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O termômetro ainda é o dólar #OURO #GOLD #EURUSD

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  Quando se trata de medir a temperatura dos mercados globais, o termômetro continua sendo o mesmo: o dólar. Muitos podem alegar que sua supremacia está com os dias contados, mas os dados mostram outra realidade. Em tempos de incertezas, instabilidade política e desconfiança com os bancos centrais, o que vemos é o fortalecimento de movimentos especulativos, não uma mudança de paradigma. A alta do ouro nos últimos meses é um exemplo disso. Pela primeira vez, o metal ultrapassou a marca simbólica de US$ 4.000 a onça. Muitos correram para a segurança do ouro, mas as razões variam: alguns citam os riscos fiscais dos EUA, outros a instabilidade política em diversas democracias desenvolvidas, e há quem veja apenas uma oportunidade especulativa no movimento de preços. Os bancos centrais, principalmente da China, intensificaram as compras do metal, elevando a participação do ouro nas reservas internacionais para 24% em 2025, mais que o dobro da média da década passada. Esse reposiciona...

Onde está o desinvestimento #IBOVESPA

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  A narrativa dominante dos últimos anos tem sido o boom de investimentos em inteligência artificial, um movimento de escala raramente visto na história econômica recente. A cada semana surgem anúncios bilionários: OpenAI, Nvidia, AMD, Oracle, todas costurando acordos que movimentam centenas de bilhões de dólares e sustentam a ideia de que estamos no meio de uma corrida inevitável para erguer a infraestrutura do futuro. Mas como todo ciclo de euforia, há também a outra face: a do desinvestimento, menos comentada e muitas vezes invisível até que os efeitos se tornem evidentes. É justamente aí que está a minha inquietação. A lógica do investimento circular O artigo da Bloomberg descreveu bem a lógica quase mágica desses novos arranjos financeiros: Nvidia injeta capital na OpenAI, que por sua vez compra chips da própria Nvidia; em paralelo, a startup de Sam Altman fecha contratos semelhantes com a AMD, recebendo participação acionária em troca de compromissos de compra de semico...

"In Gold we Trust" #S&P 500 #Ouro # Bitcoin

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O ouro entrou em um ritmo de alta que não passa despercebido. Não é preciso ser um seguidor assíduo do mercado para notar: basta abrir qualquer noticiário econômico. Greenspan, ex-presidente do Federal Reserve, costumava dizer que acompanhava o preço do ouro diariamente e que cada movimento de alta era motivo de preocupação. Imagino que Powell, seu sucessor em tempos mais conturbados, faça o mesmo. Afinal, o ouro não paga juros nem dividendos, e quando se valoriza de forma tão acelerada é porque há uma desconfiança crescente em relação à moeda dominante. Esse movimento se intensifica justamente quando as incertezas se acumulam. E há um detalhe revelador: enquanto o ouro dispara, o bitcoin permanece silencioso. O comportamento dos investidores mostra que, quando a situação é realmente séria, a preferência é pelo que resiste há milênios como porto seguro. A escolha entre os dois, nesse momento, não deixa dúvidas. Em um desses dias, ao ouvir um podcast sobre tecnologia, deparei-me com...

O emprego mico #USDBRL

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  Tirania, presidencialismo ou parlamentarismo: eis a tríade que define como os povos ao redor do globo é governado. Se a primeira é a caricatura mais sombria do poder concentrado, os outros dois modelos revelam nuances interessantes de como sociedades buscam equilíbrio entre autoridade e legitimidade. Pessoalmente, nunca escondi minha simpatia pelo parlamentarismo. O governante, nesse sistema, não tem carta branca para agir de forma discricionária; depende do Parlamento para avançar qualquer agenda. Isso gera uma instabilidade crônica? Sim. Mas também permite que a população corrija rumos com muito mais rapidez do que em regimes presidencialistas. Nos últimos dias, dois episódios marcaram bem esse contraste. Na França, o recém-nomeado primeiro-ministro Sébastien Lecornu não resistiu sequer a um mês no cargo. Caiu sob a pressão de um Parlamento fragmentado e de um presidente que insiste em montar gabinetes centralizadores. A reação do mercado foi imediata: bolsa em queda acentuad...

O mundo das facilidades #nasdaq100 #NVDA

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  Não sei se ocorre com vocês, mas cada dia sinto mais preguiça de executar tarefas rotineiras. Não é falta de vontade: é a percepção clara de que existe um dilema entre fazer e se informar. De um lado, acumulamos tarefas repetitivas; de outro, temos acesso a um arsenal de dados que sustenta decisões muito mais qualificadas do que no passado. Esse dilema deixa de ser teórico com a chegada dos agentes digitais e dos robôs humanoides. O jornal americano destacou recentemente que a OpenAI passou a permitir compras diretas dentro do ChatGPT, com uma experiência de compra instantânea: peço, comparo, concluo e recebo sem sair da conversa. A aparência é trivial; o efeito, profundo. Delegamos o ciclo de consumo a um agente que conhece preferências, limites e histórico. É a automação do ato de decidir o que comprar — e, portanto, do nosso tempo. Na minha vida profissional, vi quantas horas se perdem em tarefas administrativas. Se eu tivesse um agente competente à disposição, boa parte d...

Sempre a mesma ladainha #IBOVESPA

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  Nota: Amanhã por conta do feriado de Yom Kippur não haverá publicação do Mosca, retornando normalmente na sexta-feira. O ouro voltou a ser a estrela da vez. Não por méritos estruturais, mas pelo velho e conhecido combo de pânico político, pressão inflacionária e expectativa de queda nos juros. O metal, que dormia há anos, agora brilha com cotações recordes quase diárias. Alguns, deslumbrados com o brilho dourado, chegam a tratá-lo como proteção infalível, reserva de valor definitiva ou âncora de estabilidade. Será? No início do Mosca, afirmei com todas as letras que o dólar não perderia seu protagonismo como moeda global. De lá para cá, vimos muitos sepultarem a moeda americana prematuramente, enquanto ativos “alternativos”, como o ouro e as criptomoedas, oscilavam ao sabor da histeria coletiva. Não há milagre: ativos que não produzem renda precisam de novos compradores todos os dias. O ouro se encaixa nesse perfil, ao lado do bitcoin. Ambos alimentam narrativas mais do que fun...

Permanecendo nas Cavernas #S&P 500

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A imagem das cavernas sempre exerceu um fascínio contraditório. De um lado, enviam ao tempo remoto da Pré-História, quando o homem buscava abrigo contra predadores, intempéries e frio. De outro, tornaram-se metáfora poderosa para retratar momentos em que a sociedade, pressionada por circunstâncias externas, se recolhe novamente a esses refúgios simbólicos. Não deixa de ser irônico perceber que, em pleno século XXI, depois de toda a sofisticação tecnológica, o impulso de voltar à “caverna” se fortaleceu. Durante a pandemia, escrevi sobre isso em dois momentos distintos. O primeiro, em março de 2021, no texto “ Caverna 2021 ”, quando as vacinas começavam a ser aplicadas e as pessoas passavam a enxergar a casa não apenas como refúgio, mas como centro de trabalho, consumo e lazer. O segundo, em agosto de 2022, em “ a-volta-as-cavernas ”, quando a vida retomava sua normalidade, mas o trabalho remoto já havia se enraizado. Desde então, a tendência só se consolidou: reuniões migraram defini...