Concorrência sem limites

 

Quando eu estava no Deutsche Bank entramos numa concorrência para administrar um fundo da Petrobras. Isso ocorreu nos anos 2000, ou seja, há vinte anos. Naquele momento as taxas cobradas ainda eram razoáveis. O meu colaborador disse que se quisemos pegar uma parcela dos recursos, teríamos que ofertar uma taxa de 0,05% a.a., praticamente nada. Contra minha vontade acabamos oferecendo essa taxa, e mesmo assim, perdemos para outro banco por 0,02%. Não sei, nem quero saber, o motivo. Não fiquei triste, pois um erro de algum lançamento de imposto, ou qualquer outra coisa, já geraria prejuízo.

Acredito que os leitores estão acompanhando a migração que acontecesse nos últimos anos, entre fundos ativos para fundos passivos, principalmente nos EUA, os chamados ETF.

Um artigo da Bloomberg sobre esse assunto, mostra algo inusitado que chamou minha atenção

A corrida ao zero em Wall Street é tão competitiva que alguns dos maiores gestores de ativos, estão criando imitações mais baratas de seus fundos mais populares negociados em bolsa.

A Invesco foi a mais recente empresa a lançar um clone se seus próprios ETF, criando uma imitação de seu maior ETF focado em tecnologia, o Invesco QQQ. No início deste mês, lançou o Invesco Nasdaq 100, uma cópia quase carbono, o Invesco QQQ Trust, mais conhecido como o Qs de seu símbolo no ticker QQQ. Ambos os fundos acompanham um índice das 100 maiores ações da Nasdaq, uma estrela do mercado de ações, que tem superado maciçamente nos últimos anos.

Mas há uma diferença gritante entre os ETFs: as taxas.

A QQQ cobra dos investidores 0,2%, o que significa que para cada US$ 1.000 que os investidores colocam no ETF eles pagam US$ 2 em taxas anuais. O imitador, que atende pelo símbolo QQQM, cobra 0,15%, e as ações valem a metade do valor. Assim um QQQ equivale a 2 QQQM, embora tenham a mesma rentabilidade excluindo a diferença de custo.

A mudança teria sido impensável há uma década. Os gestores de ativos correm o risco de canibalizar seus produtos mais populares redirecionando ativos para outros fundos, disseram analistas. Mas a Invesco e outros executivos da indústria de fundos dizem que os ETFs imitadores são necessários para competir com rivais que estão todos chamando a atenção — e captação — de investidores individuais conscientes de custos.

A QQQM segue a tendência dos gestores de ativos, ou seja, State Street, lançando versões mais baratas de seus fundos populares em um esforço para cortejar uma base mais ampla de investidores, disse Todd Rosenbluth, chefe de ETF e pesquisa de fundos mútuos da CFRA. É uma resposta aos investidores que mostram uma clara preferência por ETFs menos caros, e as novas versões, essencialmente clones, dão aos gestores de ativos uma maneira de contornar as limitações dos produtos criados como fundos de investimento unitário, como o QQQ.

State Street criou versões menos caras do SPDR S&P 500 Trust, o maior ETF do mundo, e das ações de ouro nos últimos anos. Metade dos ETFs que mais crescem em 2019 apresentaram taxas de despesa de 0,05% ou menos, de acordo com a FactSet.

"Tornou-se mais comum oferecer uma alternativa mais barata a um ETF popular na esperança de atrair uma base de investidores diferente e ainda não perder receitas atreladas ao produto entrincheirado", disse Rosenbluth.

O maior fundo negociado em bolsa do mundo está perdendo recursos em um ritmo mais rápido do que qualquer um de seus pares, à medida que os investidores buscam taxas mais baixas em meio a uma onda de corte de custos.

Os traders retiraram US$ 33 bilhões da SPDR S&P 500 ETF Trust, até agora este ano, o maior do setor, segundo dados compilados pela Bloomberg. Enquanto o êxodo estava concentrado em fevereiro e março, quando a pandemia coronavírus abalou os mercados globais, colocou o fundo de US$ 294 bilhões, acompanhando o benchmark de ações dos EUA, em desacordo com o universo de ETF de ações mais amplo -- que atraiu US$ 119 bilhões em 2020.


Com os emissores numa corrida para reduzir custos, a relação de despesas relativamente pesada da SPY pode ser uma das razões para limitar sua recuperação. O ETF carrega uma taxa de 0,095% que é aproximadamente o triplo do custo de investir em três de seus maiores concorrentes. Isso significa que os investidores que estão reentrando no mercado podem estar gravitando em direção a opções mais baratas, de acordo com analistas.

Nitidamente se observa uma competição intensa entre os vários gestores de fundos a busca de aumentar o volume de recursos em cada um de seus fundos, pois somente com tamanhos enormes, podem gerar alguma receita que compense seus custos e riscos.

A gestão dessas carteiras, que tem uma composição estática por um determinado período, pode ser muito bem realizada por robôs, sendo assim, uma carteira de U$ 100,0 bilhões, para um fundo que cobra 0,05% é de U$ 50 milhões, uma quantia considerável para ser confrontada com um gestor que não tem bônus e seu custo é de depreciação.

OK, consigo entender a estratégia dos fundos, mas que diferença faz ao investidor. Uma carteira de U$ 100.000,00, gera uma economia de U$ 50 dólares por ano, oriundo de uma queda de 0,05%, me parece não justiçar uma migração de um para o outro somente por esse motivo. Estão querendo tirar leite de pedra!

No post nao-reclamo-das-coisas-caras, fiz os seguintes comentários sobre o Nasdaq100: ...”  Na minha opção mais provável, trabalho com uma correção que deveria ser contida no intervalo anotado dentro do círculo a seguir, sendo o mais provável 11.230. Em seguida, o movimento de alta deveria ganhar tração” ...


A evolução da segunda onda, conforme alertei no post __ segunda onda me curso __ afetou o mercado. Vários países da Europa aumentaram suas restrições ocasionando impacto sobre a recuperação econômica que vinha em curso. É interessante que, ex post os alertas que a análise técnica aponta, quando ocorrem, sempre um fato real justifica.

O mercado se encontra exatamente nesse nível, e tudo vai depender da evolução daqui em diante. Caso a bolsa continue caindo, o cenário de alta deve conter a queda até o nível de 10.980, abaixo disso o cenário de correção grande, explicitado no post mudanca-comportamental, poderá estar em curso.


Por enquanto mantemos a projeção que estamos dentro da Correção pequena e que dentro em breve o índice inicia o movimento de alta. A personalidade da onda 2 que estaria em curso, é essa mesma, coloca em dúvida o primeiro passo da alta. O limite para tanto é 10.673!


Um leitor me perguntou se não seria o momento de comprar.

Quando se compra contra o movimento é como pegar uma faca em queda, pode cortar bem a mão. Se a decisão é de operar nessas condições é fundamental que se estabeleça um stoploss rígido.

Muito bem, como seria:

Compra – 11.200

Stoploss – 10.670

Perda percentual – 5%

O retorno pode ser expressivo, haja visto que, poderá subir bastante

Mas o que está por traz desta estratégia, é a busca do menor preço. Eu particularmente não gosto muito, prefiro pagar mais caro com uma evidência melhor, mas não tenho objeções sobre o método, fica a critério do freguês. A única coisa que tem que ser bem estabelecida é o stoploss, em contrapartida, o tamanho da posição.

O SP500 fechou a 3.271, com queda de 3,53%; o USDBRL a R$ 5,7603, com alta de 0,96%; o EURUSD a 1,1749, com queda de 0,39%; e o ouro a U$ 1.876, com queda de 1,58%.

Fique ligado!

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