A China luta para se manter em pé #OURO #GOLD
Nos últimos anos, a
China vem enfrentando um acúmulo de dificuldades que vão além da conjuntura
econômica imediata. Tenho alertado os leitores do Mosca para o dilema que o
país asiático vive: de um lado, um modelo de crescimento ancorado em
investimentos de baixa produtividade e, do outro, a dificuldade crescente de
sustentar esse modelo diante de uma economia global cada vez mais avessa ao
risco geopolítico chinês.
Dois fatores estruturais
despontam como entraves imediatos: o colapso do setor imobiliário e a fraqueza
crônica do consumo interno. A bolha de propriedades, inflada durante mais de
uma década por crédito fácil e urbanização desenfreada, revelou seu limite.
Hoje, cidades fantasmas se espalham como cicatrizes de um erro de planejamento
monumental. Ao mesmo tempo, o consumidor chinês permanece retraído, em
contraste com o dinamismo observado em economias ocidentais. Mesmo com os
estímulos recentes, a população parece mais inclinada a poupar do que gastar.
Mas o cenário se agrava
com uma terceira variável: a reconfiguração do mapa global de investimentos.
Segundo dados da Bloomberg, empresas norte-americanas estão cortando
investimentos na China em ritmo recorde, movimento que se intensificou após a
escalada tarifária iniciada ainda no governo Trump. Trata-se de uma reação não
apenas às tensões comerciais, mas também à insegurança jurídica e à vigilância
política do regime de Xi Jinping. Em última instância, o que está em jogo é o
emprego — tema que, para o Partido Comunista Chinês, beira o tabu.
Nesse ambiente cada vez
mais hostil, alguns veem oportunidades. A Manus AI, por exemplo, tenta
capitalizar a tendência de desglobalização promovendo um “manual de des-China”,
uma proposta de realocação de cadeias produtivas fora do território chinês. No entanto,
essa narrativa pode ser uma armadilha. Como bem pontua a Bloomberg, as empresas
que abandonam a China em nome da segurança estão descobrindo que os custos
logísticos, a perda de escala e a instabilidade política em outros países
tornam a promessa ilusória.
Trump, por sua vez,
parece ter percebido que é impossível ignorar completamente a China. Embora
tenha sido o arquiteto da guerra comercial, seus recentes movimentos indicam
uma disposição para negociar. Como noticiado pela Bloomberg, o ex-presidente
norte-americano suavizou o tom com relação a Pequim, buscando garantir um
encontro com Xi Jinping e reabrir canais de diálogo comercial. Esse gesto, que
à primeira vista soa contraditório, pode ser interpretado como parte de um
acordo maior — um “grande barganha” que envolva tecnologia, comércio e
geopolítica.
Nesse contexto, o caso
da Nvidia se tornou um símbolo dessa ambiguidade estratégica. A empresa, que
domina o mercado global de chips voltados à inteligência artificial, estava no
centro da tensão tecnológica entre os dois países. Em tese, Trump havia proibido
exportações sensíveis para a China. Mas, de forma surpreendente, voltou atrás e
permitiu certas vendas da Nvidia ao país asiático.
A decisão não parece
fazer sentido — a menos que se trate de uma concessão calculada. A depender do
ângulo que se observa, o recuo de Trump poderia ser parte de um entendimento
informal com Xi Jinping, longe dos holofotes da diplomacia tradicional. Estaria
Trump envolvido pessoalmente, com interesses financeiros indiretos nessa
reviravolta? Difícil provar. Mas não seria a primeira vez que as decisões
políticas se misturam a interesses privados.
Diante desse emaranhado de sinais contraditórios, a China tenta manter o
jogo sob controle. Mas os riscos se acumulam. A combinação de investimentos em
fuga, consumo deprimido e dependência tecnológica do Ocidente forma um coquetel
que ameaça não apenas o crescimento, mas a própria estabilidade social do país.
Xi Jinping, cada vez mais centralizador, se vê pressionado a preservar o pleno
emprego, controlar o yuan, manter a autoridade do Partido — tudo ao mesmo
tempo. A opção de exportar para outros países parece ter criado um alívio no
curto prazo.
O quadro inspira cautela. A visão encantada de uma China onipotente já não se
sustenta. O mundo começa a perceber que o gigante asiático está, na verdade, em
modo defensivo. Mais do que crescer, o desafio agora é sobreviver sem implodir.
ANÁLISE TÉCNICA
No post "trump-lula" fiz os seguintes comentários sobre o ouro: "Embora a onda 4 azul não esteja formando um triângulo — ainda que essa possibilidade exista, não me parece a mais provável — e sim uma correção flat, a decisão de fechar a posição revelou-se acertada. O objetivo mais a frente continua sendo de alta, e agora é necessário identificar o ponto de entrada ideal. No gráfico abaixo, destaquei com um retângulo os possíveis níveis de suporte"
O metal continua sem uma direção no curto prazo se mantendo dentro de uma região entre U$ 3.200 / U$ 3.430, nas duas últimas semanas ainda mais restrito. O objetivo, caso essa correção se configure como flat seria entre U$ 3.139 / U$ 3.080 onde poderia terminar a onda (4) vermelha. Nada a fazer no curto prazo a não ser acompanhar
O S&P 500 fechou a
6.297, com alta de 0,54%; o USDBRL a R$ 5,4640, com queda de 0,39%; o EURUSD a
€ 1,1598, com queda de 0,37%; e o ouro a U$ 3.339, com queda de 0,23%.
Fique ligado!
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