A ilusão do lucro fácil #IBOVESPA

 It´s to good to be true


Quando uma oportunidade no mercado reluz como ouro, o Mosca fica em alerta, pois o brilho pode ser apenas ilusão. Na minha época na Planibanc, o sócio Luis Carlos Plaster chamava uma chance excepcional de “massacre”, e essa palavra bastava para nos mover. Hoje, o mercado é mais sofisticado, e um estudo acadêmico de alto calibre, “It's to Good to Be True (Duarte et al., 2024), das universidades Rice e USC, confirma: milagres financeiros não existem. Com rigor científico, a pesquisa desmascara promessas de lucros extraordinários que seduzem até os mais experientes. A riqueza se constrói com estratégia, não com contos de fada. Vamos analisar essa lição para você, que busca prosperar sem cair em armadilhas.

Um mercado que evoluiu

Antigamente, as ineficiências do mercado eram tão evidentes que, como dizia meu colega na Planibanc, Emir Capez, o mercado deveria erguer um monumento aos megaespeculadores que mal dominavam aritmética básica. Operações como as que Plaster chamava de “massacre” eram frequentes. Agora, com um mercado mais complexo, essas oportunidades são raras. Ainda assim, proliferam nas redes sociais promessas de ganhos “garantidos” por supostos especialistas. Eu sempre reforço: toda operação, sem exceção, está num espectro de risco e retorno, com ganhos e perdas possíveis. Cabe ao investidor avaliar com critério e não se deixar levar por dicas duvidosas.

As descobertas do estudo

Submetido ao crivo acadêmico, Too Good to Be True examinou relatórios que ofereciam retornos quase mágicos. Um estudo (Zhan et al., 2021) sugeria que selecionar ações com base em fatores como preço ou lucro da empresa rendia 2,4% ao mês, consistentemente, com indicadores de risco (Sharpe ratios) atingindo 4. Outro (Christoffersen et al., 2018) apontava que negociar ativos menos líquidos gerava até 3,4% por dia. Parecia uma fórmula infalível, mas os pesquisadores revelaram o erro: esses números eram inflados por dados disponíveis apenas após a decisão de investimento, como se fosse possível prever o futuro. Na prática, isso é inviável.

O viés que engana

Imagine montar um portfólio hoje com informações que só terá amanhã seria maravilhoso, mas é impossível, certo? Esses relatórios usavam filtros que eliminavam resultados negativos, como investimentos que deram errado, baseando-se em dados futuros. No termo técnico, isso é look-ahead bias. Ao recalcular usando apenas informações disponíveis no momento da decisão, os lucros colapsaram: os 2,4% mensais caíram para 0,4%, e os 3,4% diários, para 0,1%. Os indicadores de risco, que pareciam promissores, despencaram a níveis pouco atrativos.

O que realmente importa

A pesquisa também questiona a crença de que ativos menos líquidos são uma fonte inesgotável de lucros. Na realidade, essa vantagem é insignificante. Entre as características analisadas, apenas preço da ação e reservas de caixa mostraram alguma relevância, mas com impacto limitado. Outra ilustração do estudo reforça essa conclusão, mostrando como estratégias baseadas em iliquidez perdem força quando ajustadas corretamente.

Com metodologia forte, o estudo deixa claro: o mercado não oferece atalhos. Como sempre digo, não há “ganho certo”. Toda operação carrega riscos, e promessas de lucro fácil são, no mínimo, suspeitas.

Relevância para o investidor

Vivemos um momento de otimismo, com bolsas em alta e a inteligência artificial sendo alardeada como a próxima revolução. Mas euforia é um terreno instável. Quando todos acreditam que a riqueza está ao alcance, é hora de redobrar a cautela. Os supostos especialistas que prometem fortunas rápidas são como vendedores de poções mágicas: seduzem, mas raramente entregam. O estudo reforça minha visão: investir exige paciência e disciplina, não ilusões.

Como se proteger das ilusões

Para quem investe, seja em ações, fundos ou alternativas mais ousadas, meu conselho é direto: estude antes de agir. Pergunte sempre: “Esses números refletem dados que eu teria no momento da decisão?”. Se a resposta for incerta, pause. Diversificação é essencial – nunca concentre tudo numa única aposta. E desconfie de promessas que parecem extraordinárias. Se um gráfico mostra retornos estratosféricos, exija transparência sobre como foi feito. O mercado recompensa quem pensa, não quem sonha.

Um mercado transformado

Se eu tivesse 30 anos hoje, até Plaster precisaria rever seu vocabulário. O mercado evoluiu, e as distorções de outrora são memórias distantes. Mas a ambição humana permanece, e os falsos profetas do lucro sabem explorá-la. Too Good to Be True, com seu rigor acadêmico, separa fato de ficção. Ele prova que não há milagres financeiros, apenas escolhas informadas entre risco e retorno.

 

Análise Técnica

No post “O dólar está perto do telhado”, fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: “O Mosca esperava que a onda 4 azul terminasse para sugerir um trade de compra (quase o fiz, como mencionei no post desta semana). Contudo, os movimentos desta semana não formaram as cinco ondas em janelas menores.” Hoje pela manhã, isso finalmente ocorreu, e minha indicação é a compra na ruptura de 137.812.




Não mencionei no post acima que esse gráfico é de janela de 1 hora e está sujeito a configurações que podem não se confirmar. Esse procedimento exige acompanhamento compatível com essa unidade de tempo, o que significa eventuais mudanças de posição de maneira imediata. Ontem, quase fechei esse trade, mas resolvi esperar mais um dia.

Vou continuar com a janela de 1 hora para que minha posição fique mais clara. Como destaquei no gráfico abaixo, a onda iv azul deve ter terminado, e a bolsa estar caminhando para a onda v azul. Caso contrário, se cair abaixo de 137.791, terei que refazer minhas premissas. Vou restabelecer o stop loss em 138.293, que, caso ocorra, deixará um pequeno lucro no trade proposto.

Essa bolsa brasileira... só um herói consegue ser bem-sucedido!






Em razão do feriado, o Mosca não publicará posts na quinta e sexta-feira, retornando normalmente na próxima segunda-feira. Hoje,  está prevista a decisão do Fed, e espera-se que mantenha os juros sem surpresas, conforme o relatório do Deutsche Bank. O documento, assinado por Jim Reid, destaca que a economia dos EUA parece estar em equilíbrio, com a taxa de fundos federais em 4,3%, inflação PCE próxima a 2,1% e desemprego em 4,2%, alinhados aos alvos do Fed.

O relatório sugere que o Fed deve manter uma postura de espera, com projeções prevendo apenas um corte em dezembro. Matt Luzzetti, em análise anterior, reforça que a taxa atual de 4,3% parece ser o nível neutro, com a economia mostrando estabilidade surpreendente apesar de choques passados, como a alta de tarifas em 2025 e crises bancárias em 2023.




Apesar da aparente estabilidade, incertezas como tarifas, disputas fiscais sobre o pacote BBB, tensões geopolíticas no Oriente Médio, reformas imigratórias e mudanças regulatórias podem abalar esse equilíbrio. Assim, o Deutsche Bank recomenda uma abordagem de “esperar para ver”, e o Mosca alerta para a importância de cautela, já que dicas na seção de perguntas e respostas do Fed podem trazer novas perspectivas.

O BCB também divulgará sua decisão, e o mercado está dividido sobre se haverá mais um aumento de 25 pontos ou se a autoridade monetária encerrará o ciclo de alta.

O S&P 500 estava as 13h30h a 6.003, com alta de 0,34%; o USDBRL a R$ 5,5031, sem variação; o EURUSD a € 1,1512, com alta de 0,29%; e o ouro a U$ 3.391, sem variação.

Bom Feriado

Fique ligado!

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