O novo mundo dos vovôs


Ontem eu alertei sobre os perigos que os bonds correm caso a inflação nos EUA suba mais rápido que o FED e o mercado esperam. Os motivos lá expostos não se limitam somente a esse fator, o elevado volume de vencimento de títulos nos próximos anos é outra ameaça.

Embora esses fatores não sofram grande influência sobre tendências de mais longo prazo é importante frisar que uma força deflacionaria assola a maior parte dos países desenvolvidos. Uma população velha tende a ter um crescimento do PIB comprometido, é notório que a necessidade de pessoas mais idosas é inferior ao dos jovens, posso dizer por experiência própria. Troca de carros mais espaçadas, diminuição de consumo de bens duráveis, e etc ...

A relação do envelhecimento com a inflação pode ser vista no gráfico a seguir, onde é comparado o crescimento da força de trabalho com o índice de inflação. Parece bastante convincente esse argumento.


O Japão nem se fala, com uma população extremante velha e uma taxa de natalidade muito baixa, vem sofrendo as consequências desse fenômeno há algumas décadas.

Por outro lado, a economia europeia espera um crescimento mais pujante esse ano. De acordo com o Banco Central Europeu, a previsão mais recente para o crescimento da zona europeia é de 2,3% para o próximo ano, uma melhora significativa em relação a estimativa anterior de 1,8%.

Mas, à medida que a Europa recupera o seu bojo econômico, a realidade demográfica passa a ser um problema, segundo Jeff Desjardins, do Visual Capitalist.

Não é nenhum segredo que a Alemanha, que é tida como motor econômico da Europa, está em uma situação demográfica preocupante. Com uma das populações mais antigas da Europa, e uma baixa taxa de fertilidade de apenas 1,5 nascimentos por mulher, é apenas uma questão de tempo para afetar o crescimento no país.

Este tempo pode estar se aproximando, e o país atingirá um marco no próximo ano que realmente cristaliza as preocupações em torno da composição demográfica da população alemã. Até 2019, haverá menos alemães com menos de 30 anos do que alemães com 60 anos.


Esta proporção é certamente extrema em um nível global - afinal, 24,4% da população mundial tem menos de 14 anos e apenas 12,3% tem mais de 60 anos.

No entanto, também é bastante extremo em comparação com outros países desenvolvidos. Um estudo das Nações Unidas, estimou recentemente que a população de mais 60 anos representava uma média de 22,1% do total para todos os países de alta renda.

A pirâmide populacional da Alemã exposta abaixo comprando os dados de 1968 e 2018, apresenta o envelhecimento ocorrido nestes últimos 50 anos.



Com esse perfil é inexorável que a população total da Alemanha tende a decrescer, segundo os cálculos da agencia oficial, no próximo século existirão 10 milhões a menos de alemães, um encolhimento de 12%.

Por outro lado, o mundo caminha para a eliminação de empregos função da tecnologia. Os robôs terão um impacto decisivo nos próximos 10 anos. Se essa substituição fosse mais lenta, tenderia a ter um efeito compensador na diminuição da população dos países desenvolvidos. Mas como os países subdesenvolvidos ainda têm uma alta taxa de natalidade, não parece haver refresco.

Podemos esperar viver nos próximos anos com muito mais idosos, mais jovens com baixa qualificação, e uma grande substituição de empregos menos qualificados. Esse é um conjunto nada animador.

No post trump-surfando-onda-da-bolsa-de-valores, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” acompanhando a alta de seu tio mais rico, o SP500, o Bovespa estaria num movimento de alta de mais longo prazo, o que poderia leva-lo a níveis de 80.000 e posteriormente 105.000, sendo esse último o mais provável” ... esse é um objetivo de longo prazo, do qual farei algumas alterações explicadas mais adiante.

No curto prazo estamos com duas posições no índice, e tinha a seguinte expectativa descrita no mesmo post acima: ...” nesse último trimestre, o Ibovespa resolveu dar uma parada – corrigida. Mas eu espero que em seguida caminhara aos níveis indicados acima” ... ...” como podem notar a seguir, o nível aonde poderia acontecer essa reversão seriam 69.500 ou 67.000, depois disso voltaria a subir para buscar os níveis apontados na análise de longo prazo. Nosso stoploss vai ficar nos 69.000” ...


A correção que eu esperava acabou terminando quando o Ibovespa atingiu a mínima de 71.700 em novembro. No dia 21 de dezembro aumentaram as chances de a correção ter terminado. Em situações como essa seria recomendável entrar no mercado, mas como já estamos posicionados, nós não tínhamos nada a fazer.

Algumas alternativas de análise surgiram o que torna desafiante projetar o nível de termino deste ciclo de alta. Mas como dizia Keynes, no longo prazo estaremos todos mortos, vamos nos ater ao curto prazo.


Como apontei no gráfico meu próximo objetivo é ao redor de 85.000. Teoricamente, despois disso, um período de alguns meses deve se suceder, numa correção que poderia levar o índice para os níveis entre 78.000 – 75.000. Somente depois continuaria a alta, até quem sabe, os 105.000 apontados acima. Quero frisar que esse último movimento não seria de forma direta.

Tudo isso acima, ainda está sujeito a um cálculo mais apurado, pois depende de como o mercado vai evoluir. Por enquanto, mantenha o rumo, e suba o stoploss para 75.000.

O SP500 fechou a 2.798, com queda de 0,16%; o USDBRL a R$ 3,2055, com queda de 0,56%; o EURUSD a € 1,2239, com alta de 0,44%; e o ouro a U$ 1.327, sem variação.


Fique ligado!

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