Quem quer ser milionário (no mínimo!) #SP500

 

O apresentador Luciano Huck substituiu Fausto Silva no programa da Globo cujo nome já diz tudo: Domingão. O programa era chato antes e ficou mais chato ainda, a qualidade de Luciano não combina com esse tipo de programa — seguramente Marcos Mion seria uma opção melhor. Um dos quadros atuais, Quem quer ser um milionário? foi baseado num filme indiano, embora versões semelhantes ao programa brasileiro tenham ido ao ar em diversos países.

Eu poderia lançar uma série exclusiva e talvez oferecer um prêmio bem superior ao milhão, seja qual for a moeda. A pergunta seria: Quando o mercado acionário vai atingir a mínima? Tenho observado que inúmeras matérias versam sobre essa questão. Vou buscar colocar hoje algumas versões sobre esse tema e como encaro esse assunto.

Farah Elbahawy publicou na Bloomberg um artigo baseado nos resultados divulgados pelo Bank of America.

O sentimento sobre as ações e o crescimento global entre os gestores de fundos pesquisados pelo Bank of America Corp. mostra total capitulação, abrindo caminho para um rali de ações em 2023.

A pesquisa mensal de gestores de fundos globais do banco "só mostra macro capitulação, capitulação de investidores, início da capitulação política", escreveram estrategistas liderados por Michael Hartnett em nota na terça-feira. Eles esperam que as ações subam das mínimas no primeiro semestre de 2023, depois que o Federal Reserve finalmente se afaste da elevação das taxas de juros.

"A liquidez do mercado deteriorou-se significativamente", disseram os estrategistas, observando que os investidores têm 6,3% de suas carteiras em dinheiro, o maior percentual desde abril de 2001, e que 49% das carteiras são ações abaixo do peso.

Um número quase recorde de entrevistados disse esperar uma economia mais fraca nos próximos 12 meses, enquanto 79% previram que a inflação cairá no mesmo período, de acordo com a pesquisa de 326 gestores de fundos com US$ 971 bilhões sob gestão, que foi realizada de 7 a 13 de outubro.

"Embora o mercado de ações estivesse imune ao sentimento sombrio até o mês passado, começou a refletir melhor o pessimismo dos investidores", escreveu Hartnett.


À medida que a temporada de ganhos ganha força, 83% dos investidores esperam que os lucros globais piorem nos próximos 12 meses. 91% disseram que é improvável que os lucros corporativos globais subam 10% ou mais no próximo ano -- o maior desde a crise financeira global -- um sinal que sugere mais decréscimo nas estimativas de lucro do S&P 500, de acordo com os estrategistas.

As ações globais reagiram nos últimos dias em meio ao suporte de níveis técnicos, mudanças nas políticas governamentais do Reino Unido e foco nos ganhos. Hartnett e sua equipe descreveram a alta após o número da inflação dos EUA na semana passada como um "abraço do urso."

Outros destaques da pesquisa incluem:

  • Em termos absolutos, os investidores estão apostando mais em caixa, produtos para a saúde, energia e produtos básicos, e menos em ações, ações do Reino Unido e da Zona do Euro, bem como títulos
  • As negociações mais demandadas são a compra do dólar americano, ações vendidas a descoberto na Europa, compra de ativos ESG, compra de petróleo, venda em mercados emergentes e em dívida e ações da China, bem como dívida e ações do Reino Unido
  • Uma número recorde de 68% vê o dólar como supervalorizado
  • Investidores veem os mercados europeus de dívida soberana como a fonte mais provável para um evento de crédito sistêmico.
  • Os investidores veem chances crescentes de um pivô de política nos próximos 12 meses, com 28% dos participantes vendo taxas de curto prazo mais baixas dentro desse prazo.

Ben Carlson publicou em seu site A Wealth Of Common Sense algumas estatísticas de quando ocorreram essas mínimas.

ATENÇÃO, POR FAVOR. A COSTA ESTÁ LIMPA. O MERCADO DE AÇÕES CAIU. É SEGURO INVESTIR DE NOVO.

A vida seria mais fácil se um anúncio como esse fosse o caso. Mas se tudo fosse óbvio no mercado de ações, ele não ofereceria retornos tão maravilhosos a longo prazo.

9 de março de 2009 é o fundo de uma das piores quedas de mercado da história do mercado de ações. O S&P 500 caiu quase 60% em um período de 18 meses.

Certamente não era óbvio na época que aquele dia era o fundo do poço.

Infelizmente, nunca é.

A crise de 2008 foi minha primeira crise financeira real enquanto trabalhava no setor financeiro. Foi uma época assustadora.

Mesmo nas profundezas da crise parecia que as coisas só iam piorar.

Ainda com o mercado atual de baixa que viu o S&P 500 cair 25%, o mercado de ações subiu quase 600%, ou mais de 15% ao ano, desde aquele dia:

Eu não compartilho esses retornos fantásticos para mostrar como é fácil investir a partir das profundezas de um mercado de queda.

Pelo contrário, este é um lembrete importante de como é difícil acertar o fundo durante uma queda livre nas ações.

Queria que fosse fácil, mas não há sinais claros para dizer quando a poeira vai assentar. Basta olhar para vários indicadores fundamentais na parte inferior de cada mercado de queda desde 1945:

Se você olhar para as taxas de juros, avaliações, taxas de inflação e rendimentos de dividendos para cada um desses fundos, não há muita consistência.

Às vezes, as avaliações atingem os níveis inferiores, mas nem sempre. Às vezes, os rendimentos dos títulos são altos quando as ações estão em baixo e às vezes são baixos.

Os rendimentos dos dividendos aumentaram durante as quedas do mercado passado, mas não há uma linha clara. E as taxas de inflação estão em todo lugar, então mesmo que você saiba quais níveis de preços serão de 6 a 12 meses a partir de agora, ainda pode não ajudar a prever onde o mercado de ações vai estar.

Você poderia tentar usar a economia como uma dica para o mercado de ações, mas boa sorte nisso aí.

Isso vai parecer bobo, mas o preço é o melhor indicador que permite que você saiba quando acaba um mercado de queda.

O mercado de queda vai acabar quando os preços das ações começarem a subir.

A coisa é que toda vez que as ações começam a subir em tempos como estes, ele vai parecer uma alta no meio de uma queda maior ou pulo de gato morto que vai falhar.

Mas uma dessas altas no meio da queda que parece que é uma finta vai eventualmente se transformar no mercado de alta líquido e certo.

Não há como dizer quando isso vai acontecer antes do tempo.

Essa é a alegria de investir em ativos de risco.

Às vezes você simplesmente precisa ter um pouco de fé e muita paciência.

Falta ainda observar se as pessoas físicas tiveram o mesmo destino dos investidores profissionais que passaram o ano de 2022 diminuindo suas posições na bolsa de valores. Pelo fluxo apresentado a seguir isso ainda não ocorreu.


Uma pesquisa realizada com os grandes gestores de fortunas apresenta um quadro interessante embora não conclusivo. Por um lado, a grande maioria acredita que a mínima ainda não foi atingida — sendo assim, eles esperam novas quedas. Por outro lado, a grande maioria é otimista se considerarmos os neutros (70%), ou seja, posso concluir que apenas 30% são pessimistas. Não consigo saber se esses investidores venderam ou não sua carteira.

Pronto, chegaram a uma data? Bem não é possível que alguém acerte exatamente o dia a não ser por pura sorte, vou estabelecer alguns pontos no tempo:

a)       Até o final de 2022?

b)      Primeiro trimestre de 2023?

c)       Segundo trimestre de 2023?

d)      Depois do primeiro semestre de 2023?

Vamos tentar observar o que ocorreu até hoje. A grande parte dos investidores institucionais já estão preparados para quedas maiores, pois venderam parte de sua carteira além de terem comprado instrumentos de proteção (opção de venda). Os Hedge Funds também se mostram simpáticos a essa tendencia, pois suas posições nos mercados de derivativos estão nesse sentido. As pessoas físicas não tenho muita certeza, mas parece que muito pouco foi feito na venda de seu portfólio.

É sabido que as pessoas físicas são as últimas a vender, no movimento denominado de capitulação. Por outro lado, todos que venderam ações em algum momento serão compradores que certamente entrariam comprando caso ocorra a capitulação.

O que deveria acontecer para que haja essa capitulação? Algo muito grave, como por exemplo: a Rússia fazer uma grande besteira e lançar um ataque nuclear; a inflação entrar em trajetória ascendente; algum problema financeiro mais grave.

Vocês poderiam me perguntar “e se a economia entrar em recessão?” Bem, a da Europa até os torcedores de futebol já apostaram. Nos EUA, se for uma “recessãozinha” já está nos preços, ou seja, precisaria ser algo mais profundo.

- David, vamos lá, fale logo seu palpite!

Não tenho bola de cristal nem saberia dizer qual a probabilidade de cada evento que listei acima como grave. Mas não vou te deixar na mão: siga o Mosca e a aposta fica por sua conta! Hahaha ...

No post o-terrorista-de-plantão fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Eu fiz uma modificação na estrutura de queda desde o final do ano passado, que a princípio não tem muito efeito a não ser um objetivo mais baixo para o final do movimento. O gráfico a seguir aponta para uma queda até 3.300/3.250 que poderá ser alterada conforme o movimento se desenrole” .... Embora não seja o mesmo índice, na última sexta-feira publiquei extra-para-o-fim-de-semana a possibilidade da mínima ter ocorrido, naturalmente isso deveria valer também para o SP500: ... “Incialmente é fundamental que saibamos qual dos dois caminhos a bolsa vai trilhar: O laranja vai dar um grau de segurança maior que a mínima já ocorreu (não é certeza absoluta); já o azul não seria nada bom, pois além de indicar novas mínimas aumenta a chance do cenário de queda mais severo” ... Vou excepcionalmente publicar o gráfico das nasdaq100 para que vocês entendam as opções que estão abertas para ambos os índices.

Embora existam dois cenários opostos para as bolsas, vou continuar com o de queda por enquanto, até prova em contrário. Numa janela de curto prazo, é possível que essa alta que começou na última quinta-feira possa terminar ao redor de 3.800, para em seguida um movimento de queda levar para 3.320/3.270. Vou estar monitorando no curto prazo uma eventual sugestão de venda da bolsa.



O SP500 fechou a 3.719, com alta de 1,14%; o USDBRL a R$ 5,2477, com queda de 0,63%; o EURUSD a € 0,9857, com alta de 0,19%; e o ouro a U$ 1.650, sem variação.

Fique ligado!

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