Apple com novo "palpiteiro" #EURUSD #USDBRL

 


O presidente Trump, em sua cruzada por um “Made in USA”, pressiona Tim Cook, da Apple, a abandonar a expansão da produção de iPhones na Índia, exigindo mais fábricas nos EUA. A audácia do pedido desconsidera a intricada cadeia de suprimentos da Apple, construída ao longo de décadas, com China e Índia como eixos estratégicos. O Mosca alerta para os perigos de intervenções estatais em decisões corporativas, e este caso é emblemático: a Apple, a empresa mais valiosa do mundo, enfrenta um conflito entre geopolítica e eficiência.

Produzir iPhones nos EUA é uma utopia. A mão de obra cara e a falta de um ecossistema industrial tornam a proposta impraticável no curto prazo. Na Índia, a Apple encontra subsídios estatais e um mercado em ascensão, produzindo 40 milhões de unidades anuais, 20% de sua capacidade global. Trump, contudo, parece priorizar o nacionalismo econômico. Curiosamente, ele sugere que a Índia pode reduzir tarifas sobre produtos americanos, o que beneficiaria a Apple localmente.



 Fonte: Bloomberg

A pressão de Trump espelha uma tensão maior, que o Mosca acompanha de perto: o choque entre protecionismo e globalização. A Apple, no meio desse embate, pode precisar ajustar sua estratégia, enquanto a Índia se firma como peça central no tabuleiro tecnológico global.

Muito se tem discutido se as tarifas de Trump lançariam os EUA em recessão. Com o recente recuo nas negociações comerciais, os riscos persistem? As tarifas, inicialmente brandidas como arma de pressão, abalaram a confiança dos mercados e custaram caro às gigantes tecnológicas, como a Apple, que perdeu US$ 1,3 trilhão em valor de mercado nos primeiros 100 dias de Trump. O impacto, porém, vai além: a economia americana, outrora invejada, enfrenta agora o espectro de uma crise autoinfligida.

O recuo de Trump nas tarifas, com negociações com China e Reino Unido, trouxe alívio temporário, mas não reverte o dano. A probabilidade de recessão nos próximos 12 meses dobrou para 40%, conforme economistas consultados pela Bloomberg. Pequenos e médios importadores, especialmente varejistas, enfrentam estoques críticos, com apenas cinco a sete semanas de reservas. Sem mudanças, prateleiras vazias e preços elevados serão inevitáveis, como alerta Gene Seroka, do Porto de Los Angeles. A incerteza, mais do que as próprias tarifas, é o veneno que paralisa o comércio e erode a confiança.

O Mosca também observa o impacto fiscal das políticas de Trump. Sua “Big, Beautiful Bill”, que combina cortes de impostos com tímidas reduções de gastos, deve aumentar o déficit em US$ 2,5 trilhões na próxima década, segundo Ajay Rajadhyaksha, do Barclays. Os cortes propostos, focados em Medicaid e Medicare, enfrentam resistência até entre republicanos, sinalizando dificuldades políticas. O mercado de títulos, sempre um termômetro confiável, reage com ceticismo: os rendimentos dos Treasuries subiram de 3,63% em setembro para 4,29%, encarecendo o custo de empréstimos. Os “bond vigilantes” estão prontos para impor disciplina fiscal, caso o governo insista na prodigalidade.




A pressão sobre setores específicos, como o farmacêutico, ilustra a amplitude do caos. A ordem executiva de Trump para reduzir preços de medicamentos, alinhando-os aos de outros países, pode custar até US$ 1 trilhão à indústria em uma década, segundo a UBS. Gigantes como Eli Lilly e Novo Nordisk, apesar de avanços em medicamentos para obesidade, enfrentam quedas no mercado, com o Tema GLP-1 Obesity & Cardiometabolic ETF refletindo o pessimismo. A saúde, politizada novamente, sofre com custos trabalhistas crescentes, que superam a inflação dos serviços, conforme dados do Bank of America.

A Apple, já analisada pelo Mosca no contexto da pressão de Trump para abandonar a produção na Índia, é um microcosmo dessa tormenta. A empresa, que perdeu valor equivalente ao PIB de nações como a Suécia, enfrenta o mesmo dilema de outras gigantes tecnológicas: navegar um ambiente de políticas imprevisíveis. Alphabet, Amazon, Meta e Tesla, juntas, viram US$ 2,7 trilhões evaporarem, mesmo após gestos de alinhamento com Trump, como doações para sua posse. Esse “MAGA cronyism” [política de compadres], como critica Matthew Winkler, é a antítese do capitalismo eficiente.

O Mosca vê nesse cenário um alerta: a economia americana, antes um farol de estabilidade, está sendo arrastada para a turbulência por decisões arbitrárias. A combinação de tarifas vacilantes, déficits crescentes e pressões setoriais cria um coquetel perigoso. Embora o recuo nas tarifas sugira pragmatismo, a recuperação será lenta e dolorosa. A confiança dos CEOs, no menor nível desde 2012, e o pessimismo do National Federation of Independent Business reforçam a gravidade do momento. Enquanto os “bond vigilantes” e os mercados globais ditam os limites, cabe à América decidir se seguirá o caminho da grandeza ou da irrelevância.

 

Análise Técnica

No post “a-insônia-de-trump”, comentei sobre o euro: “Neste cenário, a linha azul no gráfico abaixo representa o caminho projetado, no qual a onda 3 azul alcançaria um objetivo dentro do retângulo azul, retornaria para testar a linha de tendência de longo prazo — algo comum na onda 4 azul — e, em seguida, atingiria o objetivo dentro do retângulo laranja.”




Na ocasião, a onda 3 azul ainda não estava formada, mas agora parece mais clara. Quanto à onda 4 azul, não posso afirmar que esteja concluída. Contudo, em uma janela de 2 horas, o movimento destacado na elipse sugere a formação de cinco ondas, com o preço atualmente em correção. Surge, assim, uma oportunidade de compra do euro com risco reduzido.




No gráfico abaixo, detalho a ideia. A onda ii laranja pode cair mais alguns centavos, embora isso não seja obrigatório, e a correção pode já ter se encerrado. Minha sugestão é comprar entre € 1,1140 e € 1,1106, com stop loss em € 1,1064, representando um risco de aproximadamente 0,5%. Fiquem atentos às atualizações do Mosca.




Um pouco de teoria

No mercado de câmbio, utiliza-se o conceito de PPP (Paridade do Poder de Compra), que compara o poder de compra de diferentes moedas, ajustando as taxas de câmbio com base no custo de uma cesta de bens e serviços em cada país. Diferentemente das taxas de câmbio de mercado, que são voláteis, o PPP equaliza o valor real das moedas, mostrando quantos bens uma moeda pode comprar em diferentes economias. Por exemplo, se um café custa US$ 5 nos EUA e € 4 na Europa, o PPP sugere que a taxa de câmbio “justa” equalizaria esse custo. O conceito é amplamente usado para comparar padrões de vida, PIB per capita e avaliar se moedas estão sobrevalorizadas ou subvalorizadas. Para que o indicador tenha credibilidade, a cesta de produtos precisa ser ampla e representativa.

Quando comecei a me interessar pelo mercado de câmbio internacional, em 2000, aprendi sobre o PPP e fiquei empolgado. Lembro-me de receber um gráfico com essa relação para várias moedas e pensar: “Se está muito valorizada, vamos vender essa moeda!” Maldita hora! Não só a moeda não se desvalorizou como ficou ainda mais valorizada. A partir daí, passei a apenas observar e cheguei a uma conclusão: de 20 em 20 anos, o preço de mercado se alinha ao PPP, para então passar outros 20 anos sobrevalorizado ou subvalorizado. Entenderam o recado? Haha! Quase ia me esquecendo: confiram a seguir o gráfico do Dollar Index. O pessoal está dizendo que o dólar está caro. Me chamem daqui a 20 anos!




O S&P 500 fechou a 5.916, com alta de 0,41%; o USDBRL a R$ 5,6788, com alta de 0,73%; o EURUSD a € 1,1186, com alta de 0,11%; e o ouro a U$ 3.231, com alta de 1,67%.

Estou liquidando a posição em dólares a R$ 5,6790, maiores explicações no post de segunda-feira.

Fique ligado!

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