chips da própria Nvidia; Oracle financiando data centers e vendendo computação à mesma OpenAI — cria uma teia de interdependência que lembra os tempos de Global Crossing e Qwest, quando o setor de telecomunicações inflava receitas trocando capacidade entre si. Sheridan admite: “Quando empresas começam a investir umas nas outras e o endividamento se acumula, é prudente acender o sinal de alerta.”

O investidor David Cahn, da Sequoia Capital, vai além: calcula que o atual ciclo de construção de data centers para IA pode chegar a US$ 4 trilhões até 2030. Para justificar tamanho gasto, apenas um salto para a chamada Inteligência Artificial Geral (AGI) seria suficiente. Em suas palavras, “se existe uma bolha, ela está no investimento físico, não nas ideias”. 

Essa tese encontra eco em outros analistas: há um descompasso entre o volume de capital investido e a velocidade de monetização dos projetos. Enquanto empresas privadas são avaliadas com base em receita potencial, o mercado público ainda exige lucros e fluxo de caixa. O resultado é um fosso crescente entre as duas esferas, o que por si só é sintoma de risco.

Mesmo com sinais de excesso, o otimismo tem base. Joseph Briggs, economista da Goldman, estima que a IA generativa poderá adicionar US$ 20 trilhões em valor econômico global, dos quais US$ 8 trilhões ficariam com empresas americanas. Isso explicaria a disposição das corporações em investir trilhões na infraestrutura necessária. Segundo ele, “os ganhos de produtividade e redução de custos justificam o tamanho do gasto”. 

Essa leitura ajuda a compreender a anomalia do mercado de trabalho americano. As empresas não contratam mais como antes, mas também não demitem. A produtividade cresce, e os lucros disparam — uma situação rara em que o emprego deixa de ser o último indicador a reagir e passa a liderar o ciclo. 

É exatamente aqui que a tese deste Mosca se confirma: se há uma bolha, ela está nos lucros, não nos preços. A rentabilidade extraordinária das companhias cria um colchão de sustentação que justifica as cotações atuais, mas também carrega uma armadilha — basta uma reversão na tendência de margens para que o mercado perceba que estava precificando um pico de rentabilidade, e não o início de uma nova era.

Entre a euforia da tecnologia e os alertas do crédito, o investidor se vê diante de uma encruzilhada. O raciocínio é paradoxal: quanto mais se fala em bolha, menos provável ela é — as verdadeiras bolhas só são reconhecidas quando estouram. No entanto, ignorar os sinais seria ingenuidade. 

Em minha vida profissional, já testemunhei ciclos em que o mercado parecia imune à gravidade — da bolha asiática à implosão das ponto.com, passando pela exuberância dos anos pré-2008. Em todos eles, a sensação de “nova economia” sempre precedeu a reversão. 
Hoje, a diferença é que a economia global conta com lucros reais e balanços sólidos sustentando o entusiasmo. Mas isso não significa que o risco desapareceu — apenas mudou de forma. A bolha, se existir, é de rentabilidade: as empresas estão ganhando demais, e o mercado precifica que esse ritmo durará para sempre.


ANÁLISE TÉCNICA

No post “a-chave-do-cofre” eu havia comentado: “O gráfico da Nasdaq100 está desafiador. Consigo observar uma boa sequência numa janela maior — semanal, mensal — mas há pouca visibilidade na janela diária.” 

Hoje, o índice parece pronto para confirmar a ruptura da última máxima, movimento que deve abrir espaço para uma nova pernada de alta, com objetivo entre 7% e 15% — exatamente o intervalo destacado anteriormente. 

O mercado opera “no escuro”, com parte dos indicadores econômicos suspensos pelo shutdown. Ainda assim, o CPI de outubro trouxe uma boa notícia: inflação a 3% ao ano, abaixo do esperado. Isso reforça a expectativa de corte de juros, embora o Fed deva continuar cauteloso.


Em relação à Nvidia comentei: “Do ponto de vista técnico vejo duas opções no curto prazo: ou a onda (4) vermelha ainda não acabou (não mostrada no gráfico) ou está numa correção da onda 1 azul. Anotaria U$ 173 como recuo máximo para essa última opção.”

A dúvida sobre o término da onda 2 azul ainda predomina. Caso tenha terminado, deve ultrapassar a máxima de U$ 196,32 e caminhar para U$ 232 (+27%), e mais, não seria o final dessa sequência de alta. Impressionante a evolução dessa empresa. Sugiro que Jensen Huang, CEO da Nvidia, construa uma estátua (pode ser até de ouro) para Sam Altman, CEO da OpenAI. Pode gastar à vontade que ainda é muito barato! Hahaha.

Ao viajar aos EUA existe uma característica do povo americano que chama muito a atenção: a quantidade enorme de obesos. Vivemos numa era em que a expectativa de vida aumenta graças a melhor controle dos alimentos e da atividade física. Será que isso está mudando por lá?

Outro dia me deparei com o gráfico acima que me surpreendeu muito. As empresas que vendem “porcaria” estão numa total contramão do mercado. Só posso atribuir a dois fatores: o primeiro citado acima e o outro os Mounjaro e Ozempic da vida. Tanto faz qual dos dois seria um bom sinal.

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Resolvi sugerir a compra da nasdaq100, na abertura a 25.099, com stop loss a 24.897 o objetivo deve ficar entre 28.400 / 29.400.

O S&P 500 fechou a 6.791, com alta de 0,79%; o USDBRL a R$ 5,3925, com alta de 0,18%; o EURUSD a € 1,1632, com alta de 0,12%; e o ouro a U$ 4.103, com queda de 0,50%.

Fique ligado!

Comentários

  1. O excesso e distorcoes estão fora das bolsas e dos mercados constituídos,estão nas startups via private equipes/fundos de venture capital,empresas que nao geram lucro nenhum e nas quais já foram aportados um trilhão de dólares ou mais

    Há tambem o subinvestimento em energia,estes datacenters sao monstros em consumo de energia e nao se vê investimentos em novas usinas nucleares,que demoram muito para setem construídas (burocracia,principalmente ambiental)

    A energia via fusão nuclear vai demorar muito para se tornar viável

    Então muitos datacenters vao atrasar para entrar em operacao,o que frustrara investidores no fluxo futuro de retorno previsto

    Nao acredito em estouro de bolha, mas sim num lento esvaziamento que durará anos

    Por fim,nao precisa dizer que o mundo hoje está numa situação muito complicada macroeconomica e geopoliticamente,e a economia e os mercados nao sao como balões isolados e suspensos na atmosfera

    Sao mais como árvores,se geopoliticamente a Terra tremer,eles vao tremer também

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  2. Alan Greenspan.previu em 1996 a bolha de 2000..Irrational Exuberance...as vezes demora mais pra explodir

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  3. Me desculpe, mas esse argumento que não há uma bolha porque todos dizem que há uma bolha é ridículo.

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