Acabou a moleza #IBOVESPA
Durante muito tempo, quem precisava de chips para treinar modelos de inteligência artificial tinha apenas uma opção real: aceitar o preço imposto pela Nvidia ou simplesmente ficar sem produto. A relação era essa — ou você pagava o que Jensen Huang determinava, ou não treinava nada. E não adiantava levantar a sobrancelha e ameaçar “vou comprar do concorrente”. Concorrente? Era piada. O mercado inteiro dependia do monopólio tecnológico da Nvidia, e ela cobrava como tal: margens de 75%, filas de espera intermináveis e empresas engolindo seco para não sair atrás na corrida da IA.
Eu conheço bem essa
dinâmica. No tempo de pregão, quando alguém precisava comprar um ativo com
poucos vendedores, a expressão era direta: “fecha na boca do vendedor”.
Significava que não havia negociação possível — ou você aceitava o preço ou
ficava sem negócio. A lógica era exatamente essa.
Só que toda hegemonia
gera arrogância, e toda arrogância abre espaço para uma reação. A Google não é
exatamente uma empresa acostumada a se ver em posição subalterna. Enquanto o
mundo inteiro aceitava pagar caro pelos chips da Nvidia, ela desenvolvia silenciosamente
seus próprios TPUs. O que antes era apenas uma solução interna acabou virando
arma estratégica.
E agora o jogo virou.
Os primeiros testes comparando o desempenho entre os TPUs da Google e os GPUs da Nvidia mostram que o nível de performance está, no mínimo, empatado. E esse “empate” tem o peso de um terremoto. De repente, a Nvidia deixou de ser o único rottweiler do quarteirão. E pior: a Google não está só usando os próprios chips — está em tratativas para vender para a Meta. É a tempestade perfeita para quem reinava sozinho.
A Google conseguiu
unir três elementos raros de ver juntos: tecnologia própria, escala e timing. O
novo modelo Gemini 3 recebeu elogios pela capacidade de raciocínio e
programação, reforçando a percepção de que a empresa está, finalmente,
utilizando todo o seu arsenal. Não se trata mais de ser um “concorrente” da
OpenAI ou da Microsoft. A Google acordou — e acordou armada.
Artigos da Bloomberg e Wall Street Journal destacam que o peso das despesas de capital está aumentando de forma impressionante. Alphabet deve investir entre 91 e 93 bilhões de dólares este ano — valor 75% maior do que a média dos três anos anteriores. E tudo isso com uma estrutura financeira mais leve que a dos pares. Enquanto o mundo discutia “bolha de IA”, a empresa empilhava resultados e ampliava sua vantagem.
Monopólio nunca é estável por muito tempo. Ele atrai inveja, concorrência, vingança empresarial e, eventualmente, ruptura. Tudo indica que a “fortaleza Nvidia” abriu sua primeira rachadura relevante. Não porque a empresa ficou mais fraca — mas porque a Google ficou mais forte.
Até ontem, a história
era simples:
“Se você quer treinar
IA, precisa da Nvidia.”
Hoje a frase tem outra
versão:
“Se você quer treinar
IA, talvez não precise só da Nvidia.”
E amanhã — quem sabe —
ela pode se tornar:
“A Nvidia é só mais
uma fornecedora de chips.”
É cedo para cravar
isso. A demanda por IA ainda é tão grande que talvez haja espaço para todos.
Mas o ponto essencial é outro: acabou a moleza. A Nvidia vai ter que competir
de verdade, cortar margem, provar eficiência e enfrentar clientes que agora têm
opção. E poucos sentimentos são mais dolorosos para um fornecedor dominante do
que ouvir de um cliente enorme: “eu não dependo mais de você”.
E, como sempre, quando
existe esse tipo de disputa, é prudente acompanhar de perto — não pela torcida,
mas pela oportunidade. Porque no fim das contas, enquanto muitos enxergam
“queda”, é essencial procurar entender quem está comprando, quem está vendendo
e quem está apenas acordando para um jogo que mudou na surdina.
Acabou a moleza.
Análise Técnica
No post “O dia N de
Nvidia” fiz os seguintes comentários sobre o IBOVESPA: “antevejo o IBOVESPA
subindo até 164 – 167 mil no curto prazo” ... “Tudo indica que a onda 3
azul ainda não terminou. O movimento de curto prazo, destacado na elipse,
sugere apenas uma correção antes de continuar subindo até os níveis mencionados”
A bolsa reagiu nos últimos dias o que coloca minha hipótese em curso. Como destaquei com a elipse no gráfico abaixo a onda 4 verde pode ainda estar em andamento o que retardaria o movimento cujo objetivo seria ao redor de 174, 6 mil.
- David, não estou entendendo! Não vale uma aposta?
Veja meus comentários
no post acima antes de me cobrar: “não me sinto confortável com o software
disponível para esse mercado. Não vou fazer! “. Mas você me fez
refletir: Por que devo acompanhar um mercado cujas ferramentas para tomar
decisão não me satisfaz? O único motivo é que boa parte dos leitores por serem
brasileiros devem acompanhar a bolsa. Porém, será mesmo verdade que a maioria é
brasileiros? Não é o que as estáticas do Google me apontam, veja a abaixo
Desde o início
EUA – 47%
Brasil – 33%
Nos últimos 12 meses
EUA - 34%
Brasil – 34%
Uma primeira conclusão
é que o Brasil não detém o maior número de leitores e na margem, últimos 12
meses, está se diversificando no mundo em detrimento dos EUA.
Por tudo isso é bem provável que no próximo ano passarei a seguir a bolsa brasileira de forma descontínua deixando de ser um mercado onde irei fornecer sugestões de trade. Gostaria muito de continuar, mas a ferramenta que sigo não me dá confiança e como sempre digo: dinheiro não leva desaforo.
O S&P 500 fechou a
6.812, com alta de 0,69%; o USDBRL a R$ 5,3337, com queda de 0,91%; o EURUSD a €
1,1594, com alta de 0,22%; e o ouro a U$ 4.163, com alta de 0,79%.
Fique ligado!
Oi davi, talvez sejam brasileiros mornado fora somente, mas vse vc tem transito no mercado internacional tbm pode ser.
ResponderExcluirÉ uma pena descontinuar as análises, mas será mesmo que não agrega valor na visão dos leitores, mesmo a ferramenta não estando tão calibrada?