O pulo do gato #OURO #GOLD #EURUSD


Há quem insista que o mercado é imprevisível, quase uma loteria sofisticada. Eu discordo. Para mim, existe um padrão — não o padrão das planilhas, mas o comportamento repetitivo das pessoas que alimentam o mercado. É aí que entra o verdadeiro “pulo do gato”: perceber que preços não reagem a fatos, e sim ao modo como a massa digere esses fatos. E essa digestão é sempre lenta, enviesada, emocional. As ondas de Elliott traduzem isso melhor do que modelo matemático.

O estudo do Deutsche Bank usando IA — o dbLumina — reforça isso emocionalmente. Ele vasculhou milhares de comentários de mercado ao longo de 2025. O que encontrou? Um mercado dominado pela ansiedade praticamente o ano inteiro. A euforia, quando apareceu, foi apenas em surtos breves. Os investidores passaram mais tempo com medo do que convictos. Medo de perder, medo de errar, medo de acreditar demais. Medo é o combustível mais constante dos preços.

Outro ponto importante é a comparação entre o índice de sentimento do dbLumina e o S&P 500. Em vários momentos, o mercado subia enquanto a emoção dominante era preocupação; e em outros, caía mesmo quando os textos estavam recheados de otimismo forçado. Nada disso é surpreendente — preço raramente acompanha narrativa. Preço acompanha comportamento.

A diferença de velocidade entre o que o investidor sente e o que o investidor faz cria movimentos que Elliott descreveu há quase um século. A técnica não é perfeita — mas ela captura algo que nenhuma planilha captura: o ritmo humano. E é por isso que, para mim, ela continua indispensável.

Esse ponto é essencial para diferenciar técnica de fundamentalismo, porque muita gente trata análise fundamentalista como se fosse uma espécie de muralha protetora contra erros. Não é. Eu jamais seria contra fundamentos — seria absurdo da minha parte. Acompanho P/L, margens, ciclos de lucro, desalavancagem, tudo aquilo que ajuda a entender uma empresa. A diferença é que eu não tomo decisão baseada apenas nisso.

O problema é simples: fundamento não tem stop loss. Se parecia barato a R$ 10, vira obrigação moral comprar a R$ 8, e uma “oportunidade única” a R$ 5. Sem perceber, o investidor vai reinterpretando os fatos para salvar a tese. A análise fica cada vez mais apaixonada… enquanto o dinheiro evapora.

As minhas maiores perdas ocorreram justamente quando deixei a técnica em segundo plano, ou quando ignorei completamente o preço em nome de uma tese "bem construída". Hoje isso é raro — mas ainda acontece. É um risco emocional, não intelectual. E é justamente por isso que a técnica existe: ela impõe disciplina onde a tese tenta impor esperança.

Quando fundamento e técnica convergem, ótimo. Quando divergem, eu prefiro ouvir o mercado. Preço é informação viva. É o que as pessoas estão realmente fazendo — não o que dizem no relatório.

Tudo converge para a mesma conclusão:
— Elliott traduz visualmente como o mercado se comporta.
— O Momentum prova estatisticamente que esse comportamento é recorrente.
— O Deutsche Bank mostra que, por trás de tudo, quem manda são as emoções.

O verdadeiro pulo do gato não é tentar prever onde o mercado vai. 
É perceber como os outros vão reagir ao que já começou.


Análise Técnica

No post “Very, very strong” fiz os seguintes comentários sobre o ouro: 
“A ideia de queda por enquanto está intacta e, no curto prazo, dois níveis passam a ser de importância: acima de U$ 4.250 invalida esse pensamento, embora somente acima de U$ 4.384 se possa afirmar que o ouro ruma a novas altas; abaixo de U$ 4.001 é bem provável que a queda continue — e principalmente abaixo de U$ 3.877”.


Desde a última publicação, o ouro ficou contido dentro dos dois intervalos citados acima, o que não muda minha avaliação. Também considerei a possibilidade de o mercado estar desenhando um triângulo — padrão bastante comum em ondas 4. Fiz uma ilustração para que os leitores possam entender o ponto que destaquei. Vamos observar.


Em relação ao euro, comentei:

“Não tenho uma boa contagem para oferecer aos leitores, mas tudo indica que o movimento traçado se trata de uma correção complexa e, como não estamos aqui para desvendar movimentos ‘misteriosos’, vamos aguardar algum sinal mais concreto. Como comentado no texto acima, o dólar vem apresentando uma certa resistência na queda; se vai subir mesmo ou não, não sabemos”.


Nada melhor que o euro para exemplificar o conteúdo de hoje. Demarquei na elipse em laranja o movimento do euro desde maio: mais de seis meses nesse lenga-lenga. Sou capaz de apostar que quem esteve envolvido perdeu dinheiro ou mantém uma posição sem qualquer resultado sensível. Não tenho como me envolver.

Nessa hipótese traçada, vejo uma possível queda até aproximadamente € 1,10 e, depois, uma alta. E reforço: não ponho minha mão no fogo nessa contagem, que é uma correção, de uma correção, de uma correção!


A bolsa americana não funcionou; o USDBRL fechou a R$ 5,3529, com alta de 0,38%; o EURUSD a € 1,1595, sem variação; e o ouro a U$ 4.157, com queda de 0,15%.

Fique ligado!

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