O dólar está perto do telhado #USDBRL #GOLD #OURO #IBOVESPA
A dívida pública dos Estados Unidos, hoje superior a 120% do
PIB, atinge níveis alarmantes, os mais altos fora de períodos de crise, e o "One
Big Beautiful Bill Act" da administração Trump, projetada para inflar o
déficit em US$ 2,4 trilhões na próxima década, acende um sinal de alerta
vermelho. O Mosca menciona que a questão da dívida pública é um tema
recorrente, e comparações com o Brasil frequentemente surgem nas redes sociais.
No entanto, destaco que o financiamento da dívida brasileira, a juros exorbitantes,
e a inconversibilidade do real colocam o Brasil em uma trajetória de risco
muito mais acelerada, mas isso não absolve os EUA. A moeda americana, embora
ainda a reserva global, não os imuniza contra um equilíbrio instável, como um
castelo de areia que pode desmoronar com o próximo grão. Ray Dalio, Kenneth
Rogoff, Niall Ferguson e Alec Phillips, da Goldman Sachs, convergem em uma
visão preocupante: a combinação de taxas de juros reais em alta, custos
insustentáveis de serviço da dívida e a erosão do domínio do dólar sinaliza uma
crise iminente.
Gráfico: Impacto do Pacote Fiscal no Déficit
Este gráfico mostra o impacto do "One Big Beautiful Bill Act" no
déficit primário, com aumento inicial seguido de redução devido às tarifas. Ele
reforça que, apesar da mitigação, a trajetória fiscal permanece perigosa.
Gráfico: Situação Fiscal Incomum dos EUA
O gráfico da Goldman Sachs mostra a dívida pública bruta e o déficit primário
dos EUA como percentagem do PIB, além das despesas com juros, que atingiram
recordes antes mesmo dos recentes aumentos de juros. Ele ilustra a gravidade da
trajetória fiscal americana.
Para evitar o colapso, os EUA devem reduzir o déficit de 7%
para 3% do PIB, equilibrando cortes de gastos e aumentos de receita. Rogoff e
Ferguson duvidam que isso ocorra sem uma crise, e Phillips nota a ausência de
um catalisador político. O Mosca enfatiza que a dívida é um equilíbrio
instável, e os EUA, como um castelo de areia. A audácia de ignorar esse risco
pode custar caro.
Dalio descreve o "grande ciclo da dívida", um
processo em que o serviço da dívida consome recursos vitais, e a oferta de
títulos públicos supera a demanda, forçando o Federal Reserve a escolher entre
elevar juros a níveis devastadores ou imprimir dinheiro, desvalorizando a
moeda. Os EUA, argumenta ele, estão próximos de um "infarto
econômico", onde a contenção de gastos financiados por dívida pode
colapsar a ordem monetária centrada no dólar. Exemplos históricos, como o
colapso da libra britânica e do florim holandês, mostram que moedas de reserva
não são eternas, e o status do dólar oferece menos proteção do que se imagina.
Rogoff aponta para a normalização das taxas de juros reais
como o gatilho central. Após anos de dinheiro barato pós-Crise Financeira
Global, a crença em taxas permanentemente baixas desmoronou. Fatores como
fragmentação geopolítica, demandas energéticas da inteligência artificial e
remilitarização global mantêm os juros elevados, tornando a dívida americana,
que saltou de 30% do PIB em 1980 para os atuais 120%, um fardo insustentável.
Ele descarta a ideia de que a dívida é um "almoço grátis", prevendo
uma crise em quatro a cinco anos, possivelmente com uma disparada inflacionária
e ajustes brutais no mercado de títulos.
Ferguson, com sua "Lei de Ferguson", oferece uma
perspectiva histórica audaciosa: superpotências que gastam mais com juros da
dívida do que com defesa, como os EUA fazem agora, perdem sua hegemonia. Pela
primeira vez desde o isolacionismo do século passado, os EUA cruzaram essa
linha, expondo-se a desafios militares que podem custar seu status global. A
fuga de investidores dos Treasuries e o declínio do excepcionalismo americano
amplificam esse risco.
Phillips, mais cauteloso, reconhece que as tarifas impostas
por Trump podem mitigar o impacto fiscal do pacote, reduzindo o déficit
primário em US$ 1,8 trilhão em uma década. Contudo, ele alerta que isso apenas
mascara uma posição fiscal insustentável, com déficits primários elevados mesmo
em tempos de bonança, uma anomalia histórica que prenuncia turbulência.
Como já mencionei no Mosca anteriormente, a sustentabilidade
da dívida não tem um limite mágico, como os 100% do PIB tão citados. O Japão,
com 250% do PIB, é prova disso, mas o risco cresce exponencialmente com o
tamanho da dívida. Nos EUA, o privilégio do dólar como moeda de reserva global,
que no passado amortecia crises, está se esgotando. Rogoff nota que a demanda
estrangeira por dívida americana está saturada, enquanto China, África e
América Latina buscam alternativas como o RMB, e sanções americanas incentivam
a desdolarização. Dalio reforça que moedas que perdem valor como reserva de
riqueza, como ocorreu com todas as moedas de reserva históricas, são
desvalorizadas e abandonadas, e o dólar não é exceção.
Uma crise, embora evitável, pode assumir formas
devastadoras. Rogoff prevê uma inflação galopante, pior que a da pandemia, ou
repressão financeira, como no Japão, que sacrifica o crescimento. Dalio teme um
colapso da ordem monetária, e Ferguson alerta para um desafio geopolítico que
pode destronar os EUA. Phillips lamenta a inércia política, com eleitores e
legisladores negando a gravidade até que uma crise force ação. O Mosca enfatiza
que projeções econômicas pressupõem condições gerais constantes, e economistas
mudam de opinião com frequência, mas isso não diminui a seriedade do problema.
Globalmente, a Europa enfrenta pressões fiscais, com França
e Reino Unido em pior situação que Itália e Espanha. Japão e China, com alta
poupança doméstica, são menos vulneráveis, mas mercados emergentes como Brasil,
Romênia e Colômbia enfrentam riscos crescentes. Para os mercados, Kamakshya
Trivedi prevê taxas de longo prazo elevadas e um dólar enfraquecido. Rogoff
antecipa volatilidade, com picos inflacionários e oscilações em ativos de
risco. Dalio sugere diversificar em ativos e países fiscalmente sólidos,
reduzir exposição a títulos e investir em ouro e bitcoin como hedge.
Análise Técnica
No post “juros-todos-com-mesma-cara”, comentei sobre o dólar:
“O dólar rompeu a área em laranja e, agora, a probabilidade de queda aumentou.
Daqui em diante, surgem duas possibilidades importantes, com direções opostas”.
Sugiro ao leitor que revisite essas opções no link acima.
Estamos muito próximos do objetivo traçado para esse cenário, entre ~R$ 5,45 (queda de 0,90%) ou ~R$ 5,40 (queda de 2,0%). Vou ficar atento nos próximos dias. Se a queda for “tranquila”, pretendo zerar a posição; se for “violenta”, pode indicar que o outro cenário está em curso. No entanto, ainda acredito que o primeiro cenário é o mais provável. Atualizei o stop loss para R$ 5,5922.
- David,
como faço para saber a hora de zerar?
Hahaha... essa informação vale bilhões, não existe! Mas vou lembrar o que meu ex-sócio dizia em situações como essa: “Supondo que sua posição vencedora seja como retirar o mobiliário de um local, você deve sair antes, deixando as lâmpadas para o próximo”.
Mudança de Posição: Do Ouro para o Ibovespa
Resolvi ajustar minha estratégia. Estou zerando a sugestão de compra de ouro
a US$ 3.400 e recomendando a compra do Ibovespa. Abaixo, detalho meus
comentários sobre esses ativos:
Ibovespa – No post “fisgando-os-peixes-pequenos”,
comentei: “O Mosca esperava que a onda 4 azul terminasse para sugerir um trade
de compra (quase o fiz, como mencionei no post desta semana). Contudo, os
movimentos desta semana não formaram as cinco ondas em janelas menores.” Hoje
pela manhã, isso finalmente ocorreu, e minha indicação é a compra na ruptura de
137.812. Após o mercado subir fortemente, foi possível posicionar o stop loss
no nível de entrada.
Ouro – No post "inflação-sob-o-escrutínio-do-var" comentei: “O ouro ainda permanece hesitante, sem
ter rompido o nível de US$ 3.430... Isso mantém abertas duas hipóteses: a que
estou trabalhando, representada pelas linhas pontilhadas em verde, ou a
possibilidade mencionada no post anterior, de que a onda 4 azul esteja formando
um triângulo.” Na sexta-feira, o ouro tentou romper a barreira de US$ 3.430,
mas recuou, violando a onda 1 verde. Isso aumentou a probabilidade da segunda
hipótese mencionada. Por precaução, decidi zerar a posição.
Peço desculpas aos leitores, mas o momento exige disciplina e rapidez.
O S&P500 fechou a 6.033, com alta de 0,94%; o USDBRL a R$ 5,4869, com
queda de 1,02%; o EURUSD a € 1,1559, sem alteração; e o ouro a U$ 3,384, com
queda de 1,38%.
Fique ligado!
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