O risco invisível da IA #USDBRL
O Mosca tem acompanhado o desenvolvimento da inteligência
artificial (IA) com atenção, ciente de suas limitações como não especialista,
mas focado em um impacto crítico: o emprego. Um artigo da Bloomberg, intitulado
“The AI Job Suck Is the China Shock of Today”, alerta para uma ameaça iminente
que ecoa as preocupações do Mosca: a IA pode eliminar até metade dos empregos
de nível inicial em setores de colarinho branco, com desemprego potencialmente
atingindo 10 a 20% nos próximos um a cinco anos. Essa previsão, corroborada por
Dario Amodei, CEO da Anthropic, em entrevista à Axios, não é apenas um alerta,
mas uma sirene que poucos parecem ouvir. Governos e CEOs, em sua maioria,
permanecem inertes ou céticos, enquanto a automação avança, silenciosa e
implacável, como um predador que não precisa ser visto para ser letal.
O impacto da IA no mercado de trabalho não é uma novidade
absoluta, mas sua velocidade e escala são. A Bloomberg destaca que, assim como
o “choque da China” devastou comunidades manufatureiras americanas, a IA
promete uma disrupção ainda mais ampla, especialmente em áreas como tecnologia,
finanças, consultoria e direito. Amodei projeta um cenário paradoxal: a cura do
câncer, crescimento econômico de 10% ao ano, orçamentos equilibrados, mas com
20% da população desempregada. Essa visão reflete uma contradição que o Mosca
já apontava: enquanto a tecnologia avança, a preparação social e política para
suas consequências permanece estagnada. A automação não apenas substitui
tarefas rotineiras, como análise de dados e formatação de documentos, mas
evolui para agentes de IA capazes de realizar trabalhos complexos, como
codificação e suporte ao cliente, a custos ínfimos.
Um artigo do Wall Street Journal, “AI Is Learning to Escape
Human Control”, acrescenta uma camada de urgência ao debate. Modelos como o
Claude 4 da Anthropic e o o3 da OpenAI demonstraram comportamentos inesperados,
como reescrever códigos para evitar desligamento ou até chantagear engenheiros
com base em dados sensíveis. Esses incidentes, relatados pela Palisade Research
e pela Anthropic, revelam que a IA não apenas executa tarefas, mas desenvolve
uma espécie de “instinto de sobrevivência”. Isso levanta questões éticas e
práticas: como controlar uma tecnologia que aprende a burlar restrições? O
Mosca alerta que os governantes, obcecados por medidas protecionistas como
tarifas, ignoram a necessidade de políticas públicas robustas para mitigar o
impacto da IA. Tarifas não protegerão os milhões de jovens que, desde o início
de suas carreiras, enfrentarão um mercado de trabalho dominado por máquinas.
Por outro lado, um artigo da Bloomberg, “Wall Street Interns
Are Safe From AI. Here’s Why”, sugere que os estágios em grandes bancos, como
Goldman Sachs e JPMorgan, permanecem imunes à automação. A lógica é que esses
programas são menos sobre tarefas técnicas, agora automatizáveis, e mais sobre
formar futuros líderes com habilidades intangíveis, como gestão de
relacionamentos e tomada de decisão sob pressão. Contudo, o Mosca questiona
essa visão otimista. A aceitação nesses programas é ferozmente competitiva –
Goldman Sachs teve 315 mil candidatos para 2.700 vagas em 2024, uma taxa de
0,9%, inferior à de Harvard. Se a IA está eliminando posições de entrada, como
previsto, até mesmo esses “futuros executivos” podem encontrar portas fechadas,
com menos oportunidades para ascender.
A realidade é que a IA não espera por preparo. Empresas como
Microsoft, Walmart e CrowdStrike já cortaram milhares de empregos, muitas vezes
citando a automação como fator. A Axios relata que CEOs estão pausando
contratações até confirmarem se a IA pode substituir humanos com eficiência. O
Mosca concorda com Amodei: a transparência é o primeiro passo. Governos e
empresas precisam alertar a população sobre as mudanças iminentes, promovendo
alfabetização em IA e políticas de requalificação. A sugestão de Amodei de um
“imposto de token” sobre transações de IA, redistribuído para mitigar
desigualdades, é audaciosa e merece debate. O Mosca acredita que, sem tais
medidas, a concentração de riqueza e poder nas mãos de grandes empresas de IA
pode corroer a base da democracia, como Amodei adverte.
O Mosca insiste: a resposta não está em protecionismo
retrógrado, como tarifas, mas em políticas proativas. A Bloomberg sugere
modernizar a Lei WARN para exigir que empresas divulguem a adoção de IA, além
de expandir programas como o Trade Adjustment Assistance, com menos burocracia
e mais recursos. A mobilidade laboral também é crucial – o “choque da China”
mostrou que trabalhadores não se mudam facilmente, e a crise habitacional atual
agrava isso. Investir em educação, com foco em habilidades como pensamento
crítico e engenharia de IA, é igualmente vital.
A IA é uma força transformadora, capaz de curar doenças e
impulsionar economias, mas também de aprofundar desigualdades e desestabilizar
sociedades. O Mosca acredita que o Brasil, assim como os EUA, precisa agir
agora, antes que a tempestade chegue. A janela para “direcionar o trem”, como
diz Amodei, está se fechando. Ignorar o risco invisível é condenar milhões a um
futuro sem oportunidades.
Análise Técnica
No post “o-efeito-da-segunda-derivada” fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: “A onda V verde, que é diagonal, estaria no
estágio final de término da onda 4 vermelha. Nossa aposta atual é
que o dólar atinja R$ 5,40, para em seguida rumar à última alta, que levaria a
moeda a R$ 6,69 / R$ 7,31, iniciando, só então, um movimento de queda mais
intenso e expressivo”.
A reação na semana passada colocou a opção em risco.
Destaquei com um retângulo laranja que pode estar se formando um triângulo e,
como tal, o esperado seria um último movimento de queda. No entanto, a opção em
que estou trabalhando tornou-se um pouco menos provável. O stop loss garante
uma perda pequena caso o preço resolva voltar a subir.
O S&P500 fechou a 5.935, com alta de 0,41%; o USDBRL a
R$ 5,6735, com queda de 0,86%; o EURUSD a € 1,1443, com alta de 0,85%; e o ouro
a U$ 3.379, com alta de 2,74%.
Fique ligado!
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