Inflação sob o Escrutínio do VAR #EURUSD #OURO #GOLD
Como o Mosca assinala, a inflação está sob análise
minuciosa, como um lance polêmico no VAR. O relatório do CPI de maio, divulgado
nos EUA, trouxe um resultado surpreendentemente benigno: alta anual de 2,4%, alinhada
às expectativas, e um incremento mensal de apenas 0,1%, abaixo do previsto.
Esse cenário desafia os temores de que as tarifas impostas pelo governo Trump,
já parcialmente em vigor, desencadeariam uma escalada imediata nos preços. Mas,
assim como no futebol, a revisão no monitor pode esconder nuances que só se
revelam com o tempo. As tarifas, a política monetária do Federal Reserve e a
dinâmica do mercado de bonds compõem um jogo complexo, onde o gol da
estabilidade econômica ainda não está garantido.
O relatório do CPI, detalhado pelo Wall Street Journal,
mostra que categorias sensíveis às tarifas, como carros e vestuário, não
registraram altas expressivas, contrariando previsões de economistas. Jonathan
Levin, em sua coluna na Bloomberg Opinion, sugere que a hesitação das
empresas em repassar custos reflete incertezas sobre a política comercial e uma
demanda enfraquecida. A queda de 9,4% nas vendas de automóveis em maio, a maior
desde 2022, reforça essa percepção. Ainda assim, itens como eletrodomésticos e
autopeças já mostram alguma pressão inflacionária, indicando que os efeitos das
tarifas podem estar apenas começando.
O Mosca, atento ao mercado de bonds, observa que os chamados
bond vigilantes não estão em alerta máximo. Robert Burgess, na Bloomberg
Opinion, aponta que a recente venda de US$ 39 bilhões em notas do Tesouro
de 10 anos teve demanda sólida, com investidores estrangeiros respondendo por
70,6% das compras. Isso sugere que o mercado não vê, por ora, um risco iminente
de crise fiscal, apesar do aumento projetado da dívida pública para 117% do PIB
até 2034. No entanto, o term premium das notas de 10 anos, que mede a
compensação exigida por investidores para deter títulos de longo prazo, subiu
0,9 ponto percentual em um ano, o maior desde 2014. É um sinal de que o custo
do endividamento americano está crescendo, mesmo que lentamente.
Allison Schrager, em outra análise da Bloomberg, vai
além e proclama que o Fed alcançou uma vitória contra a inflação pandêmica. Com
cinco meses de inflação moderada, próxima a 2%, o banco central consolidou sua
credibilidade. Contudo, ela alerta que o cenário mudou: o neutral rate
(r*), que equilibra crescimento e inflação, parece mais alto que em 2019,
sugerindo que as taxas atuais, entre 4,25% e 4,5%, não estão freando a
economia. Cortar juros agora poderia reacender a inflação, especialmente com
pressões estruturais como tarifas, menor imigração e aumento da dívida pública.
Schrager defende que o Fed deve reconhecer essa nova realidade e, em futuras
revisões, considerar elevar sua meta de inflação de 2%.
O gráfico compara a inflação de preços flexíveis e
pegajosos, evidenciando a desaceleração dos primeiros devido à demanda fraca
O Mosca também nota a análise de John Authers, que detalha a
inflação subjacente. Embora o CPI geral esteja controlado, a inflação supercore
(serviços exceto habitação) mostra sinais de persistência, e o índice de preços
sticky do Fed de Atlanta indica pressões subjacentes acima de 3%. Isso
reforça a cautela do Fed, que, segundo Authers, não deve alterar as taxas até
setembro, a menos que dados de emprego tragam surpresas negativas. A recente
trégua comercial com a China, mantendo tarifas em 55%, reduz temporariamente os
riscos, mas a dependência americana de terras raras chinesas, como destacado na
Bloomberg Opinion, mantém Pequim com uma carta na manga.
O impacto das tarifas, como o VAR no futebol, exige
paciência para ser julgado. Economistas como Veronica Clark, do Citigroup, e
Jonathan Pingle, do UBS, sugerem que os efeitos podem se manifestar mais
claramente no verão ou início do outono, à medida que os estoques pré-tarifas
se esgotam. A antecipação de pedidos por importadores, mencionada no Wall
Street Journal, mascarou os aumentos de preços em maio, mas gigantes como o
Walmart já sinalizam reajustes iminentes. A incerteza sobre a demanda, agravada
por tarifas e juros altos, pode limitar a capacidade das empresas de repassar
custos, mas também sinaliza um consumo menos robusto, o que não é exatamente
uma boa notícia.
O Fed, nesse contexto, joga com precisão. A economia
americana, com desemprego em torno de 4% e crescimento saudável do PIB, não
exige ações drásticas. Authers argumenta que as tarifas, ao invés de
inflacionárias, podem ser deflacionárias ao deprimir a demanda, um risco que
Don Rissmiller, da Strategas, também destaca. O Mosca concorda: o equilíbrio é
delicado, e o Fed parece inclinado a manter as taxas estáveis, monitorando os
próximos relatórios de inflação e o impacto das tarifas. A pressão de Trump por
cortes agressivos, expressa em posts no Truth Social, encontra pouca
ressonância no mercado, que projeta no máximo dois cortes até dezembro.
Em resumo, a inflação americana está sob controle, mas o
jogo está longe de terminar. As tarifas de Trump, a cautela do Fed e a
complacência dos bond vigilantes formam um tabuleiro onde cada movimento
é escrutinado. O Mosca, como um torcedor que não desiste do Santos mesmo nos
tempos difíceis, segue acompanhando o placar, ciente de que o próximo lance
pode mudar tudo. A bola está rolando, e o VAR da economia global não para de
revisar.
Análise Técnica
No post “gestores-ativos-continuam-chorando” fiz os seguintes
comentários sobre o euro: “Essa onda final está se desenvolvendo na forma de
um ending diagonal, padrão que ocorre em momentos de exaustão, onde há
desarmonia na onda 4, que ultrapassa a onda 2, configurando uma exceção na
Teoria das Ondas de Elliott.”
Fiz uma alteração na estrutura mencionada anteriormente. Em
vez de uma onda 5 azul na forma de um ending diagonal, a moeda única
estaria traçando uma onda 5 azul “clássica”, o que, por si só, já
oferece maior probabilidade de sucesso para uma operação. Sendo assim, propus
uma sugestão de compra na ruptura da onda 1 laranja, conforme destacado na
figura abaixo, a € 1,1494, com stop loss a € 1,1372 e objetivo a €
1,2004, a ser mais bem calculado.
Resolvi revisitar a estratégia para o ouro, considerando que
estamos em uma fase de consolidação nesse mercado. No post “navegando-mil-por-hora”, comentei o seguinte sobre o ouro: “Acredito que a onda 5 azul
está em curso, desenvolvendo ondas laranjas de menor grau, conforme mostrado no
gráfico a seguir. Nesse cenário, ressaltei a importância de o preço ultrapassar
o nível de US$ 3.430.”
O ouro ainda permanece hesitante, sem ter rompido o nível de
US$ 3.430, diferentemente do euro, que já superou uma marca equivalente. Isso
mantém abertas duas hipóteses: a que estou trabalhando, representada pelas
linhas pontilhadas em verde, ou a possibilidade mencionada no post anterior, de
que a onda 4 azul esteja formando um triângulo. Let the market speak.
O S&P 500 fechou a 6.045, com alta de 0,38%; o USDBRL a
R$ 5,5421, com alta de 0,11%; o EURUSD a € 1,1575, com alta de 0,77%; e o ouro
a U$ 3.388, com alta de 1,04%.
Fique ligado!
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