Compra pelo motivo errado #IBOVESPA

 

Meu dia começa pesquisando principalmente as diversas matérias publicadas nos veículos: Bloomberg – de longe a melhor, Wall Street Journal, Financial Times, The Daily Shot, Estadão, Folha de São Paulo, matérias publicadas no Twitter (não vou mudar o nome para X!), além de uma série de e-mails que recebo diretamente de provedores de conteúdo econômico e financeiro. Esse trabalho leva em média 1 hora. Naturalmente, tenho uma visão estrita para não perder o foco. O objetivo é encontrar algum assunto que seja de interesse dos meus leitores e onde posso colocar minha opinião.

Vou mostrar o que ocorreu hoje: não encontrei nada muito diferente do que todos já sabem e boa parte das matérias versam sobre a concentração de poucas ações nos EUA e como **XYZ está barato** – podem substituir por qualquer indicador que faça sentido e vão chegar nessa conclusão. Se eu for observar as matérias de meses atrás, garanto que vou encontrar mais uma dezena dessas e talvez as mesmas agora mais baratas. Um leitor menos calejado pode embarcar numa dessas sugestões, afinal, se está barato vou ganhar em algum momento. O Mosca não entra nessa, pois pode ficar mais barato. Eu pretendia anexar alguns artigos sobre o tema, mas uma pesquisa no Mosca com a palavra “barato” dá a ideia de quantas vezes já postei sobre isso.

Por exemplo, hoje encontrei o gráfico abaixo que mostra a concentração da performance das ações que compõem o SP500. Não posso negar que o gráfico é intrigante, dá vontade de comprar WBA, INTC e NKE mesmo sem saber quem são essas empresas: Walgreens (cadeia de farmácias); INTC (Intel Corp); e NKE (Nike). Na verdade, conhecemos todas. Não estou dizendo que não possa acontecer uma desinversão nessa curva, um dia vai, mas quando?

 

Os leitores do Mosca sabem que a situação econômica da China é delicada; tenho escrito sobre esse assunto nos últimos tempos. Muitos esforços estão sendo feitos pelo governo chinês para estabelecer a rota de crescimento e, por consequência, interesse nas ações de empresas chinesas – embora esqueça que tomou medidas contra o mercado no passado, ele não esquece!

Na próxima semana ocorre um evento quinquenal onde mudanças econômicas e políticas ocorrem. No artigo pude observar o gráfico abaixo do índice CSI 300 da bolsa chinesa, parece oferecer uma boa oportunidade. A Bloomberg News publicou a seguinte matéria:

Um encontro de alto nível dos principais líderes da China na próxima semana será observado atentamente em busca dos vencedores e perdedores nas ações do país, que recentemente têm lutado em território de mercado baixista.

O Terceiro Plenário, um evento realizado aproximadamente a cada cinco anos onde mudanças econômicas e políticas importantes são anunciadas, oferecerá aos investidores pistas sobre a direção de Pequim em relação aos mercados e à economia. Um cenário macroeconômico fraco e desafios geopolíticos crescentes pesam ao fundo.

"O que definirá a direção do mercado é o quão convincentes as políticas são percebidas pelos investidores ao abordar a desaceleração estrutural no crescimento e os desafios no setor imobiliário", disse Gary Dugan, CEO da The Global CIO Office, em uma nota.

A reunião acontece em um momento crucial para o mercado de ações chinês, à medida que um rali impulsionado por políticas vacila. O Índice MSCI China entrou em uma correção técnica, enquanto um indicador das ações chinesas listadas em Hong Kong flerta com o mesmo marco. O Índice CSI 300 completou sua sétima semana de perdas na última sexta-feira, a maior sequência de quedas desde o início de 2012.

A fraqueza pode continuar após o evento, se a história se repetir. Desde que os mercados de ações da China foram lançados no início dos anos 1990, os desempenhos do Índice Composto de Xangai uma semana e um mês após os Terceiros Plenários anteriores têm sido frequentemente medíocres.

No entanto, esta reunião, juntamente com o progresso nos lucros, deve ajudar a catalisar uma expansão nas avaliações, de acordo com Yifan Hu, diretor de investimentos para a Grande China e chefe de macroeconomia para a Ásia-Pacífico do UBS Group AG.

Se a liderança puder implementar reformas que melhorem os mecanismos de mercado, incentivem a iniciativa privada e ofereçam uma regulamentação estável e transparente, "o mercado de ações chinês provavelmente aumentará significativamente nos próximos meses e gigantes da tecnologia como Alibaba, Tencent, entre outros, se beneficiarão de uma expansão múltipla e de fluxos institucionais", disse Redmond Wong, estrategista de mercado da Saxo Capital Markets.

Aqui estão alguns setores que os analistas e traders estão observando:*

 

Novas Forças Produtivas

Uma campanha de Xi Jinping para fomentar "novas forças produtivas", à medida que motores de crescimento como o setor imobiliário falham, está ganhando atenção. O slogan, que abrange áreas como veículos elétricos, voos espaciais e tecnologia quântica, ajudou as ações de empresas relacionadas a se valorizarem.

Esforços adicionais para ganhar domínio na manufatura de alta tecnologia ajudariam as ações nesses setores, escreveram os estrategistas do Barclays Kaanhari Singh e o economista Yingke Zhou em uma nota.

Mas a falta de novas medidas para apoiar a inovação tecnológica e a autossuficiência da cadeia de suprimentos "será vista como mais do mesmo e será em grande parte um não-evento para os mercados", disseram eles.

As ações que podem se mover com os resultados incluem a empresa de inteligência artificial Zhongji Innolight Co. e a Zhejiang Wanfeng Auto Wheel Co., que está relacionada à chamada economia de baixa altitude que compreende coisas como drones, entrega aérea e até carros voadores.*

 

Reforma Fiscal e Tributária

Uma potencial nova rodada de mudanças no sistema fiscal e tributário pode impulsionar o desenvolvimento de sistemas de informação.

A Servyou Software Group Co., uma empresa que opera como provedora de serviços de informação financeira e tributária, tem se valorizado na expectativa do Terceiro Plenário, assim como empresas relacionadas, como a Pansoft Co. e a Beijing Join-Cheer Software Co.

"Existem oportunidades de investimento em campos relacionados à digitalização fiscal e tributária", escreveram analistas da AVIC Securities Co., incluindo Zou Runfang, em uma nota. "A realização da gestão fiscal digital pelas empresas se tornou a principal prioridade da reforma do sistema tributário nacional."*

 

Empresas Estatais (SOEs)

Há grandes expectativas para que Pequim continue avançando com esforços para aumentar a eficiência das empresas estatais, que compõem cerca de um quinto do valor total do mercado da China. Isso pode estruturalmente aumentar seu retorno sobre o patrimônio e avaliações.

"Corretoras e grandes empresas estatais podem fornecer um forte suporte" para os índices de ações chinesas, dadas as prováveis conclusões do Terceiro Plenário, escreveram analistas da Zhongtai Securities, incluindo Xu Chi, em uma nota.

As principais SOEs incluem aquelas nos setores tradicionais de bancos, telecomunicações e seguros, como o China Construction Bank Corp., a China Mobile Ltd. e a China Life Insurance Co.*

Reforma do Mercado de Energia

As ações do setor de energia da China tiveram um bom desempenho este ano devido aos aumentos nos preços da eletricidade e à preferência dos investidores por empresas estatais que pagam altos dividendos e, mais recentemente, após um apelo de Xi para aprofundar a reforma do mercado de eletricidade.

Reformas possíveis a serem divulgadas no Terceiro Plenário incluem incentivos para aumentar o uso de energia renovável, o que pode desencadear mais investimentos na rede, de acordo com analistas do Citigroup Inc. Pode haver novas políticas sobre mecanismos de mercado para a definição de preços, que podem aumentar o uso de energia solar e eólica com custos variáveis mínimos, acrescentaram.

Essas medidas devem beneficiar empresas como Pinggao Electric Co., XJ Electric Co., Sieyuan Electric Co., CGN Power Co. e China Longyuan Power Group, escreveram analistas, incluindo Pierre Lau, em uma nota.

A Bloomberg, de forma cautelosa, buscou argumentos que fariam a bolsa chinesa reagir, elencando medidas que seriam bem-vistas pelo mercado. Tenho dúvidas se Xi Jinping pensa da mesma maneira; não foi o que se viu nos últimos anos. Pode ser que as dificuldades dos últimos anos o façam repensar. Porém, seria uma oportunidade entrar agora? Mesmo a Bloomberg não acha, pelas experiências passadas desses momentos; ao contrário, a bolsa caiu depois desses eventos.

Agora vem meu ponto: do ponto de vista técnico, observando-se o gráfico, não existe nenhuma indicação para tanto. Hoje, o CSI 300 index se encontra ao redor de 3.500 e, no curto prazo, pode visitar de novo o nível de 3.000 ou abaixo, principalmente se romper. Confesso que, se não fosse pelo fato de publicá-lo aqui nesse post, nem olharia seu conteúdo. “Barato” não é motivo para o Mosca sugerir investir, bem como “caro” pode ser.

No post governates-gastam-mal fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: ... “Como comentei acima, a bolsa se recuperou bastante do ponto mínimo de 118,6 mil. Nesse momento, o nível de 127,2 mil se encontra em cheque” ...

Como podem notar no gráfico abaixo e segundo minha contagem, a alta desde a mínima recente de 118,6 mil atingida em junho estaríamos na onda b laranja. Ondas b ocorrem em correções e são no mesmo sentido do nível superior. Por que são terríveis? Porque estando no sentido do movimento anterior que no caso é de alta colocam investidores na compra. Por outro lado, não é o final da correção, pois na sequência uma onda c acontecesse, no caso, de queda. Por essa divergência entre o curto e o médio prazo, são íngremes, e divergentes. Para quem compra, pensa: agora vai. Para quem vende, é estopado e não entende o que está acontecendo. Até que de repente os baixistas entram em ação, gerando o stop loss nos que compraram na alta.

Por enquanto, e como mencionei no post acima, é preciso que o nível de 127,2 e 129,7 seja rompido. Se for, depois vejo o que faço, por enquanto, espero!

O SP500 fechou a 5.633, com alta de 1,02% ‑ a bolsa subiu hoje mesmo amanhã acontecendo a publicação do CPI, se vier bom (baixo) sai da frente; o USDBRL a R$ 5,4109, com queda de 0,21%; o EURUSD a € 1,0827, com alta de 0,14%; e o ouro a U$ 2.372, com alta de 0,36%.

Fique ligado