Detalhes do retorno do SP500
Hoje vou abordar assuntos diversos pois acredito que todos
eles são de importância para os leitores. Vou começar por aquele que me deixou
muito surpreso, mais muito mesmo.
Antes de tudo, não sei se os leitores conhecem os meandros
dos mercados de ações americano. Quando as pessoas observam a performance de um
determinado dia referente ao índice, esse se refere as horas em que a bolsa
está aberta. Mas os negócios continuam depois desse horário o que se denomina After Hours e Pre Market no dia seguinte, onde
poucos negócios são efetuados relativos ao outro horário.
O gráfico a seguir mostra os resultados obtidos no ETF do
SP500 – SPY, nesses dois períodos: Regular
Trading Hours (vermelho) e After Hours/Pre Market (verde). Veja
que surpreendente.
Desde de 1993, todo ganho aconteceu fora do horário de
pregão. Durante esse horário o retorno é levemente negativo. A primeira
conclusão que se pode tirar é que os investidores que buscam ganhar dinheiro
com Day Trade, deve ter perdido
dinheiro mesmo com uma alta acumulada de 568% no período, segundo que só ganhou
dinheiro quem “dormiu” com as posições.
As duas razões que imaginei ser a consequência desse fato
são: a primeiro é que os resultados das companhias são anunciados fora do
horário de pregão, a segunda seria a influência dos mercados internacionais. Me
parece que o primeiro tem um peso superior, o segundo pode ser verdadeiro em
casos específicos.
Se meu raciocínio estiver correto, todo o cuidado que a SEC
– órgão governamental americano que regula o mercado de ações, tem ao buscar
proteger os investidores, proibindo que os resultados sejam publicados durante
o dia, está tendo um efeito exatamente inverso. Depois que papelão dos analistas
de bolsa, erram muito em suas previsões, pois caso contrário, essa distorção
não deveria ocorrer.
Está semana me concentrei na tese que os bonds
internacionais estão sob risco de uma correção importante. Ontem o Brasil fez a
colocação de bonds no mercado internacional no montante de U$ 1,5 bilhões, com
vencimento em 30 anos, oferecendo um retorno de 5,6% a.a. O volume foi 4 vezes
superior à oferta. Como disse um gestor “ é melhor comprar a bolsa brasileira a
comprar esse título”. O que ele quis dizer com isso é que, se esse título se
valorizar a bolsa brasileira deve subir muito mais.
Sobre os juros internacionais é muito importante que se
diferencie os motivos que levam o FED a subir os juros. Eu uso a muitos anos o
conceito do bom motivo e do mal motivo, o bom é quando a autoridade monetária é
levada a subir os juros por que a atividade começa a se acelerar mais que o
desejado; o mal é porque a inflação está subindo.
O FED está subindo os
juros pelo bom motivo, e nesse caso as bolsas podem subir e os títulos de renda
fixa cairem, para se ajustar as novas taxas. No outro caso, os dois ativos
caem!
O gráfico a seguir plota os spreads dos bonds de mercados
emergentes segundo sua classificação de crédito. Para que não está
familiarizado esse spread é a diferença entre a taxa do bond contra a taxa do
título do tesouro americano de igual prazo. Esse analista escolheu o ponto mais
elevado desse spread em 2016 e comparou com as condições atuais.
Já na projeção de juros americanos, nem todo mundo confia
que o movimento é para cima. Alguns analistas acreditam que o FED terá que
reverter no futuro a alta, como é o caso da Capital Research, empresa de
consultoria econômica. A razão principal dessa projeção é que eles acreditam
que o ciclo econômico, que está se mostrando bastante longo, deverá reverter
proximamente levando a economia americana para uma desaceleração.
Ainda de encontro com essa ideia de desaceleração, nos
últimos tempos os americanos estão consumindo mais usando suas poupanças ou
contratando crédito, o que pode ser visto no gráfico a seguir. Essa situação
não pode perdurar por muito tempo, pelo menos não é saudável. Por outro lado,
os ativos detidos pelos americanos, ações e imóveis, se valorizaram tanto, que
o balanço de sua dívida acaba não pesando tanto por esse critério.
No post inflação-nos-eua-retorno-ou-inexistente, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ...” Pela
sétima vez os juros tentar romper a marca de 2,42%, sendo essa última, nesta
semana” ... ...” Usando aquela famosa ditada “ água mole em pedra dura tanto
bate até que fura”, tecnicamente os juros estariam prontos para subir. E caso
esse nível romper, será de forma forte” ...
E acabou acontecendo, hoje os juros estão batendo na porta do
nível de 2,62% que se rompido poderão atingir o nível de 3,0% marcado abaixo.
Se o rompimento acabar acontecendo e os juros de 10 anos
caminhar para o nível de 3% a.a., o pessoal que comprou o papel brasileiro
mencionado no início do post não deverá fica muito satisfeito, pois para não
perder dinheiro é preciso que o risco Brasil apresente uma queda igual a 40
pontos (títulos americanos indo de 2,6% para 3%). Acho bem difícil.
Os juros poderão subir sem arranhar as bolsas, pois eles
estão subindo pelo bom motivo e realmente espero que mais à frente não seja
pelo mal motivo.
O SP500 fechou a 2.810, alta de 0,44%; o USDBRL a R$ 3,1961,
com queda de 0,32%; o EURUSD a € 1,2220, com queda de 0,14%; e o ouro
a U$ 1.331, com alta de 0,36%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário