Como definir bolha #nasdaq100 #NVDA

 

O termo “bolha” entrou para o vocabulário popular do mercado financeiro como uma espécie de selo que denuncia exageros. Volta e meia, algum analista, economista ou gestor decide carimbar determinado ativo como estando em “estado de bolha”. Mas, afinal, o que exatamente define uma bolha?

Na minha experiência, não existe — e mesmo o quadro que já apresentei várias vezes aqui no Mosca — não é de muita valia. Mas são critérios inevitavelmente subjetivos, que dão margem a interpretações. O mercado pode estar “caro demais”? Em relação a quê? Lucros? Receitas? Expectativas? Um gráfico com preços subindo quase em linha reta seria prova suficiente? E se estivermos diante de uma empresa que inventou algo que todos os outros querem comprar (como a Nvidia)? Nesse caso, talvez ela estivesse mal precificada antes — e não supervalorizada agora.

Já vivi ciclos de exuberância e pânico o suficiente para entender que rotular um movimento como “bolha” é mais fácil do que útil. O que me incomoda é quando essa análise vira um instrumento de pose intelectual. O analista que brada “isso é uma bolha!” costuma se colocar como voz da razão diante de uma massa iludida. Mas sem critério objetivo, essa afirmação é, no mínimo, preguiçosa.

O tema voltou à tona depois de dois artigos publicados em sequência. O primeiro, assinado por Bill Dudley, ex-presidente do Federal Reserve de Nova York, traz um argumento elegante: a inteligência artificial pode, sim, transformar a economia — e ainda assim ser uma bolha.

Segundo Dudley, os investimentos em IA cresceram de forma tão rápida que já representam um impulso de crescimento econômico em 2026, com impacto direto na taxa de juros neutra. Mas, ao mesmo tempo, alerta que o retorno exigido para justificar os aportes gigantescos em infraestrutura e chips é assustadoramente alto. Ele calcula que, se o investimento em IA atingir US$ 2 a 3 trilhões, as empresas terão que gerar mais de US$ 1 trilhão por ano só para remunerar o capital investido. Isso seria algo equivalente a 3% do PIB dos Estados Unidos.

Além disso, Dudley recorda que outras revoluções tecnológicas também geraram bolhas: ferrovias no século XIX, internet no final do XX. A inovação sobreviveu; muitos investidores não.

Do outro lado do ringue, Peter Oppenheimer, estrategista-chefe do Goldman Sachs, rebate o alarde. Para ele, as empresas de tecnologia realmente estão com múltiplos elevados, mas não há evidência de que estejamos diante de uma bolha tradicional.

Ele lembra que, nas bolhas clássicas, os preços subiam com base em especulação pura. Agora, há lucros crescentes, balanços sólidos e fundamentos razoáveis. O Nasdaq 100, por exemplo, negocia a 28 vezes o lucro esperado — bem acima da média de 23 dos últimos dez anos, mas longe do absurdo vivido no ano 2000.

Além disso, Oppenheimer argumenta que este momento é menos sobre tecnologia e mais sobre macroeconomia: juros baixos, excesso de poupança global e um ciclo de crescimento prolongado ajudam a explicar os preços.

Talvez o melhor retrato da euforia — ou da convicção no futuro — esteja no relatório da Yardeni Research. O gasto com construção de data centers de IA cresceu 322% em quatro anos e já chega a US$ 43 bilhões por ano, sem contar os chips e servidores.

A OpenAI, por exemplo, deve gastar US$ 16 bilhões apenas com aluguel de servidores em 2025, e projeta chegar a US$ 400 bilhões em 2029. Não satisfeita, ela mesma está construindo data centers, comprando chips diretamente da Nvidia e fechando contratos bilionários com empresas como Oracle e CoreWeave.

Meta, Amazon, Microsoft e outras gigantes seguem o mesmo caminho. O texto de Yardeni é claro: todos estão correndo para erguer catedrais digitais, com gigawatts de capacidade computacional e bilhões em investimentos. Aparentemente, quem ficar de fora... perde.

Diante de tudo isso, vale voltar à pergunta inicial: como definir, afinal, uma bolha? É nesse momento que apresento o quadro abaixo, que uso como tentativa de organizar as ideias — com o devido cuidado de não transformá-lo em dogma.

Como sempre digo, não existe um critério universal. Mas o quadro ajuda a identificar padrões recorrentes: excesso de liquidez, narrativas sedutoras, crédito farto, precificação que descola da realidade e ciclos viciosos de retroalimentação. Bolhas são, muitas vezes, previsíveis no estilo e imprevisíveis no tempo.

E como eu dizia em conversas com colegas: “Me diga qual dado do futuro você gostaria de saber para decidir sua posição”. A inflação? O PIB? A taxa de juros? Nada disso resolveria. Mas se alguém me dissesse o preço da Nvidia daqui a um ano, eu poderia afirmar com segurança se vivemos ou não uma bolha.

Até lá, seguimos navegando entre os extremos da fé cega e do ceticismo absoluto. E como sempre, o tempo será o juiz. Let the Market Speak!

 

Análise Técnica

Fiz os seguintes comentários no post “O mundo das facilidades”: “ Um pouco de tecnicidade: a onda 3 numa sequência de Elliot Wave não pode ser a menor. Dito isso, no caso em questão, a onda (5) vermelha não pode ultrapassar 26.089, o que faria a onda (3) vermelha a menor dentre as ondas 1,3,5. Considerando esse fator que é mandatório, está entre as 3 regras principais, a alta daqui em diante seria de no máximo 4,9%”


A bolsa continuou na mesma balada de alta, mas apresentando um certo “cansaço” que se pode ver nos indicadores de RSI – Relative Strenght Index 1. Para o objetivo traçado no gráfico falta 3,5%. Reforçando meus comentários no post acima destaco: “Bem, se ultrapassar, o meu cenário muito altista entra em cena”.


1 O RSI (Índice de Força Relativa) é um indicador que mede a intensidade dos movimentos de preço e ajuda a identificar possíveis exageros. Quando há divergência entre o RSI e o preço — como agora — isso pode sinalizar perda de força na tendência, exigindo cautela.

Em relação a Nvidia meus comentários foram: “Eu acabei fazendo algumas modificações técnicas na contagem” ... “na janela semanal, a onda III azul deveria se situar muito acima – nem quero dizer qual esse nível para não influenciar os leitores. Medi pela onda 5 amarela que deveria se situar entre U$ 200 até no máximo U$ 335. Quero enfatizar que não tenho segurança nessa contagem” ...” Na janela diária abaixo o objetivo seria entre U$ 221 / U$ 230.


A Nvidia também apresenta uma trajetória bem tranquila e por enquanto reforço os objetivos definidos acima entre U$ 221 / U$ 230.

Observando o gráfico abaixo você diria que a Nvidia está numa bolha? Eu diria que não parece mesmo!


Vamos fazer um teste com os leitores. Se eu mostrasse esse gráfico abaixo de janela mensal você classificaria como uma bolha? Notem que está em escala logarítmica.


Sou capaz de apostar que a grande maioria iria dizer que sim e os que disseram não, estariam contrariando só para ser diferente. Classificaria sim como uma bolha no conceito tradicional. Sabem qual o ativo? NVIDIA. Ficou com receio? Não fique não o Mosca está acompanhando e vai te avisar se algo muito ruim está acontecendo, não pelas opiniões, mas pelo preço!

Os leitores sabem que escrevo o post pela manhã. Durante o dia, Trump “chutou o pau da barraca” ao ameaçar a China com o tema da moda: tarifas. O mercado, que já vinha demonstrando sinais de “cansaço”, como comentei acima, entrou em modo de venda. Vamos acompanhar para ver se a correção será pequena, média ou grande.
Já no cenário local, o dólar resolveu aparecer e sobe mais de 2%. Comentários adicionais deixo para segunda-feira.


O S&P 500 fechou a 6.552, com queda de 2,71%; o USDBRL a R$ 5,5057, com alta de 2,51%; o EURUSD a € 1,1612, com alta de 0,42%; e o ouro a U$ 4.103, com alta de 0,93%.

Fique ligado!

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