Alquimia contábil #nasdaq100

 


As empresas americanas têm usado nos últimos anos o expediente muito comum de recomprar suas ações no mercado. Essa ação é totalmente legal. Vou explicar hoje como isso afeta as finanças e os resultados da empresas. Tyler Durden, do site ZeroHedge, explica o que está ocorrendo.

E se eu te dissesse que 40% do rali do mercado de alta na última década foi só graças às recompras? Isso pode não ser tão louco quanto parece.‎

‎O problema para as empresas em um ambiente econômico fraco é a falta de um bom crescimento na receita. Dado que os preços mais altos das ações compensam os executivos corporativos, não é surpreendente ver as empresas optarem pelo benefício de curto prazo em recomprar versus investir.‎

O aumento de dívida, uma forma de gerar crescimento, vem decaindo ao longo dos anos. Uma forma de se medir esse dado é avaliar qual o crescimento do PIB gerado por U$ 1,00 de dívida. Segundo a tendência mostrada no gráfico a seguir, em 2040 o incremento será de U$ 0,00, o que só faz sentido num ambiente deflacionário.



Entendendo recompras

‎Embora possa parecer que ‎"recompras de ações"‎ sejam inócuas, elas são mais espertas do que parecem. Vamos começar com um exemplo simplista.‎

  • Empresa A ganha $1 e há 10 ações em circulação.
  • Ganho por Ação (EPS) = $0,10/ação.
  • A Companhia A usa todo o seu dinheiro para comprar de volta 5 ações.
  • No próximo ano, a Empresa A ganha $1 novamente; no entanto, os ganhos agora são de $0,20/ação ($1 / 5 ações)
  • O preço das ações sobe porque o EPS saltou 100% em relação ao ano anterior.
  • No entanto, como a empresa usou todo o seu dinheiro para comprar de volta as ações, não tinha mais nada para incrementar seus negócios.
  • No ano seguinte, a Empresa A ainda ganha US$ 1/ação e o EPS permanece em US$ 0,20/ação.
  • O preço das ações cai por causa do crescimento de 0% ao longo do ano.

‎Sim, este é um exemplo extremo, mas mostra que as recompras de ações têm um efeito limitado e único na empresa. ‎É por isso que, uma vez que uma empresa se engaja em recompras de ações, ela fica inevitavelmente presa a continuar com a recompra de ações para manter os preços das ações elevados.‎ O problema é o desvio contínuo de quantidades cada vez maiores de dinheiro vindo de investimentos produtivos que poderiam criar crescimento a longo prazo.‎

A razão pela qual as empresas fazem isso é simples: compensação baseada em ações.‎ Hoje, mais do que nunca, muitos executivos corporativos têm uma grande porcentagem de sua remuneração atrelada ao desempenho das ações da empresa. Como resultado, uma ‎"quebra"‎ nas expectativas de Wall Street pode levar a uma penalidade pesada no preço das ações das empresas.‎

Em um estudo anterior do Wall Street Journal, 93% dos entrevistados apontam "influência no preço das ações" e "pressão externa" como razões para manipular os resultados publicados.‎ É por isso que o uso de recompras de ações continuou a subir nos últimos anos. Após o ‎"confinamento pandêmico",‎ elas dispararam. 



As recompras de a
ções só rendem dinheiro para aqueles que vendem suas ações.‎ Trata-se de uma transação de mercado aberto. Se a Apple‎‎(AAPL) ‎‎comprar de volta parte de suas ações em circulação, as únicas pessoas que recebem algum capital são aquelas que venderam suas ações.

‎Então, quem vende principalmente suas ações?‎

Como observado, são os insiders 1, é claro, ‎já que mudanças nas estruturas de compensação desde a virada do século tornaram-se fortemente dependentes da compensação baseada em ações. Os insiders liquidam regularmente ‎ações "concedidas" a eles como parte de sua estrutura geral de compensação. Isso lhes permite converter subsídios em riqueza real. ‎Como o Financial Times escreveu anteriormente:‎

"Os executivos corporativos dão várias razões para a recompra de ações, mas nenhuma delas tem perto do poder explicativo dessa simples verdade: os instrumentos baseados em ações compõem a maioria de seus salários e, no curto prazo, as recompras impulsionam os preços das ações. "

1 Embora este nome dado – insiders - aos executivos que detém ações de sua companhia, possa induzir a uma interpretação errônea. A SEC (CVM americana) estabelece regras rígidas para a venda dessas ações.

‎Um relatório recente sobre um estudo da Securities & Exchange Commission chegou à mesma conclusão:‎

  • A pesquisa da SEC descobriu que muitos executivos corporativos vendem quantias significativasde suas próprias ações depois que suas empresas anunciam recompra de ações, informa o Yahoo Finance.

‎O que está claro é que ‎o uso indevido e abuso de recompra de ações para manipular ganhos e recompensar insiders tornou-se problemático‎. Como ‎‎John Authers‎‎ recentemente apontou:‎

"Durante grande parte da última década, as empresas que compraram suas próprias ações foram responsáveis por todas as compras líquidas. O montante total de ações compradas de volta pelas empresas desde a crise de 2008 supera até mesmo os gastos do Federal Reserve em comprar títulos durante o mesmo período como parte da flexibilização quantitativa. Ambos aumentaram os preços dos ativos."

‎Em outras palavras, entre o Federal Reserve injetando uma enorme quantidade de liquidez nos mercados financeiros, e as corporações comprando suas ações de volta, ‎não houve efetivamente nenhum outro comprador real no mercado.

‎De quanto estamos falando?‎

O mercado deve ser 40% menor

‎O gráfico abaixo via Pavilion Global Markets mostra o impacto que as recompras de ações tiveram no mercado na última década. A decomposição dos retornos para o S&P 500 se divide da seguinte forma:‎

  • ‎21% da expansão de múltiplos,‎
  • ‎31,4% dos ganhos,‎
  • ‎7,1% de dividendos, e‎
  • 40,5% das recompras de ações.



Em outras palavras, na ausência de recompras de ações, o mercado de ações não estaria aos níveis recordes de 4600, mas sim níveis mais próximos de 2700 (não sei como ele chegou nesse resultado).

‎Para contextualizar, a marca de água da máxima para o S&P 500 em outubro de 2007 foi de 1556. Em outubro de 2021, após 14 anos, o mercado estaria em 2700 sem recompra de ações. Isso significaria que as ações renderam um total de cerca de 3% ao ano ou 42% no total ao longo desses 14 anos.‎

Conclusão

Antes de desprezar um retorno anualizado de 3%, isso equivale a uma economia crescendo a 2% com um rendimento de dividendos de 1-2%.‎ Além disso, esse cálculo se alinha às normas históricas que remontam a 1900.‎

‎Embora as recompras de ações por si só possam realmente ser algo inofensivo, é quando elas se juntam a artifícios contábeis e níveis maciços de dívida para financiá-las que se tornam problemáticas.‎

‎Michael Lebowitz‎‎ observou o risco mais significativo:‎

"Enquanto a mídia financeira aplaude as recompras e a SEC, a facilitadora de tais abusos, fica só olhando, continuarmos a insistir no tema. É vital, não só para os investidores, mas para o público em geral, entender os enormes danos já causados pelas recompras e o potencial de mais danos no caminho."

Dinheiro que poderia ser gasto estimulando o crescimento futuro, beneficiando os acionistas, em vez disso, foi desperdiçado beneficiando apenas altos executivos.

‎À medida que os preços das ações caem, as empresas que realizaram recompras não econômicas estão agora se encontrando com perdas financeiras em suas mãos, mais dívida em seus balanços e menos oportunidades de crescer no futuro. Igualmente perturbador, os CEOs que sancionaram as recompras estão muito mais ricos e não estão sendo cobrados por suas ações.‎

‎Para os investidores que apostam em preços mais altos de ações, a questão é o que acontece se a ‎"recompra de ações"‎ reverter?

Vou elaborar ideias sem o viés dado pelo artigo, que considera ser o lucro dos executivos a única razão para a recompra.

Se uma empresa tem uma determinada estrutura de capital e para conseguir seus objetivos está com excesso de caixa, por que não devolver o dinheiro aos acionistas, ao invés de ficar investindo a uma taxa muito baixa? Mas se não tem caixa e resolve tomar um empréstimo para devolver parte do capital, irá aumentar seus endividamento, o que afetará tanto o preço de seus bonds (taxa mais elevada) como pode afetar a cotação de suas ações.

Se mesmo no pior caso resolver devolver o dinheiro, a rentabilidade sobre o capital investido vai subir, isso é um fato real.

No caso dos executivos, a direção da empresa teria duas formas de motivá-los: participação nos lucros ou fornecer ações da companhia para esse fim. No primeiro caso os funcionários não correm risco — ganhou, recebeu —, enquanto no segundo depende da performance das ações. Sem dúvida, no segundo caso estão mais alinhados com o interesse dos acionistas.

Agora, o fato de eles – executivos - venderem suas ações e os outros acionistas não, não acho justa a comparação, afinal, os primeiros trabalham na empresa e vivem de seus rendimentos onde as ações é um deles, enquanto os acionistas têm somente interesses financeiros.

Por último, se o SP500 está mais elevado por conta dessa ação, nada mais justo — afinal, o que se pode dizer é que as companhias precisam de menos capital próprio para crescer do que originalmente imaginado quando levantaram esse capital.

No post medo-de-perder-o-bonde, fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ...” talvez eu devesse me fixar mais em movimentos maiores e deixar o curto prazo para meu acompanhamento. Na verdade, no intuito de esclarecer minhas ideias técnicas, acabo atrapalhando os leitores” ... ...” O gráfico a seguir mostra o objetivo de curto prazo para a bolsa entre 16.700/16.900, o que o mercado está chamando de o rali do Papai Noel”...



Estou esperando uma correção para poder entrar no mercado. Como havia comentado antes, ter ficado um pouco receoso, atrapalhou o momento de entrada.



Como mostrado no gráfico acima, estou aguardando o término da onda (iii) em verde – que pode ter terminado ou ainda mais uma alta até 15.936 – dentro da elipse, para então, na retração da onda (iv) em verde, poder entrar.

Falando sobre entradas prematuras, eu fiz duas ultimamente que não foram bem-sucedidas: a primeira no índice ibovespa e ontem no euro -estou zerando hoje essa posição antes do stop loss, não gostei do movimento desde a entrada. Embora tenha frisado que eram trades especulativos, sem que houvesse evidencias técnicas mais solidas – me baseei em gráficos de janelas mais curtas. 

Esse exemplo mostra como as vezes nos sentimos “obrigados a fazer alguma coisa”, pois decorria um tempo que estávamos sem posições. Um grande erro que deve ser evitado: se não tem nada atrativo dentro dos parâmetros técnico, não se deve fazer nada, ao invés de querer “enxergar” sem a comprovação do mercado – mea culpa!

Felizmente, não fui teimoso, o que me levaria a ajustar os stop loss mais para baixo para não ter que enfrentar a dor da perda.

Nota: É para ficar com muita raiva, enquanto as bolsas internacionais atingem recorde após recorde, aqui no Brasil só cai. Etá governo bom!

O SP500 fechou a 4.605, com alta de 0,19%; o USDBRL a R$ 6.6483, sem variação; o EURUSD a 1,1559, com queda de 1,03%; e o ouro a U$ 1.782.

Fique ligado!

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