Até a França



Meus leitores mais antigos conhecem minhas considerações sobre os franceses. Ao trabalhar diversos anos no Banco Francês e Brasileiro aprendi a conhecer melhor suas características. Logico que nem todos são iguais.

Posso dizer que não é fácil chegar-se a uma conclusão sobre um assunto, com um francês. As discussões se perdem nos detalhes e fogem do foco. Quando tudo parece incerto, mas uma decisão é necessária, eles pronunciavam a famosa frase Je vais réfléchir, ficando mais um tempo sem decisão.

A diferença entre os alemães e os franceses é enorme, embora a Alemanha é um país sem graça e a França é maravilhosa.

Uma recuperação econômica na França, anteriormente um dos principais retardatários da Europa, ajudou a ressurgir a zona do euro produzindo o seu maior crescimento em uma década, ultrapassando os EUA, no ano passado.

A agência de estatísticas da União Européia publicou o produto interno bruto dos 19 países membros da zona do euro. O resultado foi de 2,5%, a taxa de crescimento mais célere desde 2007.


Esse crescimento foi impulsionado pela reviravolta da França, onde as empresas dizem estar sacudindo os temores econômicos de longa data, pois o presidente francês, Emmanuel Macron, dá seus primeiros passos para reduzir a burocracia e os impostos. Esse, rapidamente tomou uma série de medidas para mudar a economia, e chegar às empresas, no intuito de sacudir a imagem da França como um lugar que desencoraja a inovação.


O governo de Macron adverte que é muito cedo para julgar a eficácia das revisões trabalhistas abrangentes, que o presidente assinou em setembro. Mas novos números mostraram que a economia acelerou em 2017, crescendo 1,9%, registrando seu ano mais forte desde 2011. Sinalizando um possível fim de meia década de inércia francesa, que manteve o desemprego próximo a 10%, e reteve a recuperação europeia mais ampla.

A aceleração na França ajudou a compensar o arrefecimento na Espanha, a economia da zona do euro que cresceu mais rapidamente nos últimos anos. Os números mostraram que o quarto maior membro diminuiu ligeiramente em 2017 crescendo 3,1%, em comparação com 3,3% em 2016.

Como a França, a Itália também cresceu mais devagar que o resto da zona do euro nos últimos anos. Mas também está mostrando sinais de um avivamento. O Fundo Monetário Internacional recentemente prevê um crescimento de 1,6% em 2017, contra 0,9% em 2016.

Mas a Itália tem um problema mais sério que é seu endividamento, um dos maiores do mundo. Com um setor público inchado não consegue reverter seu déficit fiscal. Isso a torna muito vulnerável pois tem que colocar seus títulos no mercado ficando à mercê desses investidores. Nos últimos anos, o BCE acabou substituindo quase a totalidade dos detentores desses títulos conforme a figura abaixo mostra.


A longo prazo, a zona do euro enfrenta uma série de desafios mais fundamentais. Sua população está envelhecendo e crescendo lentamente, enquanto quase um quinto dos seus jovens ainda está sem trabalho. O FMI advertiu que era ruim não apenas para o crescimento econômico, mas para a saúde política da área monetária. Os governos têm grandes dívidas, e a reparação do sistema bancário ainda tem algum caminho a percorrer.

Desde que o Presidente Macron assumiu a presidência da França, vem se aproximou de Angela Merkel a primeira Ministra alemã. Essa aproximação chegou em boa hora, pois com o Brexit em plena negociação, uma postura amis flexível dos alemães perante os franceses deve ter facilitado essa aproximação. Parece que a França parou de réfléchir e botou o país para funcionar.

Na segunda-feira, no post a-exuberância-das-bolsas-e-racional, coloquei em alerta a bolsa americana: ... “Por esses motivos, vou navegar daqui em diante com rédeas bem curtas, subindo o stoploss com frequência, até que em algum dia seremos stopados. Isso não vai implicar que a alta terminou, mas prefiro acompanhar esse desenrolar sem posições. Estou alterando o stoploss para 2.800. Um detalhe, dado a forma parabólica da alta, é que o stoploss não segue estritamente os parâmetros técnicos, isso poderá ter implicação mais à frente. Mas vamos deixar esse assunto para o futuro" ... 

Ontem o SP500 caiu mais 1 %, coisa que não acontecia há um bom tempo. Será que o Mosca mexe com os mercados? Hahahaha! Em todo caso, foi providencial.

Acho que uma correção deve estar em curso e sugiro vender a 2.850 caso o índice chegue lá, caso contrário fica o stop a 2.800.

- David, chegou a hora de entrar vendendo a descoberto?
Não se afobe, aguarde! Por enquanto vou proteger a posição comprada.

Ficou faltando a cobertura da nossa bolsa. No post o-novo-mundo-dos-vovos, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... ” Como apontei no gráfico meu próximo objetivo é ao redor de 85.000. Teoricamente, depois disso, um período de alguns meses deve se suceder, numa correção que poderia levar o índice para os níveis entre 78.000 – 75.000” ...


Acontece que a bolsa brasileira nem deu bola para o nível de 85.000 passou batido depois da confirmação pela condenação do Lula. Isso posterga minha análise acima, pois em função desse último movimento, o novo objetivo passa a ser 91.000.


Dessa vez, se o índice chegar nesse nível, vamos reduzir nossa posição fechando uma delas, que se encontra em aberto. Além disso, vou subir o stoploss para 80.000. Quero deixar claro que essa é uma medida de redução de posição e não uma mudança de direção. Continuo positivo na bolsa no longo prazo, mas acredito que em algum momento acontecerá uma correção, só não sei quando e nem que preço. Por isso, uso a análise técnica que me auxilia identificar esse possível ponto.

Um leitor me ligou animado logo que o Lula foi condenado, afinal esperava essa data para se posicionar em ativos de risco brasileiros. Entendo seu motivo. Acontece que a bolsa brasileira já tinha andado bastante quando isso aconteceu. E os indicadores técnicos não aconselham a entrar agora.

Posso estar errado e o índice subir acima do nível que apontei a cima, fazendo com que esse leitor fique p%$o da vida comigo. Mas infelizmente tenho que me guiar por alguma ferramenta que não seja a emoção, e sim a estatística, pois, embora sua visão esteja correta, acredito num ponto melhor de entrada.

Quero lembrar que não vivemos numa ilha, e o que acontece no exterior tem impacto aqui também. Mas não cabe a mim julgar eventuais riscos existentes ao redor do mundo, me prendo aos preços para tomar minhas decisões. Com o passar do tempo, noto que os fatos se sucedem a análise técnica.

O SP500 fechou a 2.823, sem variação; o USDBRL a R$ 3,1855, com alta de 0,14%; o EURUSD a 1,2412, sem variação; e o ouro a U$ 1.345, com alta de 0,51%.

Fique ligado!

Comentários

  1. David, como assim so descobri teu blog hoje? Parabéns pelas excelentes leituras gráficas.

    Uso Elliott Wave também e é bom ver alguém contando 12 12 123 do ciclo iniciado em 2016 da mesma maneira que eu, incluindo as projeções de 100% e 161%...

    Como cada um tem seu método, eu uso índice futuro e, alavancado, tenho stops mais curtos, estando disposto a retornar conforme a oscilação (ou até vender a onda de contra-tendência). Stopo, hoje, nos 84000 do Índice Futuro.

    Congratulo mais uma vez o excelente trabalho!!!

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    1. Leonardo, muito obrigado pelos seus comentários elogiosos.

      As vezes fico em dúvida sobre escrever detalhes de análise técnica, pois imagino que boa parte dos meus leitores desconhece essa técnica.

      É bom saber que existem alguns que conseguem compreender.

      Vamos em frente, tenho receio do mercado de juros americanos. Tecnicamente, acima de 3% a.a., poderá causar bastante estrago.

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