Errando na Mosca! #USDBRL

Quando um general afirma que tem 90% de certeza sobre o sucesso de uma operação, o que ele está realmente dizendo? Segundo um estudo conduzido com quase dois mil oficiais de segurança nacional de mais de 40 países da OTAN, a resposta é alarmante: essa “certeza” tem mais a ver com ilusão do que com precisão. O levantamento, que avaliou mais de 60 mil julgamentos de incerteza feitos por civis e militares de alto escalão, expôs um viés cognitivo tão profundo quanto disseminado: o excesso de confiança é a regra — não a exceção — entre quem decide sobre guerra e paz.

Em um ambiente onde decisões erradas custam vidas, dinheiro e estabilidade global, essa constatação deveria soar como um alerta vermelho. Os dados são contundentes. Quando os participantes estimavam 90% de chance de uma afirmação ser verdadeira, ela era correta em apenas 57% das vezes. E o mais grave: 96% teriam se saído melhor se simplesmente tivessem sido mais humildes em suas estimativas.

Essa tendência não se limita à esfera militar. Como observou Joe Wiggins em seu artigo “Invest Like You Are Bad at Making Predictions”, o investidor típico exibe os mesmos padrões de ilusão de conhecimento e excesso de confiança. A diferença é que, no mercado financeiro, essa ilusão é embrulhada em modelos, narrativas e gráficos bonitos, mas frequentemente tão frágeis quanto um palpite apressado de um oficial em campo.

A metodologia do estudo foi simples e poderosa: os participantes responderam perguntas sobre geopolítica e economia internacional, indicando probabilidades para cada afirmação. Parte deles recebeu, antes do teste, um alerta sobre a tendência ao excesso de confiança. Dois minutos de “treinamento” bastaram para melhorar significativamente os resultados. A lição para o investidor é direta: reconhecer sua ignorância já é meio caminho andado.

A constatação de que até os profissionais mais bem treinados erram grosseiramente ao estimar probabilidades deveria ter um efeito imediato sobre nossa forma de investir. Mas ocorre o contrário: o mercado incentiva opiniões fortes, certezas absolutas e previsões ousadas, mesmo quando os dados mostram que a calibragem está completamente errada.

Wiggins observa com precisão: se os especialistas em segurança internacional são ruins ao prever conflitos geopolíticos — campo em que são treinados —, que esperança tem um investidor generalista ao tentar precificar eventos futuros como inflação, eleição ou corte de juros?

Além disso, o estudo mostrou que os participantes tinham uma clara inclinação a acreditar que afirmações falsas eram verdadeiras — um viés de “falso positivo” que se manifesta no mercado como mania, bolhas e alarmismos recorrentes.

Esse tipo de erro está por trás de muitos desastres de investimento. Quem em 2021 acreditava com 90% de certeza que o metaverso seria a nova internet? Ou que juros de 0% durariam “para sempre”? Ou que stablecoins estavam blindadas contra a volatilidade? Ou em 2022 acreditavam que haveria recessão nos EUA? Excesso de confiança — sempre ele.

Mas há saída. O próprio Wiggins propõe um antídoto comportamental simples, mas poderoso: “Invista como se você fosse ruim em fazer previsões.” Isso significa:
- Reduzir sua confiança em qualquer tese;
- Evitar estratégias concentradas baseadas em uma única previsão;
- Diversificar — por humildade, não por técnica;
- Preferir previsões simples e com horizontes longos (ex: “os mercados crescem no longo prazo”);
- Fugir do vício em geopolítica e ruído de curto prazo.

O estudo também derruba outro mito comum: o de que usar “palavras vagas” (como provável, possível, remoto) ajuda a evitar erro. O gráfico de calibração verbal mostra que até nesses casos a confiança humana continua distorcida, ou seja, mesmo dizendo que “algo é quase certo”, erramos 30% das vezes.

A lição do Mosca aqui é clara: invista com mais dúvida e menos pose. Se nem os especialistas acertam com consistência, muito menos você ou aquele gestor da moda. E isso não é um problema — é parte da natureza do jogo. O que importa é reconhecer isso e operar de forma a minimizar os impactos da nossa ignorância.

No fundo, o excesso de confiança é uma forma de negação. Como lembra o próprio Wiggins: “Investidores evitam medir suas previsões porque, no fundo, sabem que vão errar. Só preferem não lembrar disso.” E talvez por isso o Mosca acerte: ao expor os erros, nos dá a chance de fazer melhor — mesmo que seja apenas errando um pouco menos.

 

Análise Técnica

No post “o-emprego-mico” fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “o dólar ficou contido numa área entre R$ 5,38 – R$ 5,28 sem mostrar uma trajetória clara. Posso afirmar com bastante convicção que em algum momento essa indefinição tende a romper para cima ou para baixo. Como num cara ou coroa, a aposta não é boa, embora nesse caso a chance de cara (para baixo) seja ligeiramente superior. Se quiserem, podem escolher um lado — o Mosca vai aguardar”

É incrível como o mercado manda sinais a quem se atenta a eles, como podem notar pelo texto acima tudo indicava que algo importante estava por acontecer.

- David, não vem cantar vitória, você achava que iria cair!

Não deturpe minhas palavras eu disse que era ligeiramente superior, sabe por quê? Porque a tendência de curto prazo era para baixo. Mas recomendei não fazer nada, se você resolveu vender problema seu!

Minha visão é de alta para o dólar, somente uma violação de níveis bem inferiores faria eu mudar de posição.

Agora temos uma situação que pode se esclarecer nos próximos dias. Como podem ver no gráfico abaixo existem 3 ondas claras para cima. A correção que está acontecendo hoje pela manhã não deveria violar R$ 5,3721, pois neste caso, teria que abortar a ideia de alat. Caso R$ 5,5925 seja ultrapassado teremos a formação de 5 ondas. Na correção dessas ondas vou sugerir um trade de compra. Vamos acompanhar.


O S&P 500 fechou a 6.654, com alta de 1,56%; o USDBRL a R$ 5,4615, com queda de 1,06%; o EURUSD a € 1,1565, com queda de 0,49%; e o ouro a U$ 4.109, com alta de 2,3%.

Fique ligado!

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