Trump = Lula! #GOLD #OURO

 


Os bancos centrais, alicerces da estabilidade econômica, enfrentam um cerco crescente de líderes políticos que, guiados por ambições de curto prazo, tentam dobrar sua independência. Nos Estados Unidos, Donald Trump, em sua cruzada por juros mais baixos, planeja anunciar o sucessor de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), já em setembro de 2025, meses antes do fim de seu mandato em maio de 2026. No Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva passou anos demonizando Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central do Brasil (BCB), pelos juros altos, apenas para ver seu indicado, Gabriel Galípolo, elevar a Selic ainda mais em 2025. Apesar de opostos em quase tudo — Trump, um magnata do protecionismo; Lula, um ícone do intervencionismo estatal —, ambos convergem em um erro funesto: a tentativa de manipular bancos centrais para forçar quedas de juros, ignorando os riscos inflacionários e a credibilidade institucional. Essa analogia, ancorada na análise da Gavekal Research, expõe uma falha compartilhada que ameaça a economia de suas nações e reverbera nos mercados globais.

No Brasil, Lula transformou Campos Neto em um espantalho político, acusando-o de asfixiar a economia com a Selic a 13,75%. Com retórica inflamada, chamava-o de “inimigo do povo” e “capacho do mercado financeiro”, prometendo que sua saída em dezembro de 2024 traria alívio aos brasileiros. A autonomia do BCB, instituída em 2021, era um obstáculo, mas Lula apostava que Galípolo, seu aliado e ex-secretário da Fazenda, alinharia a política monetária aos seus desejos. O resultado, porém, foi um choque: em 2025, o Copom, com diretores majoritariamente indicados por Lula, elevou a Selic para 15%, para conter uma inflação de 4,83% em 2024, acima da meta de 4,5%. A decisão unânime, impulsionada por dólar alto, choques climáticos e uma economia superaquecida, desmascarou a ilusão de Lula. A autonomia que ele tanto criticou prevaleceu, forçando-o a engolir um discurso mais brando, elogiando Galípolo enquanto o povo enfrenta juros ainda mais altos.

Nos EUA, Trump segue um roteiro paralelo, mas com seu característico estardalhaço. Ele ataca Powell, a quem apelida de “Mr. Too Late”, por manter as taxas de juros estáveis diante de uma inflação controlada e um mercado de trabalho robusto. Segundo o Wall Street Journal, Trump planeja nomear um novo presidente do Fed em 2025, uma manobra que pode transformar Powell em um “pato manco” e sinalizar uma política monetária frouxa. A Gavekal Research alerta que, caso Trump indique um chair dovish, como Kevin Warsh ou Christopher Waller, o FOMC pode inclinar-se para uma política mais leniente, com impactos bearish no dólar e aumento dos prêmios de inflação nos Treasuries. O mercado já reage: o Bloomberg Dollar Spot Index caiu como mostra o gráfico abaixo, refletindo apostas em cortes de juros mais rápidos.




A semelhança entre Trump e Lula não se limita à pressão sobre os bancos centrais, mas à crença ingênua de que nomeações leais garantirão políticas monetárias subservientes. Lula subestimou a inflação persistente, que obrigou o BCB a contrariar suas promessas. Trump, por sua vez, ignora os riscos de um Fed dovish, que pode desestabilizar os mercados, como aponta a Gavekal Research. A análise destaca que, embora um chair dovish tenha influência significativa, Trump enfrentará limitações para alterar o FOMC, com apenas uma vaga de governador em 2026. Ainda assim, a nomeação antecipada de um “chair sombra” já gera confusão, como observa Elias Haddad, da Brown Brothers Harriman, minando a credibilidade do Fed e alimentando volatilidade. O gráfico a seguir, que mostra a desconexão entre o dólar e os diferenciais de juros, ilustra como as expectativas de cortes prematuros já impactam os mercados.




Essa convergência de comportamento é alarmante porque Trump e Lula, apesar de divergirem em tudo — do protecionismo de Trump ao estatismo de Lula —, compartilham uma visão míope: acreditam que forçar juros mais baixos, a qualquer custo, resolverá seus desafios políticos. Lula busca crescimento para sua base popular; Trump quer um mercado de ações inflado e um dólar fraco para exportações. A Gavekal Research reforça que a politização do Fed pode levar a cortes de juros prematuros, mas as restrições institucionais, como a composição do FOMC, limitarão a capacidade de Trump de impor sua vontade. No Brasil, a autonomia do BCB já frustrou as ambições de Lula, provando que bancos centrais bem estruturados priorizam a estabilidade sobre caprichos políticos.

Em última análise, Trump e Lula, em sua obsessão por controlar os juros, revelam uma fraqueza comum: a incapacidade de respeitar a independência dos bancos centrais. A Gavekal Research sublinha que, mesmo com um novo chair, Trump enfrentará resistência institucional, assim como Lula no Brasil. Para investidores, a mensagem é clara: em um mundo onde líderes populistas desafiam instituições, a estabilidade econômica é a primeira vítima. Como já dizia o Mosca, a política pode gritar, mas os números sempre falam mais alto.

 

Análise Técnica

No post “o-dólar-está-perto-do-telhado” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: “No post "inflação-sob-o-escrutínio-do-var" comentei: “O ouro ainda permanece hesitante, sem ter rompido o nível de US$ 3.430... Isso mantém abertas duas hipóteses: a que estou trabalhando, representada pelas linhas pontilhadas em verde, ou a possibilidade mencionada no post anterior, de que a onda 4 azul esteja formando um triângulo.” Na sexta-feira, o ouro tentou romper a barreira de US$ 3.430, mas recuou, violando a onda 1 verde. Isso aumentou a probabilidade da segunda hipótese mencionada. Por precaução, decidi zerar a posição”




Embora a onda 4 azul não esteja formando um triângulo — ainda que essa possibilidade exista, não me parece a mais provável — e sim uma correção flat, a decisão de fechar a posição revelou-se acertada. O objetivo mais a frente continua sendo de alta, e agora é necessário identificar o ponto de entrada ideal. No gráfico abaixo, destaquei com um retângulo os possíveis níveis de suporte. Acompanhem o Mosca para atualizações.




O S&P 500 fechou a 6.141, com alta de 0,80%; o USDBRL a R$ 5,4977, com queda de 1,17%; o EURUSD a € 1,1701, com alta de 0,37%; e o ouro a U$ 3.331, sem variação.

Fique ligado!

Comentários

  1. Inflação é dólar. Dólar é inflação. BC fez muita barbeiragem ano passado deixando o câmbio passear acima de 6 reais...

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