Parece muito, mas é pouco #SP500

 


Num processo inflacionário normal, o banco central vai tateando em qual nível de juros consegue controlar a inflação, isso se a autoridade monetária não demorar para agir. Quando a inflação pega de surpresa e ninguém esperava, as coisas podem ficar mais difíceis. O Fed começou a atuar de forma mais decisiva a partir deste ano e foi ajustando as expectativas conforme os dados de inflação foram piorando.

Já está contratada uma alta de mais 150 pontos até janeiro, o que levaria o juro para 4,50%-4,75%. Esse nível está mais ou menos espelhado no mercado, sendo na verdade um pouco superior pois está próximo de 5%.


O mercado já começa apostar que o ciclo de alta estaria terminado, colocando otimismo nos mercados de risco, onde o SP500 subiu quase 10% da mínima ocorrida este mês. Mas será isso suficiente? Segundo Bill Dudley relata na Bloomberg, ainda é muito pouco; ele acredita que Powell está mais para Arthur Burns que para Paul Volker, sendo o primeiro o presidente do Fed entre 1970 e 1978, conhecido por ter sucumbido à pressão do presidente Nixon na época. Depois de deixar a inflação subir, somente em 1975 admitiu – muito tarde – que os EUA tinham um problema de inflação.

O presidente do Federal Reserve dos EUA, Jerome Powell, enfrenta uma escolha crucial, com o banco central enfrentando a pior crise de inflação desde a década de 1970: Que tipo de presidente ele será? Um Paul Volcker, que colocou as taxas de juros cada vez mais altas em um esforço intransigente para manter os preços sob controle? Ou um Arthur Burns, que agiu de forma mais tímida, na esperança de que uma abordagem menos austera pudesse ser suficiente para fazer o trabalho?

Até agora, ele está mais parecido com o segundo.

Até o momento, o aperto monetário do Fed não tem feito muito para reduzir as pressões inflacionárias ou enfraquecer o mercado de trabalho. Em setembro, o índice médio de preços ao consumidor subiu 7,0% em relação ao ano anterior, ante 6,7% em agosto. A folha de pagamento expandiu-se em 263.000 em setembro, aproximadamente o triplo do ritmo consistente com uma taxa de desemprego estável. A proporção de empregos não preenchidos para trabalhadores desempregados ficou em 1,7 em agosto, superando em muito a proporção de 1 para 1 que Powell citou como apropriada. Nada disso é consistente com inflação mesmo estável, muito menos em declínio.

Dada a falta de progresso, pode-se esperar que o Fed coloque as taxas de juros ainda mais altas do que o planejado anteriormente. No entanto, as observações recentes dos diretores sugerem que eles estão aderindo às suas projeções de setembro, que preveem taxas aumentando 75 pontos-base em novembro, 50 em dezembro e 25 em janeiro para um pico de 4,50% a 4,75%. Em outras palavras, eles pretendem levar as taxas a um nível moderadamente restritivo, depois esperar para ver se isso restringe o crescimento e aumenta o desemprego o suficiente para trazer a inflação de volta para a meta de 2% do Banco Central. Se eles não conseguirem o resultado desejado de forma relativamente rápida, eles manterão as taxas no pico por mais tempo, em vez de ir mais alto.

Enfatizar "por mais tempo" em vez de "mais alto" tem algumas vantagens. Espera-se que reduza o risco de um pouso duro: se a política monetária é um pouco apertada, mas não muito apertada, a atividade e o emprego devem desacelerar gradualmente. Dá tempo aos funcionários do Fed para avaliar as consequências de seus esforços, reconhecendo que a política monetária implica incerteza e afeta a economia com defasagens longas e variáveis.

Dito isso, os riscos negativos são significativos. Como o aperto menos agressivo leva mais tempo para reduzir a inflação, pode permitir que as expectativas inflacionárias se tornem maiores– uma dinâmica que apenas taxas de juros ainda mais altas poderiam neutralizar. Além disso, o aumento das taxas importa tanto quanto o nível das taxas. Com o tempo, o efeito do nível mais alto vai desaparecer – quando, por exemplo, o mercado imobiliário tiver concluído seu ajuste para taxas hipotecárias mais altas. Uma vez que isso aconteça, novos aumentos de taxas serão necessários para exercer mais contenção.

Não existe nada de graça. Para aumentar suas chances de reduzir a inflação para 2%, o Fed tem que estar disposto a empurrar as taxas de juros de curto prazo para cima quando a economia não desacelerar o suficiente e o mercado de trabalho permanecer muito apertado. Isso aumenta a probabilidade de recessão. Volcker fez o que era necessário e bateu a inflação. Burns não, e falhou. Como Powell quer ser lembrado?

Segundo a ideia de Bill Dudley, um economista renomado e com experiencia no Fed onde atuou de 2009 a 2018 como presidente do Federal Reserve de Nova York, o juro estaria ainda longe de uma pausa. Não vi explicitamente qual o nível de juro que imagina ser necessário, mas não seria algo mais que 6% ou 7%. Além disso, espera que o juros terá que ficar na região restritiva por um bom tempo, muito diferente do mercado, que acredita estar perto do final.

Um trabalho efetuado pelo Deutsche Bank corrobora de certa forma a ideia de Dudley e contesta a rapidez como o mercado imagina que os juros possam ser reduzidos.


A história sugere que seria incomum ver a inflação agora cair tão rapidamente quanto o consenso acredita nos próximos 2 anos. De fato, usando dados dos últimos 50 anos (a era do dinheiro fiduciário), o CoTD de hoje mostra que as atuais previsões de consenso estariam no decil mais otimista de observações durante esse período. Observe que, na maioria dos ciclos inflacionários, as taxas normalmente não começam a subir apenas depois que a inflação atinge 8% (como aconteceu neste) e a política fiscal normalmente não afrouxa (por exemplo, em toda a Europa, devido à crise do gás).

Se o consenso ou a observação mediana ao longo da história está correto, terá profundas implicações para os ativos nos próximos meses e anos. Então, isso é crucial para ter uma visão.

 Na próxima semana, o Fed vai se reunir para definição dos novos passos da política monetária, e é praticamente consenso que um novo aumento de 75 pontos irá ocorrer. Isso o mercado já sabe, eles vão querer ver as pistas daí em diante.

Sobre a dúvida levantada por Dudley — de que forma Powell será visto no futuro — vai ser preciso esperar para ver.

No post quem-quer-ser-milionário-no-mínimo fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Numa janela de curto prazo, é possível que essa alta que começou na última quinta-feira possa terminar ao redor de 3.800, para em seguida um movimento de queda levar para 3.320/3.270. Vou estar monitorando no curto prazo uma eventual sugestão de venda da bolsa” ...


Hoje pela manhã o SP500 ultrapassou o nível de 3.800 colocando em questão a opção de uma nova queda. Não tem problema, podemos atuar nas duas ideias. Nesse possível novo cenário, a bolsa teria um objetivo inicial ao redor de 4.150. Para o leitor ter uma ideia, está traçado no gráfico a seguir com linha laranja.

- Xiiiiii David, a bolsa te pegou no contrapé! Hahaha ....

Eu vou mudar sua frase sarcástica por uma mais adequada, o cenário alternativo está ganhando mais força, só isso. Me pegaria no contrapé se eu estivesse vendido!

Muito bem, o que vamos fazer? No gráfico com janela de 15 minutos aponto os possíveis próximos passos. Depois dessa alta que se iniciou no dia 21/10, uma correção de 3 lances deve ocorrer (A, B, C em verde). Se e somente se, houver as 3 ondas poderemos entrar com um trade ao redor de 3.740.


Mesmo que alta tenha começado, ainda existem diversos caminhos que podem ocorrer, somente a consolidação dos preços nos dará segurança de um novo ciclo de alta. Minha sugestão e ir atuando de forma cautelosa, sem estabelecer um caminho único.

Quanto ao meu amigo, queria novamente enfatizar que o compromisso é com o bolso e nada mais, se for na compra ou na venda não importa!

O SP500 fechou a 3.859, com alta de 1,63%; o USDBRL a R$ 5,31, com alta de 0,13%; o EURUSD a 0,9966, com alta de 0,93%; e o ouro a U$ 1.653, com alta de 0,30%.

Fique ligado!

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