Sempre na pole position #USDBRL #OURO #GOLD

 


O sucesso é uma fera rara, que exige uma combinação de determinação, genialidade e resolução inabalável — atributos que apenas poucos possuem. Mantê-lo por décadas, no entanto, é uma proeza reservada aos verdadeiramente extraordinários. Como refleti recentemente, inspirado pelo espetáculo eletrizante da última apresentação de Lady Gaga, a questão persiste: quem consegue sustentar tal brilho por uma vida inteira? Ícones como Elton John e Roberto Carlos conseguiram, ainda que com o inevitável suavizar do fogo inicial. No mundo das finanças, porém, um nome se ergue acima de todos: Warren Buffett, o Oráculo de Omaha, que, após seis décadas de maestria inigualável nos investimentos, anunciou sua saída como CEO da Berkshire Hathaway no final deste ano. Sua história, não é apenas uma lição sobre criação de riqueza, mas uma aula magna de resiliência, disciplina e clareza audaciosa.

Jason Zweig, do Wall Street Journal, captura a essência da singularidade de Buffett, argumentando que ninguém jamais o replicará devido a três fatores inimitáveis: a pessoa, o período e a estrutura. Buffett, o “homem intoxicado por ações”, vive e respira mercados desde que comprou sua primeira ação aos 11 anos, em 1942. Sua obsessão — ler mais de 100 mil demonstrações financeiras em sua carreira, segundo a estimativa conservadora de Zweig — beira o sobrenatural. Eu frequentemente fiquei maravilhado com a capacidade de Buffett de recordar detalhes com precisão quase verbatim, uma inteligência artificial humana antes que o termo se tornasse moda. Essa memória prodigiosa, aliada a um apetite voraz por relatórios corporativos, permitiu-lhe identificar padrões que outros ignoravam, conferindo-lhe uma vantagem que nenhum algoritmo pode replicar completamente.

Ainda assim, não é apenas o intelecto de Buffett que o distingue. Seu temperamento, é a verdadeira pedra angular de seu sucesso. Em uma era que vai dos mainframes à inteligência artificial, Buffett enfrentou inúmeras crises — momentos em que “o mundo estava desabando”. Através da bolha das ponto-com, da crise financeira de 2008 e além, ele se manteve fiel à sua filosofia: comprar empresas bem geridas a preços de barganha e mantê-las com paciência. Essa disciplina, que eu chamo de “sangue de barata”, permitiu-lhe enfrentar as tempestades de ganância e medo sem vacilar. Seu retorno anualizado de 19,9% de 1965 a 2024, quase o dobro dos 10,4% do S&P 500, conforme detalhado por Nir Kaissar na Bloomberg, é um testemunho dessa determinação inabalável.



A era de Buffett foi excepcionalmente propícia ao seu gênio. Nascido em 1930 em Omaha, ele venceu o que chama de “loteria ovariana”, emergindo em um momento em que os mercados eram menos saturados por capital institucional. Como Zweig observa, Buffett prosperou pescando nos cantos negligenciados do mercado, apostando alto em empresas obscuras como Dempster Mill Manufacturing e Sanborn Map. Essas jogadas iniciais, que impulsionaram suas parcerias de investimento a um retorno anual de 25,3% de 1957 a 1968, seriam quase impossíveis hoje, com trilhões em fundos de índice lotando o campo. Eu sempre admirei a capacidade de Buffett de se adaptar, transitando do investimento em valor “pontas de charuto” de Ben Graham para o foco de Charlie Munger em empresas de qualidade a preços justos — uma mudança que alimentou apostas de sucesso como Coca-Cola e Apple.

A Coca-Cola, um pilar do portfólio da Berkshire desde 1988, exemplifica essa evolução. O artigo de Justin Baer no Wall Street Journal destaca como a participação de US$ 25 bilhões de Buffett, que rendeu US$ 770 milhões em dividendos apenas em 2024, reflete sua estratégia de “segurar para sempre”. O Mosca vê isso como a audácia de Buffett em ação: não apenas escolher vencedores, mas promovê-los publicamente, tomando Cherry Cokes e entrelaçando seus investimentos à sua própria lenda. No entanto, os erros de Buffett — Salomon Brothers, USAir e até as origens têxteis da Berkshire — revelam um lado humano. Seu arrependimento por assumir o controle da Berkshire em 1965, como relata Baer, decorre de uma decisão “monumentalmente estúpida” movida pelo orgulho. Respeito essa franqueza, uma raridade em Wall Street, onde admitir erros é um tabu.

A própria Berkshire é a maior inovação de Buffett, uma maravilha estrutural que Kaissar chama de “receptáculo para tudo o que ele julgava digno de possuir”. Diferente de fundos de hedge ou mútuos, o design da Berkshire — livre de taxas de gestão e imune a fluxos procíclicos de investidores —, sem se apropriar de alavancagem, deu a Buffett a liberdade de manter US$ 330 bilhões em caixa ou mergulhar em oportunidades como o acordo com o Goldman Sachs em 2008. Essa flexibilidade, combinada com a habilidade de Buffett na alocação de capital, o diferencia de pares que perseguem ganhos de curto prazo. Sua capacidade de segurar caixa em mercados superaquecidos, como observa Kaissar, e investi-lo em quedas, evidencia uma coragem que poucos possuem.




A humildade de Buffett, como escreve Jonathan Levin na Bloomberg, é seu toque final de genialidade. Rejeitando o mito do adivinho de Wall Street, ele construiu a Berkshire a partir de uma modesta mesa em Omaha, tratando os acionistas como parceiros. Suas reuniões anuais, apelidadas de “Woodstock do Capitalismo”, foram aulas de transparência, com Buffett respondendo perguntas por horas. O Mosca considera esse ethos inspirador, um lembrete de que o sucesso não precisa vir com arrogância. Mesmo com o tamanho da Berkshire e um mercado de alta prolongado reduzindo sua vantagem — igualando o S&P 500 desde a crise financeira, segundo Levin —, o legado de Buffett perdura. Seu plano de sucessão, entregando as rédeas a Greg Abel em 2026, conforme relata Karen Langley, reflete essa humildade: um ato final de administração para o império que construiu.

No fim, a história de Buffett é mais do que números. É sobre um homem que transformou o investimento em uma filosofia, mesclando sabedoria do Meio-Oeste com convicção destemida. Sua jornada de 60 anos, de uma fábrica têxtil falida a um conglomerado de US$ 1,16 trilhão, é uma saga de audácia e sofisticação. Como o Mosca ponderou sobre a longevidade de Lady Gaga, o legado de Buffett levanta uma questão semelhante: quem pode suceder tal ato? Abel pode guiar a Berkshire adiante, mas a sombra de Buffett permanecerá, um farol para aqueles que ousam perseguir a grandeza em um mundo de triunfos fugazes.

 

Análise Técnica

No post “O clone é melhor que o original”, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: “Considerando os níveis atuais de R$ 5,66, o potencial de lucro seria de aproximadamente 5%. Vale a pena um trade com um stop loss em R$ 5,81 (-2,5%)?”




Embora o dólar esteja no mesmo patamar da semana passada, houve uma tentativa de alta que não se sustentou. Por enquanto, o intervalo entre R$ 5,42 e R$ 5,40 parece ser o objetivo mais provável para o atual movimento de queda. Confesso que considerei sugerir um trade de venda, mas, respeitando o teor do post de hoje, essa não seria uma posição que Warren Buffett assumiria, pois seria uma reação típica à ganância.




No post “O desejo da calça Lee”, mencionei a possibilidade de entrar no ouro: “Vou ficar de olho em cinco ondas menores ascendentes, o que pode sugerir um trade de compra”. Hoje pela manhã, essa possibilidade se concretizou quando o metal rompeu o nível de US$ 3.272, conforme destacado no gráfico abaixo. Embora ainda não tenha atingido níveis mais elevados, acredito que, com um stop loss apertado em US$ 3.250, esse pode ser uma boa sugestão.




O S&P500 fechou a 5650, com queda de 0,64%; o USDRL a R$ 5,6879, com alta de 0,55%; o EURUSD a € 1,1315, com alta de 0,18%; e o ouro a U$ 3.330, com alta de 2,79%.

Fique ligado!

Comentários