Quando bate o stop loss #IBOVESPA

 


Eu comecei a atuar diretamente nos mercados em 1979, quando assumi a responsabilidade pela tesouraria do Banco Francês e empresas associadas. Naquela época, não havia posição online, cálculo de volatilidade, stress test, VAR — não o do futebol! Hahaha — e outras coisas mais. Para dizer a verdade, nenhum controle de risco, ficava tudo na minha mão. Aprendi rapidamente o que é risco quando a posição de NTN’s cambial perdeu U$ 1.0 milhão em um dia, e era muito dinheiro na época. O pior é que eu nem sabia o que tinha ocorrido até a contabilidade me informar.

Fui evoluindo com o tempo e passei por inúmeros estresses em minha vida profissional, mas o pior foi quando, dono do meu negócio e cuidando de recursos de terceiros, passamos pela crise da Ásia em 1997. Quantas noites mal dormidas! Até aquela fase na minha vida, eu não tinha adotado o conceito de stop loss, que me foi introduzido na análise técnica pouco tempo depois.

No começo, achava meio ridículo como um preço me forçaria a sair de uma posição que considerava boa. Fui implantando devagar e notei com a experiência que, quando não colocava um stop loss, com argumentos esdrúxulos como "conheço bem a empresa e a gestão", "essa posição é para o longo prazo", "está muito barata" e coisas do tipo, perdi na maioria dos casos. Quando tinha stop loss, protegia meu capital. Hoje em dia, não existe nenhuma operação cujo stop loss não seja indicado de imediato, sem mudanças com o tempo (ajusta mais um pouquinho, vai subir...).

Agora, é muito fácil falar quando da fotografia no momento inicial, mas difícil durante o filme, com sua posição em andamento. Vou elencar algumas situações que ocorrem: você coloca o trade e, em menos de 24 horas, é estopado – funcionou perfeitamente, pois estava muito errado; o mercado começa a andar de lado e vai se aproximando do stop loss, chega perto, mas não bate – sente um alívio temporário, mas pode ficar tranquilo que, em 90%, vai bater; o mercado vai a seu favor e, de repente, muda de direção normalmente com violência e se aproxima do stop loss – ficamos com vontade de mudar o stop loss, mas não faça isso!

Nós, que mantemos posições, temos um parâmetro concreto para estabelecer o stop loss: o bolso, preservação do capital. Fico pensando como funciona para os economistas ou analistas quando resolvem mudar de posição. Esta semana, foi noticiado que dois gurus de Wall Street, Mike Wilson do Morgan Stanley e Marko Kolanovic do JP Morgan, por terem uma visão negativa da bolsa americana há bom tempo, tiveram consequências: o primeiro mudou de ponta com uma visão mais positiva e o segundo deixou a empresa depois de 16 anos. Os economistas acabam tendo o mesmo caminho, depois de um tempo, com perda de credibilidade, e, no limite, afetam seu bolso.

O leitor sabe que tenho apreço por alguns economistas, bem como jornalistas, basta seguir o Mosca para saber. No primeiro grupo, encontra-se Bill Dudley, que foi presidente do Federal Reserve de Nova York durante 9 anos, entre 2009 e 2018, pegou a grande recessão na autoridade monetária. Ele vinha pregando que o Fed estava atrasado nos juros e que deveria ainda subir mais. Hoje pela manhã, fui surpreendido pela sua matéria, onde a chamada diz tudo: “Mudei de opinião. O Fed precisa cortar os juros já!” Ualll... assim de cara? Leu o Mosca melhor-usar-o-chutômetroHahaha...

Há muito tempo eu fazia parte do grupo "mais alto por mais tempo", insistindo que o Federal Reserve dos EUA devia manter as taxas de juros de curto prazo no nível atual ou mais alto para controlar a inflação.

Os fatos mudaram, então eu mudei de ideia. O Fed deveria cortar, de preferência na reunião de política monetária da próxima semana.

Por anos, a força persistente da economia dos EUA sugeria que o Fed não estava fazendo o suficiente para desacelerar as coisas. A generosidade do governo na era da pandemia deixou pessoas e empresas com bastante dinheiro para gastar. Os vastos investimentos da administração Biden em infraestrutura, semicondutores e na transição verde aumentaram a demanda. As condições financeiras mais flexíveis — particularmente um mercado de ações em alta — aumentaram a propensão ao consumo das famílias mais ricas. Conter a inflação resultante, ao que parecia, exigiria um aperto monetário sustentado do Fed.

Agora, os esforços do Fed para esfriar a economia estão tendo um efeito visível. É verdade que as famílias mais ricas ainda estão consumindo, graças aos preços dos ativos em alta e às hipotecas refinanciadas a taxas historicamente baixas. Mas o restante da população geralmente esgotou o que conseguiu economizar das enormes transferências fiscais do governo e está sentindo o impacto das taxas mais altas nos cartões de crédito e nos empréstimos para automóveis. A construção de moradias estagnou, à medida que os custos elevados de empréstimos minam a viabilidade econômica de construir novos complexos de apartamentos. O ímpeto gerado pelas iniciativas de investimento de Biden parece estar diminuindo.




O crescimento mais lento, por sua vez, significa menos empregos. A pesquisa de emprego domiciliar mostra apenas 195.000 adicionados nos últimos 12 meses. A proporção de vagas não preenchidas para trabalhadores desempregados, em 1,2, está de volta ao que era antes da pandemia.

Mais preocupante, a taxa média de desemprego de três meses aumentou 0,43 ponto percentual em relação ao seu ponto mais baixo nos 12 meses anteriores — muito próximo do limite de 0,5 que, conforme identificado pela Regra de Sahm, sempre sinalizou uma recessão nos EUA.

Enquanto isso, as pressões inflacionárias diminuíram significativamente após uma série de surpresas positivas no início deste ano. O indicador de preços ao consumidor favorito do Fed — o deflator central para despesas de consumo pessoal — subiu 2,6% em maio em relação ao ano anterior, não muito acima do objetivo de 2% do banco central. A leitura de junho, que será divulgada na próxima semana, provavelmente reforçará essa tendência, a julgar pelos dados já relatados que alimentam o cálculo do PCE central. No front dos salários, os ganhos horários médios subiram 3,9% em junho em relação ao ano anterior, em comparação com um pico de quase 6% em março de 2022.

Por que, então, os funcionários do Fed estão insinuando fortemente que não haverá corte de juros na reunião da próxima semana?

Vejo três razões. Primeiro, o Fed não quer ser enganado novamente. No final do ano passado, uma moderação na inflação acabou sendo temporária. Desta vez, novos progressos na redução da inflação ano a ano serão difíceis, devido às leituras baixas no segundo semestre do ano passado. Portanto, os funcionários podem estar hesitantes em declarar vitória.

Segundo, o presidente Jerome Powell pode estar esperando para construir o consenso mais amplo possível. Com os mercados já esperando plenamente um corte em setembro, ele pode argumentar para os "pombos" que o atraso terá poucas consequências, ao mesmo tempo em que constrói mais apoio entre os "falcões" para a medida de setembro.

Terceiro, os funcionários do Fed não parecem particularmente preocupados com o risco de que a taxa de desemprego possa ultrapassar em breve o limite da Regra de Sahm. A lógica é que o rápido crescimento da força de trabalho, em vez de um aumento nas demissões, está impulsionando o aumento da taxa de desemprego. Isso não é convincente: a Regra de Sahm previu com precisão as recessões na década de 1970, quando a força de trabalho também estava crescendo rapidamente.

Historicamente, mercados de trabalho em deterioração geram um ciclo de feedback autorreforçado. Quando os empregos se tornam mais difíceis de encontrar, as famílias reduzem os gastos, a economia enfraquece e as empresas reduzem os investimentos, o que leva a demissões e a mais cortes nos gastos. É por isso que o desemprego, tendo ultrapassado o limite de 0,5 ponto percentual, sempre aumentou muito mais — o menor aumento foi de quase 2 pontos percentuais, do ponto mais baixo ao mais alto.

Embora possa já ser tarde demais para evitar uma recessão cortando as taxas, procrastinar agora aumenta desnecessariamente o risco.

Voltando à lógica de mercado, a situação mais difícil de executar é sair de uma posição comprada para uma vendida na sequência. Por exemplo: você executa um trade de compra de um ativo e coloca o stop loss. Infelizmente, seu stop loss é executado e, imediatamente, começa uma nova operação de venda do mesmo ativo. Quero ver quem tem "guts" para fazer isso, pois como dizia meu ex-sócio Gil Faiwichow na Zoom Asset Management, está sujeito à “operação violino” — prejuízo na ida e na volta. Para um analista técnico, existem algumas situações que se enquadram, e fica mais fácil a execução de tal estratégia.

A colocação de Bill Dudley é forte: bateu seu stop loss e abriu uma nova posição na venda, deixando dúvidas se a política monetária adotada pelo Fed foi tão restritiva que pode gerar recessão mais à frente, e veja que ele pregava exatamente o contrário. Declaração corajosa! Será que ele está operando nos mercados? Hahaha...

No post Xi-Jinping-está-com-insônia fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Não vou ainda eliminar minha hipótese de ainda uma nova queda, mas estou muito propenso a fazê-lo. E para meu amigo que não venha com a ladainha: **‘Hahaha... perdeu mais uma alta de um mercado que você acreditava’,** veja a seguir como seria essa hipótese. Esperaria o término da onda (1) azul e buscaria entrar na onda (2) azul dentro do intervalo 126,2 mil / 124,7 mil / 123,3 mil” ...

 



Como havia comentado, abandonei minha hipótese de baixa que pode prevalecer se as bolsas no exterior entrarem num período de queda. Além do mais, o governo está entrando num movimento de descontrole, segundo minha visão. O porquê disso: primeiro, a quantidade de memes com o Ministro Haddad como o “taxador” de maior instância. Imaginem como será metralhado (desacreditado) caso resolva implantar mais um. Nesse momento, só restaria uma saída para conter o déficit e acalmar os mercados: cortar despesas, o que eles não pretendem fazer — no câmbio já se pode notar a tensão; segundo, que o Lula, não tendo mais o que fazer, fica improvisando discursos no varejo sem o menor valor, apenas para passar o tempo.

Por tudo isso, e como o IBOVESPA ainda não adentrou na área destacada acima, resolvi compartilhar a opção de queda que, olhando de hoje, ainda não é minha preferida. Conforme podem observar a seguir, nessa hipótese, se poderia esperar uma queda ao nível de 114,7 mil / 113,0 mil.




No post acima, fiz uma menção que pode se encaixar na análise de hoje de forma um pouco distinta: “Se um mercado age como um mercado de alta uma onda b, tem os técnicos como um mercado de alta uma onda b, uma onda b é bem provável que assim seja”. Se existe uma imagem texto para onda b, a onda (b) laranja pode ser um bom exemplo. Let’s see!

O SP500 fechou a 5.427, com queda expressiva considerando o marasmo dos últimos dias de 2,32%; o USDBRL a R$ 5,6550, com alta de 1,26%; o EURUSD a € 1,0837, com queda de 0,13%; e o ouro a U$ 2.399, com queda de 0,42%.

Fique ligado!

Comentários

  1. O FED tem agido como trader, querendo especular na condução da economia, e provocar o pouso suave. Se não tivesse emitido aquela mensagem de que baixaria o juros em Novembro do ano passado, agora não estaria precisando se comprometer como o corte em Novembro.

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  2. não concordo mesmo com você! o Fed está agindo com um BC comprometido e cauteloso, se tivesse baixado antes acredito que a inflação teria voltado. recomendo a leitura do post de hoje que tem mais sobre o assunto

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