Pirâmide da honestidade #usdbrl

 


Acredito que já comentei sobre esse conceito de pirâmide da honestidade. O momento que vivemos, porém, merece uma repetição. No meu modo de entender, se a honestidade fosse uma pirâmide, onde no topo estariam as pessoas 100% honestas, no Brasil existiria somente o tronco da pirâmide definido por uma seção transversal paralela a base como na figura abaixo onde ninguém estaria no vértice (V)


Na minha ideia, é uma figura espacial pois nem todo tipo de honestidade, se é possível classificar assim, tem o mesmo grau. Acha que estou exagerando? Pense quantas vezes burlou uma fila, deixou de recolher algum imposto, ultrapassou a velocidade, e etc. Não quero dizer que ninguém erra nunca, é impossível, mas a diferença é saber que errou ou achar que “tudo bem”, afinal, quem não faz?

Estamos diante de um caso sui generis: um candidato, que foi condenado em várias instâncias por diversos crimes, está solto e ainda foi eleito presidente da República. Lula tem muita sorte de ser brasileiro, pois se fosse japonês provavelmente teria se suicidado, pois sentiria tanta vergonha que não suportaria continuar vivendo; nos EUA, estaria na cadeia, e não importa se um grupo de advogados arrumasse um esquema para colocá-lo em liberdade, porque a sociedade não aceita. Mas aqui tudo bem, afinal quem não rouba?

A pessoas que usam esse argumento não pensam no que estão falando, pois o fato de outros candidatos terem roubado não dá a esse condenado o direito de ser libertado. Esse tipo de argumento vai perpetuar a desonestidade — se vale no governo, por que não na vida pessoal?

A atitude correta é apurar se existem evidências de outros candidatos e não dar um aval para justificar os que comprovadamente roubaram.

Sempre achei que o Lula é um psicopata, pois uma pessoa normal não aguentaria sustentar 24 horas por dia 7 dias por semana negar que promoveu o maior assalto às empresas sob comando do governo. Será que algum dia vai admitir, que a realidade vai suplantar a loucura? Não sou psiquiatra para saber. Aliás, em 2018, o Secretário da República confiscou 21 objetos do acervo do Lula. Uma investigação aberta pelo Palácio do Planalto buscou apurar o paradeiro de 712 itens registrados como acervo da Presidência da República. Mas isso não é roubo, ele se “presentou” com esses objetos.

Mas isso é café pequeno — os bilhões de dólares desviados principalmente da Petrobras e confessados pelos corruptores e executivos envolvidos, vamos esquecer, né? Afinal, o Bolsonaro é um perigo maior na percepção da maioria da população. além de Lula virar honesto. sobra o argumento: quem não rouba?

Bem, tudo isso que estou escrevendo não importa, que seja feita a vontade do povo. Clara Ferreira Marques fez os seguintes comentários na Bloomberg.

"Eles tentaram me enterrar vivo e aqui estou eu."

Quando o ex-presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva falou na noite de domingo, comemorando um improvável retorno aos 77 anos, sua voz grave era ainda mais rouca do que o habitual.

Após meses de esforço do campo de Bolsonaro para questionar o processo eleitoral, além de casuísmos de última hora com reclamações sobre anúncios de rádio e  blitzes policiais em estradas movimentadas no dia de eleição (bloqueando os eleitores), isso trouxe um alívio bem-vindo. Assim como a rapidez com que aliados domésticos de Bolsonaro, como o presidente da Câmara Arthur Lira, se movimentaram para aceitar o resultado, enquanto pesos pesados internacionais como os EUA parabenizavam Lula — reduzindo o espaço para um acesso de raiva presidencial.

Mas ninguém deve se iludir. A vitória de Lula sobre Bolsonaro foi a mais apertada da história moderna brasileira — nem mesmo dois pontos percentuais— e o mapa eleitoral revela um país profundamente fraturado entre o menos abastado nordeste pró-Lula e o sul pró-Bolsonaro. Há clivagens ao longo de linhas ideológicas, raciais, religiosas e sociais. Lula perdeu em estados populosos como São Paulo, e de fato, de 26 estados e do Distrito Federal, saiu na frente em apenas 13. A rejeição do líder esquerdista continua muito forte, o resultado de uma vasta investigação sobre corrupção que seguiu seu tempo no cargo e ajudou a destituir seu sucessor.

A posse oficial, entretanto, não ocorre até o início de janeiro, deixando muito tempo para maldades.

Nesse contexto, a travessia delicada à frente de Lula não é invejável e é muito mais desafiadora do que quando ele foi eleito pela primeira vez há duas décadas. Tendo crescido na pobreza, naquela época ele surfou uma onda de aumento dos preços das commodities para melhorar drasticamente a vida dos brasileiros mais pobres, reduzindo pobreza extrema e desigualdade com um programa inovador de transferência de dinheiro. Ele prometeu repetir o feito, enquanto faz a economia voltar aos trilhos e combater os danos causados ao meio ambiente.

Mas este não é o início dos anos 2000. Não há um grande boom de commodities, a China do Covid-Zero não está devorando aço e minério de ferro a taxas impressionantes. Na verdade, o mundo está entrando em recessão e as receitas do governo serão menores em 2023.

E o que está em jogo dificilmente poderia ser maior.

Os impressionantes carisma e habilidades políticas de Lula permitiram que ele construísse uma coalizão ampla o suficiente para garantir um triunfo eleitoral contra a máquina presidencial de Bolsonaro — mas ele terá que construir muitas outras pontes agora. A votação de domingo foi uma corrida dura para ver quem era menos odiado, um voto contra, em vez de a favor. Não foi um apoio esmagador de Lula ou mesmo, infelizmente, da democracia. Se Lula falhar e a economia vacilar, ele levaria Bolsonaro de volta, ou pior, a uma alternativa mais forte e eficaz de extrema-direita.

Em primeiro lugar, seu desafio é tranquilizar os investidores cautelosos, que provavelmente ficarão aliviados com a ausência de tumultos, mas cautelosos com o que vem a seguir. O histórico econômico passado de Lula é pragmático, mas ele deu poucos detalhes desta vez, além de uma carta prometendo combinar suas promessas sociais com responsabilidade fiscal — um eco do que ele escreveu para Brasileiros em 2002. Ele precisa dar mais clareza sobre como vai equilibrar as grandes necessidades e a dívida pesada, começando com a nomeação de um ministro da Fazenda que é uma personalidade conhecida, com a confiança dos investidores, digamos, o ex-presidente do Banco Central e ex-ministro Henrique Meirelles, um dos principais candidatos ao cargo.

Lula está em um bom lugar para reparar a credibilidade internacional do Brasil, começando com compromissos em torno do clima, dada a escala da destruição. Reconstituir as agências que monitoram e protegem o meio ambiente e os povos indígenas seria um começo.

Então ele precisa decidir como avançar com a reconciliação nacional, em um esforço conjunto para desarmar alguns dos elementos mais tóxicos do Bolsonarismo, sem necessariamente investigar todos eles. Mesmo que Bolsonaro seja derrotado, o movimento populista de extrema-direita que ele representa não o foi, e as personalidades principais entre seus seguidores ganharam cargos de governador ou assentos no Senado. Isso requer um diálogo urgente com grupos evangélicos conservadores e, crucialmente, com os militares, que ainda não deram seu veredito sobre a votação de domingo. Lula precisará pressionar por um endosso, para então redefinir as relações civil-militares, enquanto lentamente empurra os generais de volta para os quartéis. Significa reforçar as instituições democráticas.

Não menos importante, para garantir qualquer nível de sucesso legislativo com um parlamento fragmentado, Lula precisa construir um vasto governo de "frente ampla", apoiado em aliados como Simone Tebet, que tem ligações com o lobby agrícola (uma fonte chave de apoio a Bolsonaro), além de partidos centristas no Congresso. Ele deve agir rápido.

Por tudo isso, o próximo passo a ser observado será o de Bolsonaro. Tem sido um ano de alegações ultrajantes, ofensas de parte a parte e violência.

Independentemente de quem fosse eleito, o cargo de presidente neste momento é muito indigesto, para dizer pouco, com um cenário internacional desafiador projetando recessão em países desenvolvidos como a Europa e os EUA (China?). As condições internacionais serão muito distintas das que ocorreram nos anos 2000. Lula, um idoso, não tem as mesmas condições físicas e provavelmente o mesmo ímpeto de 20 anos atrás. Seus objetivos pessoais hoje são muito diferentes. Diferente também é o Parlamento, onde deputados e senadores não votam mais em bloco como no passado. sendo necessárias coligações no varejo.

Como comentou um leitor que votou no Lula, “a partir de hoje sou oposição”. Cálculo que originalmente ele tem 25% de adesão, 50% contra dos bolsonaristas e os outros 25% (que eram contra Bolsonaro, mas não a favor dele) que irão cobrar as promessas que sabemos não poderão ser concretizadas, pois, ou o serão através de aumentos de impostos, onde terá forte oposição, ou do aumento da dívida pública, se o teto de gastos for afrouxado.

Lula também não vai poder usar o artificio de culpar o outro governo por eventuais frustrações. Ele foi eleito para mudar e rápido — sem desculpas.

E o meu tronco de pirâmide? Vai continuar dessa forma, cuja lição que fica e de que não é necessário ser honesto.

No post autoritarismo-tupiniquim fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “No curto prazo, chamo a atenção para o nível atual ao redor de R$ 5,30 que está ameaçando a linha destacada com o símbolo em verde. Caso o dólar ultrapasse, fico de olho no intervalo entre R$ 5,37/R$ 5,44, sendo que, se esse último for ultrapassado, o “Stop Loss” apontado em vermelho R$ 5,51 vai ser fundamental comprometendo a hipótese de novas quedas” ...


O dólar sofreu forte oscilação hoje função do resultado das eleições, abrindo com alta que atingiu R$ 5,40, recuando logo em seguida ao nível de R$ 5,2360 (agora pela manhã). Por enquanto, a cotação não ultrapassou o “Stop Loss” apontado acima de R$ 5,51. Como havia enfatizado anteriormente, o movimento tendo sido errático sem que uma definição seja estabelecida. Ficam totalmente abertas as duas possibilidades que exemplifico com os gráficos semanais a seguir. Nesse primeiro gráfico, o dólar tenderia a uma queda, cujo objetivo seria de R$ 4,3860 conforme destacado com o símbolo verde.


Nessa segunda hipótese o dólar estaria num movimento de alta que levaria a um objetivo de R$ 6,06 num caminho tortuoso de idas e vindas. No curto prazo parece que ocorreria ainda uma alta para atingir R$ 5,51/ R$ 5,66.


Parece que esses dois cenários contemplam a dúvida de quem será o Ministro da Economia, se um nome tipo Henrique Meirelles, que será entendido como positivo pelo mercado, ou de um Ministro mais político ou pior a velha guarda do PT, que não deveria ser encarada como boa. Sendo assim, vou mudar a chamada específica: ao invés de Let the market speak , é Let Lula speak!

O SP500 fechou a 3.871, com queda de 0,75%; o USDBRL a R$ 5,1677, com queda de 2,40%; o EURUSD a 0,9881, com queda de 0,82%; e o ouro a U$ 1.632, com queda de 0,54%.

Fique ligado!

Comentários

  1. Não me arrependo do voto em Lula, com todos os defeitos dele, não era desumano como o atual presidente. Agora é torcer para que ele repita 2002, faça um bom governo!

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    1. Ser corrupto. Roubar dinheiro público. Por exemplo, não é desumano?

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    2. Nada se compara com a falta de humanidade dele na pandemia. Temos 3% da população mundial e 11% dos mortos, consequência direta do comportamento dele e de seus seguidores. Por fim, Bolsonaro é duplamente desumano (usando o seu critério), pois ele também é corrupto.

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  2. Lulalá! Uma escolha muito fácil, eu daria mil vezes um abraço em José Dirceu que no Edir Macedo. Essa mistura de armas, religião, orgulho de dizer qq coisa que vem primeiro na cabeça, imóveis com dinheiro vivo, isolamento internacional e falta de cordialidade trouxe o Brasil pra um lugar muito pior. Que ele repita 2002, o presidencialismo de coalisão não é mole, precisa de certas concessões que serão feitas, não sejamos inocentes, mas que sejam em um caminho pra dependermos menos disso e que se fortaleçam as instituições e o diálogo. Viver em sociedade é algo que precisamos aprender. Não adianta chamar MST de arruaceiro e quando os caminhoneiros param bradarmos dizer que é uma manifestação. Sou leitor, gosto do mercado, mas gosto muito mais do meu país com ciência, educação e cuidado com meio ambiente, nesse quesito Lula ainda que esteja longe de estar perfeito nunca escrotizou os temas.

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