2022: Bumbum na parede #SP500
Diferentemente
de 2021, o Mosca tem uma visão mais cautelosa sobre o ano em curso. Com
uma perspectiva de queda das bolsas internacionais em algum momento do ano —
provavelmente no segundo semestre —, todo cuidado é pouco nas posições. Caso
ocorra o que estou esperando, este será um ano para testar o retorno dos trades
que eu proponho. Mas, sempre que existem ameaças, existem também oportunidades.
Hoje o post será sobre esse tema, mas antes de iniciar gostaria de enfatizar o
risco que a China corre em função de sua política de Covid zero, infligindo lockdowns
a partir do surgimento de uma nova onda, conforme relata o artigo de Nathaniel
Taplin no Wall Street Journal.
A
China enfrentou com sucesso a variante Delta em rápida expansão em 2021, mas
a um custo alto. Medidas duras repetidas para anular surtos
locais prejudicaram seriamente o setor de serviços, o consumo e o
crescimento. Agora, uma variante ainda mais contagiosa está batendo na porta.
Isso significa um impacto ainda maior no crescimento?
Parte
do problema para Pequim é simplesmente um jogo de números. Se pesquisas
preliminares indicando que o Omicron é muito
mais transmissível, mas menos mortal
do que a Delta
se sustenta, então as interrupções econômicas nos países ricos —
o que diminuiu a demanda por serviços e aumentou a demanda por bens chineses em
2020 e 2021 — podem se mostrar relativamente transitórias e pequenas. Isso
removeria um apoio crucial ao crescimento chinês que ajudou a compensar o
impacto das medidas de controle draconianas da China. Ao mesmo tempo, essas
medidas podem ter que ser usadas com mais frequência — e intensificadas — para
manter o Omicron afastado. Os fabricantes asiáticos no exterior, cujas
populações já têm imunidade natural substancial ou altas taxas de vacinação,
também podem ser menos propensos a fechar novamente para uma variante mais
suave, o que significa mais concorrência para uma torta de exportação de
crescimento mais lento.
Após um início desastroso, o
monumental esforço da China para controlar a Covid-19 funcionou bem ao longo do
final de 2020 e razoavelmente bem em 2021, apesar dos custos econômicos
crescentes. A partir de agora, as consequências — tanto políticas quanto
econômicas — podem ficar maiores.
A política chinesa valia na situação anterior onde
os riscos de contaminação eram muito maiores que os mostrados pela Omicron. Segundo
os especialistas, essas ondas deverão se tornar comuns daqui em diante, mas com
a imunização de rebanho seus riscos passam a ser limitados a um grupo de
pessoas mais frágeis. E como a China irá se portar, vai fechar a economia de
forma intermitente? Não faz sentido. Por outro lado, as vacinas chinesas têm se
mostrado pouco eficazes, sugerindo que eles devessem importar as fabricadas no
exterior. Mas aí não seria uma declaração de fraqueza? Nós pelo menos, nessa
situação estamos em situação privilegiada pelo elevado percentagem de
vacinados.
Em relação aos riscos de 2022, Ben Carlson em seu
site Wealth of Common Sense elenca três principais, vejamos:
Tenho
enxergado o mercado com um copo meio-cheio ultimamente, então eu provavelmente deveria
equilibrar as coisas com alguns riscos potenciais.
Cisnes
negros fizeram furor em 2008. Todos os anos as pessoas agora publicam suas
listas de eventos altamente improváveis que poderiam ter um grande impacto nos
mercados.
Aqui
estão meus três maiores para 2022:
1.
2.
3.
Sinto
muito, mas você provavelmente não vai prever o próximo cisne negro. Ninguém previu que uma pandemia
alteraria a vida como a conhecemos no final de 2019/início de 2020.
E
os riscos do cisne branco?
Quais
são
os riscos que estão por aí e podem ter um impacto nos mercados,
mas não necessariamente provar ser um evento excepcional?
Os
maiores riscos são muitas vezes os que não vemos chegar, mas os
riscos menores ainda podem causar algum desconforto a curto prazo.
Você sempre pode falar de guerra
ou alguma outra variante maluca ou um colapso da civilização como a conhecemos,
mas aqui eu vou me concentrar em riscos relacionados ao mercado.
1.
Inflação. O mercado de títulos ainda não parece estar muito
preocupado com a inflação acima de 6%. Sim, o rendimento do tesouro de
10 anos subiu um pouco na última semana, mas ainda está pairando em torno de
1,7%, longe da taxa de inflação atual.
Há muitos fatores em jogo
aqui, mas é possível que o mercado de títulos simplesmente não acredite que a alta inflação está aqui para ficar.
Mas
e se estiver?
O
mercado de ações é um grande hedge contra a inflação mais alta no longo prazo.
Pode ser um hedge decente no curto prazo, mas a inflação persistentemente alta
não é boa para o retorno das ações.
Olhei
para trás os retornos anual para o S&P 500 que
remonta a 1928 e comparei-os a diferentes regimes de inflação:
Você pode ver que 0% a 3% é o ponto ideal. Os retornos nominais são realmente muito bons quando a inflação está em 6% ou mais, mas esses retornos são engolidos pela inflação quando você avalia uma base real.
O
ano passado foi um dos melhores anos registrados com uma inflação tão alta. O único retorno real maior com
uma inflação de 6% ou mais foi em 1975.
As
ações
podem continuar indo bem com o aumento dos preços, mas as corporações só podem repassar preços mais altos por um certo
tempo. Em algum momento, a inflação acima da média torna-se um vento contrário para o mercado de ações.
2.
O Fed. Em 2018 tivemos duas correções de dois
dígitos no mercado de ações dos EUA:
Na véspera de Natal daquele ano estávamos basicamente em território baixista. Na época, ninguém sabia por que o mercado estava caindo. Não havia uma boa razão.
Depois
do fato, a maioria das pessoas concordou que eram as taxas de juros aumentadas
pelo Fed:
O Fed elevou as taxas para mais de 2% e mudou abruptamente de curso após a queda do mercado. As taxas de hipoteca também subiram para cerca de 5% na época, então foi um ciclo de aperto bem decente.
Eu
não
sei mais qual é a linha de separação para essas coisas, mas é possível que muito aperto do Fed
possa descarrilar o mercado de ações novamente.
E
da última
vez eles não tinham inflação ou crescimento econômico mais alto para
enfrentar, então é difícil vê-los inverter o curso tão rapidamente se os
mercados não gostarem de taxas mais altas.
A
história
nem sempre rima, se repete ou retweeta, mas não está fora de questão que o
mercado de ações fique um pouco nervoso se o Fed embarcar em uma onda de
aumento de taxas.
3.
As ações subiram demais. Por que a bolsa caiu em
1987? Existem todas essas razões técnicas sobre estrutura de mercado e proteção
de carteira, mas a maioria das pessoas não se dá conta que as ações subiram
cerca de 40% nos primeiros oito meses do ano antes da queda da Black Monday.
E
isso depois que o mercado já tinha subido quase 150% de 1982 a 1986.
Às vezes, a razão pela qual as ações caem é
porque elas sobem muito em um curto período de tempo e os investidores procuram
uma desculpa para embolsar alguns ganhos.
De
abril de 2020 até o final de 2021, o S&P 500 subiu 90%. É
um retorno maciço em um período de 21 meses. Basta olhar para onde se
classifica esse retorno quando se tem uma janela de 21 meses que remonta a
1950:
Só foi mais alto no mercado de alta dos anos 50.
Adivinha
o que se seguiu a esse boom de quase dois anos?
Houve
uma correção de 11% em um mês no outono de 1955. Então, no verão de 1956, as ações caíram 15%. Menos de um ano
depois, o único mercado de queda da década de 1950 começou quando as ações caíram quase 21%.
Os
retornos ainda eram excelentes ao longo dessa década, mas as árvores não subiram até o céu e as correções foram uma extensão natural de grandes
ganhos.
Ficaria
mais surpreso se não tivéssemos uma correção de 10 a 20% nos próximos 18 meses.
Aqui
se encaixa a beleza da análise gráfica. Sem precisar “encontrar” motivos para
correções, essa técnica permite encontrar com antecedência períodos mais
propensos a que isso ocorra. Essa técnica tem como pano de fundo o resultado da
movimentação de todo mercado, sendo assim, o comportamento dita os preços ao
invés dos fundamentos. Afinal, é melhor estar certo ou ganhar dinheiro?
No
post uma-explicação-simples, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” A correção em andamento deveria ter uma retração máxima
contida no nível anotado como stop loss. O esperado é que possa
atingir o patamar entre 4.620/4.600, para daí em diante readquirir impulso, o
que o mercado está chamando de Santa Claus rally “ ...
Ontem o SP500 chegou a atingir a mínima de 4.582, com os temores do Fed e previsões de analistas de 4 altas de juros para 2022, por sinal o mercado já dá como praticamente certa essa possibilidade. Pela configuração ocorrida, acredito que esse pode ter sido o final da correção, mas só os próximos dias poderão confirmar.
Considerando essas premissas, o SP500 deveria atingir 5.470, em seguida uma correção e finalmente 5.700, sendo a partir daí que poderia ocorrer a correção mais importante que venho enfatizando. Para daqui em diante vocês saberem a que me refiro, vou denominá-la de FF — final da farra! Não entendam como final do ciclo de alta, mas como um período de correção mais extenso e uma queda mais profunda. Notem os leitores que o gráfico acima é de janela semanal, e para que saibam sempre qual a janela de cada gráfico, enfatizei essa informação com a seta em verde.
O
SP500 fechou a 4.713, com alta de 0,92%; o USDBRL a R$ 5,5665, com queda de
1,70%; o EURUSD a € 1,1368, com alta de 0,37%; e o ouro
a U$ 1.822, com alta de 1,16%.
Fique
ligado!
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