Energia está escassa #Ibovespa

 


Um assunto que é recorrente em 2021 é a falta. Faltam componentes de microchips, impactando principalmente o mercado automobilístico, falta mão de obra mesmo com taxas de desemprego ainda elevadas, acarretando deficiência no mercado de mão de obra não especializada — restaurantes, atendentes e motoristas de caminhão, afetando o transporte de alimentos.

Mais recentemente, o mercado de energia apresenta falta generalizada dos principais insumos. No Brasil, a crise energética tem uma razão clara de oferta, pelo baixo nível dos reservatórios — nossa maior fonte energética. Mas esse problema não se limita a nós e está ocorrendo de forma global.

 A China está no meio de uma crise de fornecimento de energia, que se tornou crítica nos últimos dias. No mês passado, 16 das 31 jurisdições provinciais implementaram medidas de racionamento de eletricidade, disparando o alarme generalizado entre grande parte da população e mergulhando no caos o setor industrial do país.

Na Europa, que usa o gás natural como fonte importante de energia, seus preços explodiram, como relata Tyler Durden em seu post ZeroHedge.

A crise de energia da Europa está abalando os mercados na quarta-feira, com o salto de 60% nos preços dos contratos de futuros de gás natural em apenas dois dias, atingindo recordes juntamente com a alta dos preços da energia. Só para efeitos comparativos, os preços do gás natural correspondem ao equivalente a U$ 250 no petróleo.



Políticos da U.E. ligaram o botão de pânico para proteger os consumidores e as empresas do aumento dos preços no gás natural e na energia. O chefe de energia da União Europeia, Kadri Simson, disse que uma revisão sobre as regulamentações energéticas pode acontecer até o final do ano para evitar que os custos crescentes de energia descarrilhem a recuperação econômica. Como já vimos, o aumento dos preços no gás natural resultou, por parte dos fabricantes de ‎‎fertilizantes,‎‎ na limitação ou interrupção de suas vendas do Reino Unido para a Alemanha, o que interrompeu as cadeias de fornecimento de alimentos. 



Antes do inverno, os estoques de gás natural da E.U. estão em seus níveis sazonais mais baixos em mais de uma década. O continente é ‎‎super dependente do gás natural russo,‎‎ cujos fluxos diminuíram nos últimos meses. Também não está claro quando podem começar novos suprimentos através do Nord Stream 2, o novo e controverso ‎‎gasoduto ‎‎ da Rússia — neste momento, é tarde demais para suprimentos frescos, já que o período de reabastecimento foi há um mês. A Europa tem pela frente um inverno rigoroso. Mas não se preocupe. É provável que os governos subsidiem os custos de energia para as famílias e até mesmo as empresas para impedir um inverno de descontentamento. Afinal, os políticos só têm um trabalho: ser reeleitos – vale em qualquer parte do mundo!

Enquanto isso, a crise da eletricidade continua a agitar os mercados asiáticos, à medida que os compradores chineses estão pagando preço caro pelo gás natural, já que Pequim ordenou que ‎‎as empresas de energia garantissem suprimentos a todo custo.‎

"O mercado mundial de gás nunca esteve em uma situação em que a Ásia e a Europa fossem obrigadas a competir ferozmente pela carga marginal de GNL disponível — já que esta última deveria se beneficiar da oferta confortável de gasodutos."

Os mercados globais de gás e até mesmo o carvão apertaram significativamente antes do inverno do hemisfério norte. A queda já começou, as temperaturas estão caindo, e muitas dessas regiões foram pegas com suprimentos de energia abaixo da média.

A oferta de energia mundial não sofreu muita alteração no decorrer dos últimos 50 anos. Como de pode notar no gráfico a seguir, houve uma substituição do uso de óleo por gás natural.



Mas o que pode ter ocasionado essa escassez de insumos energéticos no mundo todo? Sem dúvida, a retomada das economias turbinadas com os recursos “doados” às pessoas para enfrentar a pandemia não foi acompanhada por uma elevação da oferta em tempo suficiente. Também não menos importante é a nova tendência dos governos de diminuir os níveis de poluição, obrigando empresas e governos a mudar suas fontes de energia.

Mais um problema a ser enfrentado num mundo cuja dificuldade é o inverso do que se temia há um ano — uma demanda aquecida.

Como comentei no post por-tras-da-evergrande, as construtoras na China foram fortemente afetadas pelos receios do mercado. Os títulos de renda fixa emitidos por essas empresas desmoronaram nesta semana, seguindo o que ocorreu com a Evergrande. Se o governo não agir rapidamente, não vai sobrar nenhuma.


Situações como essa no passado afetavam de maneira expressiva a moeda do país, nesse caso a China. Seria natural esperar que os investidores estrangeiros procurassem a porta de saída. Supreendentemente, não é o que está ocorrendo, e isso pode ser verificado na cotação da moeda chinesa o renminbi, que se mantém nos níveis máximos (gráfico expresso na quantidade de renminbi por dólar) dos últimos anos — importante mencionar que o dólar vem se valorizando ultimamente, o que reforça ainda mais esse fato.



No post escolas-sem-dependência fiz os seguintes comentários: ...” O nível de 114.000 é fundamental para a continuidade da alta. Ainda não parece maduro para ocorrer, pode tardar dias” ...



Não só não conseguiu ultrapassar o nível de 114.000, como está ameaçando continuar a queda. Hoje pela manhã esteve muito próximo em romper 107.520 o que significaria que o mínimo ainda não foi atingido.



Esse exemplo serve para enfatizar a dificuldade de encontrar o preço mínimo de uma correção. Mesmo com uma série de indicadores apontando para essa possibilidade, isso não necessariamente irá ocorrer, e como seu stop loss deverá ser colocado nesse ponto, as chances de diversos eventos de perda são possíveis.

Minha preferência é sempre a complementação de 5 ondas pequenas, e na sequência, uma mini correção é esperada, onde posso sugerir um trade.

O momento espelhado nos mercados de uma maneira geral é de dúvida, e a grande questão continua sendo a inflação, ou pior ainda seria a deflação. Mesmo com taxas de juros de 0% nos países desenvolvidos, vale lembrar: melhor não ganhar nada do que perder.

O SP500 fechou a 4.363, com alta de 0,41%; o USDBRL a R$ 5,4835, com alta de 0,16%; o EURUSD a 1,1550, com queda de 0,35%; e o ouro a U$ 1.763, com alta de 0,17%.

Fique ligado!

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