Grandes crenças #SP500

 

*Comunicado: Amanhã não haverá publicação do Mosca voltando regularmente na quinta-feira.

Os mercados brasileiros estão ainda comemorando a encruzilhada que o resultado das eleições apresentou assumindo como fato que numa vitória do Lula, o mesmo teria que sentar no colo da direta para implementar seus projetos, que diga-se de passagem, até agora ninguém sabe será a linha do Mercadante ou Henrique Meirelles. Gostaria de lembrar que com acenos financeiros aos deputados tudo é possível, e nesse quesito tem PHD. Dessa forma essa tese cai por terra.

A possibilidade de Bolsonaro ganhar é diminuta somente um milagre poderia fazer os ausentes ir à votação agora, pois se esses faltosos estivessem preocupados com a vitória do PT já teriam votado, provavelmente essa parcela representa os desinteressados em qualquer candidato. Agora, se os bolsonaristas esperam que os votos do Ciro e da Tebet estão loucos para votar nele, pode tirar o cavalo da chuva. Meu chute é que o Lula ganhe com 52%/53%, o que por si só é bem apertado.

O tema de hoje tem a ver com o comportamento humano, e como algumas crenças são infundadas. A mente humana é poderosa consegue criar situações que está em acordo com seus desejos. Morgan Housel comenta sobre o assunto em seu site Collaborative - uma rede de gestores de fundos que investe entre classes de ativos.

Quando você começa a estudar um campo, parece ter que memorizar um zilhão de coisas. Você não precisa. O que você precisa é identificar os princípios fundamentais – geralmente de três a doze deles – que regem o campo. As milhões de coisas que você pensou que tinha que memorizar são simplesmente várias combinações dos princípios fundamentais.

A maioria dos campos são uma hierarquia de verdades com grandes ideias no topo e leis, regras e detalhes mais finos se ramificam abaixo deles. Ver ideias isoladamente, sem reconhecer a árvore genealógica de onde vieram, dá uma visão distorcida de como um campo funciona e pode complicar demais o que muitas vezes são respostas simples.

Crenças são as mesmas. Quantas crenças de negócios e investimentos eu tenho – opiniões, ideias, modelos etc.? Não sei, milhares provavelmente. É um tema complexo. Mas a maioria deriva de algumas crenças fundamentais.

Algumas coisas grandes que eu acredito:

A incapacidade de prever o passado não tem impacto no nosso desejo de prever o futuro. A certeza é tão valiosa que nunca desistiremos da busca por isso, e a maioria das pessoas não poderia sair da cama de manhã se fossem honestas sobre o quão incerto é o futuro.

O sucesso de ninguém é provado até sobreviverem a uma calamidade. O acaso muitas vezes se disfarça como habilidade, e a única maneira de distinguir os dois é ver quem ainda está de pé após uma tempestade.

É preciso menos esforço para aumentar a confiança do que a capacidade. A confiança dá a impressão de remover a incerteza, que queremos desesperadamente e somos rápidos em abraçar, enquanto a capacidade está constantemente sob ataque da concorrência e de uma economia em evolução.

Incentivos são a força mais forte do mundo. Eles explicam por que as pessoas boas fazem coisas horríveis, por que pessoas inteligentes fazem coisas estúpidas, e por que pessoas comuns fazem coisas incríveis. Quase todos subestimam o quanto suas próprias crenças e ações são influenciadas por seus incentivos, muitos dos quais são projetados para cumprir os objetivos de outra pessoa.

Sentar-se ainda parece imprudente em um mundo em movimento rápido, mesmo em situações que oferece as melhores chances de composição a longo prazo. É como dizer que você deve se fazer de morto se um urso te atacar – correr por sua vida parece mais prático. O viés em relação à ação é uma das forças mais fortes no investimento empresarial por três razões: pode ser o único sinal para si mesmo e para outros que você não está alheio aos riscos. Pode ser o único sinal para os outros de que você mereceu seu salário. E pode fornecer a ilusão de controle em um mundo onde tanta coisa está fora de suas mãos.

É difícil determinar o que é sorte e o que é risco infeliz. Investir é um jogo de probabilidades, e quase todas as probabilidades são inferiores a 100%. Você pode fazer uma boa aposta com as chances a seu favor e ainda perder, e uma aposta imprudente e ainda ganhar. Torna difícil julgar o desempenho dos outros – muitas decisões boas acabam pelo lado infeliz do risco e vice-versa.

A calma planta as sementes da loucura. Se os mercados nunca caíssem, não seriam arriscados. Se não fossem arriscados, ficariam caros. Quando são caros, eles caem. O mesmo para recessões. Quando a economia está estável, as pessoas ficam otimistas. Quando estão otimistas, ficam endividados. Quando eles se endividam, a economia se torna instável. Tempos loucos não são um acidente – são inevitáveis. O mesmo ciclo funciona ao contrário, pois os tempos deprimidos criam oportunidades que plantam as sementes do próximo boom. Uma maneira de resumir: nada muito bom ou ruim dura indefinidamente.

Histórias são mais poderosas que estatísticas, porque são mais fáceis de entender e contextualizar para sua própria vida. A pessoa que conta a história mais convincente ganha. Não quem tem a melhor ideia, ou a resposta certa. Quem conta uma história que chama a atenção das pessoas e faz com que elas acenem com a cabeça.

Como escreve Aldous Huxley: "O homem tem uma capacidade quase infinita de tomar as coisas como garantidas." As traves do sucesso mudam constantemente. Uma nova inovação pode ir do luxo insondável à necessidade de linha de base em alguns meses. Portanto, o progresso está sempre um passo à frente do contentamento. Isso alimenta a necessidade de continuar inovando, o que é ótimo. Mas cria um mundo onde as pessoas que estão exponencialmente melhor do que seus ancestrais têm pouca felicidade adicional para mostrar para eles.

A maioria das pessoas são cegas para seus próprios defeitos. Como Ben Franklin escreveu: "Vice sabe que ela é feia, então ela se esconde atrás de uma máscara."

São pensamentos interessantes que merecem uma reflexão dos leitores. No ponto de vista do Mosca considero duas as mais relevantes: saber se seu sucesso foi por sorte ou competência e que nenhum sucesso é garantido se não passou uma calamidade.

Sou capaz de afirmar que você já se enganou num trade bem-sucedido, é muito difícil estabelecer uma probabilidade de sucesso no início de uma operação pois ela vai ser a chave para responder a pergunta crucial se foi sorte ou competência. Veja uma situação que ocorreu na minha juventude. Um grande amigo me convidou para assistir uma corrida de Fórmula 1 em sua casa, eram os tempos gloriosos de Airton Senna. Terminada a corrida com sua vitória, fez um comentário de supetão: Acabei de comprar uma mesa de snooker vamos jogar uma partida? Achei estranho que o convite não tivesse sido feito de início. Eu jogava medianamente bem e não sabia das suas capacidades, mas se comprou uma mesa para colocar em casa ruim não deveria ser, por outro lado não tinha nada a perder. Eu estava naqueles dias que tudo dava certo, colocava a bola7 depois a da vez e assim por diante, conclusão ganhei. Senti que ele ficou furioso e imediatamente pediu uma revanche. Eu tinha certeza de que na próxima iria perder de lavada e arrumei uma desculpa que precisava ir embora. Fique com a vitória como loro, mas não porque superei meu amigo e sim porque tive muita sorte.

Tente refletir nos seus sucessos e avaliar se foram por sorte ou competência. No esporte é mais fácil responder bastaria competir diversas vezes e avaliar os resultados, já em investimento não existe essa forma de comparar pois as situações diferem entre si. Mesmo assim vale o exercício e não tente se enganar.

Quanto à outra condição, a de ter passado por uma calamidade para provar seu sucesso tem como pano de fundo o conceito que vamos falhar, não existe acertar sempre - quem se diz assim está se enganando. Lembro diversos momentos críticos, porém minha catástrofe foi a crise da Ásia, quando no olho do furacão, um dos fundos administrados estava com patrimônio negativo, ou seja, teria que pedir mais aporte aos cotistas. Por sorte, Bill Clinton fez uma declaração na hora do almoço e os mercados se recuperam parcialmente o que permitiu sair dessa situação, mesmo assim a perda foi grande. Depois desse dia, cada dia parecia uma eternidade tamanha a oscilação de preço dos ativos. Sobrevivi!

No post a-verdade-oculta, Fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...”  Desde a última atualização o SP500 continuou em queda atingindo a mínima do ano. O objetivo de queda permanece os mesmos 3.550/3.450” ...



No último dia 30 a bolsa atingiu a mínima de 3.584 e desde então vem recuperando terreno. Seria essa o ponto de virada? Tudo indica que não, porém está chegando a níveis que terei que considerar essa hipótese. O trade com a nasdaq100 foi stopado no nível de entrada devolvendo parte do lucro que constava da planilha semanal.

Eu tenho consciência que nesse momento não se deve ter nenhuma ideia pré-estabelecida, pois, podemos estar muito próximos da virada.

A onda IV em laranja está muito próxima da invalidação conforme notado no gráfico a seguir, esse ponto é 3.837. Dois pontos a considerar: a correção que se iniciou no início deste ano foi na maioria com movimentos complexos; as minis correções tem sido extensas e mais profundas que o normal.


O gráfico a seguir é interessante em termos de perspectiva e está de acordo com minha visão que a bolsa deveria recuperar. Como venho comentado eu tenho também um cenário mais negativo, porém observando o que ocorreu no passado somente seria plausível se fosse esperado numa queda oriunda por um risco sistêmico. Acredito que estamos dentro de um cenário de queda cíclico.

O SP500 fechou a 3.790, com alta de 3,06%; o USDBRL a R$ 5,1673, sem variação; o EURUSD a € 0,9985, com alta de 1,65%; e o ouro a U$ 1.724, com alta de 1,5%.

Fique ligado!

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