Está na hora de mudar de direção?
No post de ontem bitcoin-sob-fogo-cruzado, enfatizei
os riscos que o mercado de ativos poderá enfrentar ...” Está tudo muito bem, tudo muito bom, mas 2018 terá uma situação
muito diferente dos últimos anos. Desde de 2009, os bancos centrais no mundo
usaram e abusaram dos helicópteros para injetar quantidades incríveis de
liquidez” ...
Nas últimas 24 horas duas fontes diferentes pensam de forma
semelhante. Hoje pela manhã participei de um evento realizado pelo Kawa Fund,
uma boutique de investimentos, onde o seu CEO, Daniel Ades, enfatizou: “o maior
risco daqui em diante é uma alta dos juros longos americanos que deverão ter um
impacto importante nas carteiras de renda fixa, haja visto que, os investidores
por falta de opção alongaram o vencimento de seus títulos”.
De uma forma diferente, o Deutsche Bank enfatiza o enorme
volume de vencimentos de títulos em 2018 e principalmente em 2019.
...” Por causa do
aumento do déficit orçamentário do governo e do FED que esgotou o seu balanço,
o vencimento de títulos do Tesouro dos Estados Unidos quase duplicará para US $
1 trilhão em 2018, veja o gráfico abaixo. Da mesma forma, o valor da maturação
de títulos IG – Investment Grade, e HY – High Yield, também está aumentando. E
os números ficam ainda pior em 2019.
O aumento dramático da
oferta de renda fixa dos EUA em 2018 é um risco significativo para os mercados.
E a diminuição da demanda global como resultado do BCE que sai da QE em
setembro não ajuda. Se a demanda por renda fixa dos Estados Unidos não duplicar
nos próximos anos, as taxas longas americanas se moverão para cima, os spreads
de crédito se ampliarão, o dólar cairá, e as ações provavelmente irão para
baixo à medida que os estrangeiros se afastem da depreciação dos ativos
norte-americanos. E isso pode acontecer mesmo em uma situação em que os
fundamentos econômicos dos EUA permaneçam sólidos.
A conclusão é de que, os investidores devem
gastar menos tempo olhando os fundamentos econômicos americanos, e mais tempo
em saber de onde virão os recursos para uma demanda duplicada de renda fixa dos
EUA, em particular em um mundo onde os bancos centrais, ao mesmo tempo, deixam
de fazer QE” ...
Aos leitores recomendo cautela na gestão de seus recursos no
exterior. Emissões recentes de empresas brasileiras como a Rede D’Or que na
semana passada emitiu bonds de 10 anos de prazo com juros a 4,95% a.a., parece
não compensar o risco, qualquer tropeço mais à frente, que pode vir por uma elevação
mais acelerada dos juros pelo FED, ocasionada pela atividade mais forte ou
inflação, pode chacoalhar é bastante todos os títulos dos mercados emergentes.
Qualquer elevação de 1% a.a. na taxa, reflete uma queda aproximada de 5% no
preço em um papel de 10 anos.
- David, e se eu ficar
até o resgate, não perco nada!
É verdade, só vai perder a oportunidade de comprar títulos a
taxas mais altas se tivesse liquidez. Considere que existe o risco “Brasil” que
está nas mínimas e o risco da própria empresa.
Não se deixar levar pela falsa ideia que não tem o que fazer
com o dinheiro ou as taxas estão baixas. Primeiro que os juros não são mais 0%,
o FED funds estão por volta de 1,5% a.a.; segundo que devem subir. Está na hora
de mudar de direção.
No post o-ouro-perde-o-brilho, tracei um cenário de
longo prazo que contempla uma alta do metal. Minha preferência é de uma queda
no curto prazo para depois voltar a subir: ...”
No meu cenário predileto (1), o ouro inicialmente romperia a parte inferior para
atingir uma nova mínima ao redor de U$ 900, para só depois voltar a subir” ....
Mas também deixe a porta aberta para um cenário alternativo ...” Um cenário alternativo contemplaria uma
queda limitada - podendo ser a mencionada acima - para em seguida, o ouro
romper o limite superior (2). Para os céticos no metal queria lembrar que ainda
existem muitos simpatizantes que acreditam ser esse ativo, um porto seguro.
Basta a inflação subir mais que o FED ou ECB preveem ou um fiasco no bitcoin,
para agregar novos adeptos” ...
Durante minhas férias tínhamos uma posição vendida em ouro
que acabou sendo estopada com um pequeno prejuízo. O gráfico a seguir relembra
minhas premissas no início do trade. A mínima atingida foi de U$ 1.235 no dia 12
de dezembro e a partir daí subiu de maneira continua.
Naturalmente o cenário 2 acima ganha um pouco mais de força,
porém não descarto novas quedas mais adiante, veja a seguir porquê.
O mercado deverá negociar no próximo mês dentro do triangulo
anotado em azul e provavelmente irá romper ao ultrapassar os níveis de U$ 1.350
e em seguida uma região importante compreendida entre U$ 1.370 – U$ 1.380. Em
ultrapassando o próximo target será a U$ 1.450.
É a partir desse ponto que poderemos saber com maior clareza
se o ouro já está em seu movimento de alta de mais longo prazo, ou podemos
esperar novas quedas daí em diante. Por enquanto vamos focar em achar uma
oportunidade de compra.
Este é mais um exemplo de como a análise técnica pode mudar
radicalmente sua posição. Há um mês se fosse perguntado qual a direção para o
ouro eu diria que era de queda e hoje a mesma pergunta tem a resposta oposta.
Vamos caminhando conforme o mercado dá suas indicações e se adaptando aos
movimentos, sem uma opinião imutável.
O SP500 fechou a 2.802, com alta de 0,94%; o USDBRL a R$
3,2234, sem variação; o EURUSD a € 1,2206, com queda de 0,42%; e o ouro a U$
1.328, com queda de 0,77%.
Fique ligado!
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