Preço não leva desaforo #eurusd

O anúncio de resultados de empresas que ocorre a cada início de trimestre não tem sido muito favorável às grandes companhias conhecidas como Big Tech. Tidas como porto seguro por serem maduras, estão menos sujeitas às exigências de crescimento exponencial às empresas desse setor que estão em fase inicial. Essas últimas já apanharam muito durante este ano, como relatei em vários posts. Michael Batnick publicou um gráfico que chamou “Clube dos Menos 80”, quedas superiores a 80%.


Agora neste trimestre, vêm ocorrendo quedas importantes no grupo Bid Tech, que embora tivessem caído desde o início do ano, na maioria não foi de forma drástica. Parece que acabou, veja como John Authers relatou na Bloomberg.

Empresas de tecnologia megacap, como a Alphabet Inc., controladora do Google, a Microsoft Corp. e a dona do Facebook Meta Platforms Inc. relataram resultado que têm uma coisa em comum: a decepção. E isso pode ajudar as ações conhecidas como valor em sua batalha contra as de crescimento.

A Alphabet reportou vendas e lucros inferiores aos previstos, com o crescimento da publicidade desacelerando para o ponto mais fraco desde 2013. A Microsoft Corp. reportou seu pior crescimento de vendas trimestrais em cinco anos, à medida que o dólar fortalecido comeu seus lucros fora dos EUA. A Meta reportou seu segundo trimestre consecutivo de quedas diretas de receita em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. O veredito do mercado sobre a Meta na negociação após o fechamento do mercado foi particularmente cruel, derrubando-a para um preço que atingiu pela primeira vez em fevereiro de 2016:


Combinados, os três baluartes da tecnologia pintam um retrato de uma economia enfraquecida que mina a demanda de seus principais negócios, da computação em nuvem à publicidade digital.

Olhando para a proporção do Índice NYSE FANG+, um índice ponderado em dólar que representa 10 ações de tecnologia de mega capitalização, para o benchmark S&P 500, a tendência deste ano tem sido clara: para baixo. Desde a alta de fevereiro de 2021, quando a maioria das empresas de tecnologia cresceu graças às pessoas trancadas em casa que estavam tentando ser produtivas ou matando o tédio, elas realmente não se recuperaram. Tem sido uma pedreira sem trégua:


Por quê? Este ambiente não é exatamente aquele em que as ações de tecnologia podem prosperar dadas as altas taxas de juros, um dólar forte e uma inflação alta. E com as previsões de recessão aumentando, mais problemas podem estar por vir. Dustin Thackeray, diretor de investimentos da Crewe Advisors, disse que os dias das empresas de tecnologia como as queridinhas de Wall Street podem estar contados:

Elas foram recompensadas com métricas de avaliação bastante altas ao longo deste tempo e podemos ter uma história diferente daqui para frente, já que os investidores podem procurar um valor mais barato.

Focando para o pico da bolha ponto-com em 2000 — desta vez usando a relação entre o Índice de Tecnologia da Informação do S&P 500 e o índice de referência —, a capitalização de mercado das ações de tecnologia como porcentagem do S&P 500 diminuiu e permanece bastante distante do nível que já teve em 2000.


No entanto, a queda acentuada em 2018 foi impulsionada por um ajuste da Standard & Poor's. Este foi um Reclassificação feita pela S&P, na qual as antigas empresas FAANG — Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google da Alphabet — deixaram de ser ações “tech”, tornando a Apple a única a permanecer em tecnologia da informação (a Amazon permaneceu no setor de produtos ao consumidor), enquanto Facebook, Alphabet e Netflix se mudaram para serviços de comunicação. John Roque, da 22V Research, destaca o tamanho do setor de "tecnologia" se ainda incluísse todos os seus membros de antes de 2018. Essa versão teria sido muito maior — chegando a 44% em setembro de 2020 contra 29% pelo setor de tecnologia recém-definido.

A tecnologia em geral cresceu em um ritmo mais rápido do que o índice de referência e até mesmo o sempre consistente setor de produtos básicos. Não é surpreendente, dado o quanto a tecnologia evoluiu nos últimos anos, com seus ganhos crescendo duas vezes mais rápido desde o topo da bolha ponto-com em 2000 do que os ganhos para o S&P 500 como um todo. Afinal, quem teria adivinhado em 2000 que o acesso à internet logo seria percebido como um direito humano básico, como se encontra neste relatório da Organização das Nações Unidas  em 2011?


Os investidores de valor podem ser perdoados se falarem “bem-feito”. Esse grau de decepção com as ações em que os investidores em crescimento obtiveram lucros ininterruptos na última década pode ser o sinal mais forte de que o valor está prestes a ter seu dia.

Para terminar o grupo a Amazon acabou de publicar seus resultados e suas ações levaram um tombo de respeito, no momento – 17%! E por último a Apple teve uma repercussão positiva afinal está caindo só 4%!

Costumo dizer que preço não leva desaforo. Me recordo quando vi o primeiro Lexus, fiquei impressionado com o acabamento e a potência do motor, não ficava devendo nada à Mercedes, que dominava o mercado de alto luxo naquele momento. Mas porque alguém iria comprar um Lexus? Porque custava a metade de seu concorrente. A montadora alemã nem deu bola e mantinha seu marketing de preços altos associados a qualidade. Não deu outra, depois de alguns anos quase quebrou.

No caso das Big Tech tenho guardado um gráfico publicado há algumas semanas que se encaixa no assunto de hoje. O que chamou minha atenção foi a diferença de P/L entre esse grupo e o que o autor chamou de baixo valor. Sem entrar no mérito da série, que é bastante longa, fica clara a distinção entre eles. Porém a diferença é muito elevada P/L = 26 para P/L =9. Como no caso da Mercedes, algum dia os preços têm que baixar. No caso de ações, tem uma diferença que pode ser positiva ou negativa, que é a evolução dos lucros. Se a projeção de lucro é muito elevada, o P/L pode se ajustar no tempo sem que as ações tenham que cair, caso contrário.... Ocorre o que vem acontecendo neste trimestre.


No post a-grande-dica, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “se pode notar existe muita sobreposição de movimento tornando o trade desafiador, pois se opera no curtíssimo prazo ou o stop loss tem que ser maior. Outra alteração que acabou ocorrendo tem a ver com o objetivo para essa queda, que conforme destacado no gráfico deve se situar entre € 0,945/ € 0,934” ...


Hoje o ECB subiu os juros em 0,75% dobrando a taxa (como está sendo anunciado) para 1,5% a.a. Ualllll.... muito agressivo! O que esqueceram de mencionar é que essa taxa é 6,5 vezes menor que a inflação. O mercado futuro projeta uma taxa de 2,75% a.a. indicando que ainda serão feitos vários aumentos e ficaram torcendo para que a inflação caia como num milagre.

O euro acabou se recuperando da mínima atingida 0,9534 no final de setembro sem que, todavia, indique uma mudança de rumo. Por outro lado, a opção que venho trabalhando está no limite pois caso ultrapasse 1,0197 vou ter que usar minha criatividade para encontrar um outro caminho. Vale lembrar que a moeda única se encontra dentro de uma correção de longo prazo e segundo esse modelo é esperada uma recuperação que pode ser vista no gráfico a seguir.



Num espaço mais curto, ainda espero que o nível de € 0,9420 seja atingido. Mas esse é um trade não se adequa ao leitores do Mosca dado que se espera um movimento tortuoso até lá. Em todo caso, se desejar fazer alguma aposta (pequena) sugiro usar o stop loss sugerido acima. A não ser que algum movimento me indique ao contrário, vou esperar para sugerir um trade na compra depois de um longo e tenebroso inverno!


O SP500 fechou a 3.805, com queda de 0,65%; o USDBRL a R$ 5,3072, com queda de 1,38%; o EURUSD a € 0,9970, com queda de 1,07%; e o ouro a U$ 1.662, com queda de 0,14%.

Fique ligado!

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