O termômetro ainda é o dólar #OURO #GOLD #EURUSD
Quando se trata de
medir a temperatura dos mercados globais, o termômetro continua sendo o mesmo:
o dólar. Muitos podem alegar que sua supremacia está com os dias contados, mas
os dados mostram outra realidade. Em tempos de incertezas, instabilidade política
e desconfiança com os bancos centrais, o que vemos é o fortalecimento de
movimentos especulativos, não uma mudança de paradigma.
A alta do ouro nos últimos meses é um exemplo disso. Pela primeira vez, o metal ultrapassou a marca simbólica de US$ 4.000 a onça. Muitos correram para a segurança do ouro, mas as razões variam: alguns citam os riscos fiscais dos EUA, outros a instabilidade política em diversas democracias desenvolvidas, e há quem veja apenas uma oportunidade especulativa no movimento de preços.
Os bancos centrais, principalmente da China, intensificaram as compras do metal, elevando a participação do ouro nas reservas internacionais para 24% em 2025, mais que o dobro da média da década passada. Esse reposicionamento tem um forte componente geopolítico: o desejo chinês de enfraquecer o dólar. Contudo, isso não significa que a moeda americana esteja em colapso. Na realidade, conforme mostrou a mais recente pesquisa do Banco de Compensações Internacionais, o dólar esteve presente em 89,2% de todas as transações cambiais em 2025, ligeiramente acima de 2022.
Trata-se de um recado
direto aos que anunciaram a "morte do dólar". A narrativa de
substituição da moeda americana já passou por várias fases: o nascimento do
euro, a ascensão do yuan, o surgimento das criptomoedas. Mas o dólar permanece
como pilar do sistema financeiro global.
A experiência pessoal
me ensinou o valor desse papel. Em 1989, quando o Muro de Berlim caiu e a
Alemanha se reunificou, decidi, movido por um impulso de diversificação e
euforia europeia, converter parte das minhas reservas em marcos alemães. Achava
que estava fazendo um bem para meu filho recém-nascido. No começo, parecia uma
decisão brilhante: os ativos europeus dispararam. Mas a euforia deu lugar à
realidade. A conversão generosa da moeda oriental pela ocidental trouxe
distorções, e os ganhos desapareceram. Voltei para o dólar.
Foi essa experiência
que sedimentou em mim a convicção: se seu benchmark é o dólar, qualquer mudança
para outra moeda é uma especulação, não uma proteção. Trocar de benchmark exige
que você mude também o modo de avaliar seu patrimônio. Não faz sentido se
proteger em ouro e seguir pensando em dólares. A conta passa a ser feita em
onças.
As stablecoins
americanas adicionam um novo ingrediente a essa história. Reguladas por lei,
sem pagar juros e lastreadas em ativos do Tesouro, elas se tornaram uma
alternativa eficiente de pagamento e remessas internacionais. O temor chinês
não é infundado: as stablecoins podem promover uma nova onda de dolarização em
mercados emergentes, justamente quando Pequim tenta projetar o yuan
globalmente. A ironia é que, ao tentar enfraquecer o dólar tradicional, os
rivais do Ocidente podem acabar enfrentando uma versão ainda mais disseminada
dele.
Por fim, é importante
relativizar a alta do ouro. Jonathan Levin, da Bloomberg, lembra que nem sempre
essa corrida reflete um risco sistêmico. O metal está em sua própria jornada
especulativa, alimentada por traders e investidores que buscam diversificação
em meio à exuberância do mercado de ações e IA. Mesmo Ken Griffin, gestor da
Citadel, que vê um sinal de alerta na alta do ouro, reconhece que o dólar
continua sendo um ativo sem substituto real no cenário atual.
Enquanto os bancos
centrais exploram alternativas e os investidores correm para o brilho do ouro,
o mercado cambial continua a girar quase US$ 10 trilhões por dia, com o dólar
presente em quase todas essas transações. Por isso, sigo afirmando: pode-se especular
com ouro, diversificar com criptoativos ou buscar proteção com stablecoins. Mas
enquanto o termômetro for o dólar, ele seguirá ditando a febre do mercado.
Análise Técnica
No post “O assalto
declarado” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: “ Nesta semana,
alcançou a máxima de US$ 3.790, o que poderia representar o final, mas, em uma
janela menor, não se observa um movimento de queda em cinco ondas, o que seria
necessário na possível onda 4 amarela”.
Essa última atualização aconteceu há duas semanas e desde então o ouro não parou de subir. É sabido que as ondas 5 em commodities, diferente de outros ativos, costumam ser estendidas. Como podem ver, e segundo minha contagem, o ouro já está nas máximas segundo os critérios de medida (retângulos na cor amarela), por outro lado, nenhum sinal de virada nos preços.
Em relação ao euro, meus comentários foram: “No curto prazo, é possível que a queda tenha se iniciado, embora, como podem ver abaixo, nada definitivo se possa afirmar. Se a queda está em curso, o euro não deveria ultrapassar € 1,1830. Nada a fazer no curto prazo”
É possível se contar 5 ondas no gráfico abaixo de forma “leading diagonal”. Não se pode saber se essa onda já terminou. Diferentemente do que o ouro (se espera que andem na mesma direção) a confusão na França ajudou a empurrar para baixo a moeda única.
Nesse caso, uma
retração é esperada dentro da elipse contemplando os limites € 1,1687 / € 1,1731
/ € 1,1775. Posso estudar uma sugestão de venda nesse intervalo, fiquem
atentos.
O S&P 500 fechou a 6.735, com queda de 0,28%; o USDBRL a R$ 5,3755, com alta de 0,59%; o EURUSD a € 1,1560, com queda de 0,59%; e o ouro a U$ 3.975, com queda de 1,63%.
Fique ligado!
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