O sem Noção #nasdaq100 #NVDA
Há personagens no mercado financeiro que desafiam a lógica — e Michael Saylor é um deles. O CEO da MicroStrategy, outrora um nome respeitado no setor de tecnologia, transformou a companhia num megafone de aposta especulativa. Enquanto o bitcoin segue patinando, com volumes cada vez mais tímidos e uma base de fãs que ainda insiste em gritar “agora vai para a Lua!”, a empresa se tornou sinônimo de alavancagem sobre um ativo sem propósito econômico claro. O mais curioso é que, apesar das quedas expressivas — as ações da MicroStrategy acumulam perda de cerca de 45% desde o ano passado, mesmo após um rali pontual recente —, Saylor continua dobrando a aposta.
A Bloomberg noticiou que ele decidiu elevar os juros dos títulos perpétuos da empresa. A chamada parecia promissora, algo digno de uma reestruturação relevante. Mas, ao ler os detalhes, descobri que o aumento foi de meros 0,25% ao ano. É o tipo de decisão que beira o cômico: um gesto simbólico disfarçado de ousadia. O mercado, ao que tudo indica, já percebeu o vazio dessa narrativa. O bitcoin, mesmo depois de tanto barulho, segue sendo um ativo de nicho, dominado por especuladores, criminosos e idealistas. Quando o ouro caiu nos últimos dias, seus entusiastas correram para anunciar o início da nova era digital. Mas, como sempre, o tempo tratou de lembrá-los que a existência milenar do ouro ainda tem mais solidez do que qualquer promessa criptográfica.
A história da MicroStrategy é um retrato do excesso que se repete nos mercados: um líder carismático, uma ideia “revolucionária”, e a negação sistemática da realidade. Já vivi momentos assim. No auge da bolha da internet, bastava acrescentar “.com” ao nome de uma empresa para o preço disparar. Hoje, basta citar “bitcoin” ou “IA” para atrair investidores deslumbrados. No fundo, a lógica é a mesma — a crença de que desta vez é diferente. Mas o mercado, paciente como um predador, sempre volta a cobrar o preço da fantasia.
Deixando Saylor e suas
excentricidades de lado, o relatório da Goldman Sachs traz uma leitura
interessante sobre o que talvez seja o verdadeiro tema desta década: a
inteligência artificial. A pesquisa feita com executivos e clientes
corporativos mostra que o entusiasmo é generalizado, mas a aplicação prática
ainda se desenha lentamente. É uma fotografia de um mundo corporativo que se
divide entre o medo de ficar para trás e a incerteza sobre como usar, de fato,
a tecnologia.
A Goldman observa que
menos de 10% das empresas afirmam ter colhido ganhos mensuráveis em
produtividade ou margem até agora. A maioria ainda testa, experimenta e ajusta.
Mas talvez isso seja natural: revoluções tecnológicas raramente seguem um
roteiro previsível. Há quem veja o atual momento como o início de um ciclo
semelhante ao da internet nos anos 90 — cheio de promessas, erros e exageros —,
mas também cheio de oportunidades.
O relatório mostra que
o setor financeiro está na dianteira, especialmente em automação de processos,
atendimento e compliance. Já as indústrias tradicionais se movem com mais
cautela, não por falta de interesse, mas porque o custo de adaptação e a carência
de mão de obra qualificada ainda pesam. Para muitos CEOs, a IA é vista como um
caminho para eficiência — menos custo, mais agilidade —, mas ainda há dúvidas
sobre se ela conseguirá realmente reinventar modelos de negócio.
O Mosca vê aqui um
ponto curioso: há um descompasso entre a narrativa e a experiência prática. O
discurso é de transformação, mas o que se vê na prática é uma corrida para não
parecer ultrapassado. Pode ser o início de algo grande, ou apenas mais uma onda
de modernização gradual, como tantas outras. Ninguém sabe ao certo — e é
justamente isso que torna o momento fascinante.
Entre os banqueiros
entrevistados pela Goldman, apenas um terço acredita que a IA impactará
significativamente os lucros no curto prazo. A maioria aposta que os ganhos
virão mais adiante, conforme os sistemas amadurecem e as empresas aprendem a
integrar tecnologia com estratégia. Essa prudência, longe de sinalizar
descrença, pode ser vista como um amadurecimento: depois de tantas promessas
tecnológicas frustradas, o mercado parece ter aprendido que a inovação exige
tempo — e alguma humildade.
O Mosca não tem
respostas definitivas sobre o quanto a IA mudará o jogo, mas observa algo novo
no ar: uma sensação de inevitabilidade. Talvez estejamos diante de uma
revolução menos visível, mais silenciosa, que se infiltra nas engrenagens das
empresas sem alarde. O perigo, como sempre, é confundir velocidade com
profundidade. A tecnologia muda rápido, mas a cultura corporativa muda devagar.
Por enquanto, prefiro
manter a dúvida. A IA pode transformar tudo — ou apenas melhorar o que já
existe. De uma forma ou de outra, o tempo mostrará se estamos diante de uma
nova revolução industrial ou apenas de mais um ciclo de entusiasmo passageiro.
O importante, como sempre, é observar com ceticismo, mas sem perder a
curiosidade. Afinal, o mercado costuma premiar quem duvida — mas não quem
ignora.
Análise Técnica
No post “ a-bolha-está-nos-lucros” fiz os seguintes comentários sobre a nadasq100: “Hoje, o índice
parece pronto para confirmar a ruptura da última máxima, movimento que deve
abrir espaço para uma nova pernada de alta, com objetivo entre 7% e 15% —
exatamente o intervalo destacado anteriormente”.
Na semana passada fizemos uma sugestão de compra para a nadasq100 para aproveitar essa possibilidade de alta. Como poderão verificar no gráfico abaixo o objetivo é da ordem de 28 mil / 29 mil. Ontem o mercado sofreu uma queda mesmo com os excelentes resultados das Big Techs exceção da Meta. Em todo caso, atualizei o stop loss para 25.200.
Em relação a Nvidia comentei: “A dúvida sobre o término da onda 2 azul ainda predomina. Caso tenha terminado, deve ultrapassar a máxima de U$ 196,32 e caminhar para U$ 232 (+27%), e mais, não seria o final dessa sequência de alta. Impressionante a evolução dessa empresa”.
O CEO da Nvidia fez uma longa apresentação nesta semana, se você tiver interesse recomendo e já aviso que provavelmente não vai entender 80% do conteúdo que é muito técnico, mas não tem importância pois se apreende que essa empresa não vende somente chips sua gama de produtos é extensa e impressionante, não é à toa que domina.
Outro fator que me chamou a atenção é o fato de Jensen Huang descrever esses vários produtos com extenso conhecimento de causa.
Tudo indica que a “Monstro” - novo apelido da Nvidia - está na onda 3 azul cujo objetivo é U$ 234.
Os leitores do Mosca sabem que eu recomendo o uso de fundos indicias para alocação em ações. Os argumentos já bem debatidos são os custos e falta de consistência no tempo dos gestores. Olhem o que ocorreu este ano até agora.
Somente um em cada
cinco conseguiu performance superior a seu benchmark. Se formos olhar seus
relatórios devem ter muitas explicações para fatores “excepcionais” no ano – e
este ano até teve que foi a recuperação forte depois do Liberation Day”, e
assim, vem ano, passa ano e só muda os poucos ganhadores que voltam a perder
nos anos seguintes.
O S&P 500 fechou a 6.840, com alta de 0,26%; o USDBRL a R$ 5,3771, sem variação; o EURUSD a € 1,1528, com queda de 0,32%; e o ouro a U$ 3.998, com queda de 0,65%.
Fique ligado!
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