O efeito da segunda derivada #USDBRL
O mundo enfrenta uma encruzilhada demográfica e econômica
sem precedentes, com disparidades regionais redefinindo o futuro. Como o Mosca aponta
em suas análises, as dinâmicas populacionais e as tensões comerciais globais
estão redesenhando o tabuleiro econômico. Enquanto a África Subsaariana
sustenta altas taxas de natalidade, a China enfrenta uma crise demográfica e
uma guerra tarifária, especialmente com os Estados Unidos. Este texto alinha-se
ao Mosca e explora como a demografia, a deflação e a aposta chinesa na
manufatura — apesar da resistência ocidental — convergem para um cenário de
risco global, com ênfase na delicada situação da China frente às barreiras
comerciais.
A Dicotomia Demográfica Global
A demografia global é marcada por contrastes profundos.
Segundo o The Lancet (2024), 75% dos países terão taxas de fertilidade
abaixo do nível de reposição (2,1 filhos por mulher) até 2050, atingindo 97%
até 2100. A taxa global caiu de 5 filhos por mulher em 1950 para 2,2 em 2021,
com nações como Coreia do Sul e Sérvia abaixo de 1,1. Urbanização, educação
feminina e custos crescentes de criação de filhos impulsionam esse declínio,
especialmente em economias desenvolvidas e emergentes, como a China.
Em contrapartida, a África Subsaariana mantém taxas de
fertilidade próximas de 4 filhos por mulher, projetada para responder por mais
da metade dos nascimentos globais até 2100 (Our World in Data, 2024).
Nigéria e Etiópia dobrarão suas populações até 2050, sustentadas por acesso
limitado à contracepção e normas culturais que valorizam famílias numerosas. A
população global deve atingir 10,3 bilhões em 2084, antes de declinar.
China: Uma Economia Acuada por Demografia e Comércio
A China, como o Mosca vem alertando, enfrenta uma crise
multifacetada. O documento China demographics.pdf (2024) revela que a
população chinesa encolheu pelo terceiro ano consecutivo, caindo 1,39 milhão
para 1,408 bilhão, um declínio inédito desde 1949. A taxa de natalidade, com
menos de 10 milhões de nascimentos anuais desde 2022, reflete as cicatrizes da política
do filho único (1979-2016), que também gerou um desequilíbrio de gênero (104
homens para cada 100 mulheres). A população em idade ativa, reduzida em 7
milhões em 2024 para 858 milhões, limita a capacidade de Xi Jinping de
impulsionar a demanda interna.
Esse colapso demográfico agrava a deflação, um tema
recorrente nas análises do Mosca. Idosos consomem menos, enquanto jovens,
pressionados por custos de vida, adiam casamentos e filhos. A previsão é
alarmante: a população chinesa pode cair para 633 milhões até 2100. Além disso,
a Bloomberg (26 de maio de 2025) relata que o governo de Xi planeja uma
nova versão do “Made in China 2025”, priorizando tecnologias como equipamentos
de fabricação de chips, apesar das críticas dos EUA por desequilíbrios
comerciais. Pequim resiste a incluir metas numéricas de consumo no Plano
Quinquenal de 2026, devido à falta de ferramentas eficazes para estimular
gastos domésticos, mantendo a manufatura como núcleo da economia.
As tensões comerciais intensificam a crise. Os EUA, sob
Trump, elevaram tarifas a 145% sobre produtos chineses em abril de 2025,
reduzidas a 40% após negociações em Genebra. A Europa, lidando com crises
energéticas e inflacionárias, restringe importações de veículos elétricos
chineses. A América Latina, dependente de importações chinesas baratas, vê sua
balança comercial deteriorar, com Brasil e México considerando medidas
protecionistas.
A cultura de alta poupança (acima de 30%, Banco Mundial
2024) e a demografia encolhendo impedem o aumento do consumo, enquanto a
deflação, com crescimento projetado de 2% até 2030, cria um círculo vicioso:
preços caem, empresas cortam investimentos, e o desemprego jovem, de15% em
2024, sobe.
Implicações Globais: Deflação e Reconfiguração Comercial
A crise chinesa reverbera globalmente. A deflação, descrita
pelo Mosca como o “calcanhar de Aquiles” das economias modernas, reduz a
demanda global, afetando exportadores como Alemanha e Austrália. A guerra
tarifária e as restrições europeias podem levar a uma superprodução chinesa sem
mercado, forçando Pequim a despejar produtos em mercados emergentes a preços
predatórios, gerando tensões na ASEAN e América Latina. A Bloomberg destaca que
a ênfase da China na manufatura, apesar das críticas ocidentais, amplia
desequilíbrios comerciais, com investimentos (40% do PIB) superando o consumo
(40%, contra 50-70% em economias desenvolvidas).
Na África, o crescimento populacional oferece um potencial
dividendo demográfico, mas exige investimentos em educação e infraestrutura.
Sem isso, a pobreza pode se intensificar, como o Mosca alerta. A migração
poderia aliviar pressões em países envelhecidos, mas políticas restritivas da
UE (2025) limitam essa solução.
Caminhos para o Futuro
A China precisa de medidas ousadas. Elevar a idade de
aposentadoria e investir em automação, como sugerido em postagens no X, podem
mitigar a escassez de mão de obra. Políticas pró-natalidade, como subsídios,
têm impacto limitado, exigindo reformas em redes de segurança social e
igualdade de gênero. Para gerenciar o excesso de produção, Pequim poderia
diversificar mercados na África e Ásia Central, mas isso exige diplomacia hábil
em um mundo protecionista, especialmente com a aposta em autossuficiência em semicondutores
frente às restrições dos EUA (Bloomberg, 2025).
Globalmente, países envelhecidos devem adotar imigração
seletiva e tecnologias para compensar a queda da força de trabalho. Na África,
educação feminina e acesso à contracepção são cruciais para equilibrar o
crescimento populacional com desenvolvimento sustentável.
Conclusão
O mundo navega um mar revolto. A China, encurralada por uma
demografia em colapso, deflação persistente e guerras comerciais, é um alerta
para nações despreparadas. A aposta de Xi na manufatura, segundo a Bloomberg,
desafia as demandas dos EUA por reequilíbrio, arriscando um excedente sem
destino enquanto mercados emergentes resistem à dependência chinesa. A África,
com seu boom demográfico, é uma promessa e um desafio. Resolver essa equação
exige visão, coragem e cooperação global. Como o Mosca adverte, ignorar essas
forças é jogar os dados contra o futuro.
Quando eu aprendi na faculdade o conceito da segunda
derivada na cadeira de Cálculo Integral fiquei maravilhado, mal saiba eu que
usaria agora no problema demográfico da China.
A derivada negativa, de forma bem simples, significa que, mesmo que algo
ainda esteja crescendo, como a população, esse crescimento está ficando mais lento
a cada momento. Imagine uma escada onde os degraus ficam menores: você ainda
sobe, mas cada passo avança menos. No caso da China, por exemplo, se a
população total ou em idade ativa ainda cresce, uma derivada negativa indica
que esse aumento é cada vez menor ano a ano, ou seja, cada vez tem mais velhos
que crianças e isso é terrível em termos econômicos como o texto ilustra.
Análise Técnica
No post “a-nvidia-continua-nadando-de-braçada”, foi feita uma sugestão de venda de dólar: “Com toda a confusão do governo ontem e o estresse inicial da moeda, acredito que pode haver uma nova tentativa de o dólar atingir o nível de R$ 5,40. Sugiro realizar uma nova operação, considerando o dólar nos níveis atuais de R$ 5,6917, com um stop loss em R$ 5,75, o que representa uma potencial perda de 1% para um ganho estimado de 4%.”
Como essa sugestão foi proposta na última sexta-feira, não
há muito a acrescentar no gráfico diário. Aproveitarei para apresentar uma
visão de longo prazo, ainda mais porque hoje é feriado nos EUA e os mercados
estarão em ritmo lento. Embora eu tenha uma visão mais otimista para o dólar e
pessimista para o real em um horizonte de médio prazo, a ideia contrária também
merece consideração.
Recordo-me de que, em várias ocasiões, estive propenso a adotar a ideia de queda do dólar, mas o momento não parecia adequado. Uma discussão com outro analista neste fim de semana, que compartilha a mesma visão, mas acredita que o movimento de queda já está em curso, levou-me a revisitar minhas premissas. Inicialmente, vejamos o cenário em que trabalho, ilustrado a seguir com um gráfico de janela mensal.
A onda V verde, que é diagonal, estaria no estágio
final de término da onda 4 vermelha. Nossa aposta atual é que o dólar
atinja R$ 5,40, para em seguida rumar à última alta, que levaria a moeda a R$
6,69 / R$ 7,31, iniciando, só então, um movimento de queda mais intenso e
expressivo. Isso deveria ocorrer por volta do primeiro trimestre de 2027. Do
ponto de vista dos fundamentos, há uma lógica nesse cenário, considerando a
possibilidade de um novo governo sem o PT.
Qual seria a possibilidade de o movimento de queda já estar em curso? Nessa situação, a onda V verde já teria terminado, conforme mostrado no gráfico abaixo.
Anoto acima o que deveria ser considerado nesse caso. Na parte inferior, a onda IV verde deveria ser ajustada um pouco mais à frente, e a onda V verde se desenvolveria de maneira tradicional. Contudo, ocorrem duas anomalias: a onda (c) vermelha e a onda V verde seriam ambas “pequenas”. Essa ocorrência não seria impeditiva, mas fugiria do padrão.
Como saberemos em qual dos casos o dólar se encontra?
Acompanhando o Mosca. Marketing! Hahaha... Mas fica o recado, em algum
momento o dólar vai ter uma queda expressiva e vamos estar atentos para ter um
discurso compatível.
O USDRBRL fechou a R$ 5,6729, com alta de 0,47%; o EURUSD a €
1,1385, com alta de 0,19%; e o ouro a U$ 3.342, com queda de 0,43%.
Fique ligado!
Boa David, suas sugestões de trade são muito bem vindas e a performance fala por si! Neste caso, acredito que a região gráfica em que o dólar se encontra favoreça a compra pra mais um teste dos R$ 6,00. Se der a lógica, eu provavelmente estarei errado mas vou pagar para ver. De qualquer forma, pensar de forma independente (como vc faz) é o único caminho para a paz mental. Abraços
ResponderExcluirexato, o compromisso é com o bolso e não com a opinião!
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