Visões contrarias #USDBRL

 


Uma breve nota sobre o atentado que ocorreu no final de semana em que o candidato à presidência Donald Trump não morreu por milagre. As imagens devem ter sido vistas por todos os leitores, não merecendo mais comentários. Por outro lado, nos últimos dias, o atual presidente Biden tentou convencer que está bem para presidir os EUA, mas provavelmente não convenceu nem a ele mesmo. Se Trump tinha boas chances de ganhar, agora ficou praticamente definido, pois passou de vilão a vítima. Se não houver troca de candidato do partido Democrata, Biden pode preparar sua aposentadoria.

Quando temos convicção de alguma ideia, existe uma enorme tendência de refutar tudo que mostra o contrário. Sobre essa tendência, tenho me policiado mais nos últimos anos. Agora, busco me informar sem viés para não ficar embriagado pelo sucesso. Minha ideia sobre a IA é muito positiva, como os leitores assíduos sabem. Neste final de semana, tive acesso a um material extenso produzido pelo Goldman Sachs por meio de entrevistas com várias pessoas, onde duas delas têm uma visão mais cética nesse assunto. Aqui Goldman Sachs vocês poderão baixar o artigo inteiro, e a seguir fiz um resumo dos principais pontos apontados por: Daron Acemoglu, professor no MIT, e Jim Covello, Chefe de Pesquisa de Ações Globais da Goldman Sachs.

 

Perspectiva Geral: Daron Acemoglu (MIT)

Daron Acemoglu é cético quanto aos benefícios econômicos significativos da IA nos próximos 10 anos. Ele acredita que os impactos da IA serão limitados, com ganhos de produtividade e crescimento do PIB dos EUA bem menores do que muitos preveem.

Principais Argumentos:

1. Automatização Limitada:

   - Acemoglu estima que apenas um quarto das tarefas expostas à IA será economicamente viável para automação nos próximos 10 anos, impactando menos de 5% de todas as tarefas. Isso sugere que a IA terá um efeito limitado na economia a curto prazo.

2. Custos Elevados:

   - Ele argumenta que a redução de custos esperada com a evolução da tecnologia não será tão rápida ou significativa. Acemoglu destaca que o ponto de partida dos custos é muito alto e que as tecnologias de IA atuais não são projetadas para resolver problemas complexos de forma eficiente.

3. Comparação com Históricos Tecnológicos:

   - Acemoglu questiona a ideia de que os avanços em IA seguirão o mesmo padrão de melhoria e redução de custos observados em outras tecnologias históricas. Ele acredita que os modelos de IA atuais não terão avanços tão rápidos ou impressionantes quanto muitos esperam.

4. Impacto Econômico Modesto:

   - Prevendo um aumento de apenas 0,5% na produtividade e 0,9% no crescimento do PIB dos EUA ao longo da próxima década, Acemoglu vê a IA mais como uma ferramenta de melhoria incremental de processos existentes do que como um motor de transformação econômica.

 

Perspectiva Geral: Jim Covello (Goldman Sachs)

Jim Covello compartilha um ceticismo semelhante. Ele acredita que, para justificar os altos investimentos em IA, a tecnologia precisa resolver problemas extremamente complexos, o que ele não vê acontecendo.

Principais Argumentos:

1. Necessidade de Resolver Problemas Complexos:

   - Covello afirma que, para que a IA justifique os custos estimados em mais de 1 trilhão de dólares, ela deve ser capaz de resolver problemas complexos e significativos. Ele observa que as tecnologias transformadoras do passado, como a internet, foram capazes de substituir soluções caras por alternativas de baixo custo desde o início, o que não é o caso da IA.

2. Comparação com Tecnologias Anteriores:

   - Ele compara a situação atual da IA com a revolução da internet, argumentando que a internet, desde o início, ofereceu soluções de baixo custo, enquanto a IA até o momento tem se mostrado excepcionalmente cara e não necessariamente eficaz.

3. Monopólio e Redução de Custos:

   - Covello destaca que a redução significativa de custos em IA pode não ocorrer devido ao monopólio de empresas como a Nvidia na produção de GPUs, que são essenciais para a IA. Ele compara isso ao monopólio da ASML na produção de ferramentas de litografia, cujos custos aumentaram substancialmente ao longo do tempo.

4. Aplicabilidade e Custos Atuais:

   - Ele argumenta que mesmo as tarefas básicas realizadas pela IA atualmente, como a atualização de dados históricos, são mais caras do que os métodos existentes. Além disso, a IA frequentemente gera resultados ilegíveis e sem sentido, o que levanta dúvidas sobre sua utilidade em tarefas complexas.

5. Expectativas e Realidade:

   - Covello questiona a crença generalizada de que a IA se tornará a invenção tecnológica mais importante de nossas vidas. Ele vê um descompasso entre as expectativas e a realidade das capacidades atuais da IA.

 

Conclusão

As visões céticas de Daron Acemoglu e Jim Covello fornecem uma perspectiva crítica sobre os investimentos massivos em IA, questionando a viabilidade econômica e os benefícios reais dessa tecnologia no curto prazo. Ambos os especialistas destacam os altos custos, as limitações tecnológicas e a necessidade de resolver problemas complexos para justificar os gastos. Eles sugerem uma abordagem mais cautelosa e realista em relação às expectativas e aos investimentos em IA.

Confesso que esses argumentos me fizeram mais cauteloso, principalmente em relação ao custo, pois se o ganho for pequeno, não compensaria o investimento. Como ambos comentam, o mercado ainda está dando o benefício da dúvida e esses pontos deveriam ocorrer mais à frente. Em relação à Nvidia, caso ocorram essas hipóteses, se notaria essas questões com a queda da demanda e muito provavelmente nas margens, o que seria mortal para a dinâmica que foi criada.

Nada a fazer no curto prazo e, como sempre, o mercado nos dará indicações desse cenário.

No post cambio-não-é-para-amadores fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ..."Segundo minha contagem, devemos estar na onda (4) verde, cujo nível para retração deve estar contido entre R$ 5,44 e R$ 5,36. O que não deve ocorrer é uma queda abaixo de R$ 5,29, onde teria que alterar minha contagem e abrir inclusive a possibilidade de quedas maiores."...




Nos últimos dias, o dólar se retraiu da alta imponente em função das declarações do governo, que iria buscar itens para diminuir as despesas visando obedecer aos limites que ele mesmo se impôs para o déficit. A magnitude da queda não é surpresa em razão disso. Dentro da contagem que eu adotei, atingiu o limite inferior de R$ 5,3696 e a partir desse ponto reagiu. No momento, não posso assumir que a queda terminou nem que se caminha para níveis mais baixos. A personalidade de ondas 4 é essa: fica a impressão que o movimento terminou. Por enquanto, mantenho os mesmos pontos citados acima. Caso o patamar de R$ 5,70 seja ultrapassado, o provável objetivo seria entre R$ 5,79 e R$ 5,94, conforme se pode notar no gráfico abaixo.

 



Os estrangeiros não parecem ter desistido de seu posicionamento contra o real, que começou a se inverter a partir do início deste ano e se encontra próximo dos níveis mais baixos dos últimos 5 anos. Não parece que se convenceram com a conversa fiada do governo.




O SP500 fechou a 5.631, com alta de 0,28%; o USDBRL a R$ 5,4439, com alta de 0,28%; o EURUSD a € 1,0897, sem alteração; e o ouro a U$ 2.421, com alta de 0,42%.

Fique ligado!

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