Terceirizando a decisão #OURO #GOLD #USDBRL
O Federal Reserve (Fed) encontra-se em uma posição delicada,
carregando a responsabilidade de conduzir a política monetária, mas desprovido
da autoridade para controlar os experimentos econômicos desencadeados pelo regime
de tarifas do presidente Donald Trump, essa desconexão entre poder e
responsabilidade é uma fórmula para angústia. A última declaração do Comitê
Federal de Mercado Aberto (FOMC) resume o dilema com clareza alarmante: “os
riscos de aumento do desemprego e da inflação cresceram”. Essa admissão expõe
um conflito que pode paralisar o banco central, forçando-o a reagir a choques
externos em vez de moldar resultados de forma proativa. Com as tarifas de Trump
injetando incerteza na economia, o Fed está, na prática, terceirizando suas
decisões à Casa Branca, uma dinâmica que ameaça desestabilizar os mercados e
minar a confiança.
A decisão do FOMC de manter a taxa de juros dos fundos
federais entre 4,25% e 4,5% reflete uma postura cautelosa, mas encobre uma
paralisia mais profunda. O presidente do Fed, Jerome Powell, deixou claro que
não haverá cortes de juros até que a névoa em torno da política comercial se
dissipe. As tarifas, anunciadas em 2 de abril de 2025 e parcialmente suspensas
por 90 dias, criaram um cenário econômico volátil. As tarifas sobre importações
chinesas atingem agora impressionantes 145%, um nível que beira um embargo.
Enquanto negociações com parceiros comerciais se aproximam, a falta de clareza
congelou decisões de investimento e obscureceu o sentimento do consumidor. O
Fed, conforme reportado pela Bloomberg, aguarda “convicção” sobre se a economia
está caminhando para uma recessão, exigindo cortes de juros, ou rumo a uma
inflação persistente, demandando uma política mais restritiva. Essa indecisão
não é liderança — é capitulação.
O Mosca enfatiza a posição desconfortável do Fed, preso
entre sinais conflitantes. Um aumento no desemprego normalmente pediria juros
mais baixos para estimular o crescimento, mas uma inflação crescente exige o
oposto. As tarifas intensificam essa tensão. Economistas preveem amplamente que
essas tarifas elevarão preços enquanto sufocam o crescimento, um cenário
clássico de estagflação. Contudo, como John Authers observa em sua coluna na
Bloomberg Opinion, os mercados parecem estranhamente indiferentes aos alertas
do Fed. Mercados de ações e títulos estão mais sintonizados com manchetes
comerciais do que com pronunciamentos do FOMC, um sinal de que a influência do
banco central está diminuindo. A confiança do mercado em três cortes de juros
até o final do ano, com a taxa de juros caindo para 3,5%, depende da crença de
que as tarifas acabarão limitando o crescimento sem desencadear uma inflação
descontrolada. Mas esse otimismo pode ser equivocado.
O impacto das tarifas já é visível. As importações dos EUA
provenientes da China, que representam 1,6% do PIB, despencaram para níveis não
vistos fora do período de desaceleração do Ano Novo Lunar. Steven Englander, do
Standard Chartered, estima que, se as tendências atuais persistirem, o choque
no volume de importações pode reduzir o PIB em 0,25% a 0,5%. Embora isso não
leve a economia a um colapso, destaca a perturbação causada pelas tarifas.
Enquanto isso, o mercado de petróleo adiciona outra camada de complexidade. Os
preços do petróleo bruto caíram para o menor nível desde 2021, uma força
deflacionária que pode aliviar as pressões inflacionárias, mas também sinaliza
uma demanda global enfraquecida. Curiosamente, isso não se traduziu em preços
mais baixos nas bombas de gasolina, deixando a confiança do consumidor
vulnerável.
A postura reativa do Fed é um afastamento marcante de seu
papel histórico como força estabilizadora. Como Claudia Sahm, da New Century
Advisors, observa, o banco central está “à mercê das políticas vindas da Casa
Branca”. Isso ecoa o argumento do Mosca de que culpar outros é inútil quando a
responsabilidade recai sobre você. O próprio Powell desviou a responsabilidade,
apontando que a política comercial é mandato da administração, não do Fed. No
entanto, esse desvio apenas destaca a redução da agência do banco central. Com
autoridades americanas e chinesas prestes a se reunirem na Suíça para discutir
tarifas, o Fed é relegado a um papel secundário, aguardando resultados que não
pode controlar.
Os mercados, no entanto, não estão esperando por clareza. Os
mercados de futuros estimam uma probabilidade de 85% para um corte de juros em
julho, embora a maioria dos economistas, incluindo Ellen Meade, da Universidade
Duke, argumente que setembro é mais realista. Essa divergência reflete uma
incerteza mais ampla: as ações do Fed dependem de dados que não se
materializarão completamente até o fim da pausa tarifária em 8 de julho.
Enquanto isso, os mercados globais estão se ajustando a uma nova realidade. A
valorização histórica do dólar taiwanês sinaliza perturbações na cadeia de
suprimentos de tecnologia, enquanto as ações do resto do mundo superam as dos
EUA, já que outros bancos centrais enfrentam menos ambiguidade relacionada a
tarifas. O Banco da Inglaterra, por exemplo, está prestes a cortar juros
agressivamente, com os mercados esperando 150 pontos-base de flexibilização no
próximo ano.
A visão do Mosca é que o dilema do Fed não é apenas um
desafio de política, mas uma falha estrutural. Ao ceder a iniciativa à Casa
Branca, o banco central arrisca se tornar um espectador em seu próprio domínio.
A natureza intermitente das tarifas já desencadeou um aumento nas importações à
medida que empresas correm para evitar novas taxas, seguido por uma queda
acentuada nos embarques. Essa volatilidade compromete a capacidade do Fed de
prever e agir com decisão. Além disso, as críticas públicas de Trump a Powell
por não cortar juros adicionam pressão política a uma situação já complicada,
erodindo ainda mais a independência do Fed.
Com a economia dos EUA contraindo pela primeira vez desde
2022, o mercado de trabalho permanece um ponto positivo, adicionando 177.000
empregos em abril. Mas essa resiliência pode não durar. Empresas estão pausando
investimentos, e o sentimento do consumidor está azedando. A admissão do Fed de
que as condições do mercado de trabalho são “sólidas” soa vazia diante dos
riscos crescentes. A esperança do banco central de que negociações comerciais
“alterem materialmente o cenário” é uma base frágil para se apoiar quando as
prioridades da administração — como a flexibilização das restrições de
exportação de chips de IA — parecem desconexas da estabilidade econômica mais
ampla.
Em conclusão, a postura atual do Fed é uma aposta arriscada
em um futuro incerto. Ao terceirizar sua tomada de decisão aos caprichos
imprevisíveis da política comercial, o banco central arrisca perder
credibilidade e controle. O alerta do Mosca é claro: responsabilidade sem
autoridade é uma armadilha, e o Fed está preso. À medida que as tarifas
remodelam o cenário econômico, o banco central precisa encontrar uma maneira de
recuperar sua agência — ou se preparar para uma turbulência inevitável.
Análise Técnica
Ouro: Cautela na Dança das Cadeiras do Mercado
Ontem, decidi zerar minha posição em ouro, sem que houvesse
um evento técnico de grande relevância para justificar a decisão. Então, qual
foi o motivo? Como venho alertando, o movimento do metal está na fase final de
um ciclo de alta, aproximando-se do ponto em que se espera uma correção, no
caso, uma onda 4 laranja, conforme ilustrado no gráfico abaixo. Sinto-me
como em uma dança das cadeiras: há uma cadeira sobrando, e fico girando com a
mão pronta para me sentar. Talvez existam mais cadeiras disponíveis, mas só
descobriremos isso mais adiante.
Um detalhe técnico importante é que, em movimentos de alta
expressivos, enquadrar as ondas menores torna-se um desafio. Não pretendo me
aprofundar nesse aspecto, pois explicá-lo seria complexo, e peço que o leitor
confie em minhas observações. O que ocorre, a posteriori, é que a incerteza na
contagem de ondas em janelas de tempo menores se intensifica. Essa falta de
clareza é um fator que pesa nas decisões.
Vamos ao cerne do meu dilema: o objetivo de preço está
indicado na elipse do gráfico, sugerindo ainda um potencial de alta de 9%, o
que não é desprezível. No entanto, ondas 5, especialmente as 5 de 3, são
notoriamente imprevisíveis e podem terminar abruptamente. Há uma possibilidade,
marcada em vermelho no gráfico, de que o topo já tenha sido atingido — embora
isso pareça improvável, a dúvida persiste. Em um horizonte mais curto, a onda
4 azul pode se estender à direita, revisitando o nível de US$ 3.200, onde
seríamos estopados.
O que fazer, então? Se o ouro cair abaixo de US$ 3.269, isso
confirmaria, no mínimo, que a onda 4 azul ainda não terminou. No pior
cenário, poderia sinalizar o início da “grande correção”. Por outro lado, se o
metal superar US$ 3.437 sem antes revisitar o nível acima de US$ 3.269, a porta
para novas altas permanecerá aberta. Estarei vigilante nos próximos dias para
tomar uma decisão embasada.
— Xiii, David, parece que você ficou medroso! Não estou
te reconhecendo!
A diferença entre ser medroso e ser cauteloso é crucial aqui. Eu seria medroso
se, a cada movimento, fizesse essa longa explanação por puro receio. Sou
cauteloso porque a contagem de ondas aponta para um momento de prudência.
Escolha como prefere me classificar, mas saiba que opto pela cautela
estratégica.
Kit Brasil na Veia: Dólar Vendido e Bolsa em Alta!
No post “sempre-na-pole-position”, fiz os seguintes
comentários sobre o dólar: “Embora o dólar esteja no mesmo patamar da semana
passada, houve uma tentativa de alta que não se sustentou. Por enquanto, o
intervalo entre R$ 5,42 e R$ 5,40 parece ser o objetivo mais provável para o
atual movimento de queda”. Como observado naquele momento, a relação
risco-retorno não era atrativa. A decisão do Copom foi bem recebida pelo
mercado, e decidi iniciar um trade de venda do dólar na abertura de hoje, com
stop loss em R$ 5,76. Complementando, a bolsa brasileira parece ter ouvido
minhas lamentações e teve um dia brilhante, subindo 2,80%. Como se dizia
antigamente, o Mosca está posicionado no kit Brasil! Hahaha...
O S&P500 fechou a 5.663, com alta de 0,58%; o USDBRL a
R$ 5,6645, com queda de 1,43%; o EURUSD a € 1,1221, com queda de 0,70%; e o
ouro a U$ 3.307, com queda de 1,69%.
Fique ligado!
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