China: Um problema Estrutural #USDBRL
A China enfrenta um enigma econômico que ameaça sua
estabilidade e projeta sombras sobre o cenário global. Com uma população de 1,4
bilhão de habitantes, o desafio de garantir empregos suficientes para evitar
tensões sociais sempre foi uma obsessão para seus líderes. Desde os anos 1980,
a fórmula de crescimento foi clara: exportações massivas e um mercado
imobiliário superaquecido. Essa estratégia catapultou a China a um crescimento
vertiginoso, mas, como um motor sobrecarregado, ela agora mostra sinais de
falha. A dependência de exportações colidiu com tarifas americanas, enquanto o
setor imobiliário, outrora pilar do crescimento, atingiu seu limite. O Mosca
observa, a China está em uma encruzilhada: sua estrutura econômica, moldada por
décadas de escolhas políticas, precisa de uma reinvenção audaciosa para evitar
a armadilha da deflação e do estancamento.
O modelo chinês, que transformou o país na fábrica do mundo,
está sob pressão. As exportações, que por décadas foram o motor do crescimento,
enfrentam agora barreiras significativas, especialmente dos Estados Unidos,
cujo governo impôs tarifas de 30% sobre produtos chineses, conforme destaca Ed
Yardeni. Essas tarifas, embora reduzidas em relação aos 114% anteriores,
continuam a complicar os esforços do presidente Xi Jinping para atingir a meta
de crescimento do PIB de 5% em 2025. A resposta interna, tem sido tentar
estimular o consumo, reduzindo juros e aumentando o déficit público. No
entanto, a cultura de poupança, enraizada em décadas de ausência de uma rede de
seguridade social robusta, frustra essas tentativas. Os chineses, condicionados
a economizar para aposentadoria e despesas futuras, resistem a adotar o
consumismo desenfreado típico do Ocidente.
A crise imobiliária é outro calo no sapato chinês. A
Bloomberg revela que, apesar de um aumento de 14,7% nas vendas de imóveis em
junho em relação a maio, o setor enfrenta uma queda de 23% em comparação com o
ano anterior, marcando quatro anos de declínio contínuo. A Goldman Sachs estima
que a demanda por novas residências nas cidades chinesas permanecerá 75% abaixo
do pico de 2017, impulsionada por uma população encolhendo e urbanização em
desaceleração. Esse cenário erode a riqueza das famílias, minando a confiança
do consumidor, como detalhado por Yardeni. A queda de 0,22% nos preços de novas
residências em maio, a maior em sete meses, reflete a gravidade da situação.
A deflação, um espectro que assombra a economia chinesa, é
agravada por esses fatores. Yardeni aponta que o índice de preços ao consumidor
caiu 0,13% em maio, enquanto os preços ao produtor despencaram 3,3%, o maior
declínio desde julho de 2023. Esse ambiente de preços em queda, combinado com o
fraco crescimento salarial, reforça a preferência por poupança em detrimento do
consumo. A ausência de um sistema de seguridade social abrangente, força as
famílias a priorizar reservas para saúde, educação e aposentadoria, em um
contexto de aumento da expectativa de vida. O Mosca vê a China está presa em um ciclo vicioso: sem
confiança no futuro, o consumo não decola, perpetuando a deflação.
A resposta do governo chinês tem sido ambígua. Como relata a
Bloomberg, a China mostra sinais de melhora na atividade fabril e na construção
em junho, com o PMI manufatureiro subindo para 49,7, embora ainda em território
de contração. No entanto, a fraqueza no emprego e a persistência da deflação
sugerem que o crescimento atual é frágil. O Banco Popular da China (PBOC)
adotou um tom menos dovish, sinalizando relutância em implementar
estímulos monetários significativos no curto prazo. Analistas, como os da
Goldman Sachs, preveem cortes modestos nas taxas de juros e na razão de reserva
obrigatória apenas no quarto trimestre, quando o crescimento pode desacelerar.
Enquanto isso, o governo aposta em subsídios para bens de consumo e
infraestrutura, mas esses esforços tratam sintomas, não a raiz do problema.
A virada para a tecnologia é uma tentativa de reconfigurar a
economia. A China lidera em veículos elétricos, humanoides e inteligência
artificial, com empresas como BYD e DeepSeek desafiando gigantes globais. No
entanto, a competição feroz no setor de IA, com mais de 3.700 ferramentas
generativas registradas até abril, conforme citado pela Bloomberg resulta em
uma corrida de preços que compromete a monetização. Enquanto startups como as
"Little Dragons" lutam para sobreviver, gigantes como Alibaba e
Tencent, com mais recursos, dominam o jogo de longo prazo. Essa dinâmica,
embora fomente inovadora, ameaça criar "zumbis" tecnológicos,
semelhantes aos carros elétricos abandonados de outrora.
Robin Brooks argumenta que a escolha da China por manter o
yuan estável contra o dólar, evitando desvalorização, é uma decisão deliberada
que aceita a deflação como custo. Essa estratégia, embora projete força no
cenário global, restringe a política monetária, elevando as taxas de juros
reais e apertando as condições financeiras em um momento de pressão tarifária. Como
eu observo essa é uma aposta arriscada: a estabilidade cambial pode preservar a
imagem de potência, mas à custa de um crescimento interno anêmico.
A nível geopolítico, o Project Syndicate contextualiza a
transformação da China desde os anos 1970, quando abraçou o capitalismo de
estado. Esse período, marcado pela integração ao comércio global, criou a
"Chimerica", uma interdependência econômica com os EUA. Hoje, com o
sistema de livre comércio global em erosão, a China adota uma estratégia de
"dupla circulação", priorizando a autossuficiência. No entanto, as
tensões com os EUA, exacerbadas por tarifas e restrições tecnológicas, como as
sanções ao DeepSeek mencionadas na Bloomberg, limitam sua expansão global.
O Mosca conclui, a China enfrenta um problema estrutural que exige mais do que remendos. A transição para uma economia movida a consumo e tecnologia é necessária, mas esbarra em barreiras culturais, demográficas e políticas. Xi Jinping, ao priorizar estabilidade sobre reformas ousadas, corre o risco de prolongar a agonia econômica. A história mostra que nações que hesitam em se reinventar pagam um preço alto. A China, com seu peso global, não pode se dar ao luxo de errar – mas o relógio está correndo.
Análise Técnica
No post “A Última Bala na Agulha”, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: “No gráfico com janela de 4 horas, na elipse
destacada, os parâmetros técnicos sugerem que não se trata de um movimento
direcional, o que seria esperado na alternativa. Destaquei no retângulo os
possíveis objetivos, que são: ~R$ 5,46 (queda de 1%) ou ~R$ 5,39 (queda de
2,20%)”.
Estou muito tentado a zerar a posição que mantemos.
Situações como essa ocorrem com muita frequência. Há duas opções claras, cada
uma com suas consequências:
1) Zerar no nível apontado pela estratégia – nesse caso, se
o nível de reversão for inferior (ou superior), você ficará frustrado,
lamentando a decisão. O que não se deve fazer, de jeito nenhum, é achar que
virou gênio e mudar de direção, por exemplo, comprando. Fique quieto e
espere.
2) Elevar o stop loss – nesse caso, se o nível da mínima
estava correto, você devolverá uma pequena parte do lucro e ficará com a
sensação: “Burro, eu estava certo em zerar”. Mas garanto que, após poucos dias,
essa sensação será esquecida.
Vou optar pelo segundo caso e aumentar o stop loss para R$
5,51.
Notei nas minhas redes sociais vários analistas “provocando”
aqueles que previam o câmbio a R$ 7,00, agora que observamos a queda ocorrida
neste semestre, após o dólar atingir ~ R$ 6,42 no final do ano passado. Eu,
estava nesse grupo quando, em abril, resolvi entrar na ponta vendida, sempre
enfatizando que era um trade oportunístico.
Do ponto de vista técnico, tudo sugere que a queda está
próxima do fim. Até prova em contrário, mantenho minha visão de que ainda
veremos o dólar na casa dos R$ 7,00. Não será fácil, como não tem sido, pois
estamos em uma onda 5 diagonal.
Portanto, para esses analistas, sugiro que não se embriaguem
com o sucesso e mantenham a calma. Quando a onda 5 vermelha, em conjunto
com a onda V verde, terminar, um período extenso de queda do dólar
deverá ocorrer.
O S&P 500 fechou a 6.204, com alta de 0,52%; o USDBRL a
R$ 5,4336, com queda de 0,96%; o EURUSD a € 1,1780, com alta de 0,52%; e o ouro
a U$ 3.308, com alta de 1,07%.
Fique ligado
Olá Mosca tudo bem?
ResponderExcluirDeixe-me ver se entendi corretamente, sua aposta no momento é que vamos ter uma reversão na tendência de queda, chegando até R$ 7, para só então depois iniciar um longo período de queda, é isso?